Ele pareceu sorrir para o irmão, um riso forçado que segurava teimosamente suas lágrimas. George analisou bem a situação à sua frente: Fred estava pálido, não parecia estar se alimentando ou dormindo direito há meses. Os gêmeos se aproximaram num suspiro, olhando fixamente nos olhos tristes um do outro. Eram parceiros de crime, talentosos encrenqueiros, mestres em fugas... Eram saudosos irmãos.

Sentindo um forte aperto no peito, George esticou sua mão tremula ao encontro do irmão, que retribuiu o gesto instantaneamente. As pontas dos dedos se tocaram timidamente e um calafrio percorreu sua espinha, num claro sinal de alerta – os dedos de Fred estavam gelados, lisos e duros como os dedos de um morto deveriam estar. O mais novo tentou entrelaçar os dedos, aquecer a mão do gêmeo, mas isso não foi possível. Olhou para o irmão que estava sorrindo assustado, numa expressão doentia, quase louca, e tentou alcançar seu rosto sem sucesso.

Soltou mais um suspiro, declarando seu amor por Fred, dizendo como sentia sua falta, como o adorava e como o queria ao seu lado. Mas a verdade é que há um ano o mais velho se fora, há um ano as “Gemialidades Weasley” estavam nas mãos de George e Ron, logo Ronald com seu péssimo senso de humor.

Não aguentava mais segurar aquelas insistentes lágrimas e George se viu tentando consolar a patética figura de Fred a sua frente. O garoto ruivo que chorava numa expressão de dor em meio de murmúrios que soavam como uma reza, patéticos sussurros, tentando não admitir para si mesmo que na verdade aquele era ele mesmo, parado em frente a um espelho, se lamentando pela perda do irmão como fazia todas as noites.