Ela fora longe, mais longe do que nunca havia ido. Ainda não acreditava no que ele havia feito. Já era de manhã e o sol estava alto, mas ainda continuava muito frio, teria que voltar ou ficaria congelada ali para sempre. O inverno estava finalmente chegando e com isso eles teriam que começar a se abrigar e tentar juntar alguma comida, já que não podiam ir para nenhuma aldeia.

–Ah, mas que coisa, vou ter que passar o inverno todo com aquele idiota? Não acredito que fiz mesmo uma promessa de ajudar ele...

–Yuki! Yuki, por favor, me perdoa!

Essa não, ele havia vindo atrás dela...

–CALA A BOCA! O QUE VOCÊ TA FAZENDO AQUI FORA?! NÃO PODE SAIR ASSIM! VOCÊ VAI SE PERDER E EU NÃO VOU SAIR TE PROCURANDO NÃO!!!

Ela deu apenas alguns passos e o encontrou, totalmente arranhado e machucado, sujo, com as roupas molhadas e tentando encontrar ela.

–Tudo bem, já me achou. Só prometa que nunca mais irá fazer isso e nem mesmo algo do tipo, senão eu mesma te mato.

–Prometo.

Tudo bem, ela se sentia mal por ter deixado ele sozinho, mas ainda estava com raiva demais dele por tudo aquilo.

–Vem logo, vamos limpar aquele urso porque senão ficamos sem jantar. O inverno já está chegando, temos que fazer algo rápido senão iremos morrer dentro de alguns dias.

–Poderíamos ir para alguma aldeia pequena e fingirmos que somos casados, o que acha?

Pronto, ele já tinha começado de novo...

–Olha, se você falar isso novamente, prometo pela minha deusa lua que você irá acabar caindo acidentalmente de um penhasco!

–Tudo bem, a gente vai dar um jeito.

Quando ele não estava falando nada, era perfeito, ela podia colocar seus pensamentos em ordem e não brigarem tanto. Rapidamente chegaram à caverna, limparam toda a carne do urso, deixaram a pele secando e foram jantar.

Será que a vida de Eriem seria para sempre assim? Ela nunca poderia ir para a guerra? Era seu desejo, mas quebrar promessas não era de sua índole.

–Por que treina tanto?

Novamente, ele estava sentado na entrada da caverna, olhando para o nada enquanto ela já estava quase adormecendo, então acabou por responder a primeira coisa que lhe veio a mente.

–Porque quero ir para a guerra...

E assim, dormiu profundamente, sonhando com olhos azuis dessa vez, e não os negros de sempre...