CAPÍTULO 3 - ENCONTRO E SURPRESAS

Olá pessoal! Hoje é um dia muito especial e eu estou animadíssima, louca para recebê-lo de braços abertos. Vamos abraçar o sol, meu povo! Que toquem as cornetas! Que rufem os tambores! Hoje é…

O dia que algum mal do mundo inferior possuiu meu corpo de uma tal forma que me forçou a ir a esse encontro de araque.

Sábado de tarde, dia que Edward me convidou pra ir na casa dele e dia que Tanya se autoconvidou para a casa dele. E também todo o time de futebol, líderes de torcida e puxa-sacos de ambos. O caso não é que eu queira ficar a sós com Edward, mas sim por que eu fico mais à vontade. Essa rebelião de pessoas que vem pra cá provavelmente nunca ouviram falar do filme e vão ficar o tempo todo se perguntando quem é quem, o que é o que. Edward leu o livro, meu irmão já assistiu e Jasper também, mas mesmo assim… Sem contar nas alfinetadas que as líderes de torcida com certeza irão dirigir à mim. E lá se foi meu encontro!

Me olhei no espelho pela milésima vez. Usava uma blusa com manga curta gola V roxinha e solta, um tênis converse na mesma cor da blusa, um short preto cintura alta e uma bolsa preta. Meus cabelos estavam presos no rabo de cavalo de sempre. Não estava bonita, mas sim apresentável.

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–-- Bella, está pronta? - meu irmão perguntou, entediado. Ele ainda esperava eu decidir com qual roupa eu ia - a casa é aqui do lado, vai até nua se você quiser.

–-- Emmett, vou te dar um conselho de irmã: nunca diga isso para Rosalie Hale se quiser namorá-la! - falei abrindo a porta e o olhei, como que perguntando “como eu estou".

–-- Comestível. Agora vamos - disse e eu encarei aquilo como "oh Bella, você está tão linda que até o tio da pipoca vai querer catar você". E essa forma grosseira de elogiar uma mulher é originalmente carimbada por Emmett Swan.

Ele puxou meu braço e assim que pisamos na rua vi dois carros: um Mercedes Guardian prateado com as líderes de torcida encostadas e um Audi preto dos garotos do time. Senti um aperto no coração, temendo o que esse povo poderia fazer para estragar meu encontro.

Emmett saiu do meu lado pra cumprimentar com um tapa nas costas os colegas enquanto eu passava direto pra dentro da casa, tentando passar despercebida. Juntei os braços e me encolhi o máximo que pude quando passei pelo carro onde as líderes de torcida estavam espalhadas.

–-- Uh, olha só quem está tentando aparecer! - ouvi a voz enjoada de Tanya.

–-- Olha as varetinhas que ela chama de pernas - Kate disse fazendo as outras rirem.

–-- Iai, ta querendo pegar quem? - Irina insinuou e senti um tapa em minha bunda, provocando mais risadas entre as garotas. Senti a vontade de voltar pra casa imediatamente, mas o sorriso de Edward veio a minha mente e eu consegui chegar até sua casa.

Suspirei e entrei quase correndo.

–-- Bella! Olá! - ouvi uma voz doce e automaticamente sorri, reencontrando o belo rosto de Esme Cullen. Sua fisionomia doce e seus cabelos acobreados lembravam muito Edward.

–-- Esme! Há quanto tempo - falei abrindo os braços, retribuindo o seu abraço. Ela me apertou e eu fechei os olhos, relembrando os velhos tempos em que ela levava eu, Edward e Alice pro trabalho dela. Uma mulher adorável, quase como uma segunda mãe em minha vida.

–-- Você está enorme, querida! Como está bonita… - falou se afastando e me girando, analisando cada aspecto de meu corpo.

Corei.

–-- Mãe, você disse que ia ficar lá em cima! - Alice disse descendo as escadas, com um short curtíssimo preto e uma regatinha rosa.

–-- Ah, não chegou ninguém ainda! Por que você não trouxe a Bella aqui pra me ver? - perguntou e Alice franziu o cenho, sem saber o que dizer tanto pra mim quanto para Esme.

–-- Mãe, pare de envergonhar a garota - ouvi uma voz melodiosa e reconheci Edward, com uma calça jeans nem folgada e nem justa com uma camisa social preta dobrada até os cotovelos. Os cabelos mais bagunçados que nunca davam a ele o charme irresistível que era carimbado com seu nome.

–-- Depois de nove meses te esperando é assim que você me trata? - Esme levou a mão ao peito, fingindo-se de ofendida.

–-- Mãe… - Alice fez um biquinho para a mãe, que me deu um leve aceno com palavras amáveis, para logo subir as escadas que levavam aos quartos.

–-- Desculpa, ela anda meio sentimental esses dias - Edward revirou os olhos, se aproximando perigosamente de mim com seu sorriso torto. Como se respira mesmo?

Ele ficou perto de mim numa distância que eu não precisava levantar a cabeça para fitá-lo enquanto ele observava minhas vestes. Engoli em seco e me imaginei naqueles programas de TV.

–-- Está linda - abriu os braços e me puxou para um abraço forte e reconfortante, me fazendo esquecer a amostra grátis que passei lá fora do inferno que iria acontecer quando o povo entrasse. Sentir seu cheiro de couro de carro novo e menta era ainda mais maravilhoso de perto.

Ele se afastou muito cedo, e fitei o chão enquanto me segurava para não abraçá-lo novamente. Por que?

–-- Obrigada - agradeci, rubra.

–-- Trouxe o DVD? - perguntou e eu assenti, pegando o filme e entregando à ele.

–-- Uau, se eu visse você assim no colégio nem reconhecia! Que gata! - Alice se aproximou e eu ri quando ela me abraçou. Todos os Cullen tem essa mania irritantemente adorável de abraçar todo mundo.

–-- Você também está linda, Allie - ela me soltou repentinamente.

–-- Você me chamou de Allie?

–-- Sim, seu apelido quando criança - dei de ombros e ela sorriu com malícia.

–-- Bellinh….

–--- Tá, já entendi - ergui as mãos em rendição e ela riu, me puxando para o sofá.

Conversamos alguns minutos, mas eu estava aérea com a visão de Edward se desdobrando pra tentar ligar o DVD à televisão. Como está lindo! Logo todos entraram e se acomodaram nos outros sofás, fazendo o que eu já previa: perguntas sobre o filme. Limitei-me a responder apenas à Alice, pois além de ela estar do meu lado, as outras garotas ora fofocavam sobre mim ora falavam de como Edward estava “gato”. Logo as luzes foram apagadas e ele se sentou no terceiro sofá, longe de mim. Estava com Tanya, meu irmão e alguns outros jogadores de futebol, com as amiguinhas de Tanya no segundo sofá.

–-- Que filme vamos ver? - Um dos garotos perguntou.

–-- Jogos Vorazes - Edward respondeu.

–-- Eu quero ver algo com muitas mortes, brigas e sangue - disse um outro jogador.

–-- E sexo! - Emmett quase gritou e todos riram.

–-- Então volte pra casa e assista American Pie sozinho - Tanya respondeu.

–-- E se todos fizermos uma suruba? - a amiga burra de Tanya sugeriu e os garotos foram à loucura.

–-- Calem a boca, bando de babacas! Minha mãe está lá em cima! - Alice quase gritou.

–-- Silêncio, o filme vai começar - pedi com os olhos atentos na TV.

–-- Quem é você pra me dar ordens? Se quiser silêncio vá embora! - Tania respondeu. Reprimi um suspiro e me encolhi no sofá.

–-- É, aliás nem sei por que te convidaram - um jogador concordou.

–-- Vamos ver o filme? - Emmett pediu, incomodado.

–-- É, cala boca aí! A casa é minha e eu posso mandar embora quem eu quiser! - Alice disse e Tanya e os jogadores se calaram, porém continuaram mantendo a postura orgulhosa e indiferente.

Edward estava olhando pra Tanya com uma fúria silenciosa. Ela continuou com seu olhar satisfeito e encostou a cabeça em seu ombro. Ele me olhou com culpa e eu desviei o olhar, antes que começasse a chorar.

–-- Vadia… - Alice sussurrou, mas logo o filme começou e o silêncio foi total.

Logo no começo do filme, ouvi Emmett tentando “cochichar”.

–-- Que mulher feia do caralho! - referiu-se à mulher com as vestes rosa e a pele extremamente branca.

A risada foi geral, inclusive minha.

–-- Tipo, um dia no futuro eu vou achar isso aí atraente? - o mesmo que tinha feito a pergunta sobre o gênero de filme disse.

–-- Fala sério Riley, você se interessa por qualquer pessoa que tiver peitos - Kate revirou os olhos para o ex-namorado.

–-- Por isso terminei com você - rebateu, deixando Kate irritada. Todos foram ao delírio.

–-- Dá pra vocês calarem a maldita boca? - Edward pediu.

–-- Relaxa, Ed. Se quiser posso manter a sua ocupada também - Tania sugeriu e não pude conter a careta por conta da obscenidade.

Kate viu minha careta.

–-- O que foi? Ta com inveja por que queria estar no lugar dela? - perguntou com um biquinho. Tanya logo se virou para mim.

–-- Edward, diz agora, quem convidou essa garota? - perguntou e agora todos os olhos estavam nele.

Eu pensei que ele me defenderia ou diria algo que pudesse me defender, mas ao invés disso ele tocou seus braços e olhou furiosamente pra Alice.

–-- Foi a Alice, eu não posso impedi-la de convidar quem ela quer pra cá. Nem mesmo essa daí. - disse parecendo não ter remorsos e eu o olhei atônita, pedindo uma explicação, porém ele continuou me olhando como se eu fosse um mísero inseto. Fiquei surpresa e chocada com suas palavras, que atingiram pesadamente meu coração como bombas.

–-- Edward! - Alice o censurou e ele a olhou do mesmo modo que olhou pra mim.

–-- Então está explicado - Kate disse rindo da minha cara. Lágrimas brotaram no canto de meus olhos.

–-- O que está esperando, garota? - Tanya levantou e aproximou o rosto do meu - VÁ EMBORA! - gritou e eu solucei, e, sem pensar, saí correndo dali o mais rápido que pude. Ouvi Emmett, Alice e Jasper me chamarem mas não voltei e nem me importei com meu DVD. Os risos desenfreados e as piadinhas contínuas giravam em minha mente e eu não conseguia faze-las pararem. Corri pra mais longe que pude e quando vi estava sentada no banco da praça próximo à minha casa.

Tentei entender de todas as formas a reação de Edward. Quando ele foi em minha casa ele foi tão atencioso, tão amistoso comigo, não precisava me tratar como se eu fosse um rato. Eu entendo que ele seja popular, não sou tão burra, mas esperava pelo menos um pouco de conivência da parte dele, assim como Rosalie e Alice. Não entendo esses muros escolares que impregnam sobre mim, como se todos vivêssemos em uma colônia com as classes sociais divididas. Esse é o século XI, caramba!

Comprei um algodão doce rosa exageradamente grande com algumas moedas que tinha no bolso do short e simplesmente sentei, esperando-o. Vi em alguns filmes de romance com minha mãe que, em todos os finais felizes, o rapaz que erra corre atrás da mocinha para pedir desculpas, então cruzei as pernas e puz-me a esperar.

(...) 15h25min

(...)18h00min

(...) 20h20min

Estava prestes a cochilar de tanto esperar. Estou há exatamente cinco horas e vinte minutos esperando por Edward, e nada de ele aparecer aqui. Sorri com a conhecidência da hora 20:20. O que será que significa?

Exausta, levantei e comecei a caminhar pelo parque, que agora está cheio de luzes no modelo de pisca-pisca amarradas de uma árvore à outra, criando um contraste incrível em todos os pontos dali. Andei pela fonte que tinha no centro da calçada onde alguns patos comiam migalhas de pão ofertadas por uma mulher idosa que, sempre que eu venho à este local, está fazendo a mesma coisa.

–-- Bella! - ouço a voz de Edward e minha antiga tristeza se transforma em rancor.

Edward toca meu braço, forçando meu corpo a se virar em sua direção. Ele segura três casquinhas de sorvete.

–-- O que você quer? - perguntei, a mágoa em minha voz era quase palpável.

–-- Bella, eu… - começou coçando a nuca.

–-- Isabella pra você - falei fazendo uma careta zangada. Ele franziu o cenho e vi o quanto a dureza de minhas palavras tinham o atingido, porém não baixei a guarda.

–-- Isabella, será que você poderia me desculpar? - falou com a voz baixa, como se alguém pudesse ouví-lo.

–-- Desculpar? Eu até agora não entendi por que você fez aquilo se foi você mesmo que me convidou! - explodi - não precisava ter sido tão indiferente, Edward! Eu sei que nós somos bem diferentes, não sou burra, e mesmo que eu só tenha tido poucos encontros em minha vida eu sei que quando um cara convida uma garota para sair, deve a ela no mínimo um pouco de respeito! - falei me aproximando, fazendo-o recuar um passo.

–-- Eu sei que não era pra eu ter feito aquilo, eu fui um idiota, nunca deveria ter tratado você assim… Me desculpa - falou abaixando a cabeça e colocando as mãos nas costas.

Hesitei por alguns minutos e comecei a suar de repente. Ele parecia estar sendo sincero comigo, porém não gostei nada de ter sido olhada daquela maneira. Já bastava Tanya e sua corja se autoconvidarem para o nosso encontro, aguentar suas piadinhas e as zombarias das outras pessoas. Afinal eu estava ali apenas para ter a companhia dele, que sentou bem longe de mim e mal conversou comigo.

Sem saber o que fazer, apenas dei as costas e saí andando.

–-- Bella, espere! - gritou meu nome e segurou meu braço. Virei-me, surpresa com o seu toque desesperado. Ele olhou no fundo de meus olhos - acha que eu não deveria ter a tratado daquela forma na frente de todos? Pois é assim que vou te pedir desculpas, para que todo mundo veja o quanto eu me sinto mal por aquilo.

Falou e se ajoelhou no meio da praça com os sorvetes bem alinhados, como um buquê de flores improvisado. Estendeu-os pra mim e sorriu, atraindo a atenção das pessoas. Fiquei muda por alguns instantes, em choque pela sua atitude.

–-- Edward, pare de fazer isso! - mesmo estando surpresa com seu gesto, não gosto de chamar a atenção das pessoas.

–-- Só se você me perdoar - falou, firme. Suspirei alto e as pessoas se aproximaram de nós, confundindo aquilo com um pedido de casamento. Não aguentei e comecei a rir daquela situação, apesar de corada. O sorriso de Edward se alargou.

–-- Isso é um sim?

–-- Pode ser, não sei - falei, ainda risonha.

–-- Gente, ela ainda está indecisa! Vamos, me ajudem! Aceita! Aceita! - Edward gritou para todos gesticulando como um maestro para todos, que começaram um coro.

–-- Aceita! Aceita! - as pessoas gritavam, emocionadas. Desejei enfiar a cabeça dentro de um buraco pra não passar tanta vergonha.

–-- Ta, mas peça pra essas pessoas irem embora! - sussurrei e ele levantou e, com a mão vazia, pegou a minha.

–-- Podem ir embora, o show acabou - ele disse pras pessoas antes de me entregar uma das casquinhas.

–-- Eu te perdôo, mas não faça mais aquilo, por favor - pedi tentando parecer séria. Ele sorriu.

–-- Deixa comigo - piscou, me fazendo sorrir - e agora, temos ou não um encontro? - falou.

–-- Não sei, já passei por muita coisa hoje - ele me olhou e ergueu uma sobrancelha, maliciosamente.

–-- Gent… - ele ia começar a gritar as pessoas e tapei sua boca rapidamente.

–-- Ok, um encontro - falei entre dentes.

(...)

Continuamos na praça, porém sentados em um dos bancos próximo à fonte enquanto assistimos um homem que toca uma sanfona engraçadinha.

–-- Então, o que você fez nesse tempo em que… tiramos “férias”? - perguntou dando uma lambida em seu sorvete.

–-- Ah, eu vivi - ele sorriu - comecei com meu apego incontrolável aos livros e videogames.

Dei uma lambida em meu sorvete enquanto ele franzia o cenho, como se esperasse algo.

–-- O que?

–-- Você não deveria perguntar o que eu fiz?

–-- Não preciso, todos da escola e do mundo sabem o que você é - sorri. Ele uniu as sobrancelhas, confuso.

–-- Mas o que você acha?

–-- Não sei - dei de ombros - não conheço esse novo Edward. Só sei que você é um excelente jogador de futebol, gosta secretamente de videogames, tem uma namorada esnobe e é louco o bastante pra se ajoelhar em uma praça pública.

Ele riu.

–-- Não sou louco, apenas conquisto o que eu quero. E não sou tão esnobe quanto você pensa. Apenas sinto medo de ser um… - ele mediu as palavras - “apagado”.

Me engasguei com o sorvete.

–-- Edward Cullen? Apagado? Edward, você é muito bonito pra passar despercebido, e além do mais, é muito divertido e inteligente. Quem não iria querer ser seu amigo? - falei e ele franziu o cenho, prendendo o riso.

–-- Que foi? - falei lambericando meu sorvete.

–-- Isabella Swan disse que sou bonito, divertido e inteligente? - falou e eu me engasguei com o sorvete. Ele explodiu em uma gargalhada incessante.

–-- Não disse não!

–-- Sim, você disse.

–-- Não, não disse.

–-- Sim, você acabou de dizer.

–-- Não disse nada - falei jogando meu sorvete fora. Ele ergueu as mãos com um sorriso malicioso e eu arregalei os olhos.

–-- Edward Cullen, nem pense nisso! - falei mas já era tarde, ele começou a fazer cócegas agonizantes em minha barriga, me fazendo deitar no banco gargalhando como uma condenada.

–-- Repete o que você disse - insistiu, rindo da minha cara de retardada. Devo estar parecendo um esquilo por causa das minhas bochechas.

–-- Nunca! - falei tentando tirar suas mãos de minha barriga.

–-- Isabella… - semicerrou os olhos. Fiz um biquinho, encarando-o desafiadoramente.

–-- Edward… - repeti no mesmo tom e ele voltou a me atacar. Explodi em uma risada tão intensa que arqueei o corpo, tentando me livrar de suas mãos - tudo bem, eu… para kkkk… Edwar…. Merda…!

–-- Repete o que você disse - repetiu.

–-- Prim...primei...ro pare! PARE! - falei e ele tirou as mãos de mim. Sentei-me ofegante em busca de ar fresco. Era bom, de certa forma, sentir sua mão em mim, embora de um jeito tão constrangedor do ponto de vista de quem assistiu a cena.

Revezei olhares entre Edward e a árvore mais alta do parque, arquitetando um plano de fuga.

–-- Repete, Bella - disse, olhando pra mim.

–-- Nunca! - gritei e saí correndo até a árvore. Ele correu atrás de mim.

–-- Ei, volte aqui! - correu e eu ri com ele em meu enlaço.

Tentei me jogar na árvore, porém acabei escorregando e caí em cima de Edward que foi ao chão comigo. Ambos gritamos quando caímos.

–-- Ah meu Deus, me desculpa - falei tirando a cara de seu peito. Passei as mãos por seu rosto, procurando algum machucado. Ele abriu os olhos lentamente e me fitou enquanto o fazia - você está bem? E-eu mandei parar de fazer cócegas e… - calei-me quando percebi a intensidade do seu olhar em mim.

Ele começou a rir de meu ataque nervoso contra mim mesma. Evitei manter contato visual para não me prender à aqueles olhos intrigantemente verdes.

–-- Edward, fala alguma coisa! - falei já me preocupando. Será que a queda afetou a cabeça dele?

–-- Você fica muito bonita quando o sol se põe - falou e eu corei absurdamente. Ele voltou a rir de meu pimentão que é denominado por “rosto”.

–-- Bateu a cabeça com muita força? - falei franzindo o cenho. Não poderia comparar minha aparência sem sal com a beleza extraordinária que Tanya possuía.

Ele passou uma mecha de cabelo de meu rosto para trás de minha orelha, risonho.

–-- Lembra de quando você tinha mechas rosa no cabelo? E quando usava aparelhos? Cara, nunca achei que uma garota de aparelho dental pudesse ser tão bonita quanto você era - disse e tive certeza de que tinha batido a cabeça.

–-- Certo, você bateu a cabeça. Vem, vamos levantar antes que você tenha um tumor cerebral e me peça em casamento - me levantei de seu peito e puxei sua mão, ajudando-o a levantar. Ele estava risonho e meio tonto, de forma que apoiou seu braço em meus ombros.

–-- Não, eu não quero ir embora - falou, dengoso sem soltar minha mão - o que achei lindo. Revirei os olhos.

–-- Com todo o respeito, mas eu não to afim de ficar ouvindo você me elogiando só por que bateu a cabeça durante um encontro - dito isso ele parou de andar, consequentemente me parando também. Virou-se para mim e tocou meu rosto, um toque macio. Percorreu seus dedos por minha bochecha. A cada lugar que ele tocava, queimava minha pele.

–-- Não preciso bater a cabeça pra te achar bonita, Bella - falou aproximando o rosto do meu, perto demais. Ele encarava meus lábios entreabertos com vigor, como se os desejasse, porém eu não o queria assim. E quando eu ia me afastar “educadamente”...

–-- Hey! - o grito de Emmett interrompeu o que não iria acontecer, e com o susto, Edward cambaleou e caiu pra trás na fonte.

Emmett, Alice, Jasper e Rosalie riram da cara do tonto.

–-- Que coisa feia, se aproveitando de meu irmãozinho! - Alice repreendeu em tom de brincadeira. Rosalie filmava em uma câmera rosa.

–-- Até que enfim a Bella saiu do B…- Jasper começou mas eu o censurei.

–-- Cala boca, Jasper! E o que estão fazendo aqui? - falei virando as costas e ajudando o Edward a sair da fonte - e também a esconder minha perfeita cara de babaca.

–-- Bem, iríamos sair pra beber e viemos convidá-los, porém você já fez o trabalho por nós - Rosalie piscou e eu arregalei os olhos.

–-- Não é nada disso…

–-- “Que você está pensando!” - todos cantaram em coro e explodiram em uma gargalhada. Foi então que me toquei que estava falando uma frase cinematográfica. Riria se não estivesse nervosa.

–-- Mas o que… - Edward murmurou atrás de mim fitando uma árvore, como se recuperasse a consciência aos poucos.

–-- Iai, vão ficar de agarramento ou vão vir conosco pra tomar uma gelada? - Emmett disse e eu me encolhi.

–-- Não, acho que já vivi “aventuras” demais por hoje - respondi - vou pra casa.

–-- Eu vou - Edward disse e todos o olharam - depois de tomar banho, claro.

–-- Não precisa, vamos beber na casa do Mike, lá tem piscina - Rosalie disse e abaixou levemente a alça de sua blusa, e juro que vi Emmett suspirando.

–-- Então vamos, eu to louca pra dar em cima daquele loirinho afetado. - Alice riu com malícia e Edward a olhou com repreensão.

Todos começaram a caminhar para o Jeep Wrangler de Emmett. Edward esperou eu começar a andar.

–-- Quer que eu te leve em casa? - perguntou.

–-- Não precisa, eu vou só ler um pouco e tentar fazer algo pra comer - dei de ombros - vê se você se cuida por lá - sorri, sincera.

–-- Pode deixar - sorriu abertamente pra mim, tocando minha bochecha e acariciando-a de leve com o polegar. Suspirei com o simples ato.

Ele começou a andar novamente em direção ao carro e eu fiquei parada, fitando-o.

–-- Ah, mais uma coisa! - ele virou - eu ainda te acho linda - piscou e eu corei, fazendo-o rir antes de ele entrar no carro.