Escondidos escrita por 4rtemisa


Capítulo 4
Capítulo 4




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Menina Granger,

                Não me peça explicitamente para voltar. A minha dor por não poder responder a esses pedidos tão reais é grande. O ar fica muito pesado, os meus pulmões param, não consigo pensar em mais nada a não ser nas suas palavras. O tempo e o espaço deixam de existir, aliás para mim já deixaram de existir há muito tempo mas desta vez é como se me dissessem que nunca existiram, só me consigo preocupar com o efeito que estas negações de ajuda têm em si.

                Cada lágrima sua é como um pequeno punhal espetado no meu peito. Saber que algo magoa o seu coração, magoa-me tão profundamente como veneno que me corrói por dentro.

                Não deveria ficar dependente de poções para viver, liberte a sua mente e conseguirá dormir sem sonhar.

A menina não deveria ter sido obrigada a assistir ao que aconteceu na Cabana dos Gritos. Só de pensar que ele esteve tão perto de si, não se podia ter exposto a tal perigo. O inconsequente do Potter nunca o deveria ter permitido, mas pensando melhor, se ele lhe pedisse para ficar de fora, a menina ficava? Quase que apostava a minha varinha em como não ficava. Essa audácia que representa os Gryffindor…

Hogwarts deve estar maravilhosa como sempre. No ano que passei como Director, senti-me muito atormentado, não conseguia proteger os meus alunos. Apesar de eu achar que os castigos devem ser aplicados, não concordo com a tortura, não de crianças. Com as indicações de Dumbledore eu consegui fazer o melhor que pude, mas muitas vezes eu voltava a esse velho gabinete, evocava as minhas recordações felizes e deixava o tempo passar. Os nossos encontros escondidos faziam muitas vezes parte destas recordações, os beijos que não lhe dei, as palavras que não lhe disse, as carícias que não lhe fiz assombravam os meus pensamentos. Eu não sabia onde a menina andava, estava preocupado, chegou-me aos ouvidos que tinha mandado os seus pais para longe, que já não sabiam que tinham uma filha, gostava de a ter podido proteger de todos estes males, mas a minha missão teve de ficar acima de tudo. Não mereço o que sente por mim.

Hoje vou mandar-lhe uma túlipa, negra, claro. É delicada, como a senhorita.

Perdoe-me.

                               Severus Prince Snape

 

Nessa noite, Hermione recebeu uma túlipa. Adormeceu com a sensação de ser abraçada.

 

Severus,

                Os dias vão passando. A chuva e o frio chegaram e com eles a pouca vontade que tenho de me mexer. Se eu não tivesse voltado às aulas será que eu conseguiria sair da cama? A dor que sinto consegue incapacitar-me totalmente. Como é que alguém consegue perder o coração e continuar a viver? Não estou habituada a não ter respostas.

                As coisas andam mais calmas, a amizade não é a mesma, no entanto eu, o Harry e o Ron já nos conseguimos sentar na mesma mesa. Tenho vergonha de confessar isto, mas preciso de o admitir, eu tenho tido muita inveja da Ginny. O Harry anda a exceder-se a si próprio, aprendeu encantamentos lindíssimos apenas para surpreender a luz dos olhos dele. E eu que me contentava em saber que a pessoa que amo estava bem... Sei que não me fica nada bem ter inveja dela, mas aquele sentimento deles é tão puro que queria conseguir sentir o mesmo.

                Que poderei eu fazer?

                Queres uma boa notícia? Amanhã o Harry vai dar uma entrevista, vamos revelar ao mundo mágico o que fizeste por todos nós. Não me conformo, deverias ser tu a revelar a tua história, não é justo, não é mesmo.

                Quando as pessoas dão tudo o que têm porque é que não podem viver?

                Porque é que nunca confiou em mim?

                Porque é que nunca tive coragem de assumir o que sinto por si? Porquê? Porquê? Eu sei que só ia fazer figura de parva, mas pelo menos tinha tentado.

                As perguntas sem resposta são como punhais. Sinto-me a ser picada como semente de Goil antes de ser metida no caldeirão. Picadas tão certinhas e regulares.

                Quero sentir-me mulher. Quero sentir-me sua. Só sua.

                                               Hermione Jean Granger

 

Hermione deixou-se adormecer sentada na poltrona onde escreveu a carta, as lágrimas continuaram a escolher-lhe cara abaixo e mancharam a carta.

Um grito de desespero cortou a noite quando esta carta chegou ao seu destinatário.


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