Chegou a sexta-feira de manhã. Hermione estava nervosa, era hoje. Severus Snape não sabia, mas era hoje.

Esperou pela chegada do Profeta Diário.

“Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley contam a verdade ao mundo mágico, página 3”

Era a capa, a capa que iria limpar o nome de Snape. Toda a escola lia o jornal em silêncio, até que se começaram a ouvir os cochichos. Finalmente, “todos sabem a verdade”.

Quando Hermione se despediu dos amigos e explicou que desta vez não ia no expresso desmaterializou-se para a casa de Snape.

“Chegou, eu nem acredito nisto. Logo hoje é que ela tinha de se atrasar.”

   - Meu amor. – Ela correu para os braços dele. Sentia-se em casa quando corria para ele.

   - Queres matar-me do coração? Logo hoje é que resolves demorar-te?

   - O quê?! Tu não sabes porque é que me atrasei? – “Era suposto?” Ao ver a confusão nos olhos dele, ela riu. – Saiu a entrevista que limpa o teu nome, o ministério da Magia aprovou, vais ser considerado herói. Como quem deu a entrevista fomos nós os três, tive de ficar a responder a perguntas.

   - Hermione, nem sei o que dizer. - Levantou-a e beijou-a. O beijo ficou intenso, ele estava mesmo feliz, permitiu-se ter alegrias. Puxou-a para dentro de casa…

   - Severus, temos de estar em casa dos meus pais em 15 minutos. – Apenas quando ele a deitou em cima da cama é que Hermione se lembrou dos pais.

   - Desculpa, desculpa. Empolguei-me. – E riram-se ambos.

Severus lançou um feitiço de camuflagem em si próprio e desmaterializaram-se até casa dos pais dela.

“Casa normal, séria e arrumada. Um apartamento que é a cara dela.” Assim que entraram em casa ele cancelou o feitiço, e os pais de Hermione apareceram.

Depois de feitas as apresentações normais, seguiram até a sala de jantar. O jantar já estava servido.

   - Espero que goste de comida muggle. – A mãe de Hermione soava sincera, no entanto Severus conseguia perceber que a situação a incomodava.

   - Eu cresci perto de muggles, a Hermione não lhes contou?

   - Não, ela falou-nos pouco de si. Apenas nos disse que era segredo, e que tinha sido professor dela.

“Pai não faças isto, não lhe comeces a insinuar que ele é velho demais.” Hermione baixou a cara, esperava que Severus se sentisse bem-vindo àquela casa, a casa onde tinha crescido.

“Acho que é a vez de me defender. Não a posso deixar com aquela carinha triste”

   - Compreendo que não se sinta seguro, eu próprio se tivesse uma filha com a idade da Hermione, com o potencial da Hermione, linda como a Hermione, filha única como a Hermione, não me sentiria feliz por saber que ela namorava com alguém da minha idade. – O pai de Hermione olhava-o com expectativa, a mãe olhava para a filha com um sorriso tímido, a filha continuava de cabeça baixa. – Mas passado o choque inicial, provavelmente ficaria feliz por ver que a minha filha namorava com alguém que gosta verdadeiramente dela. Eu não sou ninguém para vir aqui dizer que sou melhor que outro qualquer, porque não acho que o seja. Mas posso garantir-lhe que dava a minha vida pela dela. Que por ela eu ia até ao fim do mundo. Que por ela era capaz de dar o que tenho e o que não tenho. Não peço que não me julgue, apenas peço que me dê tempo para provar aquilo que valho.

“Ele acabou mesmo de dizer isto tudo ao meu pai?!” Hermione estava corada, com lágrimas nos olhos, mas não se importou que os pais estivessem a ver. Levantou-se a abraçou-o, beijou-o e sussurrou-lhe o quanto o amava.

Voltaram a si com as gargalhadas dos pais de Hermione. O resto do jantar correu bem, os pais de Hermione esforçavam-se por não parecerem mal-educados, mas a situação ainda lhes parecia esquisita.

    - Agora,

    - Férias. – Abraçaram-se e desmaterializaram-se juntos na noite londrina.