Renascida escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 27
Capítulo 26




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 Bella pov’s

 

A sede era insuportável, no entanto minha determinação me manteve naquele inferno gelado...

 

Hoje foi a última vez que chorei...
O último pedaço partido
Do coração, caiu
Sou um ser perdido...

...E o corpo pouco a pouco cedeu a minha vontade, o que agradeci de bom grado.

 

Hoje foi a última vez que chorei...
O último pedaço partido
Do coração, caiu
Sou um ser perdido...

Eu podia sentir a morte chegando e dando fim ao meu corpo imortal. As lembranças de minha vida, humana e vampira, se esvaiam. Com o passar do tempo, no fundo daquele lago, eu já não sabia quem era de tão desorientada que estava. A única coisa que eu pensava era: 

 

“Mantenha a barreira!”.


Hoje foi a última vez que chorei...
O último pedaço partido
Do coração, caiu
Sou um ser perdido...
Chega! Por que é que não me largas
Maldito, maldito sofrimento!
Queres que eu morra? Não?
Mas olha que se eu morrer
Essa tua injustiça infinita será em vão.
Ganharei eu porque acabei com ele
Ganharei eu, porque tudo acabará...

 

Quem eu sou? Por que estou aqui nessa imensidão azul? Há quanto tempo estou aqui nesse lugar? De quanto tempo mais eu preciso para morrer?

 

Lágrimas, dores, desilusões
E mais nada restará.
E os restos do que eu um dia fui
Estarão no coração de quem ficar.
Não chorem por mim, não vale a pena
Sigam com as vidas, sem lamentar
Foi melhor assim
Eu não atrapalharei mais ninguém.
Não farei disparates
não pertubarei também...

 

Eu não sabia por que eu ainda estava naquele lugar sem ar, sem comida, sem ninguém, mas eu precisava permanecer lá. A barreira que me envolvia estava se dissipando, eu estava morrendo.

 

“Bella?”.

 

Quem me chamava? Que voz bela era essa? Eu abri meus olhos e, apesar da visão turva, vi a imagem mais bela que minha mente poderia conjurar. Era um anjo lindo, um anjo de cabelos cor de bronze. Ele estava a alguns metros de mim, parado. Sorria. Eu sorri agindo em ressonância com o seu sorriso. Ele me estendeu a mão e eu prontamente a segurei. Eu não consegui tocá-lo, era apenas uma linda ilusão produzida pela minha mente. Ainda sim eu quis, eu precisava dizer...

 

Ao anjo, desculpa a desilusão
A culpa é minha, bem sei
Nunca esqueças, em momento algum:
És a pessoa que mais amei.
Fecha os olhos... por ti e por mim...
A nossa amizade vai com a minha alma
Foi o que de melhor me aconteceu na vida...
Fiquei muito melhor e muito mais calma.

 

“Edward, eu... Eu te amo. Eu sinto muito!” –Pensei, fraca demais para sequer sussurrar. Por fim a escuridão me tomou ao passo que minha barreira sumia definitivamente expondo meu corpo já sem vida.

 

Edward pov’s

 

Correr! Eu precisava correr! Desenfreadamente, desesperadamente para salvar meu bem mais precioso. E eu corri, por Deus eu persegui apenas a sombra de Bella, sem encontrá-la.

 

Em um mês eu já estava de volta a Europa com Alice, Jasper, Emmett e Calisle. A meu pedido Esme e Rosalie ficaram em nossa moradia em Forks esperando pelo nosso regresso. Eu queria que fosse um regresso rápido, mas quem disse que as coisas acontecem como queremos? Alice não teve mais visões de Bella, estava claro que Bella estava mantendo sua barreira para não chegarmos até ela. E os dias foram passando enquanto seguíamos em varias localidades da Europa, meu desespero aumentava a cada local que íamos sem nada encontrar sobre Bella.

 

A desesperança me tomou.

 

O sofrimento aumentou intensamente e me vi longe de voltar a ser o mesmo de antes.

Seis meses se passaram sem que tivéssemos encontrado Bella.

 

-Esme e Rosalie querem vir até onde estamos. –Calisle disse aos demais, estávamos em um quarto de hotel. Eu estava sentado no chão da sacada, os olhos fora de foco. Não dei atenção ao que diziam.

 

-Não acho que seja necessário. Logo iremos regressar mesmo! –Emmett falou.

 

-Não diga isso seu cabeção! Só voltaremos com Bella! –Alice falou em protesto. Eu permaneci alheio a tudo.

 

-Alice tem razão Emmett. Só retornaremos com Bella. Foi para isso que viemos para cá. –Calisle disse. Eu sabia que só mantinham esse otimismo por mim, eu podia ler suas mentes, sabia exatamente o que eles pensavam sobre encontrarmos Bella viva, ninguém acreditava que isso iria acontecer. Senti a aproximação de alguém, Jasper. Ele veio até mim, sentou-se ao meu lado no chão e olhou para o céu ricamente estrelado.

 

-Nós iremos encontrá-la, Edward. Ainda que esteja morta, nós iremos levá-la para Forks. –Ele falou. Aquilo foi como um soco no estomago.

 

-Jasper, se isso acontecer, se não encontrarmos com Bella, faria uma coisa para mim? –Eu continuei a olhar para o céu, senti Jasper enrijecer ao meu lado.

 

-Depende do que você pedir, Edward.

 

-Você sabe o que vou pedir.

 

-Isso não Edward. Peça-me qualquer coisa, menos isso.

 

-Ainda sim eu vou pedir. Jasper... Se Bella estiver morta... Quero que você me mate. –Eu olhei para Jasper calmo, ele me olhou a principio apavorado para logo mais seu rosto ser tomado por uma mascara de fúria.

 

-Não farei isso tampouco permitirei que você o faça! Você deve saber por que Bella nos quis longe, ela queria nos proteger dos Volturi! Vai mesmo deixar sua vida escapar por entre os dedos? Desprezando os sacrifícios que Bella fez para mantê-lo vivo?

 

-Sim Jasper, eu vou.

 

-EDWARD VOCE...

 

-Jasper, se o mesmo acontecesse a Alice, o que você faria? –Jasper emudeceu ante meu questionamento, ele poderia entender um pouco o que se passava comigo colocando na perspectiva dele. –Viu? Agora você pode entender por que decidi isso.

 

-É errado Edward. E os outros? Se eu não aceito imagine eles!

 

-Não estou pedindo permissão de ninguém. Se Bella não estiver comigo eu não vejo motivo para continuar aqui. Se minha família não me der o que peço, pedirei aos Volturi. –Jasper pôde ver a inegável convicção em mim e olhou-me triste. Ele sabia o quão determinado eu poderia ser, ninguém conseguiria me impedir de ter o que eu dizia que teria.

 

-Esteja ciente Edward que irei te impedir, não somente eu, mas os demais. –Ele se afastou e adentrou o quarto indo para onde estavam os outros.

 

...

 

Nossa última parada, não sabíamos ao certo, uma cidadezinha no Sul da Rússia. Seguíamos de carro, Calisle com Emmett em um carro, eu, Jasper e Alice em outro. Nós estávamos cansados emocionalmente falando. Logo completaria sete meses desde que Alice tivera a visão com Bella despedindo-se de nós. Nós não sabíamos para onde ir, quem pedir ajuda para encontrá-la, nada. Estávamos literalmente no escuro. Se tornou um habito para mim abaixar a cabeça colocando minhas mãos em ambos os lados e olhar desesperado para o chão.

 

“Por que Bella? Por que você quis isso? Eu te aceitaria se você viesse para mim, te aceitaria alegremente!”-Pensei enquanto o carro seguia silencioso pela cidade. Jasper inutilmente tentou me manter mais calmo, mais alegre, uma atitude vã. E então a respiração de Alice estacou, era ela quem dirigia o carro. Ele jogou o volante para o lado e, se Jasper não tivesse sido rápido o suficiente pegando o volante e estabilizando, nosso carro teria se chocado contra um poste.

 

-Alice, o que houve? –Jasper perguntou, Alice olhava sem foco para frente. Eu escaneei sua mente, mas tudo o que vi foi à escuridão, uma luz aqui e ali, mas escuridão em sua totalidade e então tudo se apagou.

 

-Alice? –Murmurei.

 

-Jasper, ligue para Calisle e diga para ele me seguir. Eu encontrei Bella. –Ela deu partida no carro e em pouco tempo alcançou uma velocidade absurdamente alta. Claro que Calisle nos acompanhou com facilidade. Eu olhei apreensivo para Alice, não pude decifrar o que ela havia visto, sua visão estava turva demais. Alice estava anormalmente séria, Jasper olhava freneticamente para mim querendo respostas de sua subida mudança de comportamento, eu apenas sacudia a cabeça em negativa, eu não sabia o que estava acontecendo.

 

-Edward, teremos que comprar sangue, muito sangue, sangue humano de preferência.

 

-Por que Alice? Bella está bem? O que você viu?

 

-Apenas me ouça e sem mais perguntas. Nem adianta ler a minha mente! –Ela disse e voltou toda a sua atenção para o transito ignorando os demais ocupantes do carro. Algo estava errado, muito errado. Eu preferiria ver Alice chorando à naquele estado anormalmente séria. A situação estava pior do que eu imaginava.

 

...

 

Estávamos no meio do nada. Só podia se ver a neve naquele lugar, a Sibéria. Tivemos de deixar nossos carros longe e seguirmos correndo. Alice estava à frente, nos guiava como única conhecedora do caminho. Eu corria lado a lado com ela olhando-a esporadicamente, mas Alice estava concentrada demais para me notar. Jasper estava um pouco atrás cor Emmett e Calisle, cada um tinha uma maleta com bolsas de sangue humano que havíamos comprado clandestinamente no caminho. E então, após mais alguns quilômetros de intensa corrida, Alice parou. Ela parou diante de um penhasco cujo fim dava para um lago parcialmente congelado, havia ali uma fina camada de gelo que o isolava. Ficamos parados diante daquele penhasco enquanto Alice nada disse, apenas ficou parada olhando para o fundo. Ela não precisou dizer nada, eu sabia o porquê de olhar para lá. Eu corri e simplesmente pulei do penhasco chegando rapidamente ao fundo, quebrando a fina camada de gelo quando meu corpo se chocou com a superfície. Eu nadei em meio aquela escuridão vendo com muita nitidez para um vampiro. Eu já poderia vê-la imóvel, presa por alguns resquícios de plantas aquática, o cabelo e o vestido azul balançando conforme a maresia. Eu sorri enquanto nadava mais rapidamente e por fim fiquei diante dela. Meu sorriso morreu à medida que eu notava que diante de mim não estava Bella, estava uma pedra. Eu fiquei poucos segundos contemplando meu pesadelo materializado, o horror de vê-la imóvel e incrivelmente branca, a pele, os cabelos e até mesmo seus olhos. Eu me aproximei e a tomei nos braços, eu nadei rapidamente para tirá-la de lá. Dei um grande salto quando meus pés tocaram uma pequena rocha e eu já estava em cima do precipício, todos me aguardavam lá, apreensivos. Eu caminhei lentamente para longe da borda do precipício com Bella nos meus braços, imóvel, lívida, fria, um resquício do que Bella um dia foi como humana, como vampira. Caí de joelhos com Bella em meus braços, meus olhos fixos nela. Ela estava molhada, o vestido azul marinho de alças colado ao corpo, à pele anormalmente fria e todo o seu corpo, cada parte dela, estava branca. Seus olhos estavam abertos, as pupilas brancas e um pequeno sorriso nos lábios. Eu olhei para cada um dos rostos apavorados diante de mim, os rostos de meus familiares. O pânico me atingiu. Coloquei Isabella no chão.

 

-ALICE RAPIDO! TRAGA AS BOLSAS DE SANGUE! –Eu falei com urgência em minha voz. Num átimo as maletas estavam diante e mim e Alice pegava a primeira bolsa de sangue humano para que Bella bebesse. Eu a mantive nos braços enquanto Alice abria uma bolsa de sangue, encaixava o orifício feito em um tubo e colocava esse mesmo tubo no interior da boca de Bella. Isso! Eu já havia visto Bella daquele jeito, era algo que acontecia sempre que usava seu poder. Claro que agora ela estava totalmente branca, mas bastava se alimentar e voltaria ao normal. Aquilo me tranqüilizou enquanto via Alice forçar o sangue a entrar no corpo de Bella, todos os outros ao nosso redor olhando-nos apreensivos. Eu esperei pela reação corpórea de Bella. Como eu havia visto anteriormente, quando ela ficou em um estado parecido com esse e Nicolai a alimentou, a cor de seus cabelos e pele foi voltando. Isso não aconteceu agora. Alice a alimentou com uma, duas, três bolsas de sangue e Bella continuou no mesmo estado, imóvel, sem respiração, com a pele mais fria e branca do que eu jamais havia visto. Meu corpo tremia enquanto via Alice esvaziar mais e mais bolsas sem que Bella acordasse. Os outros estavam silenciosos, mas eu podia ouvir suas mentes, a desesperanças que os atingia, a certeza de que Bella estava morta. Ela havia conseguido morrer como Calisle pensou em morrer um dia, ela tentou se matar por inanição e ao que tudo indicava ela conseguiu.

 

“NÃO! NÃO! NÃO PODE SER! ELA NÃO CONSEGIU! ELA ESTÁ VIVA!”–Minha mente gritava a plenos pulmões. Eu estava soluçando enquanto Alice tremia muito. As bolsas já estavam acabando, nós já havíamos dado todo o sangue para Bella, mais do que ela precisaria e ainda sim ela permanecia a mesma, como uma pedra. Eu estava chorando, sem lagrimas, simplesmente estava chorando com Bella em meus braços e Alice próxima a nós fazendo Bella engolir as ultimas bolsas de sangue. Quando as bolsas se esgotaram, devem ter sido mais de dez bolsas de sangue humano, todos nós paramos e olhamos para Bella, para qualquer reação. Ela não reagiu. Seus olhos continuaram abertos olhando para algo que eu não poderia saber, o pequeno sorriso cravado nos lábios imortais. Alice começou a se desesperar.

 

-BELLA! BELLA ACORDA SUA IDIOTA! –Ela disse e veio na direção e Bella socando-a no peito, Bella não reagiu. Jasper a tirou de cima de Bella e abraçou Alice. Usou seu talento para acalmá-la, mas era algo difícil por que ele mesmo estava abalado com a morte de Bella. Emmett começou a praguejar e se afastou para socar algumas arvores próximas a nós, o emprego de sua força as derrubou sem dificuldade alguma. Ele sempre viu Bella como uma irmã menor que deveria proteger, ele estava tão frustrado quando os demais. Mais ninguém, absolutamente ninguém poderia sofrer tanto quanto eu. A dor que eu sentia era inexplicável. Queimar eternamente não era nada se comparado com aquilo. Eu a mantive nos meus braços, olhando-a com tanto amor e tanta dor que algo, pela primeira vez, brotou de meus olhos. Eu ergui a mão e toquei o rosto, afastei minha mão e vislumbrei uma gota de sangue no local. Sim, Bella fez o que julguei impossível, ela me fez chorar como pensei não ser possível. Uma lagrima de sangue escorreu pelo meu rosto e agora repousava na minha mão. Se eu podia testemunhar um milagre como um vampiro chorar sangue, por que não poderia testemunhar o milagre de seu renascimento?

 

-Se eu posso chorar sangue... Então você pode viver mais uma vez, não é, meu amor? –Eu sussurrei com a voz tremula enquanto as milagrosas lágrimas de sangue voltavam a correr pela minha face. Eu a apertei em meus braços e desejei que Deus ou a despertasse ou me levasse junto a ela. Mas sozinho eu não queria ficar.

 

“Não... Chore...”.

 

Foi baixo, mas eu ouvi, ouvi um pensamento e não era de nenhum dos meus familiares, eu reconhecia aquela voz que soou tão distante, era ela. Era ela! Tinha que ser ela! Minha imaginação me pregando peças talvez... Não! Era ela!

 

-Vamos para casa. –Eu disse erguendo Bella e mantendo-a aninhada em meus braços. Nós começamos a caminhar enquanto o Sol se punha a nossa frente.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews. Fic está chegando ao fim. o/
PS: Este poema em vermelho não é meu, eu o peguei no google. Não lembro o nome da autora agora. O_O