Sinal escrita por Universo das Garotas


Capítulo 4
4º capítulo




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4º Capítulo – Beatriz

Ontem tive o dia cheio no escritório. Meu Deus, estava com tanta raiva pois não encontrei nada da maldita empresa que pudesse solucionar os casos trabalhistas da Global Time. E hoje, eu tinha uma “puta” audiência dessa empresa novamente. Foram 12 audiências até agora, e a cada uma dessas eu só me enfezava ainda mais com a possibilidade de ganhar a causa mas não achar bens suficientes para cobrir o débito. E eu não era ingênua de esperar que eles pagassem a execução de maneira espontânea.

Eu sentia o cheiro de fraude trabalhista de longe. Me olhava no espelho considerando trocar a saia lápis por uma calça de corte reto. Mas hoje parecia que ia fazer um calor daqueles. E se eu ia usar saia o mais apropriado para acompanhar seria sandálias de salto mas eu acabei optando por um peep toe de salto médio. Assim está bem, pensei ao vislumbrar uma morena de altura média no espelho de blusa branca social, impecavelmente passada por minha mãe, saia preta e sapatos pretos. Não mudo de bijuterias me limito a usar um brinco e gargantilha de ouro que ganhei há anos de meu pai, um relógio que não tiro nem para dormir e um anel de formatura, cujo valor custou meses de salário da minha mãe que insistiu em me dar quando me formei com louvores na Universidade Y.

Enfim, me sentindo confiante com visual bonito mas formal, entrei no meu carro e segui rumo ao Tribunal da Justiça do Trabalho de minha Cidade. Realmente faria muito calor esse dia. Meu Deus, ainda está cedo e eu estou quase derretendo. Há anos desisti de fazer o ar condicionado do meu carro funcionar. Troquei incontáveis vezes o radiador para que voltasse a congelar a temperatura mas nada deu certo, mesmo com a promessa de alguns mecânicos. Por fim larguei de vez isso, e como não abro mão deste carro, fiquei usando ele assim mesmo. Quase não acreditei quando cheguei no prédio da Justiça do Trabalho e não tinha uma vaga sequer, nem nos estacionamentos próximos.

Tive que parar uns dois quarteirões de distância o que me fez suar que nem uma chaleira no fogão. Subi os lances de escada (de jeito nenhum iria usar elevador para apenas 3 andares) e cheguei a ante sala no qual os participantes de audiências aguardavam serem chamados. Havia muitas pessoas ali. Encontrei o meu cliente sentado com uma mulher, que parecia ser sua esposa. - Olá Sr. Arnaldo! Animado para hoje? - Olá Dra. Bia, animado nem tanto, mas tenho confiança no trabalho da Senhora. Deus a ilumine porque estou à míngua e minha esposa está trabalhando em dois turnos para cobrir as despesas lá de casa.

O caso do Sr. Arnaldo era um de muitos que me preocupava. O pobre homem trabalhou para a descarada da empresa por mais de 10 anos, quando foi dispensado com uma mão na frente outra atrás quando sofreu um acidente, e pior, não teve a baixa na sua carteira para ficar livre para arranjar outro emprego. Descobriu que não possuía nem uma conta de fundo de garantia que é destinado ao trabalhador para ajuda-lo em caso de dispensa do serviço. Teve 10 anos da vida roubados por uma empresa fraudulenta.

Não demorou muito chamaram-nos para a nossa audiência. Parece que a comitiva da empresa composta por advogados, o preposto que representava a empresa e suas testemunhas já estavam dentro da sala do juiz. Entrei olhando na direção onde estavam sentando o Dr. Antônio de Paula, advogado da empresa, duas testemunhas que eu já tinha interrogado em outros processos e que nada sabiam além de seus próprios nomes e um sujeito muito bem vestido para ser um funcionário qualquer da empresa. Meu Deus, será que por milagre de Deus dessa vez veio um alto Diretor ou quem sabe o próprio sócio?? Era uma grande oportunidade se fosse o caso. Apurei o olhar na direção do sujeito e quase congelei quando este se virou na minha direção. Oh! Os deuses devem tá de sacanagem comigo????!!!


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