Sinal escrita por Universo das Garotas


Capítulo 6
6º capítulo




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6º Capítulo – Beatriz

Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi tomar banho. O rosto cínico daquele Sr. Frederico estava me consumindo. O cara era um pedaço de mal caminho mas as suas feições eram carregadas de cinismo. E funcionário da própria empresa?? Qual é?? Ele realmente achou que essa ia colar?? Eu já tinha conferido a papelada a tal ponto que consegui encontrar a primeira formação societária daquela empresa.

Apesar de várias manobras entre alterações de nomes, endereços e claro os sócios, a pesquisa no meu escritório auxiliada pelos amigos e minha mãe tinha dado resultados. Frederico Costa Silva era o sócio majoritário da empresa quando esta abriu as portas. E apesar das diversas alterações posteriores, com a inclusão de outros que só poderiam funcionar como “laranjas” estava na cara que ele continuava no comando. Ainda mais com aquele carro? Provavelmente, era apenas um dos vários que deveria possuir.... Mas porque se arriscaria indo em audiência representar a própria empresa quando fazia de tudo para não aparecer??

Isso estava me consumindo, mas dali dois dias eu teria a perícia para acompanhar. A cara que ele fez quando eu disse que ia de sapatos altos para pátios das máquinas foi impagável... Terminei o banho, vesti uma blusa rasgada dos Ramones mas que eu amava para dormir, e vestindo apenas calcinha deitei na cama. Não passou nem vinte minutos e eu estava quase adormecendo quando a campainha do meu apartamento tocou.

Olhei as horas, ainda não eram nem 22hs, mas eu fui deitar porque estava exausta do dia. Relutante andei até a porta e abri. Felipe Andreas tava ali. Com vinho em uma das mãos e caixa de bombons na outra.

– Boa noite – disse com aquele seu mega sorriso - anima tomar um vinho depois do dia de hoje?

– Sério?? Eu disse mostrando um sorriso amarelo para ele. Eu tinha ligado para ele mais cedo, contando a minha experiência surreal vivida naquela audiência. Ele ficou super preocupado, como assim o próprio magnata das empresas Global Time tinha ido pessoalmente à uma audiência trabalhista? Ficamos horas conversando e tentando adivinhar as artimanhas do sujeito, mas não chegamos em nada. Entra logo! Eu disse a ele, e Felipe nem hesitou. Já estava dentro do meu apê, a vontade com o lugar, pois ele sempre passava por ali, pelo menos uma vez na semana.

– Vou colocar uma calça e já volto...

– Não precisa, por mim pode ficar do jeito que tá - disse com aquela cara gozadora no papel de homem macho para caramba.

– Aham, tá bom - fui andando para meu quarto, joguei a camisa velha na cama, vesti uma de alcinha e calças jeans. Voltando para a sala, vi que tocava música da minha banda favorita, Imagine Dragons, a trilha de Radioactive...

– Hum, boa escolha ...eu disse voltando, e ele levantou os ombros como quem disse que não tinha pensado nisso...

– Me conta tudo que rolou Bia. Sério esse caso tá muito estranho. O que esse tal Frederico fez na audiência?

– Já te disse tudo! Foi exatamente como falei. Mas esqueci de mencionar um detalhe: eu bati no carro dele há alguns dias. Não sabia quem era na época mas reconheci o sujeito...

–Você o quê?? - Bati, na verdade só arranhei, o lado do carro dele. Ele estava me enchendo no trânsito dos infernos, bom e eu, eu não aguentei. Encostei no carro dele. Foi só isso, pronto.

– Peraí, como assim foi só isso Bia? QUE carro era?

– Um alfa romeo, um belo modelo de última geração. Felipe quase engasgou com vinho e se não tivesse sentado poderia ter caído de bunda no chão tal a confusão que tomou conta dele.

– VocÊ tá louca Ana Beatriz Figueiroa? Bebeu?? Agora bate de propósito em um alfa romeo?

– Não foi assim. Esquece, foi acidentalmente - fiz a melhor cara convincente que pude, mas ele continuava me olhando desconfiado. Olha, o mais importante é descobrir porque ele foi na audiência. A troco de quê ele se defendeu pessoalmente, e posso dizer, ele foi preparado como nunca porque a audiência foi com Dr. Manoel e ele deixou que eu conduzisse o rumo das perguntas da maneira que eu quisesse.

Aí você pode imaginar num é?? Mas o cara era uma rocha impenetrável. Não se confundiu hora nenhuma. Minha esperança é a perícia e a apresentação de mais documentos que podemos reunir. Não consegui uma confissão sequer do horário de trabalho.

– Bia, não sei aonde você vai com isso mas se eu já não estava gostando dessa história agora estou menos ainda. Isso não cheira bem. Vou questionar alguns amigos sobre essa empresa. Cuidado com aquele velho Dr. Manoel. Aquilo é traiçoeiro demais. Ele espera uma nomeação para o Tribunal e não se arrisca com poderosos! Mesmo que por admiração a uma jovem advogada como você, o que ele nunca escondeu. Mas quem pode culpa-lo?? Terminou a frase as gargalhadas como ele sempre faz quando fica me zoando com os juízes.

– Ok! Tudo bem concordo com você em parte. Mas esquece essa do Dr. Manoel. Eu sei que ele pode ser galanteador mas ele parecia interessado nas minhas perguntas, de maneira genuína mesmo...

– Ah tá, tudo bem. Vamos fingir que era só isso. Bom vou indo, fica tarde para você dormir e considerando que você ama mais que tudo uma boa noite de sono, ou seria manhã?? Vou nessa... Ele sempre implicou comigo quando era chefe na minha dificuldade de levantar de manhã cedo, como o resto do mundo. Mas para mim a melhor parte do sono era de manha cedinho.

A cama ficava mais quentinha e aconchegante que tudo.

– Boa noite, durma bem! Sonhe com pernilongos também... (frase que o Pumba fala quando vai dormir)

– Para você também Simba - ele terminou sorrindo com aquele cara mais lavada para mim. Depois que ele foi embora deitei na cama mas não consegui dormir. Lembrava aquele homem, que era a típica imagem de um magnata. Totalmente controlado ele respondia as minhas perguntas mas a sua cabeça tombava ligeiramente para mim cada vez que finalizava. Ele respondia para o juiz, como manda o figurino, mas não perdia a oportunidade de me olhar em todas as respostas. E nessa hora ele não parecia tão controlado. Será que eu estava delirando?


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