–Fala sério! - Gina disse ao ouvir sobre a volta do tio de Clary e sua proposta.

–Eu sei, não é? Ele só pensa em si mesmo, aquela cobra. - Clary disse enquanto experimentava um vestido de Gina. As duas estavam no quarto da ruiva, Clary procurando algo azul para vestir e Gina sentada na cama, comentando enquanto comia. Ela tem 5 irmãs mais velhas (todas agora morando fora de casa) e, por isso, tem muitas roupas, já que todas tem o mesmo tipo de corpo e gostos totalmente diferentes.

–E esse?

–Esse conseguiu fazer o impossível, Clary. Ele te deixou gorda.

A híbrida sentiu vontade de bater em alguém.

–Como assim?

–Eu também não entendo.

Clary tirou o vestido e foi fuçar o armário para encontrar outro que combinasse com seu mais novo acessório. A garota sorriu e pôs a mão no anel. Já havia virado um ato automático, sempre que a garota pensava em seu namorado, ela segurava o anel.

–Então, vai precisar que eu fique de babá hoje também? - Gina perguntou enquanto Clary experimentava mais um vestido, dessa vez um tubinho azul escuro.

–Não precisa, eles vão dormir na casa dos Jeffersons. - a morena disse enquanto olhava-se no espelho. -Ah, esqueci de perguntar! Como estão as aulas com Victoria?

Desde que Clary havia apresentado Gina a misteriosa bruxa vidente, Victoria, a ruiva havia se dado muito bem com ela. Tanto que a garota estava tendo aulas com a bruxa em como fazer poções, já que não é necessário ter poderes para fazer-las, só uma gota de sangue de bruxa na mistura.

–É incrível! Eu estou simplesmente amando! Tem uma poção que faz com que qualquer um que te veja pense que você é outra pessoa!

Gina começou a contar tudo o que ela aprendeu nas aulas e Clary sorriu. Sua amiga estava junto com ela em toda essa loucura de ser bruxa/lobisomem, o que a deixa simplesmente aliviada. Não tinha como ela conseguir fazer isso sozinha.

–Então, o que você e o Sr. Romântico vão fazer hoje a noite? - Gina perguntou, mudando o assunto.

–Não faço ideia. Provavelmente vai ser o de sempre, um jantar, uma volta no parque e depois vamos para a suíte.

Gina assentiu, admirada. "Elijah é tão romântico. Clary tem sorte." ela pensava.

"Droga, estou ficando sem roupas chiques para usar nos encontros." era o que Clary pensava, decidindo-se por uma blusa de seda azul escuro, uma saia lápis preta e um salto também preto. Ela não se sentia muito confortável nesse tipo de roupa. Na verdade, ela não se sentia confortavél na maior parte dos restaurantes caros em que Elijah a levava, mas valia o sacrifício. A compania compensa.

Clary sorriu consigo mesma. Elijah a amava tanto quanto ela o amava. Clary não conseguia pensar em nada que poderia mudar isso.

Mas Clary nunca pensou em uma doppelgänger.
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–A noite foi ótima, Elijah. - Clary disse ao namorado enquanto ele a deixava em casa. Não era exatamente uma mentira. Mesmo que o prato do restaurante não tenha conseguido satisfazer-la e ela tenha que comer o resto de pizza de pepperoni deixado na geladeira, Clary havia se divertido. Mas havia algo estranho com Elijah. Ele parecia meio tenso.

–Clary.

–Sim?

Elijah respirou fundo.

–Eu estou saindo da cidade.

–Sério? Por quanto tempo?

Elijah sentiu-se mal. Ele pensou por um instante em desistir. Em ficar em Fells Church e esquecer tudo sobre Klaus. Em aproveitar cada segundo que podia ao lado de Clary.

Mas sua família merece ser vingada. Família antes de tudo. Sempre e para sempre.

–Eu talvez não volte.

O sorriso de Clary desapareceu.

–Como assim "talvez não volte"?

–Eu encontrei uma doppelgänger, Clary.

Finalmente, depois de todos esses anos, eu vou poder vingar os meus irmãos.

Clary cerrou os punhos. Ela podia sentir seu temperamento de lobisomem tomar conta dela. E seus poderes nada a ajudavam dessa vez. Ela sentia as vibrações negativas em todo o seu redor. Aparentemente, seus vizinhos tiveram uma briga feia. Ótimo timing, senhor e senhora Tuner.

–Hoje você me deu um anel e me disse que representava o nosso amor. Você se declarou para mim e eu realmente pensei que você havia superado essa caça a doppelgänger.

–Minha família vem antes de tudo, Clary. Eu preciso vinga-los.

–Como? Matando o único membro de sua família que lhe resta? Elijah, por mais que você queira, matar Klaus não trará sua família de volta, somente vai te deixar mais sozinho.

–É um risco que eu preciso correr pelos que eu amei. Eles eram tudo para mim, Clary.

–E eu, Elijah? Eu te amo. Não quero te perder. Por favor, fique comigo. Podemos aproveitar o tempo que temos juntos. Eu não vou viver para sempre.

–Eu preciso ir, Clary. É algo que preciso fazer. Você entende?

Foi então que Clary explodiu.

–Não, eu não entendo! Você está escolhendo uma vingaça que vai acabar com o resto que sobra de sua família ao invés de uma chance para uma recomeço. Um recomeço com uma pessoa que te ama. Comigo.

A garota se aproximou e tocou o rosto do amado. Elijah virou o rosto, como se a proximidade entre os dois o machucasse. Clary afastou a mão.

–Me desculpa.

Clary olhou para o Original.

–Então é isso? Estamos acabados? Não tem mais jeito?

–Eu ainda estou usando o relógio.

Clary suspirou.

–Adeus, Elijah.

E se virou, abrindo a porta de casa. Quando olhou para trás, Elijah não estava mais lá.

Adeus.