Pure Imagination escrita por Sweet Death, SaltedCaramel


Capítulo 3
We never accept death, it accepts us and we are done


Notas iniciais do capítulo

Yey! Olá, como vão vocês??
Resolvi postar esse capítulo antes do prazo. Por quê? Eu vou viajar esse fim de semana e volto tipo domingo ;) alguém mais ficou esmagado pelos sentimentos ao ver o trailer e A Culpa é das Estrelas? Eu fiquei... T-T e por isso fiquei ressentida em postar o capítulo da fic trágica...
Pode ser que o capítulo demore mais semana que vem, porque eu tenho que escrever um texto de inglês. Algo como uma história de um "encontro" (não no sentido romântico, creio) entre duas pessoas... e depois ler (LER) para a classe D: Ah, meu deus, o que eu faço??Imploro para ele me libertar disso?? Aiaiai... O que eu escrevo?? Pânico total!!!
ah, esse capítulo foi o único não revisado até agora... qualquer erro ou incoerência, avisem!
Não me matem pelo capítulo , por favor ;)
Boa leitura o/



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Eu podia pressentir que estava para chover. O céu estava escuro demais, coberto de nuvens cinzas e o ar estava triste. Era como se pressentisse algo ruim. Ou chorasse lembranças que não quisesse, por acontecimentos perdidos.

Okay, filosofei demais. Chuva é só um fenômeno natural. Ciclo da água. Nada de sentir as emoções do tempo também. Já tenho emoções demais para lidar.

Ajeitei a mochila que pendia do meu corpo. Ela bateu no meu braço e doeu um pouco.

Nessa cidade, chove muito. Demais. Chega a ser irritante. Todos os dias, praticamente, nem que seja apenas uma garoa.

Isso é ruim para mim. Primeiro porque eu posso ficar doente e qualquer doença no meu corpo vira motivo de pânico no hospital (por isso eu carrego na minha mochila mais três casacos e vários remédios diferentes). Segundo porque me dá uma sensação ruim. Toda vez que chove é como se eu sentisse uma melancolia, uma...nostalgia...saudade. De quê? Eu não sei. Só sei que é triste demais, uma sensação que toca meu corpo inteiro.

Sorri para a mulher que cuida da floricultura e ela me devolveu um sorriso ainda mais radiante. De brinde, ganhei uma tulipa linda, branca e viva. Eu vivia passando por lá, apenas para fazer companhia e ter alguém que seja concreto para conversar. Eu faço esse tipo de coisa com várias pessoas por aqui.

Qual é, eu sou solitário, tá? Algum problema em querer evitar que essas pessoas também sejam?

Minha única companhia se resumia a livros, mangás, computadores e videogames. Quer dizer, quando não eram idosos que não escutavam direito, idosas que me perguntavam das namoradas (que eu não tinha e nunca tive, que isso fique marcado...) e meu pai.

Eu virei na esquina e visualizei o prédio da escola mais a frente. As pessoas podem dizer o que quiserem, mas para mim ele sempre será meio assustador, por mais colorido e normal que o lugar seja.

Respirei fundo antes de continuar o caminho, só esperava que a chuva esperasse pelo menos até a aula acabar e eu estar em casa.

As crianças faziam barulho no parquinho da praça ao lado, as gangorras rangendo como se pedissem manutenção rápida. Eu tinha um pouco de dificuldade de passar por ali às vezes simplesmente porque crianças não param quietas! Elas ficam trombando em mim e eu não tenho tanta força assim nas pernas para manter o equilíbrio com cinco pestes rodando meu corpo.

Uma criança passou bem na minha frente e quase me jogou para trás, correndo em direção ao parquinho como se tivesse um touro raivoso atrás dela. Viu? Foi só falar.

–Mamãe- ela disse, não pude evitar de olhar, ela corria para uma mulher de olhos calorosos do outro lado do parquinho e a abraçou com toda a força- mamãe! Mamãe!

Eu observei com curiosidade o garoto ser girado pela mãe. Aquilo, por algum motivo me chamou a atenção. Os dois riam como bobos e eu estava prestes a fazer o mesmo enquanto ele chamava a mãe repetidas vezes.

E uma dor forte me atingiu.

Eu agachei tampando os ouvidos e gemendo. Tinha um zumbido forte que ia aumentando a cada segundo, era como se estivessem sussurrando cada vez mais alto no meu ouvido até que começassem a gritar.

Com os olhos semicerrados, vi que a imagem a minha volta tremeu, como se fosse feita de água e eu tivesse acabado de tocar e provocado ondas pequenas que se propagavam por toda ela. Aquilo não me fez bem, meus olhos pareciam girar nas órbitas e as imagens tendiam a desaparecer e ficar brancas. Meus olhos estariam falhando em seu serviço?

A dor só aumentava e eu tinha vontade de gritar como um louco. Tudo a minha volta tremia como se fosse derreter a qualquer segundo. O zumbido maculou todos os meus sentidos. Minha mente estava em caos, repleta de diversas coisas e imagens sem sentido. Eu fechei os olhos com força e cerrei os dentes tão forte quanto.

E, de repente, parou.

Simplesmente.

Os olhos lacrimejando, tudo estava normal a minha volta. O céu ameaçava chover, a mulher abraçava seu filho com força, pessoas entravam pelo portão da minha escola.

Nada de zumbidos, nada de imagens tremidas. Nada de dor. Só a minha mochila caída no chão.

Peguei-a de volta e continuei a andar até a entrada. Deveria estar um pouco atrasado e sentia náuseas horríveis. Esse tipo de coisa já havia acontecido, várias vezes. Digo, a sensação de se esvair, de que algo tá errado, as imagens tremulando... Mas essa foi de longe a pior que eu já tive.

Sentia o misto quente que Mana fez para mim de café de manhã voltando para minha boca. Ele queria dar um passeio, mesmo estando sendo digerido no meu estômago lerdo.

E quase botei tudo pra fora mesmo, quando observei o pai de Paul Anderson deixando o filho na escola. É, ele era o homem feio comedor de meleca de nariz que havia pego meu lugar cedido a uma idosa no ônibus...

Tal pai, tal filho.

A porquice deve ser definida pelo DNA.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

Aulas de biologia me interessavam. Não eram como as de história.

Aprender como o corpo funciona pode parecer bem atraente quando o seu próprio não faz como as células ou os órgãos deveriam fazer de acordo com a aula do Sr. Johnson. Tudo aquilo, para mim, parecia tão distante de ser real.

Apesar de a aula me interessar, os dedos formigavam com vontade de ler alguma das coisas que trouxe na sacola especial. Mas os olhos buscavam o conhecimento que o professor mostrava na apresentação de power point. Enquanto ele mostrava a mitose que as células realizavam, sem querer eu olhei para fora e imaginei um inimigo pulando entre os galhos das árvores. Se isso acontecesse, eu poderia simplesmente levantar e colocá-lo na mira da arma especial. Imagino como as pessoas da sala ficariam impressionadas ao me ver explodindo em pedaços um demônio. É, seria divertido...

Ou, quem sabe, eu pudesse receber um chamado de um amigo. Ele poderia estar me esperando no andar de baixo, pedindo para que eu jogasse uma corda ou qualquer coisa comprida e flexível, para que ele subisse e me alcançasse, assim, juntos, poderíamos cumprir uma missão.

Quem sabe se Komui entrasse pela porta anunciando uma missão emergencial e de extrema importância que só poderia ser concedida a mim por minhas habilidades especiais...

Ou um akuma poderia entrar pela porta, disfarçado de uma pessoa normal. Eu perceberia e protegeria a classe inteira de ser assassinada ao destruí-lo com as próprias mãos. Aposto que seria recebido por agradecimentos e olhares impressionados.

Mas, por mais que eu quisesse, nada disso aconteceu. O ponto máximo foi quando uma vespa entrou pela janela e eu a esmaguei com o caderno para evitar ser picado (eu podia ter problemas maiores com a picada do inseto).

As náuseas haviam passado depois de conseguir (cambaleando como um peru perdido) chegar até a sala e sentar na cadeira, que, apesar de dura, me deixou mais confortável do que eu estava antes.

Eu estava ignorando as sensações ruins. Quer dizer, eu sempre tinha sensações péssimas quando estava na escola, mas hoje...eu estava até com um pouco de receio.

O único motivo de eu não sair correndo dali era porque minhas pernas estavam bambas. E o único motivo para eu não abrir um livro que trouxe na mala e ignorar a aula era porque meus olhos estavam falhando e doendo.

Talvez o Dr. Lee tivesse realmente visto algo de ruim no meu corpo na última consulta. E não me contou nada para não me preocupar. Talvez eu não fosse durar os dois anos que os médicos disseram ano passado.

Eu me senti um pouco magoado. Eu não vou negar isso. Era como se tivessem mentido para mim esse tempo todo. Eu criei falsas esperanças.

Sem pensar, meus dedos passaram pela capa do mangá de D.Gray-Man que eu tinha na mala. E eu percebi que eu queria ser invencível.

E me peguei pensando numa vida diferente. Radical. Legal. Normal.

Peguei-me pensando em quanta coisa seria diferente caso meu corpo trabalhasse do jeito que o Sr. Johnson estava ensinando no momento, na lousa. Mas tudo que eu podia fazer era suspirar. E assim eu o fiz, depois deitei minha cabeça na mesa e fechei os olhos, eu precisava de descanso ou teria sérios problemas.

Quem sabe quando eu acordasse algo estaria diferente?

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

Minhas preces não foram ouvidas. Quando eu acordei, o professor estava agarrando o meu pulso com o punho, chamando meu nome cada vez mais alto e batendo na minha bochecha com a palma da outra mão.

Estava tendo dificuldades em abrir os olhos, meus ouvidos faziam as vozes parecer estar ao fundo. Mas logo tudo isso normalizou.

–Walker!- ele disse- não durma na aula. Todos sabemos de seus problemas, mas se for vir para cá para tirar um cochilo, seria melhor ficar em casa, onde tem uma cama confortável.

Ele não queria brigar comigo, caso seja isso que você está pensando. Ele é bem gentil, na verdade. Só me aconselhou que, caso eu não estivesse me sentindo bem, era melhor ir para casa descansar do que ficar aqui na baderna.

Ele tinha razão. Aqui na sala de aula eu não tinha o aparelho de respiração para me ajudar na hora da soneca. E ,depois de perder a confiança no prazo dos médicos, eu não queria adormecer e ter um problema com a respiração.

O estranho foi que tudo estava normal horas atrás...quando eu não imaginava que meu prazo de morte seria adiantado tão rápido.

Eu estava tão confiante em saber que não morreria ainda...

Tudo que eu fiz foi acenar em concordância com cabeça, sob os olhos de todo mundo. Eu deveria estar com uma cara horrível de quem acabou de acordar, mas nem estava ligando muito para isso. A angústia e depressão batiam na minha cabeça, agora. Eu não costumava ficar assim, porque, considerando meu estado, eu teria que ficar triste o tempo inteiro. E isso incomoda.

–Seu pulso está fino demais- comentou, ao se afastar para a frente da classe- tomara que esteja se alimentando bem, Walker.

Eu ia responder que sim (na medida do possível, eu tentava me alimentar bem, mesmo), mas uma voz irritante e rouca soou do fundo da sala. Ou melhor, grunhiu.

–Não se preocupe, professor- Paul disse, já segurando a risada- é que ele tem corpo de lady, mesmo.

E vários acompanharam os risos.

Apenas eu e o professor permanecemos quietos. Sr.Johnson tinha o pior olhar que eu já tinha visto e estava lançado para a parte longe da sala. Ele entendia, eu podia ver nos olhos dele que ele entendia a minha situação.

Eu não ligaria normalmente. Eu ignoraria as palavras inúteis dele e seguiria em frente, mas no momento eu estava me sentindo um pouco (muito) traído. Então, tudo que falassem ia me acertar lá no fundo e doeria muito mais do que o normal. E acho que Paul sabia disso, porque ele apenas piorava a situação (coisa que não acontecesse quando ignoro seus comentários).

As risadas ,que são coisas que deveriam sempre trazer uma sensação gostosa, me atingiram com uma força negativa. Meu peito estremeceu dolorosamente e minha garganta doía com vontade de chorar e gritar.

Mas minhas pernas fraquejavam, meu pulso doía e minha cabeça latejava. Eu não tinha e nunca tive forças para enfrentar.

Eu sou fraco demais para isso.

–Ele parece um dedo mindinho!- continuou, o professor tentava interromper, mas as risadas aumentaram e encobriram sua voz- diz aí, sopa de osso- mais risadas- quando você vai se proteger do sol você usa um varal? Você usa fio dental como gravata? Hein? Hein?

Risadas. Risadas.

Minhas mãos formigavam. Aquele era um péssimo dia para “brincar” comigo, Paul. Se estivesse normal, eu pensaria que aquelas piadas e xingamentos eram péssimos (porque eram), mas agora...

Mana, me ajuda...

–Qual é, eu soube que você gosta de garotos, lady? Com esse seu corpinho e jeito de ser... Como é levar no traseiro, hein? Soube que você gosta bastante...

Eu não aguentava mais. Eu queria me esconder. Ele soltou vários comentários, cada um mais malvado que o outro. Eu olhei para o lado, mas todos riam. Eu imaginei que haveriam pessoas com tanta vontade de socá-lo como eu, mas não... Eles choravam de RIR de mim. E eu estava no meu limite para desabar em lágrimas de tristeza.

Esgueirei-me pela cadeira, mesmo que todo o barulho desagradável machucasse meus sentidos e me deixasse atrapalhado. Eu iria sair dali. Vou fugir. Vou pra casa. Enfermaria. Sei lá.

Fui fugir, mas minha perna traidora bateu na mala. Eu caí de cara no chão da sala em um baque doloroso. Senti algo estalar e meu corpo frágil inteiro doer.

Isso foi o combustível para as risadas aumentarem estrondosamente. Meu ouvido zumbia diante de tanto barulho. O professor não conseguiria mais conter ninguém.

Paul foi soltando piadas de mau gosto, uma atrás da outra. Sobre meu corpo, meu peso, minha sexualidade (algo que não fazia sentido, eu nunca disse que era gay), minha vida, minhas preferências, minha doença, minha família, meu jeito, meus livros, minha aparência, minhas roupas, minhas atividades, meus feitos, meus sentimentos, minhas notas ótimas... Tudo só aumentava as risadas. Eu olhava para o lado confuso com tantas cabeças tremendo de rir de mim. Elas pareciam felizes e despreocupadas. Não era engraçado. Não era NADA engraçado.

Era triste.

Era como ver tudo que eu temia e tentava esconder sobre mim sendo exposta na minha frente para todos verem e tirarem sarro. Como se dissesse “Tem razão. Você é ridículo. Agora pode desaparecer e nos deixar em paz, por favor?”.

Eu percebi que me odiava muito mais por não ser capaz de fazer algo.

Eu odiava o destino. Aquele fio que traça a maldita vida (que eu também odiava) e em algum momento decidiu “Ei! Porque eu não faço esse menino se foder a vida inteira, hein?”.

Eu levantei o rosto e vi pingos avermelhados no chão. Meu nariz estava sangrando. E ninguém ligava, na verdade, acharam muito engraçado. Como sempre me acharam.

Os comentários maldosos acabaram, mas só porque Paul estava rindo tanto que não conseguia comentar nada.

Foi o estopim, para mim. Eu derramei tantas lágrimas quanto podia. Eu nunca chorava na frente das pessoas. As gotas salgadas se misturavam com o sangue e formavam uma poça nojenta debaixo do meu corpo. Os soluços sacudiam o meu corpo e o faziam minha garganta doer. Eu tinha estourado, finalmente.

Meu orgulho acabava de ser assassinado pela ignorância e crueldade.

Diante de tudo eu resolvi mostrar a fraqueza que eu tanto escondia. Eu tentava esconder tudo isso debaixo dos casacos compridos, debaixo dos fones, das páginas dos livros, dos sarcasmos extremos, rosto frio e inexpressivo. O problema das pessoas é esconder, porque uma hora tudo que eu guardei teve que sair em uma choradeira terrível e vergonhosa. Tudo de mal que eu aguentei nos últimos anos, desde meus primeiros sintomas, até o diagnóstico sem salvação, o médicos estipulando um prazo máximo de vida, Mana implorando por uma cura a qualquer um que encontrava, as sátiras terríveis de meus colegas, os espancamentos, a solidão. A vida que eu sempre sonhei e nunca vou ter.

Quando a gente chora, a gente fica triste. Cada vez mais triste. Você quer liberar tudo de ruim e deixa acontecer. Chorar vira mais um motivo para chorar e, quando percebe, está tremendo ao limite.

Não tinha forças para me levantar. Só podia ficar ali, ouvindo os desaforos, caído aos pés de seres desprezíveis.

Não que eu não fosse um...

Eu estava me rendendo. Não tinha muito tempo, mesmo. Eu era fraco.

Fui limpar as lágrimas que se acumulavam no meu nariz, mas quando mexi a mão, tinha algo debaixo dela. Retangular e cheio de páginas.

Eu havia derrubado D.Gray-man quando tropecei na mala. Por um momento, as lágrimas diminuíram. Os soluços ainda me tremiam. Imaginei que meu rosto estaria horrível, mas tudo em que pude me concentrar, foi na imagem de capa do mangá.

Austin sorria para mim, sua pose heroica, sua espada, seus amigos sorrindo logo atrás dele. A mangaká desenha muito bem... me lembrei do quanto eu demorava em uma única página examinando os desenhos como uma obra de arte em exposição. Do quanto eu gostava da sensação de ler uma história boa.

Ele fazia um sinal com o polegar na pose em que estava, o sorriso torto tinha um brilho corajoso, como sempre tinha.

Era isso. Era como se estivesse me encorajando. Pedindo-me para ser valente. Eu queria ser tão forte quanto ele. Não me resta tempo, mas será que eu posso tentar?

Como reflexo peguei o volume em minhas mãos, os personagens na capa sorrindo com felicidade como se estivessem em uma foto de família ( e talvez estivessem) e folheei várias páginas.

Os risos pareciam mais longe do que estavam. Esse era o poder do volume em minhas mãos: ele me acalmava porque me fazia lembrar de risos felizes e de ações tão corajosas quanto engraçadas.

Meu choro tinha parado, só sentia a umidade no meu rosto e os soluços teimosos.

–Ah, não- Paul disse, quando recuperou a fala- o nerdizinho NÃO vai ficar lendo essas mangas de novo, né?

Ele se levantou, o corpo andava com um gingado esquisito. Parou a centímetros de mim e chutou o volume para longe, rindo mais ainda e os outros fazendo coro. Só pude ver a capa rodando e cada página se amassando no chão da sala. Uma raiva ao ver o mundo destruído tomou conta de mim.

Eu imaginei como agiria caso minha imaginação pudesse fazê-lo. As coisas que eu poderia fazer caso eu fosse o “eu” da imaginação. Eu sempre fazia isso. O tempo todo ficava imaginando situações que aconteceriam em um mercado, na escola, no banco...

Um fluxo quente passou pelo meu corpo. Eu me senti tão...capaz.

–Mangás-corrigi, minha voz ainda rouca.

–Hã?

–Mangás- repeti mais alto, as risadas haviam parado e eu tentava não soluçar tanto, mas era difícil conter- mangás, não mangas. Mas você só deve pensar em comida, mesmo. Se bem que duvido que coma frutas...

–O qu...?

–Talvez alguém como você devesse tentar ler para aprender a falar direito. Por acaso aprendeu o alfabeto ou só sabe as vogais? Já tocou em um livro sem figuras, antes? Eles tem letras, sabia? Aqueles símbolos que usamos para nos comunicar pela escrita.

Fiz tudo acompanhado de mímicas infantis.

Risadinhas soaram contidas. Não podia parar agora.

–Quer que o “nerdizinho”- fiz aspas com os dedos- te ensine? Quer dizer, eu sei que você e seu pai comedor de meleca precisam. Mas acho que seus amigos também devem precisar muito, vai ser legal. Os três porquinhos e o porco-rei, eba.

Ele estava com muita raiva.

E eu me sentia cada vez mais feliz.

Não que seja bom xingar os outros (longe disso, na verdade), mas vocês não viram o que ele fazia por aí. Não só comigo, mas com todos os desprezados.

–E vocês- acho que a classe percebeu que eu falava com todo mundo, porque pararam de rir na hora- acham que é engraçado? Isso tudo... Eu estou morrendo, sabiam?- eu engoli em seco, era muito pior falar em voz alta sobre aquilo- eu teria mais um ano a partir desse, mas eu acho que nem vou chegar a isso. Eu vou morrer daqui a pouco. Para alegria de vocês, claro.

Silêncio mórbido. Eu tinha a impressão de que precisava falar tudo, o máximo que conseguisse pensar. Precisava explodir em palavras importantes.

– Meu cabelo é branco. Meus olhos não tem cor. Meu corpo é fino e sem força nenhuma. Tenho cicatrizes de espancamento por rejeição por todo o corpo- apontei para o meu olho esquerdo, cortado por uma marca- Eu uso aparelhos para dormir toda a noite, eu tomo um coquetel com uma centena de remédios ruins que, eu sei, não vão fazer diferença nenhuma na minha situação - engoli em seco- eu não consigo respirar, não consigo comer, correr, brincar, ver direito, digerir, andar, ficar de pé, subir, descer. Minhas células não trabalham. Esse machucado no meu nariz não deve se curar tão rápido quanto vocês se curariam, provavelmente precisarei da ajuda de aparelhos médicos dolorosos de novo. Por falar nisso, a maioria de meus passeios de sábado se resumem a hospitais...a semana inteira, enquanto vocês vão ao cinema, boliche, eu estou lá, como um objeto estranho a ser analisado. Tenho dores terríveis, tão, tão terríveis que eu gritava e me debatia tanto durante alguns dias e as pessoas tinham que me amarrar na cama para que eu não me machucasse nem machucasse ninguém enquanto era medicado e examinado. Tenho convulsões. Vomito tudo que como. Chego a soltar sangue. Tenho ataques de todos os tipos possíveis. Minha cabeça dói, meu estômago dói. Sinto náuseas. Eu sofro, sofro demais para que eu consiga aguentar, porque as dores são indescritíveis, são piores do que vocÊs imaginam, você fica dividido entre pedir para morrer e chorarcomo um bebê, sua mente fica em branco... Meu coração é fraco e pode parar a qualquer momento de bater. Vocês sabem o que é viver sabendo que não está vivo? Hein? Eu já me sinto morto. Morto e solitário. Eu falo sozinho, passo os dias trancado em um quarto, lendo e jogando, apenas. Eu não tenho ninguém para me apoiar porque ninguém gosta do diferente e esquisito. Vocês sabem o que é viver com um prazo de vida? Vocês sabem o que é de repente perder o ar por um segundo e achar que sua hora chegou? Qualquer coisinha diferente no seu corpo faz você achar que vai morrer. Qualquer resfriado, enxaqueca ou enjoo...eu tenho que me submeter à tratamentos no hospital. Vocês sabem o que é dormir a noite ou fechar os olhos e tudo que vê é você mesmo em um caixão, metros abaixo do solo? Ver o escuro. Sentir o frio. O desespero de saber que ninguém vai ouvi-lo ou poder salvá-lo? Minha doença não tem solução... Vocês acham engraçado que- e lágrimas solitárias percorriam minha bochecha- eu não vou poder completar nem 18 anos? Que nunca vou ter um carro? Ir pra faculdade dos sonhos? Trabalhar? Ter amigos? Ter uma casa própria? Casar? Ter filhos? Me apaixonar? Envelhecer? Viajar? Hein?? Acham engraçado que eu tenho que me convencer todas as noites antes de dormir que eu vou acordar no outro dia? Que eu choro escondido debaixo do cobertor porque eu tenho medo de dormir e nunca mais abrir os olhos? Que eu acordo às vezes com convulsões terríveis, faltas de ar desesperadoras, ataques cardíacos causados por simples sonhos? Que eu desejo poder, por uma noite, não sonhar com a minha morte? Que eu não posso pensar no futuro? É como pensar em algo que não existe...uma ficção... Acham engraçado que eu vejo a aula de biologia e acho estranho porque meu corpo não funciona assim, do jeito normal? Na verdade, ele não funciona. Que eu experimentei a sensação de ter a notícia de que você não vai poder viver tanto quanto desejava?Que eu fui diagnosticado com cinco anos? Eu não vivo direito desde que nasci. Eu sou rejeitado desde que me dou por gente. Uma maldita criança indesejada. Acham engraçado que eu vejo na TV jogos de futebol, basquete, seriados, filmes com pessoas se divertindo, lutando, correndo e se mexendo enquanto eu estou preso a tubos no meu quarto, tomando remédios, anestésicos, analgésicos, sem poder me mexer? Que meus únicos amigos se resumem a personagens fictícios? Que sofri cirurgias, tratamentos dolorosos demais que para nada serviram além de tirar dinheiro do meu pai e prolongar a minha pena? Meu pai trabalha em um emprego com um chefe terrível, por horas e horas por causa das consultas milionárias. Que os doutores me liberam algumas coisas prejudiciais à saúde por dó porque eu não tenho tanto tempo? Que todos me olham ou com repulsa, ou com pena? Que os médicos puxam meu pai para falar longe de mim em todas as consultas porque temem que eu ouça a verdade dolorosa? Mas eu sei...eu entendo isso tudo. Que meu pai me olha lacrimejando por que sabe que eu vou morrer em pouco tempo? Desaparecer da vida dele? Ele me abraça todo os dias como se fosse o último...porque pode ser que seja. Tudo que ele vê quando me olha é a tristeza, porque ele sabe que daqui algum tempo eu não vou estar com ele planejando um futuro, discutindo, rindo, comendo, passeando ao lado dele. Ele vai estar sozinho, como eu. Eu nunca. NUNCA. Pensei no meu futuro, porque eu sei que é inútil quando não se tem um. Me faz ficar angustiado quando falava “quando crescer...”. Eu não vou crescer e ser um adulto. Eu vou ser uma criança que não experimentou o mundo. Meu futuro é ficar confinado em um caixão e apodrecer pouco a pouco. Acham engraçado que quando eu era criança eu sonhava em ser atleta? Mas agora tudo que eu posso ser está resumido em algumas palavras diversas: morto, doente, antisocial, solitário, escória, moribundo, inútil, ridículo, morto, morto, morto, morto... preciso continuar?

Enxuguei as lágrimas e achei incrível o fato de todos, inclusive o professor que estava quase indo chamar o diretor, estarem quietos e perplexos, ouvindo com a maior atenção. Não disse tudo que queria, mas foi uma grande parte.

–Bom, fiquem felizes- sorri amargamente- o problema aqui- apontei para mim- não vai estar mais nesse mundo. Vocês...vocês vão poder seguir suas vidas medíocres que vão durar bem mais e me esquecer. Vou desaparecer sem nunca ter tido um único amigo! Nenhum. Eu vou ser apagado do mundo. Vou ser só um túmulo idiota. Um nome em um óbito arquivado, sei lá! Eu vou ser lembrado como o garotinho doente e rude que sentava perto da janela e lia quadrinhos nerds. Só sei que é injusto que eu tenha que morrer em meses quando crápulas- e eu olhei para Paul Anderson, nessa hora- podem viver até a velhice idiota deles infernizando os outros. Mas, se vocês acham isso engraçado, o que eu posso fazer com a ignorância e falta de valores de vocês, né? Eu, nada, mas vocês podem enfiar no cu que é o lugar deles. E, se quiserem saber como eu me sinto e deixar de ser babacas, tentem experimentar carregar uma doença mortal que não tem cura e ver os sonhos ruírem diante dos seus olhos. Tentem sentir como é ter um corpo bomba relógio e quebradiço. Riam disso agora. Não acharam engraçado? Hein? Mas era disso que vocês estavam rindo agora a pouco.

Virei-me, deixando todos perplexos e sem reação nos seus lugares. Pude ver o Sr.Johnson mudando a expressão de susto para uma de orgulho e receio. Acho que nunca havia falado tanto em uma aula e até estava mais ofegante. Apesar de querer falar mais e mais, meio peito ardia. Eu sorri, o máximo que consegui e caminhei até o volume. Peguei-o em minhas mãos e desamassei o que pude. Ainda dava para ler, mal esperava para ver a continuação da história que li no volume anterior. Eu estava me sentindo como um herói.

Talvez eu devesse voltar para casa. Toda essa falação e movimento...eu não estava bem. Estava meio tonto demais.

–Eu acho que vou pa...

Foi de repente. O mangá caiu no chão. Mas eu não ouvi o barulho que fez quando se espatifou no piso. Minhas mãos estavam tremendo demais. Logo, minhas pernas falharam, eu desabei ao lado do volume. Meus olhos se seguiram. Depois meu pulmão. Meu coração parecia que pularia de meu peito. Todas as coisas de ruim que podiam acontecer ao meu corpo aconteceram juntas.

Eu arfei. Bem alto. Estava caído sem poder levantar. Arfando como se o ar não chegasse aos pulmões e acho que era isso mesmo que estava acontecendo. Eu não sei o que mais estava acontecendo no meu corpo. Talvez convulsões, talvez estivesse parado. Só sabia que a dor era mais intensa que eu já sentira. O sangue ainda escorrendo de meu nariz e a visão tremulando cada vez mais, até não conseguir distinguir as pessoas das carteiras.

Era dor demais para suportar. Doía. Doía tudo!

Eu estava incapacitado. Jogado no piso.

Me enganei ao pensar que era um herói.

Eu ainda era fraco. E estava experimentando disso no momento.

A visão foi embaçando mais. Senti meu corpo ser levantado, mas não senti as mãos nele.

E tudo apagou, tão de repente quanto havia começado.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

Quando abri meus olhos, a dor estava ainda pior. Quase não conseguia me mexer. Uma luz branca forte quase me cegou, ela vinha e apagava, vinha e apagava. Foi então que percebi que estava em movimento. As lâmpadas do teto do corredor substituíam uma a outra na função de iluminar cada vez que as ultrapassávamos uma a uma. Eu estava sendo carregado em uma maca com rodas, cercado de médicos de uniforme. Batemos em várias portas ao passar por elas e eu tentava falar algumas coisas, que saíam em gemidos sem sentido. Decidi ficar quieto.

Agora eles não tinham como me enganar. Eu estava morrendo de verdade.

Eu não aguentara as emoções, a movimentação, o discurso que dei mais cedo. Meu corpo falhou por chegar ao limite da exaustão.

Só um ponto estava definido: eu provei que não tinha nada.

Quando eu finalmente criei coragem. Quando enfrentei. Segui o que Austin Brooke, meu herói, havia ensinado. A não desistir. Lutar. Reconhecer a felicidade, espantar a solidão. Não se abaixar aos errados. A ter coragem, sempre, não importa sua condição ou o que os outros falam. A saber que a vida não tem fim. Acreditar que, se não há final feliz, é porque ainda não é o final ainda.

Para mim, era DEAD END. Nesse momento. E eu ainda estava esperando a maldita felicidade.

Elevaram o meu corpo e me colocaram em uma cama. Vi médicos indo e vindo como doidos.

Meus olhos estavam perdidos em algum lugar que deixei para trás.

No meu mundo perfeito.

Eu vou terminar assim. Dolorosamente. Sem ter feito nada. Sem poder fazer as coisas que eu queria. Sem poder sorrir mais. Sem terminar as coisas que comecei. Como eu queria poder ler mais e me enfiar em outros mundos diferentes que as páginas, que tanto me salvaram da solidão, tinham.

Heróis não morrem assim. Eu queria ser um deles. Quando não são imortais, nem quando morrem na velhice, eles morrem ajudando, lutando, com honra.

Não engasgado com ar depois de um discurso.

Claro que falta de ar era só um dos sintomas. Muita coisa estava errada no meu corpo.

Eles são invencíveis, não morrem facilmente. Já eu, quase morri várias vezes só de subir escadas.

Luffy, Gon, Ichigo, Goku...

Se não são imortais pelo corpo, são imortalizados pelos feitos.

Eu gostava de bancar o durão. Gostava de parecer aquele que não ligava para o fato de estar morrendo. Mas tudo não passava de um fingimento ruim.

Eu nunca aceitei o fato de ter que morrer mais cedo. Nunca aceitei a morte, mas a vadia me aceitou.

Ninguém aceita.

Pelo olhar da médica a minha frente, esse realmente era o fim.

O lado bom é que eu não deixaria tantas pessoas para trás.

Só Mana.

Foi então que eu o vi irromper pela porta, atropelando vários médicos. Usava seu terno e assim soube que veio do trabalho, correndo. Os olhos dele estavam piores do que estavam quando eu sonhava com esse momento. Na verdade, isso aqui era pior que nos sonhos em todos os sentidos.

Eu queria resmungar um “Mana”, mas não conseguia respirar ou falar. Os olhos pesavam.

Ele estava chorando demais. Mas foi quando um médico se aproximou dele e sussurrou algo que ele caiu aos prantos de verdade.

Ele estava pior para aceitar isso do que eu mesmo estava. Ele estava vendo o futuro que tanto evitava quando me acordava desesperado de manhã esperando que eu abrisse os olhos e provasse estar vivo.

Tentei meu máximo para erguer meu braço, consegui alguns centímetros com bastante esforço. Ele pegou minha mão e acariciou meus dedos, apesar de eu não senti-los. Eu tentei sorrir como ele estava tentando debaixo do rio de lágrimas que soltava, mas acho que não me saí muito bem.

Sentindo aquelas dores imensas, sentindo a vida me corroer, tudo falhar pouco a pouco, debaixo daquela luz forte, os aparelhos sendo amontoados no meu corpo fino e pequeno. Eu odiava a vida.

Essa maldita vida. Eu nunca quis nascer assim. Por que eu? O que eu fiz? Eu era um garotinho, tinha sonhos, objetivos e felicidades.

Agora, tudo que me sobrava era torcer pela felicidade do Mana. Por favor. Por favor. Faça com que ele me apague. Faça dele uma pessoa feliz.

Eu soltei uma ou duas lágrimas que molharam minha bochecha e meu pescoço. Mais de raiva do que de tristeza ou saudade.

Eu tinha raiva da vida. Essa sensação borbulhava no meu corpo.

Eu amaldiçoo a vida. Todo esse destino.

Eu queria amaldiçoar tudo. TUDO.

Porque eu morri sem poder viver.

Amaldiçoo essa maldita vida e essa maldita morte.

Amaldiçoo esse maldito destino desmiolado e distorcido que me deram.

Amaldiçoo...

Mais lágrimas cobertas do mais puro ódio caíram, molharam a máscara que me ajudava a respirar. Estava ainda pior para meus pulmões agora que meu nariz estava esmagado.

Eu odiava o meu destino. Odiava minha vida. Odiava minha morte.

Mana colocou a cabeça na minha mão e a beijou, demoradamente.

Como ele sempre fazia.

E me entristeceu saber que eu nunca mais sentiria o afeto que aquela boca transmitia.

Na verdade, a gente pode achar que está deixando o mundo por bem. Que não temos nada para deixar para trás. Mas nós sempre temos algo.

Como aquela história de suicidas sobreviventes que, enquanto caíam de uma altura grande direto para a morte que queriam, percebiam que todos os seus problemas tinham solução. Todos. E a solução não era a morte.

Não há motivo para morrer, certo?

Não há como querer que tudo isso acabe.

Não há como NÃO acabar deixando coisas para trás. Sempre tem alguém. Sempre.

Por isso que a morte, como tabu que era para eu e Mana, é tão triste.

Cruel como a vida era.

Minhas forças estavam sumindo. Ele olhou para mim enquanto eu arfava e soluçava tentando falar, sabendo que estava perto do fim. Meu peito tinha espasmos seguidos.

Eu resmunguei um “Desculpa, pai”, por tudo que eu o fiz passar. Eu queria me despedir, mas isso é triste demais para se fazer. Espero que ele tenha ouvido. Torcendo para que ele pudesse descansar em paz, porque eu sabia que eu mesmo não poderia. Como eu queria ter me apaixonado... Trazido a garota para conhecer meu pai, porque eu sei que como o melhor pai do mundo que ele é, ele queria me ver construindo uma família. Se Lenalee existisse, talvez...

Rá, e lá estava eu imaginando aquele mundo perfeito de novo. Tudo vai acabar...

Sentindo ódio e saudade, tentei sorrir em despedida.

Vislumbrei o Dr. Lee no canto, com uma expressão estranha. Tão triste quanto decepcionado.

Não consegui nem fechar os olhos quando a dor se dissipava pouco a pouco e meu corpo arfava com espasmos. Senti algo percorrer todo meu corpo, como se estivesse se esvaindo. Era a minha vida, minha alma. Ficou frio, vazio.

E então, tudo se apagou. O frio, a luz, a saudade, o ódio, o calor, as imagens, a dor. Tudo.

Aquilo era doloroso.

Aquilo, era MORRER.


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Notas finais do capítulo

Não me matem!!! Por favor!! T-T Isso NÃO é o final.
Deixem reviews, por favor, me digam o que acham disso... (eu sei que vai vir muita bomba, mas, mesmo assim). Teorias??

Spoilers ( nem tanto...) do próximo:
"GAME OVER. (+_+)"
"Eu estava chorando de tanta angústia e vergonha. "

Será que ele realmente experimentou a morte, pra sempre?? Será que foi só um ataque que mostrou sua fragilidade e vai fazê-lo criar senso de herói (-q)??

Desculpas, realmente por isso. Mas era necessário... T^T