Capítulo 10 – Dante Maximoff

[6 horas antes do casamento]

A chegada da garota azul ao Instituto levou muitos olhos curiosos a encararem sua forma desmaiada enquanto a carregávamos para dentro do prédio principal. Diferente dela, James não veio conosco, Franklin o levou ao edifício Baxter para receber primeiros-socorros do Sr. Fantástico. Eles saberiam o que fazer com seus ferimentos graves.

– Dan? – Escuto Elise me chamar enquanto caminhamos atrás de Thomas, que carrega o corpo frágil da menina azul em seus braços.

– Sim?

– Você já viu essa garota em algum lugar? – Ela me pergunta com os lábios encurvados para baixo, expressando sua confusão mental. – Digo, você já a viu?

Balanço a cabeça em negação.

– Por que a pergunta? – Inquiro, não entendendo aonde ela queria chegar. – Você já?

– Não sei, mas ela não me parece estranha.

Nossa breve conversa acabou quando adentramos no enorme saguão do Instituto, com Tempestade, Fera e o Professor X, que já haviam retornado da missão da Latvéria, nos esperando junto com alguns alunos curiosos que tentam ser discretos ao nos observar.

– Nós assumimos daqui – o Professor X faz um sinal para que Fera pegasse o corpo da menina dos braços de Thomas. Assim que acomodou a menina em seus braços, Fera sumiu atrás do elevador à direita do hall de entrada, deixando-nos com Tempestade e Charles Xavier. – Agora, gostaria de ouvir um pouco do que aconteceu. – E nos conduz para sua sala no fim do corredor central.

[x]

– E isso é tudo. – Thomas termina seu relato sem qualquer entusiasmo.

Os dois X-Men ficaram quietos de início, apenas sustentam um ar pensativo em suas expressões, provavelmente refletindo sobre cada dado entregue.

– Steve e Natasha já souberam do que aconteceu com o filho – o Professor X começa. – Sue os informou e já devem estar no edifício Baxter – e dá um longo suspiro. – Mas ainda não consigo entender como nunca vi a garota antes, nem mesmo pelo Cérebro.

– Acho que qualquer um teria percebido uma garota azul andando pelas ruas de Nova York, não? – Mayday sugere o óbvio.

– Precisamente, Srta. Parker – Charles olha para Tempestade. – Pergunte ao Hank como a garota está e se irá acordar logo.

– Não é preciso, Professor – uma voz fraca e conhecida chama a atenção de todos para uma garota ruiva com o olhar perdido no nada. – Ela está acordada.

– Rachel! – Tempestade exclama, indo ao encontro da menina. – Achei que você estivesse com o Franklin! Por onde andou?

Sem nem ao menos demonstrar que ouviu o que a mutante lhe disse, Rachel mira seus olhos claros no elevador, parecendo novamente se perder em seus próprios pensamentos.

– Tem algo errado com ela.

– O que quer dizer, Rachel? – Recita o Professor o que todos se perguntam silenciosamente.

Novamente, Rachel não olha para nenhum de nós, apenas continua a encarar o vazio.

– Que ela não pertence a esse lugar.

[x]

Já faz mais ou menos uma hora que o Professor e Tempestade foram conversar com a garota azul, deixando eu e o restante da A-Next para ajudar nos preparativos finais para o tão esperado casamento.

– Já estava na hora dos dois casarem, não? – Elise pergunta para mim com um enorme sorriso no rosto enquanto arruma um buquê de lírios brancos e cravos.

Dou de ombros apenas, pois não sei exatamente o que achar da relação do Remy com a Marie. Normalmente, eu sou avulso a praticamente tudo o que acontece. Não por exclusão, apenas falta de interesse.

Na verdade, durante praticamente toda a minha vida, minha única preocupação tem sido exclusivamente manter Luna viva e, dentro das circunstâncias, feliz. Minha irmã mais nova é a minha companheira para todas as horas, a única que me fazia feliz quando estava bravo ou magoado com alguma coisa.

Eu não iria perdê-la, não para isso que a esta consumindo. Vou achar a cura.

Meus pensamentos são interrompidos com a vibração do meu celular, mostrando o nome de Elsa no visor.

– Alô?

– Dante?

– Quem mais seria, Elsa? – Sei que meu comentário a deixou desconfortável, por isso logo continuo. – Tá tudo bem?

– Tá sim, eu só queria saber se já posso ir pra sua casa.

– Na verdade, seria melhor você vir direto ao Instituto. Estou aqui no Instituto com os meus amigos ajudando no que falta arrumar para o casamento.

Ela fica em silêncio por um tempo antes de responder:

– Tem certeza de que é uma boa ideia eu ir?

– Claro que tenho. Você tem como vir pra cá?

– Tenho sim, te vejo daqui a pouco então.

– Ok, até.

– Dante? – Escuto Erika me chamar da porta principal do Instituto. – O Professor e Tempestade voltaram.

Mais que depressa eu corro para a sala, onde todos da A-Next, incluindo Rachel e Hank, olhando ansiosamente para as figuras pensativas de Charles Xavier e Tempestade. Assim que eu entrei, todos olharam rapidamente para mim, e Elise fez um sinal para eu tomar o lugar ao seu lado.

– Então, o que descobriram? – Logo questionei, querendo entender qual seria o grande mistério da garota azul.

– Rachel tem razão, a garota não é daqui – o Professor começa num tom neutro.

– Como assim “não é daqui”? – Luke prontamente o interrompe, expondo a mesma dúvida que tenho.

– Dessa dimensão – Rachel responde antes mesmo do Professor abrir a boca.

– E de onde ela é então? – Thomas indaga, ajeitando-se na poltrona com um ar de profundo interesse. – Quero dizer, ela é uma mutante também certo?

– Pode ser um ET. – Sugere Mayday, dando de ombros com seu palpite.

– Nós não sabemos – Tempestade interrompe nosso jogo de adivinhação, expondo os fatos num tom sério e preciso. – Nem Rachel ou o Professor conseguiram identificar a origem da garota.

– Suas lembranças estão confusas e embaçadas, ela está numa espécie de estado de choque e tudo o que conseguimos dela foi: “Eles estão vindo.” – Charles Xavier termina o relato, deixando a sala mergulhada num profundo silêncio reflexivo.

Uma garota de outra dimensão sem memória repetindo sem parar “eles estão vindo” não é algo que encontro todos os dias. Afinal de contas, por que ela está aqui? O que aconteceu com suas memórias do lugar de onde veio?

E a pergunta que não quer calar: Quem são “eles”?

– Teremos que responder essas perguntas depois, Dante – O Professor sorri para mim, como se quisesse me confortar por não ter conseguido responder a todas as minhas indagações. – Agora temos que voltar nossa atenção para o casamento, que é daqui 2 horas. Melhor já começarem a se arrumar, voltaremos a discutir sobre a garota quando esse evento acabar.

[x]

– Elsa, quantas vezes terei que falar que você está linda e que não precisa ficar com medo das pessoas? – Perguntei a minha linda e tímida acompanhante, que não parava de morder os lábios rosados pelo mais tolo nervosismo.

Os cabelos loiros de Elsa estavam cuidadosamente presos numa trança francesa que lhe caía sobre o ombro esquerdo. O vestido azul bebê de seda destacava seus olhos brilhantes e a pele pálida que refletia a luz da Lua. Obviamente ela corou com o meu comentário, dando um pouco de cor em suas bochechas magras.

– Você está exagerando.

– Claro que não – respondo-lhe com sinceridade. Ela realmente está muito bonita. – Você tem que aprender a aceitar elogios.

– Não tem motivo, quase nunca os recebo.

Decidi não discutir com ela, pois teimosa como sempre foi, não iria me escutar. Volto minha atenção para o altar, onde Gambit e Vampira trocam as juras de amor sob a luz de uma noite repleta de estrelas. Parece até mesmo que o céu se enfeitou para comemorar a união dos dois.

Todos os convidados estão muito elegantes. Não posso deixar de sorrir ao ver os Vingadores e os X-men todos com roupas finas de gala, tão diferente de seus trajes de super-heróis. Se eu não fizesse parte de uma equipe de heróis, seria bem difícil acreditar que eles também são humanos, e também têm uma vida normal... Ou quase.

Quase todos da minha equipe estão aqui, menos James, que ainda está se recuperando dos eventos da noite que encontrou a garota azul.

– Aceito. – A voz de Vampira transborda emoção ao confirmar sua vontade de se tornar esposa de Remy.

– Pelos poderes investidos em mim, eu vos declaro marido e mulher.

Foi então que tudo aconteceu muito rápido.

Um enorme estrondo rasga os céus, assustando a maioria dos convidados e até mesmo a Elsa e a mim. O vento começa a soprar cada vez mais forte, varrendo toda a decoração que ajudamos a organizar. No meio de um enorme caos, uma voz feminina ecoa.

– Casamentos são sempre tão entediantes! Mas não se preocupem, eu trouxe algo para diverti-los nesta noite!

E a figura de Sin surge em meio ao caos, seguida de centenas de agentes armados com armas químicas e um reluzente símbolo da HAMMER no peito.

– Cacete, essa garota não desgruda! – Escuto Luke xingar enquanto é cercado por um bando de agentes.

E, quando percebi, todos nós estávamos cercados.

– Assim está melhor, todos quietos – Sin exibe um satisfeito sorriso enquanto começa a andar em nossa direção. – E eu pensando que seria difícil reunir todos vocês em um só lugar.

– O que você quer, psicopata mirim? – Tony Stark questiona num tom irônico.

– O que eu quero? – Ela retoma a pergunta do Homem de Ferro, apontando uma arma esquisita para a cabeça de Howard. – É isso o que eu quero. – E com enorme satisfação, Sin puxa o gatilho, fazendo um conteúdo azulado tomar todo o corpo de Howard e fazendo-o desaparecer.

– O que você fez com ele?! – Tony berra, querendo avançar na ruiva, porém, é contido pelos agentes da HAMMER, que o imobilizam na hora.

– Uma limpeza. – São as últimas palavras de Sin que escuto antes de ela apontar a arma para Elise, Elsa e para mim e atirar, fazendo-me perder a consciência na hora.