True Love escrita por LauHerondale


Capítulo 2
Capítulo 1 - Doce chegada, amarga partida


Notas iniciais do capítulo

Pessoinhas me desculpem o atraso! Eu ando tendo problemas com escola e tudo mais, porém agora já está tudo bem e pretendo postar toda semana. Obrigado por sua paciência. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/464570/chapter/2

“Não há nada mais confortável que o próprio lar.” pensei, encarando desinteressadamente o teto de meu quarto tão familiar.

Eu amava viajar. Era uma das atividades mais prazerosas para mim, porém acho que toda pessoa deseja estar em casa novamente depois de passar um mês inteiro vagando por toda Europa, passando as noites em hotéis diferentes, sem o conforto e privacidade da própria casa. E finalmente, aqui estava eu, no meu lar doce lar, observando as imperfeições das paredes brancas, deitada em minha cama de lençóis roxos, ouvindo o som do trânsito nova iorquino do lado de fora.

Tentava, sem sucesso algum, cair no sono. Minhas pálpebras pesavam, porém, a claridade do meio-dia impedia que o cansaço me atingisse totalmente. Enquanto isso, eu passava as imagens mais marcantes da viagem com Meredith: seu tombo na pista de patinação na Suíça, nosso passeio na enorme roda gigante em Londres, a torre Eifel que visitamos em Paris.

“Realmente, havia sido uma viagem maravilhosa.” pensei, um sorriso se abrindo preguiçosamente em meus lábios.

Ouvi o rangido áspero da porta sendo aberta no andar de baixo e, em seguida, a batida suave e quase surda da madeira. Talvez meu pai tivesse saído para pegar o jornal. Despreocupadamente, fechei os olhos e bocejei.

– Combinamos que eu levaria Victoria hoje, assim que chegasse de viagem. – pulei da cama, quando, vinda do andar de baixo, uma voz feminina com tom frio e autoritário preencheu os corredores da casa, chegando até meu quarto.

– Você tem certeza de que isso é necessário? – ouvi a voz grave de meu pai soando entristecida e amarga.

Saltei da cama e, descalça, andei silenciosamente pelo corredor até o começo da escada, onde parei para ouvir a conversa que se estendia na sala.

– Está na hora. Ela tem de saber o que é, ou ficará vulnerável para qualquer tipo de inimigo. – de novo, a voz da desconhecida sussurrou friamente.

Houve silêncio. Agucei os ouvidos na esperança de captar algum movimento. Mas não havia som. Apoiei-me sobre o corrimão, tentando enxergar a mulher que perturbara meu quase sono, e pude ver uma cabeça com cabelos negros presos em um coque firme.

– Onde ela está? – ela perguntou.

– Está no quarto. Acabou de chegar de viajem. Deixe-a, pelo menos, descansar um pouco. – foi a vez de minha mãe falar.

A desconhecida acenou positivamente com a cabeça. Virou-se e caminhou até a porta, saindo de meu campo de visão. Ouvi seus sapatos estalarem no chão de madeira e logo depois, o baque da porta se fechando.

Desci alguns degraus sorrateiramente. Minha mente girava. O sono fora substituído por uma grande dor de cabeça. Gemi de dor quando uma pontada forte me atingiu na nuca.

O que estava acontecendo? Eu mal havia chegado em casa e meus pais já queriam me mandar embora novamente? E ainda mais com uma estranha! O que ela quis dizer com “descobrir o que sou”? Sou apenas uma menina. O tipo de menina mais normal e comum possível. O tipo de menina que tem amigos normais, família normal e que leva uma vida normal. Não havia nada de errado comigo. Ou pelo menos eu esperava isso.

Fui interrompida de meus devaneios quando ouvi passos subindo as escadas, e logo depois, meus pais, Jonh e Helen, estavam parados a minha frente. Suas expressões pareceram surpresas por me encontrar ali quando se entreolharam. Porém, quando voltaram a me encarar, suas faces haviam adquirido um tom mais suave e calmo, quase inocente.

– Filha, o que faz acordada? Pensei que você iria descansar um pouco. – minha mãe sorriu de um jeito tão calmo que quase acreditei que tudo aquilo que ouvira fora apenas um sonho.

– Que tal se pularmos a parte em que eu finjo não saber que vocês estavam agora mesmo discutindo seu planinho para me despachar para longe com uma estranha? – eu falei, o sarcasmo sendo derramado como veneno em minhas palavras.

– Querida podemos explicar... – foi a vez de meu pai se manifestar, segurando firmemente em meu ombro.

– Explicar o quê? Que vocês querem me mandar para um internato bem longe de vocês? – gritei. Senti o sangue subir para meu rosto.

– Acalme-se, Vicky. – meu pai fez pressão em meu ombro. Eu respirei fundo. – Helen, vá buscar um chá para ela se acalmar.

Minha mãe assentiu no mesmo instante, descendo as escadas até a cozinha com a expressão aflita. Meu pai nos conduziu até meu quarto calmamente, onde sentou na cama. Permaneci de pé com os braços cruzados sobre o peito. Encarei-o, inquieta. Ele estava calmo e seus olhos castanhos tinham um tom frio.

Eu sempre tive certa dúvida sobre com qual dos meus pais eu era mais parecida. Porém, a verdade era que eu não me parecia com nenhum dos dois. Minha mãe tinha cabelos encaracolados loiros e olhos verdes como a relva. Já meu pai sempre tivera uma expressão mais séria, com a pele bronzeada, cabelos castanhos e olhos amendoados.

Eu não tinha cabelos loiros, nem olhos castanhos ou mesmo pele bronzeada. Pelo contrário. Meus cabelos eram negros como a noite, caindo em ondas lisas quase até a cintura. Os olhos eram de um azul tão intenso que, ás vezes, pareciam até violetas. A pele era perolada, levemente ruborizada nas bochechas, e ao contrário de meu pai, as feições eram suaves e delicadas.

Minha mãe entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Segurava uma caneca vermelha na mão direita, que liberava um cheiro leve de chá preto. Entregou-a para mim e sentou-se na poltrona em frente à cama.

Meu pai voltou o olhar para mim com uma frieza extrema:

– Vicky, primeiro deve saber que tudo que fizermos é para o seu bem.

– E como ficar longe de casa será bom para mim? – indaguei, dando um gole generoso no chá, tentando conter as lágrimas que tentavam cair.

– Filha, acredite em nós. – minha mãe sussurrou. – Você é especial. Irá para um lugar onde todos são como você.

– Está dizendo que sou uma louca que precisa de tratamento. É isso? – choraminguei.

– Não querida. Estamos apenas dizendo que esse lugar fará bem a você. – meu pai falou.

De repente, uma pontada aguda atingiu minha cabeça. Larguei a caneca instintivamente, lançando as mãos para meu crânio, que parecia queimar. Joguei-me no chão, apertando a cabeça. Tentava desesperadamente parar a dor que atingia todos meus sentidos. Tudo girava. Senti a bile subindo pela garganta, mas quando me curvei para vomitar, nada saiu.

– Está tudo bem Vicky? – ouvi a voz de minha mão soar distante, como se tivesse a quilômetros de distância.

Levantei a cabeça e vi meus pais se entreolhando. Minha cabeça latejou novamente.

– O que está acontecendo comigo? – gemi de dor. Vi meus pais olharem para a caneca, agora em cacos, no chão. – Vocês me drogaram? – gritei, percebendo o quão estúpida eu havia sido.

Uma tontura me atingiu. Coloquei as mãos no rosto, bloqueando a luz que machucava meus olhos. Tudo ficou embaçado e preto por um instante.

– Sentimos muito filha. – ouvi a voz de minha mãe sussurrar tão baixo que não sabia se tinha sido real ou se eu apenas havia imaginado isso. – Amamos você.

Foi a última coisa que ouvi, antes de minha consciência cair inteiramente no penhasco da escuridão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Postarei o próximo capítulo semana que vem. Obrigado por lerem :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "True Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.