Edward

Estou saindo da roda com Jasper quando avisto alguém correndo em nossa direção. Está escuro, aperto os olhos para tentar enxergar. Dou uma cotovelada em Jasper que ainda está ofegante e ele acompanha meu olhar.

─ Alice? – Jasper fala e eu também a reconheço.

─ Vamos! – falo e vamos correndo de encontro a ela.

Ela para e apoia as mãos nos joelhos, ofegante.

─ Alice, o que houve? – pergunto já pensando em Isabella.

Ela estica o braço apontando para trás. Olho, mas não vejo nada em meio a escuridão.

─ Sinhazinha.... e Rosa... – ela recupera o folego – caíram numa briga! – ela aponta de novo.

Olho para Jasper e entendemos simultaneamente. Saio correndo sabendo que Jasper e Alice vem atrás de mim. E logo chego encontrando Isabella em cima de Rosalie, as duas medindo forças, Rosalie tentando segurar as mãos de Isabella, o vestido de Isabella rasgado na lateral, o cabelo embaraçado. Puxo Isabella pelas axilas e Jasper ajuda Rosalie a se levantar e a mantem segura pelo braço.

─ Isabella, acalma-se! – falo enquanto ela faz força querendo ainda partir para cima de Rosalie.

Se não fosse trágico, seria cômico.

─ Rosalie, que tolice é essa? – ouço Jasper gritar para ela. – Tu pode ir pro tronco por conta disso!

─ Que eu vá! Essa sinhazinha precisava sabê de umas verdade! – ela cospe. Está com um arranhão sangrando perto da boca. – Isso não tem nada que vê com nossa condição, é assunto de mulher pra mulher!

─ Mesmo assim pode ser castigada! – Jasper balança a cabeça.

De repente Isabella para de fazer força e adquire uma expressão serena no rosto. Olho para ela e tenho a impressão que ela pode ser muito mais perigosa agora do que com toda aquela fúria.

─ Ela tem razão. É um assunto de mulher para mulher. Mas, que isso sirva de lição para que nunca mais ouse sequer chegar perto do que é meu. – Isabella se vira para mim, põe os braços ao redor do meu pescoço e mantem o olhar em Rosalie.

Metodicamente ela se vira e ataca meus lábios. Rosalie bufa. Apesar de pego de surpresa, automaticamente retribuo o beijo, nossos lábios sabem exatamente o que fazer quando se aproximam. Pelo canto do olho entreaberto vejo quando Rosalie se solta da mão de Jasper e passa correndo a passos pesados por nós.

Eu entro no jogo e beijo Isabella com vontade, chegando a levantá-la de modo que seus pés saiam do chão enquanto nos beijamos. Aperto-a contra mim e sinto seu coração acelerado encostado em meu peito.

─ Isso fora um castigo muito cruel, sinhazinha. – falo quando nossos lábios se soltam e a ponho no chão.

Ela está com o rosto avermelhado e percebo um arranhão em seu pescoço.

─ Achas que ela contará a alguém? – pergunta apreensiva. Toda menina novamente.

─ Certamente beijar-me na frente de Rosalie foi arriscado. Ela sempre soube que eu não beijava. E um dia disse-lhe que meus beijos estavam guardados para aquela que roubasse meu coração. – vejo um brilho doce nos olhos de chocolate de Isabella. – Contudo, sei que não falará nada. Ela não conhece ninguém aqui no engenho e isso só serviu para confirmar o que eu já havia conversado com ela.

─ Mas ela não sabia que era eu...

─ Com certeza a essa altura isso não faz a menor diferença. – arrisco um sorriso de canto.

Jasper e Alice se afastaram e conversam baixo entre si.

─ Eu não devia... – Isabella balança a cabeça de olhos fechados.

─ Ei! Eu gostei. Gostei de lutar por mim. O ciúme, se usado na medida certa é um tempero...

─ Já disse que não tenho ciúmes! – levanto uma sobrancelha. – Só não podia deixar que ela me desafiasse de tal maneira. As coisas que ela disse...

─ Não ouses acreditar nas palavras de Rosalie.

─ Ela disse que gostarias de ter a pele negra e...

─ Sim, isso ela falou a verdade. – falo sério. – Mas se eu tivesse a pele negra... – suspiro. – Tudo seria diferente. Tudo.

Isabella levanta o olhar e franze o cenho.

─ Para mim não. Eu o amo independentemente da cor de pele que tenhas, sabes disso! E se não, quero que saibas. Saiba que meu amor por ti é incondicional. Amo quem você é por dentro, amo o seu amor por mim e tudo o que representa. Seria como a morte para mim, saber que sou apenas algo com que brincas...

Coloco dois dedos sobre os lábios dela. Ela para de falar e seus olhos estão cintilantes.

─ Brincar? – pergunto cético. – Se tu fosses um brinquedo, eu seria um eterno infante que lutaria com mil forças para não envelhecer. – sorrio e a beijo novamente.

Uma brisa gelada arrepia meus braços. Um formigamento quente atiça meu desejo.

─ Quero você. – ela sussurra de repente, quase uma súplica.

─ Eu também a quero. – coloco uma mão em seu rosto, ela treme de leve, fecha os olhos e segura minha mão a mantendo ali.

Olho para Jasper e assovio. Ele instantaneamente sabe o que quero. Ele diz algo a Alice e os dois vem em nossa direção.

─ Hoje é melhor que entres, vá cuidar desse ferimento e desse vestido rasgado. – passo o dedo indicador pela fenda e fico excitado na hora. Fecho os olhos e respiro fundo. “Sou mais forte do que eu pensava.”

─ Amanhã?

─ Amanhã. Irei encontrar um lugar seguro e arranjarei tudo.

Ela me abraça forte e inalo o cheiro delicioso de seus cabelos. Sei que se ficar mais um minuto com ela não conseguirei deixar que ela vá.

─ Agora vá. Durma com os anjos, meu amor. – falo e lhe dou um beijo casto nos lábios.

Ela suspira.

Estou distraído observando as duas sumirem na escuridão quando Jasper me cutuca no ombro, fazendo com que me lembre de sua presença.

─ Juro que se me dissessem duma briga dessa, eu tinha apostado em Rosalie. – fala cruzando os braços.

─ E teria perdido!

Caímos na risada e voltamos a trotes para a roda. Precisava por meu corpo em movimento e rápido, ou acabaria fazendo uma besteira... Raptar uma sinhazinha em seu quarto era considerado crime? Balanço a cabeça sorrindo e já sinto a chama do desejo me consumindo por dentro. Amanhã, respondo para mim mesmo, amanhã.