Rara escrita por gabrielalr


Capítulo 3
Revelações




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Eu não havia falado com ninguém até o terceiro dia de aula. Eu era uma pessoa isolada, não que quisesse, mas era preciso Porque, apesar de parecer uma adolescente comum, eu não era. Não queria que descobrissem sobre a minha vida, tal como sobre a vida da minha família. Não queria colocá-los em risco.

Porém, no terceiro dia, enquanto estava fazendo anotações em meu diário no refeitório, um garoto se aproximou de mim. Eu estava em uma das mesas redondas, afastada do resto dos estudantes. Na minha frente havia um pote de iogurte e uma maçã mordida, que eu dispensara há uns minutos. O garoto pirragueou e eu levantei a cabeça. Não parecia um "garoto"; havia algo adulto em seus olhos verdes. Seu cabelo era castanho-claro e parecia ter sido penteado cuidadosamente. Estava vestindo uma calça jeans escura e uma camiseta cinza. Por cima, um casaco de lã; ficava bem nele.

– Olá - disse o aluno. Ele repuxou os lábios num sorriso, exibindo os dentes brancos e perfeitamente alinhados.

– Olá - retribuí o sorriso, por educação. Estava evitando respirar fundo. Eu podia me controlar, mas também tinha meus limites. Podia ouvir sua respiração nervosa.

– Eu estava vendo você e... Bom... Você é nova aqui, certo? Aqui em Forks High School? - ele passava os dedos entre os cabelos, enquanto falava. Lá se vai o penteado.

– Sim, eu sou. É meu primeiro ano.

– Eu te reconheci. É neta do Dr. Carlisle, não é?

– Sim... Como sabe disso?

– Todo mundo sabe - ele sorriu novamente. - Ah, me desculpe. Não me apresentei. Sou Caleb Bress, estou no primeiro ano também - ele me estendeu a mão.

– Sou Renesmee. - Seus olhos se estreitaram por um momento, enquanto eu apertava levemente a sua mão. Não podia usar muita força. Cada movimento meu era calculado, de certa forma.

– Posso me sentar? - Caleb perguntou e eu assenti.

Conversamos sobre tudo. Ele morava perto da escola, 5 minutos se fosse de carro. Eu disse onde morava, claro, já que todos ali conheciam minha família (em especial o meu avô). Ele morava com a mãe, e tinha um irmão mais novo, de 8 anos, que se chamava Erin. Eu contei sobre meus pais, e disse que não tinha irmãos. Ele gostava de literatura, assim como eu. Caleb era legal, e teríamos quase todas as aulas juntos no dia seguinte. O cheiro do sangue dele era bom, mas nada que eu não pudesse aguentar. Só precisava manter meu estômago com comida humana; isso amenizaria a queimação na garganta.

Eu e Caleb nos encontramos depois da aula, para nos despedirmos. Descemos as escadas juntos, e ele perguntou se eu queria uma carona até minha casa. Eu agradeci e disse que um amigo viria me buscar. Dizemos "tchau" um ao outro e ele me beijou no rosto. Sorriu e virou as costas.

Só depois eu fui perceber que Jake já estava no estacionamento da escola. Estava vestindo uma calça jeans e uma camiseta preta. Seu rosto estava estranho.

Me aproximei e disse "olá".

– Ness, quem era... Ele? Aquele garoto com quem estava falando? - ele fingiu estar despreocupado. Mas eu conhecia meu protetor muito bem.

– O nome dele é Caleb Bress. É o primeiro ano dele também. Ele é legal - sorri.

– Tome cuidado. Com todos, ok? Tudo é perigoso. Nunca se sabe se...

– Shh, Jake. Eu estou bem e continuarei bem - eu o interrompi. - Vamos logo?

– Vamos. Mas não deixe de tomar cuidado.

Eu revirei os olhos e me sentei atrás dele na moto. A viagem até minha casa foi longa e silenciosa. Jake não disse uma palavra. O que havia de errado? Eu tinha feito algo ruim? Será que tinha sido Caleb?

Pensei nisso enquanto estava no meu quarto, na noite daquele dia. Estava deitada em minha cama, tentando dormir. Fazia dias que eu não dormia. De repente, ouvi as vozes de meus pais no andar de baixo. Parecia que estavam na sala.

– Jacob está passando muito tempo com Renesmee... Não acha isso perigoso? Do modo que ele é bravo com algumas coisas, pode machucá-la... - dizia a voz do meu pai. Ele deveria estar concentrado demais para não ler minha mente.

– Ele não vai machucá-la, Edward. O imprinting é uma coisa forte demais. Por mais que façamos algo, ele não pode se afastar...

Parei de ouvir. O que significava "imprinting"? Nunca ouvi falar disso.

Desci as escadas e peguei meu casaco. Disse ao meu pai que ia caminhar, tomando cuidado para que ele não percebesse que eu estava mentindo.

Fui até a casa dos Clearwater. Bati na porta e esperei. Seth abriu a porta. Seu rosto estava espantado... Talvez estivesse imaginando o que eu estava fazendo lá naquele horário.

– Nessie... Posso ajudar? Está tudo bem?

– Seth... Se eu te perguntasse algo, poderia não dizer a ninguém que perguntei?

Ele levantou as sobrancelhas ligeiramente. Em seguida, acenou devagar a cabeça, positivamente.

– Pois pergunte, Nessie...

– O que é... imprinting?

Ele respirou fundo.

– Espere um pouco, vou pegar meu casaco e eu te conto enquanto caminhamos.

Fomos até a campina, que naquela época, estava florida. A noite estava agradável, na temperatura certa. Sentamos perto de uma árvore. Eu estava muito curiosa.

– Nunca pensei que eu teria de contar isso a você... Acho que Jake não ficará bravo comigo se eu contar... Promete que não dirá a ele que fui eu?

– Prometo, Seth. Agora diga, anda.

– Calma - ele riu. - Bem... Nós, transfiguradores, temos um modo "diferente" de se apaixonar. Uma vez que vemos a pessoa certa, digamos assim, sentimos vontade de protegê-la a qualquer custo. Vivemos na esperança de que esse "amor" seja correspondido algum dia. Nunca desistimos. - Ele respirou fundo, como da última vez.

– E...?

– E isso, esse "amor", chama-se imprinting. Jake teve um imprinting por você, quando ainda era uma recém-nascida. Ele sempre a protege, não é? Nunca deixa nada de mal acontecer a você. Ele te ama, Ness, e é um amor muito grande.


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