Não Foi por Acaso escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 1
Capítulo único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/46020/chapter/1

-CHEGUEI! –Anunciei aos quatro cantos que havia chegado à lanchonete onde trabalhava, logo a senhora Cooper, dona do estabelecimento, veio ao meu encontro.

 

-Bella, vá logo vestir seu uniforme. Temos muitos clientes hoje. –Avisou-me. Fui à área dos funcionários e logo estava servindo as mesas. Trabalhava como garçonete todos os dias depois da aula, fazia isso para comprar uma moto. Meu nome é Isabella Marie Swan, tenho dezessete anos.

Não demorou muito a um desconhecido incrivelmente belo adentrar o recinto, era sexta ou sétima vez que ele vinha comer na lanchonete.

 

-Boa noite senhor. Em que posso servi-lo? –Falei ao desconhecido. Sempre eu o atendia. Ele possuía uma beleza deveras rara, cabelos cor de bronze, pele alva e olhos da mesma cor de uma estranha coloração ocre.  

 

-Creio que sabe o que pedirei, senhorita. Sempre peço o mesmo prato. –Falou de forma debochada, ignorei o tratamento dispensado a mim e continuei a servi-lo com um sorriso no rosto, mesmo que minha vontade fosse de virar a comida em cima daquele ser arrogante.

 

=^=^=

 

-Bella, pode ir, eu termino de limpar as mesas.

 

-Mas senhora Cooper eu faço questão de...

 

-Você sabe que coisas têm acontecido nas proximidades desse estabelecimento. Melhor ir o quanto antes para sua casa. Não quero que nada aconteça a você.

 

-Fala das mortes nas proximidades?

 

-Exatamente. Ontem encontraram mais um corpo. Por causa desses anúncios a clientela caiu. –Cherry mostrou-se preocupada. Só agora eu havia parado para pensar em como isso poderia ser prejudicial. Há duas semanas estes assassinatos aconteciam.

 

-Tenho certeza que logo o culpado será encontrado sendo assim não há por que se preocupar, senhora Cooper. –Falei de forma espontânea e acho que eu a animei um pouco. Logo fui para a parada de ônibus. Vi o desconhecido de olhos cor ocre penetrantes passando.

 

-Esses assassinatos começaram há duas semanas... E há duas semanas esse rapaz vai comer na lanchonete. Será coincidência? –Questionei-me. E aquele questionamento continuou em minha cabeça mesmo depois de uma boa noite de sono.

 

=^=^=

 

-A partir de hoje vamos buscá-la na lanchonete. –Avisou meu pai Charlie, eu já imaginava que isso iria ocorrer já que há um mês ocorriam os assassinatos sempre nas proximidades da lanchonete.

 

-Mas pai... –Tentei dissuadi-lo a não fazer isso, foi em vão.

 

-Mocinha, se não aceitar a minha resolução, você deixará o emprego! –Esbravejou meu pai. Tive de aceitar.

 

-Tudo bem! Pode me buscar! –Aceitei contrariada, mas tinha de entendê-lo. A situação era crítica. E minhas suspeitas de que o assassino fosse o cliente desconhecido que frequentemente ia à lanchonete continuavam com força total.

Não acham uma estranha coincidência? Depois que ele passou a ser cliente de nossa lanchonete as mortes começaram e isso há um mês atrás. E sempre próximo da lanchonete. Agora ele não era mais um desconhecido, passei a investigá-lo. Seu nome era Edward Cullen, pertencente a uma família de prestigio. Morava nas proximidades do restaurante. Pesquisei tudo pela internet, se dependesse do rapaz me falar algo estaria perdida. Mesmo sempre o atendendo ele se mantém distante.

 

=^=^=

 

-Oi senhor Cullen, em que posso servi-lo? –Acabei deixando escapar o nome do cidadão enquanto o atendia, este se mostrou surpreso.

 

-Sabe meu nome? –Questionou-me mostrando agora uma expressão de insatisfação.

 

-Ah é que... Bem o senhor é conhecido então... –Tentei disfarçar o nervosismo que estava sentindo.

 

-Entendo. Traga-me o de sempre senhorita ISABELLA SWAN! –Fiquei aturdida ao ouvir meu nome sendo pronunciado pelo mesmo. E até relevei o modo desdenhoso como o pronunciou. Sai de lá para trazer os pedidos de Edward tentando entender como ele poderia saber meu nome. Eu não usava nada que me identificasse. Claro que ele poderia saber meu primeiro nome já que a senhora Cooper vivia gritando ele quando precisa de mim, mas saber meu sobrenome era demais! Nem consegui trabalhar direito por tais pensamentos, ainda mais por que naquele dia estranhamente, ao invés de partir assim que fez sua refeição, Edward permaneceu no local sempre com seus olhos fixos em mim. Arrepiava-me sempre que o via olhando para mim com aqueles olhos que pareciam me despir por completo. E qual foi minha surpresa quando aquele rapaz apenas deixou o estabelecimento quando este já fechava, ainda ficou prostrado na porta.

 

“-Por que ele não vai embora? Será que ele quer... MATAR-ME!” - Tais idéias estremeciam até a minha alma. Por sorte meu pai chegou para me buscar como haviam decidido dias atrás.

 

-Tenha cuidado senhorita. –Foi o que eu o ouvi pronunciar quando passei pelo mesmo a fim de seguir para o carro de meu pai. E então pensei enquanto seguia para casa com meu pai: por um acaso ele havia me ameaçado? A razão dizia que sim, mas algo me dizia não passar de um alerta.

 

-Você está muito calada filha. Aconteceu alguma coisa? –Perguntou meu pai ao volante, apenas neguei com a cabeça. Em seguida olhou-me com um meio sorriso nos lábios. Ele me conhecia mais do que ninguém, sabia que algo estava acontecendo comigo. Mas com coisas estranhas acontecendo ao meu redor, coisas inexplicáveis... Eu não poderia me abrir para ninguém. E por mais que não quisesse admitir aquele rapaz estava mexendo comigo muito mais do que os assassinatos que ainda ocorriam nas redondezas.

 

=^=^=

 

-Acho que logo vai chover. –Olhei o céu nublado através do vidro da lanchonete.

A clientela havia caído assustadoramente e a senhora Cooper pensava em mudar o local da lanchonete. Já tinha quase que todo o dinheiro para a moto, talvez aquela noite fosse o meu último dia de trabalho.

 

-Bom dia senhora! –Atendi como de costume sempre de bom humor e com um sorriso no rosto. Já que não iria mais trabalhar pensei: seria bom ver Edward uma ultima vez.

Dito e certo, depois de uma semana sem freqüentar o local, semana esta em que coincidentemente não ocorreu nenhum assassinato, lá vem ele, trajando negro. Prontamente fui atendê-lo.

 

-Boa noite senhor...

 

-Não há necessidade de formalidades para comigo. Devo ser apenas um pouco mais velho do que sua pessoa sendo assim pode me tratar pelo nome Edward. –Os olhos fixos no cardápio.

 

-Então... O de sempre Edward? –Já preparava para anotar o pedido, mas...

 

-Não. Quero algo diferente hoje.

 

-E o que seria?

 

-O que você sugere... Bella? –Arrepiei-me ao vê-lo com os olhos fixos nos meus.

 

-Bem... O Sunday de morango é particularmente saboroso e sempre vai bem com fritas.

 

-Que seja. Vou querer o que me sugeriu. –Definitivamente não entendi a atitude daquele homem, até arriscou sorrir para mim quando trouxe os pedidos rapidamente.

 

-Bem se precisar de algo basta me chamar. –Ia me retirar até sentir meu pulso sendo segurando pela mão de alguém, pela mão dele.

 

-Me faça companhia. Não há mais ninguém aqui mesmo e duvido que apareçam novos clientes com esse forte indício de tempestade. –Olhei envolta, os clientes que até então comiam já haviam se retirado. Sentei-me a sua frente ainda confusa pelo modo como agia. Este comia lentamente, os olhos fixos em mim. Desconcertada pela situação ousei deixar a mesa.

 

-Fique. –Ele pediu novamente, voltei a me sentar. Por que ele queria que eu lhe fizesse companhia? Não sabia e duvidava que ele próprio contasse. E naquela atmosfera misteriosa criada por Edward Cullen eu me perdi e nem notei que ele já havia acabado de comer.

 

-Obrigado pela companhia Bella. Quem sabe não repetimos isso mais vezes? –Levantou-se caminhando para a porta de saída.

 

-Essa será a ultima vez que me verá trabalhando aqui. A lanchonete mudará de endereço e deixarei o trabalho.

 

-Parece que estava adivinhando que algo assim ocorreria. –Deu um meio sorriso. –Mas ainda sim nos veremos. –Virou-se acenando já de costas para mim. Só acordei de meu devaneio ao ouvir a buzina insistente do carro de meu pai. Retirei o uniforme deixando-o com Cherry. Fui para o carro de meu pai.

 

-Então hoje foi seu último dia? –Perguntou meu pai atento a estrada.

 

-Sim papai. Amanhã pegarei o restante do pagamento com a senhora Cooper. –A chuva em fim começava a cair com uma força estrondosa.

 

-Fico feliz minha filha. Estava muito preocupado com você. Com esses assassinatos ao redor daquela lanchonete. –Comentou meu pai tentando ligar para alguém através do celular. Fiquei com os olhos atentos a janela do carro olhando a paisagem e lembrando-me do que Edward havia feito. Um gesto tão simples que me deixou aturdida. E mesmo com a suspeita clara de que ele poderia estar ligado às mortes eu já não pensava nisso. E não demorou a ver Edward parado próximo ao carro, os olhos fixos nos meus olhos. Por que ele estava ali? Será que ele sabia que eu estava dentro do carro em que seus olhos estavam fixos? Por que eu tinha de vê-lo? Tantas perguntas ecoavam na minha mente enquanto eu ainda o via, mas não consegui responde-las. Tudo foi tão rápido! E quando voltei meu olhar para o outro ocupante do veiculo uma luz cegou-me.

 

=^=^=

 

Abri meus olhos, o corpo incrivelmente dolorido. Pude ver a cena de horror que se seguiu. Meu pai morto na parte do motorista quase que completamente destruída de nosso carro. E um caminhão avariado nas proximidades. Então o caminhão bateu no carro de meu pai e agora lá estava eu, presa e o que sobrou de meu pai. O caminhão, ah não demorou a desaparecer. O desgraçado do motorista fugiu! MALDITO!

           

-Pai... –Ele estava parado. Lagrimas em meus olhos. NÃO! ELE NÃO ESTAVA MORTO! Com esse pensamento arrisquei sair do carro, tombei ao chão. Meu abdômen perfurado pelas ferragens assim como outra parte do meu tórax. Minha vista escurecendo. Fiquei deitada no asfalto recebendo aquela chuva.

 

-Eu vou... Morrer? –Inclinei a cabeça e então o vi. Será que aquele Edward era um mensageiro da morte? Ele estava de pé um pouco afastado, seus olhos fixos em mim. E pude notar, talvez apenas minha imaginação, ele me olhava com um semblante triste. Por que ele ficaria triste por mim? Uma desconhecida que apenas lhe servia refeições? E talvez como último ato nesta vida eu lhe dei o mais sincero de meus sorrisos, sorriso que apenas dou quando não tenho nada em troca para receber. Meus olhos se fecharam para o desconhecido. Eu estava morrendo.

 

=^=^=

 

Sentia-me estranhamente leve, as dores haviam cessado. Parecia estar deitada em algo confortável, quem sabe eu não havia morrido e agora repousava em uma nuvem? Mas não foi o que vi. Estava em um local parcialmente escuro.

 

-Que... –A garganta estranhamente seca, sentia sede. Foquei o ambiente, estava em um quarto sem janelas. Uma tontura forte se abateu sobre mim, mas ainda sim arrisquei ficar de pé, coisa que não consegui. Fiquei sentada na cama, as lembranças do ocorrido em minha mente. Senti uma presença passar pela porta do quarto.

 

-Ele... Ele está morto, não é? –Perguntei.

 

-Sim. Seu pai não resistiu aos ferimentos. –Ele se aproximou e como pude constatar era mesmo Edward o dono da voz. Voltei meus olhos para o chão.

 

-Eu deveria estar...

 

-Deveria estar morta, mas eu a trouxe de volta. -O olhei aturdida. Como assim trouxe-me de volta? Ele não era nenhum Deus para tanto!

 

-Edward... Como me trouxe de volta?

 

-Agora você é igual a mim. –Ele falou e só agora pude perceber os caninos em seus lábios e seus olhos antes ocre agora rubros.

 

-O que... O QUE VOCE É? –Perguntei amedrontada.

 

-Sou a mesma coisa que você se tornou. Sou um vampiro. –Falou plácido. Visualizei a minha frente um espelho, caminhei para lá e com horror constatei que assim como ele também tinha os olhos rubros e caninos.

 

-POR DEUS! O QUE É ISSO? –A vista escureceu e teria ido ao chão se Edward não tivesse me amparado com seus braços fortes e gentis.

 

-Apenas dessa forma pude salva-la. Transformando-a em uma vampira como eu. –Sussurrou em meu ouvido. –Deve estar faminta. –Pegou-me no colo e logo estava sentada na cama. Eu o vi fazer um ferimento no próprio pescoço, o cheiro do sangue que escorreu pelo ferimento me entorpecia.

 

-Vamos... Alimente-se. –Aproximou meu corpo ao dele. Lambi o local do ferimento, mas afastei-me. Descobrir que estava só no mundo e que agora era uma vampira? ERA ABOMINAVEL!

 

-Não quero... –Estava tremula. O sangue que até então experimentei parecia uma droga do qual eu necessitava desesperadamente! Edward olhou-me enquanto afastei-me ficando sentada em um canto da cama. Aproximou-se de mim e, segurando minha mão, puxou-me para seus braços. Não consegui resistir dessa vez. Joguei-me em seus braços deitando meu corpo sobre o corpo dele, cravei meus caninos em seu pescoço e suguei o quanto pude de seu sangue. Ah! Que sensação maravilhosa eu senti ao sorver o sangue daquele homem! Cai ao seu lado e, deitada de lado, fixei meus olhos agora certamente rubros na figura deitada ao meu lado. Ele mantinha um sorriso no rosto.

 

-Perdão. Você está bem? -Eu o vi olhar-me quando fiz esta pergunta.

 

-Ah... Jamais senti prazer igual ao de alimentar uma dama tão bela como você! –Enrubesci com o comentário. E as lembranças daquela fatídica noite voltaram a me atormentar, olhei para o teto, lagrimas embaçavam minha visão.

 

-Eu estou sozinha. Ele morreu! Não fiz nada por ele! –Uma dor crescente me atingiu em cheio. O que eu havia me tornado? E meu pai? O que seria da minha vida? E como da outra vez não consegui responder a estes questionamentos, senti meus lábios serem tocados por outros lábios tão macios! Era Edward que me beijava com exigência e acabei por corresponder aturdida com todas as novas sensações que me tomaram. Senti este depositar sua cabeça na curva de meu pescoço, sua respiração fria tocando minha pele e fazendo a mesma arrepiar-se com o contato. Permaneci imóvel alheia aquele homem.

            

-Eu não a trouxe do mundo dos mortos para deixá-la sozinha. A muito procurava por alguém que fosse digna de mim... Minha busca em fim terminou. –Senti seus caninos rasparem em meu pescoço enquanto este era beijado.

                     

-Por quê? Por que salvar a mim? –Persisti com a pergunta.

 

-Por que você aceitou-me do jeito que eu era. Apesar de ser um assassino de humanos. Você sabia, não é? Sabia que eu estava causando mortes e ainda sim continuou próxima a mim. –Ouvi-lo confessar foi estranho, mais estranho ainda foi que eu não senti medo ao estar com um assassino. Se ainda fosse uma humana eu ficaria apavorada, mas agora não sentia tal pavor por que talvez eu havia me tornado da mesma natureza que ele.

 

-Eu sabia. –Falei abraçando-o. - Não posso julgá-lo. Fazia isso para se alimentar, não é? –Perguntei a ele.

 

-Não posso fugir de minha natureza, Bella. - O afaguei pelos cabelos puxando-o gentilmente para beijar-lhe.

 

=^=^=

 

Olhávamos dois transeuntes distraídos. Era a hora.

 

-Está pronta... Bella? –Senti Edward apertando minha mão, um sorriso em seus lábios. O beijei e logo voltei meu olhar para os transeuntes.

 

-Sim meu amor. ORA DA CAÇA! –E seguimos para nos alimentarmos. Para nós não era um assassinato, apenas uma refeição.

 

Fim. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Leiam minha fic "Lembre-me!" postada aqui e incompleta ainda e a fic "Internato Cullen: um amor avassalador" postada por uma leitora.