Capítulo 31

Tess

Tess olhou a sua volta. Não sabia aonde de estava. Era uma sala preta, ele não sabia dizer se tinha início, fim, ou até mesmo uma saída. Por incrível que pareça, a sala era clara, de uma maneira inexplicável.

Tess deu uma volta, procurando alguém ou alguma coisa, e quando se virou para frente, deu de cara com um rapaz.

Ele era alto,branco e forte. Devia ter entre dezoito e vinte anos. Os cabelos eram cor de areia,os olhos azuis e carregava uma mochila com uma das alças presas em seu ombro direito.Mas o que mais chamou a atenção de Tess foi a cicatriz que cortava seus rosto.

Quando o viu, o garoto levantou as sobrancelhas e depois sorriu.

– Você é idêntico ao seu pai - ele constatou - Menos os olhos. Eles são de sua mãe.

Tess assentiu sem se importar muito, não era a primeira vez que ouvia aquilo. Mas o que prendeu sua atenção foi o fato daquele garoto conhecer seus pais.

– Quem é você? - perguntou Tess.

O garoto deu um sorriso de lado. Se ele fosse um semideus, Tess a postaria que era filho de Hermes. Só os filhos do deus dos ladrões tinham aquele sorriso.

– Bem, podemos dizer que sou um velho amigo de seus pais - ele falou amigo com uma certa incerteza.

Tess olhou bem para o rosto do garoto. Ele lhe era familiar. Era muito parecido com um menino em uma foto com sua mãe sua tia Thalia.

– Acho que já te vi ... Em uma foto - completou Tess - Você estava mais novo e ao lado de minha mãe e da tia Thalia.

O garoto sorriu.

– Provavelmente era eu. Mas... Com está a Thalia? - ele perguntou um pouco inseguro - Soube que ela saiu a das caçadoras.

Tess assentiu.

– É, ela saiu e se casou com o tio Nico.

– DiAngelo? - indagou o garoto surpreso.

– Sim - confirmou Tess - Eles tiveram gêmeos, Alex e Dylan, mas eles já tem 14 anos. Há quanto tempo você não a vê?

O rapaz abaixou a cabeça e suspirou. Assim que voltou a postura normal, passou a mão pelos cabelos. Tess percebeu que havia dor em seus olhos.

– Vamos dizer que eu fiz uma grande burrada há muito tempo atrás, e agora minha situação é irremediável.

Tess franziu o cenho. O que ele tinha feito de tão ruim?

– Mas isso não vem ao caso - disse o garoto voltando a ter seu ar alegre - Preciso que você me faça um favor.

– Que tipo de favor? - indagou Tess desconfiado.

– Não é nada demais, eu garanto - disse o garoto tirando a mochila das costas - Isso é de sua mãe. Ela perdeu há muitos anos atrás, mas tem algumas coisas aqui dentro que vão te ajudar.

Tess segurou a mochila e colocou nas costas. O rapaz colocou a mão no bolso e de lá tirou uma adaga. Ela era pequena, porém parecia ser letal, sem dúvidas era feita de bronze celestial.

– Quando encontrar sua mãe, dê isso a ela - ele pediu estendendo a adaga - Diga a ela que eu dei isso a ela da primeira vez com uma promessa e agora estou devolvendo, como um pedido de desculpa por ter falhado com ela.

Tess pegou a adaga. O rapaz fechou os olhos e respirou fundo.

– E... E diga a Thalia que sinto muito por a ter magoado, e que ainda vou cumprir aquela promessa - ele disse sem abrir os olhos.

Tess fechou a mão pelo cabo da Adaga.Quem era ele?

– Quem é você? - ele perguntou pela segunda vez.

A garoto sorriu brincalhão.

– Lerdo como o pai - ele brincou, mas Tess só entendeu depois de alguns segundos, não tendo tempo, assim, para argumentar - Tenho certeza que com a inteligência que herdou de Annabeth, logo descobrirá.

Tess não estava nada satisfeito com a resposta, mas não pode dizer nada. O rapaz aos poucos se tornou transparente e começou a desaparecer.

– Meu tempo está acabando - disse ele olhando para si e depois se voltando para Tess - Não se deixe levar por seus medos. O medo é uma virtude, ele te mantém vivo, mas você tem que domina-lo, e não ser dominado por ele. Até mais, Tess! Nos veremos em breve!

E assim ele desapareceu, e com ele o lugar onde estava.

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Tess acordou em seu quarto no navio. Sentiu um peso em cima de si e percebeu que a mochila estava em sua barriga e ainda segurava a adaga na mão.

" Tem algumas coisas aqui dentro que vão de ajudar". Tess se sentou rapidamente, colocando a adaga sobre o criado mudo, e abriu a mochila.

Dentro ele encontrou um pouco de corda,ambrosia,um isqueiro,uma garrafa de água e um laptop. Sem muito cerimônia, Tess pegou o laptop e o abriu sobre seu colo. O aparelho ligou automaticamente, mas logo o primeiro problema apareceu. Ele precisava de senha.

Tess pensou um pouco. Aquele computador era de sua mãe, não podia ser tão difícil.

Ele tentou "Annabeth" , não funcionou. Óbvio demais. Ela já devia namorar seu pai na época... Tess tentou "Percy", nada. "Percy Jackson", nada. "Jackson", nadica de nada.

O garoto segurou os cabelos.

– Eu devo ser mesmo um Cabeça de Alga! - ele grunhiu irritado.

– Cabeça de Alga, senha aceita - disse o computador.

Tess tirou a mão dos cabelos e sorriu. Bem, pelo menos tinha conseguido entrar. Logo a tela ficou azul e apareceu escrito bem grade em letras brancas "Dédalo". Mas que raio de marca era aquela?

Logo depois a página principal se abriu. Ela estava coberta de arquivos, de forma que Tess mal conseguia ver o plano de fundo, por isso ficou curioso. Sem demora acessou as imagens e procurou a que estava no plano de fundo. Assim que a abriu se surpreendeu. Eram seus pais, mas estavam muito mais novos. Deviam ter a idade do próprio Tess naquela foto.

Sua mãe não tinha mudado muito. Seus cabelos estavam mais compridos na foto, e com o corte diferente. Isso, e a aparência jovial, era a única coisa que a diferenciava de como era naquela época. Também entendeu porque as pessoas diziam que era igual a seu pai. Tirando um traço ou outro e a cor dos olhos, eles eram idênticos.

Seu pai estava um pouco mais baixo, os cabelos estavam maiores e ele parecia,obviamente, mais jovem.

Seu pai estava com o braço por cima dos ombros de sua mãe, a trazendo para perto de si. Os dois usavam o uniforme do Acampamento Meio-Sangue.

Sua mãe sorria radiante para a câmera. Seu pai tinha um sorriso bobo no rosto e seus olhos estavam voltadas para, naquela época, sua namorada.

Tess não pode deixar de pensar em como ele e Ally eram parecidos com os pais quando ambos eram mais novos.

Tess fechou a foto e voltou a área de trabalho. Ele leu os arquivos um por um, eram todos projetos de arquitetura, uma mais complexo do que o outro. Será que sua mãe tinha habilidade para tanto com tão pouca idade?

" Sua mãe é Annabeth Chase(hoje Jackson)" disse uma voz em sua cabeça "Ela é a mulher que com 16 anos reconstruiu o Olimpo. Sim, ela era capaz."

Tess acabou concordando com sua consciência e seguiu em frente. Depois de algum tempo achou um arquivo com o nome : "Projeto Argo II - Leo "

Ele clicou no arquivo, e se abriram páginas e mais páginas em na sua frente. Era plantas digitais e manuais do navio. Sua primeira versão com sete quartos, e a mais nova, com um número maior. Também era possível ver o convés, a proa, os estábulos, a sala descontraída, a estrutura do navio, o funcionamento dos motores. Amanda amaria aquilo!

Depois de analisar tudo, Tess minimizou a página e continuou procurando. Mas foi o último arquivo que lhe chamou atenção, aparentemente o último a ter sido baixado. Seu ícone era um sonar e o nome "Rastreador".

Tess abriu a aplicativo, e logo apareceu na tela uma janela com uma barra e ao seu lado escrito "rastrear". Logo em cima da barra estava escrito "Escreva o objeto mágico que deseja rastrear" . Tess franziu a testa. Mas que computador era aquele?

Ele foi no histórico do aplicativo, a última busca sua mãe fizera fora para "Anaklusmos" e não tivera sucesso. Tess percebeu que era a espada de seu pai. Aquele computador devia ser da época que seu pai tinha desaparecido.

Tess voltou a primeira página e escreveu o nome da espada de seu pai e logo depois apertou o "rastrear" . Segundos depois apareceram as coordenadas do local. Tess arregalou os olhos. Ele o tinha achado! Ele tinha achado seu pai!

– Tess? - perguntou uma voz.

Tess se virou e viu Bia entrando em seu quarto. Olhou para fora e viu que já tinha amanhecido, há quanto tempo estava ali?

Bia arregalou os olhos quando viu o amigo tinha nas mãos. Ela se aproximou e sentou ao lado dele na cama.

– O laptop de Dédalo! - ela exclamou - Onde conseguiu?

– Laptop de Dédalo? - ele indagou.

Bia assentiu.

– Foi um presente do próprio Dédalo a sua mãe - ela explicou - Mas que eu saiba, ela o perdeu quando caiu no Tártaro. Onde o conseguiu?

Tess deu de ombros.

– Um garoto me deu - ele disse pegando a adaga - Isso, a mochila e a adaga.

Bia observou a adaga e engoliu em seco.

– Ele te disse o nome? - Tess negou - Como ele era?

– Loiro, olhos azuis, cicatriz no rosto ....

Bia empalideceu completamente. Ela abriu a boca para falar, mas no mesmo momento o barco deu uma grande balançada.

Os dois se entreolharam. Tess guardou as coisas rapidamente dentro da mochila e correu para fora, seguido de Bia.

Quando chegaram ao convés, encontraram Amanda tentando desesperadamente controlar o navio, que perdia altitude com rapidez.

– O que está acontecendo?! - gritou Tess por cima do barulho.

– O dragão Etíope causou danos mais sério do que imaginei no navio - ela explicou - Os netos de Zeus e Júpiter estão tentando desacelerar a queda, mas, não acho que vamos conseguir....

Tess olhou a sua volta desesperado. Ele estava no ar,não havia nada que pudesse fazer. Quando se virou deu de cara Bia. A garota lhe abraçou sem hesitar e lhe deu um beijo rápido.

– Eu também te amo - ela disse em seu ouvido.

Aquela frase fez Tess despertar. Ele não podia deixá-la morrer! Não podia deixar ninguém ali morrer! Ele tinha lido os projetos, talvez pudesse concertar.

Tess deu um selinho em Bia e correu para dentro do navio. Tess foi em disparada até a sala de máquinas e lá encontrou uma Mary e uma Alice cobertas de graxa.Tess andou até os controles e começou a apertar os botões em uma ordem que nem ele mesmo sabia como sabia daquilo, e dar ordens as meninas. Elas hesitaram um pouco, mas logo o obedeceram, não tinham muitas ideias.

Tess sentia seu tempo acabando, mas ele conseguiria, ele precisava conseguir.

Tess conectou o último fio e esperou.O navio automaticamente parou, Tess fechou os olhos imaginando se eles não tinham se espatifado no chão. Quando abriu os olhos viu que estava tudo intacto.

Ally e Mary sorriam para ele. Tess correu até o convés e encontrou Amanda sentada no chão com Bia ao seu lado. Dani, Dylan e Tommy olhavam pelo parapeito. Quando se juntou a eles, Tess viu seus outros amigos no chão, a poucos metros dele. Só então ele percebeu, o navio estava a um metro do chão. Havia sido por pouco, muito pouco.

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Autora

Mila se deixou cair no chão e colocou as mãos no peito. Sua respiração estava entrecortada e o coração batia desesperadamente. Tão rápido que ela poderia jurar que sairia de seu peito.

Todos estavam a sua volta, esperando uma conclusão. Ela começara a falar o que estava acontecendo novamente. Seus filhos tinham chegado tão perto da morte....

– Mila, o que aconteceu? - perguntou Frank aflito.

– Tess conseguiu parar o navio no último segundo - ela respondeu.

Um suspiro coletivo foi ouvido. Mila levantou os olhos a tempo de ver Thalia desmaiar. Nico a segurou e se sentou. Thalia acordou logo depois, mas preferiu continuar deitada.

A filha de Zeus estava começando a realmente preocupar Mila. Aquela alimentação deficiente e as emoções que estava passando, não estavam fazendo nada bem ao bebê. Mila tinha medo de Thalia perde-lo antes que as crianças chegassem.

Aos poucos os semideuses foram se afastando e Lucas, como sempre, sentou ao seu lado e a abraçou. Ela não disse nada, mas agradecia por aquele abraço. Ele sabia que não precisava dizer nada, só o abraço já lhe trazia conforto.Trazia-lhe segurança.Trazia-lhe esperança.