Teen Banshee escrita por Mr Cookie


Capítulo 5
Once Upon a Dream


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, eu quero agradecer muito, muito, muito, muito (e mais um monte de ''muito'') a vocês, Stydia e Mathews!! Amei a recomendação de vocês, amei as dicas que vocês me deram, os comentários e principalmente as recomendações!! Vocês me ajudaram tanto que eu tive tanta inspiração que eu fiz o capítulo em uma teclada! Hhsuahsuas! Esse capítulo é principalmente dedicado a vocês!! :DDDDD
Esse capítulo também é dedicado à lovely wolf lover, que, com um comentário curtinho, me deixou feliz, à fofa da gih martinski, com seus comentários fofos que nem ela :3 e ao égui (percydroid), que me fez engasgar de tanto rir!
Enfim, espero que gostem do capítulo! :) E se quiserem... sei lá, né... podia rolar mais umas recomendações, né? -qqqqqq



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Eu te conheço

Eu andei com você uma vez em um sonho

Eu te conheço

O seu olhar tem um brilho familiar

— Once Upon a Dream, Lana Del Rey

Aquilo se levantou aos poucos, como uma serpente se preparando para dar o bote fatal. Os cabelos ruivos bruxuleavam, platinados, sobre a lua cheia luminescente, a pele parecia feita do mais puro leite, quão branca era, e os olhos verdes brilharam como as luzes de uma boate. Era seu espelho. Era seu reflexo mais fiel, refletia cada traço exterior, mas a essência era a mais obscura possível. Tão malvada que o mero sorriso que Lydia tantas vezes mostrara, agora parecia um sinal do mal. Um sinal de que ela ia fazer alguma coisa horrível.

— Olá, Lydia — o lado malvado disse, sorrindo.

— O que é você? — sussurrou a Banshee, boquiaberta.

O que quer que fosse aquilo comprimiu os lábios e inclinou a cabeça, com total desprezo e descaso.

— Sério? Você realmente precisa de uma resposta?

Lydia sentiu o pavor, frio e úmido, rodear seu corpo. Ela limpou os lábios e forçou-se ao máximo para perguntar aquilo que temia profundamente:

— V-você é eu?

O sorriso do monstro se aprofundou. Ele se aproximou mais, e a garota pôde ver que a coisa usava um longo vestido negro, que parecia nunca ter fim por entre as entranhas das sombras.

— Talvez eu sou você, talvez eu sou seu interior, talvez eu sou seu pior lado... São tantas as respostas!

— Onde eu estou? — A voz de Lydia saiu fraca, por mais que ela tentou forçá-la. Por mais que ela tentou se forçar. — Na minha consciência?

— Estamos realmente progredindo! — O clone se aproximou mais, cada passo silencioso como um gato ágil. — E o que acontece quando você está na sua consciência?

Lydia franziu o cenho, ainda boquiaberta. Quem era ela? Ou melhor, o que era aquilo? Do que estava falando?

O reflexo da menina suspirou. Parecia decepcionado, ou talvez fosse sarcasmo. Ou os dois.

— Ah, Lydia... Por que tão previsível? — ele disse, e, logo após, realizou um gesto rápido com a mão direita, como se estivesse lançando algo.

Por um momento, o ar levantou os cabelos de Lydia e ela sentiu algo sólido adentrando sua mão esquerda, pregando-a na árvore. Era uma adaga escura, mais ainda que a sombra da árvore sob a lua. Ela arregalou os olhos. Não houve sangue, não houve barulho, não houve dor.

— Qual o único lugar — a voz disse, tão perto da menina, tão parecida, tão maligna, que Lydia só pôde virar o rosto — em que você se fere e não sente dor? Vamos, responda!

Lyda não conseguiu responder. Não conseguiu, ao menos, controlar o choro de pavor que rondava suas entranhas, e que caía sem permissão pelo rosto.

— EU MANDEI RESPONDER!! — aquilo berrou. Aquela voz não se parecia mais com a de Lydia. Na verdade, aquela voz não parecia com nada que a garota sequer tivesse ouvido.

— Nos sonhos! Eu estou sonhando! — Lydia gritou, em meio às lágrimas.

— É um sonho, Lydia! Olhe para mim, agora! AGORA! — Mãos ásperas agarraram o rosto da Banshee e o viraram de repente, com velocidade o bastante para quebrá-lo.

Aquilo não era mais uma cópia de Lydia. Aquilo era um monstro, tão horrendo que ela nunca mais se esqueceu: a pele sedosa agora era rugosa e mais branca ainda, como cera, os olhos escureceram dentro e ao redor das órbitas, como a mais negra maldade, e os cabelos que outrora foram sedosos e ruivos, viraram ''chamas'' sem cor, que ardiam e flutuavam sem nenhum vento.

— Isso é você! Eu sou a sua pior identidade, eu sou aquilo tudo que você tentou evitar! Eu sou a mensageira da morte e você é a intermediária! Você está entre os dois mundos, Lydia! Eu faço parte de você! Entende agora?

O choro de Lydia havia parado. A verdade, fria e cruel, a acertou em cheio. Ela não hesitou em encarar o monstro de frente, impávida, chocada demais para esboçar qualquer reação.

Aos poucos os cabelos grisalhos foram se avermelhando, as órbitas negras sumindo, a pele voltando ao tom de leite sedoso, e logo o reflexo já estava lá, com a feição transmutada em uma preocupação densa.

— Se você morrer, as duas almas ficarão presas no outro mundo! — ela continuou a falar, soltando rosto da menina. — Nós duas ficaremos presas!

Lydia fez um movimento de negação com a cabeça, ainda não acreditando em tudo o que via. Seu reflexo se distanciou um pouco, e pareceu flutuar até as sombras de uma das árvores, mais escura que as outras. A adaga que prendia a mão da menina sumiu em uma fumaça negra, e quando Lydia a mexeu, percebeu que não havia nenhum ferimento.

— Você deve ter muitas perguntas, Lydia, mas não posso responder a todas — a voz soava preocupada e chateada. Talvez até amedrontada. Lydia escorregou na árvore até se sentar nas raízes entrelaçadas, altas o bastante para serem do tamanho de um banquinho de praça. — ''Como eu virei isso?'', ''Por que eu sou isso?''... ''Eu vou morrer?'' São tantas as perguntas na sua cabeça, não é, querida?

A coisa suspirou. Era um suspiro de cansaço? De medo? Podia ser de qualquer coisa, mas ela tinha certeza de que não tinha um pingo de sarcasmo.

— Os Martin tem uma longa descendência irlandesa. Sua família têm uns lindos séculos de existência, querida. Seus descendentes serviram as grandes famílias reais irlandesas: os O'Gradys, os O'Neills, os Klatte's... no tempo que elas eram uma só! Uma, e somente uma, grande família de estabilizadores dos dois mundos, emissários que mantinham o controle sobrenatural. Eles batalharam contra os filhos do caos, os changelings. — Ela soltou uma risada desprezível. — Sabe o que são changelings? Filhos dos deuses perversos, criaturinhas malvadas que querem libertar o caos. Eles tinham o poder de invocar a maldade com sacrifícios humanos, e o que eles almejavam não era só um exército, mas sim um exército dos seres mais obscuros que existe!

''Os estabilizadores estavam tão desesperados que fizeram acordo com os lobisomens, com os duendes e até mesmo com as fadas. Ah, sim, o pior acordo foi com elas: se a descendência mágica delas nunca morresse, elas criariam seres com o poder que os estabilizadores precisavam para vencer a guerra. O poder do fogo, da água, da terra... o poder da morte!''

''Os membros mais jovens de cada família receberam os dons. Nasceram as náiades, que seriam responsáveis por guardar as águas, as dríades, protetoras da flora, as salamandras, responsáveis pelo fogo e pelos vulcões, as harpias, que guardariam as montanhas... e as banshees, com o poder de prever a morte.''

''As fadas invocaram uma mensageira da morte no corpo de uma garota que os Klatte's haviam adotado. Elas fizeram um contrato infinito com a mensageira, e a cada geração nasceria uma nova banshee. Na verdade, novas, porque, com a primeira, vieram muitas outras mensageiras.''

''E acredite, querida, fui a mensageira de toda a sua família... Das suas ancestrais, da sua tataravó, da sua tia-avó e agora a sua.''

Ela terminou a história com um suspiro prolongado. Lydia, que ouvia tudo com extrema atenção, conseguiu levantar com a pouca força que tinha. Ela engoliu a seco e limpou a garganta.

— Não quero ser sua intermediária! — ela disse, tremendo com o perigo que corria ao dizer aquilo.

Lydia conseguiu distinguir os contornos da mensageira da morte virando-se por entre as sombras.

— O quê?! — o espírito disse, lento, baixo e perigosamente calmo.

— Eu disse que não quero você no meu corpo! — Lydia repetiu, firme.

A banshee mal piscou e a coisa estava a centímetros dela, como se tivesse teletransportado.

— Eu não disse que era uma opção, queridinha! Nem para você, nem para mim. — Lydia sentiu o hálito mortalmente agradável do monstro em seu ouvido, e por um momento, o pavor dominou-a novamente. — Sabe por que eu apareci para você? Pelo único motivo que me permitiu aparecer para todas as outras: porque eu não quero ficar mais um século do outro lado, porque arranjar outra descendente é difícil, porque eu gosto do mundo dos humanos... resumindo: porque você vai morrer!

Aquilo foi como um trem em alta velocidade: acabou com todas as estruturas da Martin, acabou com cada resquício de esperança, com cada pedaço que ainda lhe restava. Mas dessa vez ela não chorou. Não conseguiu ao menos o fazer.

— Eu não sei o que está atrás de você, não sei do que é capaz, mas sei que te matará em segundos se não procurar ajuda. Fale com todos os seus amigos, se é que você ainda tem algum, não é? Você sempre se preocupou mais com você do que com os outros...

O monstro se afastou aos poucos, como se estivesse flutuando, e foi em direção às sombras.

— E-espere! — Lydia gritou, rouca. — Alguma banshee conseguiu sobreviver antes?

Por entre as sombras, os olhos verdes da mensageira faiscaram e Lydia teve a certeza de ter visto um sorriso em sua face.

— Só as mais poderosas! — E dizendo isso, desapareceu, junto com a luz da lua, com as árvores, com a névoa, com tudo.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram da Mensageira da Morte like a Katherine Petrova? Hhusahsuahs! Espero que tenham gostado do capítulo! E não esqueçam de comentar e fazer meu dia feliz! =3