“-Draco, me diga, depois de tantos anos, por quê? Pensei que depois da guerra, as coisas tivessem ficado em paz... Resolvidas. Qual foi sua intenção ao matar Gina? Era atingir Harry? Me atingir? Pense que agora, três crianças crescerão sem o amor, sem o carinho e a atenção de uma mãe... Nunca pensei que você fosse tão sem coração a esse ponto.”

Rony não parava de me acusar. Entendo que era sua irmã, entendo o amor que sentia por ela, mas, meu passado ligado a eles não era uma justificativa plausível. Por mais que no fundo não achasse Gina boa o suficiente para Harry, ele estava feliz e isso me deixava mais feliz ainda. A tranquilidade tomava conta de mim sabendo que pelo menos quem eu amava era feliz.

Hermione começou a falar, e pra variar, não ficou quieta durante um minuto. Fingi que a ouvia, mas na realidade “mimimimimimi” era a única coisa que eu conseguia ouvir saindo da boca da sangue-ruim. Ok, chamá-la de sangue-ruim sempre foi um defeito muito grave para que Harry odiasse minha companhia, mas mesmo assim, vindo da família que eu vim, um preconceito desses é um tanto complicado de largar, mas isso não vem ao caso agora.

Depois de horas de discussão e acusação, toda aquela gente que ficava inventando mil e uma histórias sobre mim foram embora. Já estava a ponto de socar alguém, mas acho que isso não seria algo muito bom, considerando minha situação.

Já era tarde e Harry estava na cozinha tentando cozinhar, mas conseguiu queimar três ovos. Seria cansaço por conta de toda aquela discussão à tarde? Seria saudade de sua esposa? Eu não sei, mas tentei passar direto para o quarto de hóspedes, despercebido, mas minha tentativa foi um tanto falha, pois derrubei uma caixinha de música no chão. Dentro daquela caixinha, havia provavelmente os objetos com o maior valor sentimental para Harry. Havia os primeiros dentinhos de leite de seus filhos, uma foto de seus pais, uma foto de Sirius e sua aliança de casamento com Gina. Eu juro que não queria ter sido tão fraco, mas ao ver todos aqueles objetos, caí em prantos no meio do corredor e o que eu não queria aconteceu: Harry foi falar comigo.
“ – Draco... Isso pode parecer loucura, mas você é de fato a última pessoa que eu acho que matou Gina. Você nunca a odiou e mais importante, por algum motivo, sei que nunca nos odiamos de fato também, então, para mim, você é a pessoa mais inocente nessa história. Lógico, você tem seu histórico. Seus pais eram comensais, você por uns tempos serviu ao serviço de Lorde Voldemort com seus pais, tínhamos nossas brigas escolares, mas, no fundo, você é uma boa pessoa. Eu posso estar redondamente enganado. Assim como posso estar totalmente certo de minhas palavras. Draco, olhe nos meus olhos e me diga a verdade: Você matou Gina?”

Eu fiquei olhando para ele do jeito mais mole e mais bobo possível. Era nítido que meu amor por Potter jamais havia morrido. Ele era meu primeiro e único amor. Astoria que me perdoe, mas não é possível negar que meu amor por Harry existe. Depois de muito tempo tentando achar as palavras corretas, eu consegui responder ele sem me entregar diretamente.
“- Harry, eu jamais mataria Gina. Eu nunca assassinaria uma pessoa a sangue frio desse jeito. Eu não sei quem foi o assassino, mas farei o que for possível para descobrir. Eu jamais faria algo que lhe causasse algum tipo de mal. Posso ter tido meus problemas com você há anos atrás, mas tudo mudou. Seguimos nossa vida, nos acertamos e não teria motivo para eu voltar a ser o mesmo idiota que eu era.”

Harry ficou me olhando com um ar de desconfiança, mas por outro lado ele sabia que eu falava a verdade e pediu para que eu o acompanhasse. Ele disse que queria me mostrar algumas coisas que eram de fato, muito especiais para ele. Ele me levou até o seu quarto e trancou a porta. Logo em seguida, ele me pediu para que eu deitasse na cama dele, onde Gina costumava dormir. Ele pegou uma caixa que estava debaixo da cama dele e a abriu. Havia um álbum de fotos, roupas de bebê e um livro que ele havia ganhado de sua esposa em seu último aniversário. Ele pegou o álbum de fotos e me mostrou. Estava cheio de fotos da época em que ele estava na escola, de seus amigos e do torneio tribruxo. Mas, o que eu não esperava, era a parte surpresa do álbum. Se você virasse o álbum de cabeça para baixo, as folhas eram substituídas por outras folhas que havia fotos que ninguém nunca havia visto.

Fotos minhas e de Harry. Até hoje, não sei quem tirou as fotos, mas seja lá quem tenha sido, fico extremamente agradecido por ter tirado fotos tão lindas. Lógico que na maioria um dos dois estava com cara de bravo ou a minha típica cara de idiota de quando não consigo algo que quero. Junto, havia também fotos de alguns professores como Snape e Lupin e na última folha, fotos de seus pais e seu padrinho.

De fato, fiquei muito feliz que mesmo na situação em que eu estava, Harry compartilhou algumas de suas memórias comigo e aquilo tudo me fez muito bem. Me acalmou quase que completamente mas ainda sim, caíam lágrimas dos meus olhos. Acho que por puro nervoso de ser condenado por algo que eu jamais faria. Enquanto eu chorava, Harry botou o braço em volta de meus ombros e deitou minha cabeça no seu peito para me acalmar. Foi a melhor sensação que eu poderia ter tido se logo depois de isso acontecer, ouvimos um barulho muito alto no segundo andar de sua casa. Pensamos que fossem ratos, mas o barulho foi tão alto que tivemos que dar uma olhada.

Passamos pelo corredor com um papel de parede um tanto manchado por conta de vazamentos, subimos o que pareceu ser uma eternidade de escada e chegamos ao sótão. Vasculhamos o cômodo e concluímos que não havia nada lá... Mas fiquei com um pé atrás por um tempo. Um barulho daquele não é feito por qualquer rato, mas eu sabia que Harry já estava cheio de preocupações, então não quis comentar nada, mas eu sabia que havia algo de muito estranho naquela casa.