Racer - Hiatus escrita por Carolina Potter


Capítulo 2
Capitulo 02 – charlotte.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, esse capitulo é bem tenso, muitas revelações e frustrações, bjss



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/457746/chapter/2

CAPITULO 02 – CHARLOTTE.

Eu podia ver a dor crua nos seus olhos, mesmo sendo três anos atrás, a morte ainda tinha um grande efeito sobre ela, eu queria tirar a dor de lá, fazer ela desaparecer, meus braços doíam por abraçá-la, por confortá-la, mas ela mantinha o olhar erguido, todos estavam atordoados demais para falar, até que ela suspirou.

– Eu... sinto muito, não devia ter falado isso assim, é... melhor eu ir... – ela se virou rapidamente para ir embora, mas antes de pensar no que eu tinha feito, eu me movi como um raio e peguei o braço dela.

– Não – ela não podia ir embora, não podia ir, minha mente só repetia isso para mim, e eu sabia que não estava fodido, mas de uma maneira muito confusa, eu queria esta mulher. Seu olhar estava trancado com o meu, seus olhos brilhavam, eu podia ver as lagrimas contidas, não sabia o que falar, me virei para meus pais e Connor, que pareciam sem fala. – Pelo menos podemos escutar o que ela tem á dizer, não é?

E é assim como nos encontramos na sala de estar, com Iris e Tyler acabando de descer, ele estava sem camisa e com a toalha na cabeça, recém saído do banho, quando ela se distraiu com ele, eu praticamente rosnei, e quase o fiz, como olhar que ele lhe lançou, mas eu fiquei na frente da visão dela, ela estava sentada no sofá agora e nós todos de pé, parecia um julgamento, eu estava surpreso com ela, o tempo todo mantendo uma postura orgulhosa e sem se intimidar.

– Fale – meu pai disse grosso, minha mãe agora parecia mais calma, mas ainda pálida e a preocupação se mostrando no seu rosto, mas eu via a magoa no olhar dela, minha mãe estava triste pela garota, mesmo sem conhecer, ela era muito boa, não gostava dos outros tristes, por isso mandou um olhar para o meu pai, quando ele falou assim e se sentou ao lado da garota, meu pai a olhou confuso, com raiva e mais confuso ainda.

– Por que não nos conta, querida? – minha mãe disse, Emily assentiu, mas rapidamente seu olhar faiscou para mim, Connor, Tyler e Iris, que a olhavam curiosos da escada.

– Eu acho melhor que eles não escutassem isso, é... complicado – eu sabia disso, era outra palavra para totalmente fodido, os médicos usavam para falar de mim e rapidamente meu peito se apertou por ela, eu não estava entendendo nada do que acontecia comigo.

– Não, eu quero ficar – Connor disse.

– Eu também – Iris disse e Tyler asseniu.

– Não – meu pai disse inflexível, nós olhamos preocupados para ele, ele usava o tom, quando o lado negro estava vindo á tona, era melhor não contrariar. – Vão para a cama, agora!

Relutantemente eles foram embora, mas eu não ia ir embora, eu não gostei do meu pai falando assim, não o queria descontrolado perto dela, não sei porque, eu sei que ele não a machucaria, ele cortaria o próprio braço antes de machucar uma mulher á propósito, mas não conseguia ir embora, ele me olhou sério e eu devolvi o olhar.

– Eu fico – meu tom era como o dele, sem discuções, ele ficou me olhando e por um segundo eu desviei o olhar para Emily e voltei para ele rapidamente, mas ele pareceu surpreso até que assentiu.

– Fale, por favor – ele falou mais contido agora, se sentou em uma poltrona de frente para ela e eu me sentei no sofá o mais distante dela que eu podia, mesmo a querendo o mais perto de mim, mesmo meu corpo a querendo mais perto, eu podia meu pau duro só de olhar para ela, mas era mais que isso, mais que desejo.

– 22 anos atrás você teve uma competição na Califórnia, onde a nossa mãe – ela praticamente cuspiu a palavra – era uma prostituta e foi chamada para... você, de alguma forma ela ficou grávida de você, mas nunca contou, porque não tinha certeza.

– É impossível, eu sempre me protegia – meu pai disse negando com a cabeça, minha mãe parecia com dor e a garota com raiva. – Não havia exceção.

– Tem certeza? Nem durante um episódio? – nós a olhamos chocados, ninguém que não era próximo da família sabia, ela deu um sorriso irônico, mas sem nenhuma diversão, parecia amargo, triste, como se ela não conseguisse sorrir de novo mais. – Como eu sei? Eu vi pelos jornais e revistas, todos os problemas que você causou, mas alegava não fazer, era o mesmo que acontecia com Charlotte, ela ás vezes ficava depressiva ou super hiperativa, ou violenta, nunca sabia o que esperar, mas minha mãe não se importava. Eu nasci três anos depois que a minha Irma, adivinhem, de mais um cliente que não queria nada com ela, por três anos fomos apenas nós, até que minha mãe se casou com um cara de cidade pequena, Jeremiah ,até ai estava tudo bem, mas quando eu tinha cinco anos e Charlie oito, ela tinha mudanças de humor constante, seus olhos azuis ficavam pretos, depois voltavam, mas eu me preocupava mais quando ela estava violenta ou depressiva, quando ela estava contente, todos estavam, minha mãe não dava bola e eu demorei a entender que o marido dela também não, que eles não se casaram por amor, ele era o cafetão dela, ela sumia várias noites e nos deixava com ele, mas tudo ficou pior quando Charlie tinha dez, ela começou a aparecer com marcas roxas nos braços ou no corpo, machucados no rosto – eu estava sem palavras, minha mãe tinha um olhar no rosto e meu pai permanecia sem expressão, mas eu podia ver para onde a história se dirigia, e eu só queria fazer ela esquecer e a segurar nos meus braços. – Tem que entender, Charlie era a melhor pessoa do mundo, incapaz de fazer mal á alguém, ela era a melhor pessoa que vocês nunca vão conhecer, ela me protegia de tudo, não me deixava fazer nada já que eu sempre fui menor por nascer prematura, ela sempre se sacrificava por mim, na escola me protegia e falava por mim, eu nunca fui nada sem ela, mas quando os machucados apareceram, ela dizia que acontecia brincando, eu acreditei, afinal, o que uma criança de sete anos podia saber? Mas quando eu fiz dez anos, eu vi... vi ele estuprando ela.

Ela limpou as lagrimas que caiam de seus olhos, eu estava mais que chocado, minha mãe tinha lagrimas transbordando pelos seus olhos, e tentava segurar os soluços, eu não conseguia me mexer, isso só me fez perceber o quão perfeita minha vida era, o quão incrível era a minha família.

– Quando eu interrompi, ele também tentou me violentar, mas Charlie não deixou, disse que ia na policia e contava tudo o que ele fez nos três anos e falava do seu esquema de prostitutas, se ele não cumprisse o acordo, que era... que era, não me tocar, fazer o que quisesse com ela, mas não me tocar – eu me levantei revoltado, quando escutei seus suspiros, ela tinha as mãos apertadas nos seus joelhos e olhava para baixo, com seus cabelo cobrindo seu rosto, minha mãe colocou uma das suas mãos sobre as dela, mas ela não pareceu notar – Eu tentei convencê-la de irmos para a policia, de irmos embora, mas ela estava convencida de que iam nos separar e não teria ninguém para cuidar de mim, eu estava assustada, o que eu tinha acabado de ver, não parava de se repetir na minha mente, eu não dormi por três dias e por anos eu tive pesadelos, Charlie disse que nós só tínhamos que agüentar 5 anos e que então ela poderia ter a minha guarda, eu confiei nela, ela disse que conseguiria se manter longe dele, que ele não ticaria mais, eu acreditei e sempre que podia, ficava o mais afastada dele possível. Quando eu estava com doze anos, ele já me olhava diferente, tentava ser carinhoso comigo e uma vez quando tentou me tocar eu passei a noite vomitando, acabei indo parar no hospital e voltei para descobrir que ela manteve a promessa dela, ele não a tocava mais, mas o seus clientes eram outra história, ela estava se prostituindo para ele e estava se afogando em drogas e bebidas, os surtos a deixavam depressiva e a faziam tentar suicídio, três vezes eu voltei da escola para a encontrar com o pulso cortado ou com os remédios acabados, tanto que no segundo ano da escola, eu parei de ir, do medo que tinha de chegar tarde demais. Consegui um trabalho de meio tempo de manha quando ela dormia e consegui a afastar das drogas, foi díficel, ela já estava dependente, mas ela parou, ela conseguiu um emprego de meio tempo também, era pouco, mas o bastante para nós irmos embora. Eu voltei para a escola e ela conseguiu um trabalho de tempo integral em um restaurante, e aos poucos ela voltou a ser a pessoa que costumava ser, e faltando 6 meses para eu fazer 18 anos, nós tínhamos conseguido dinheiro para nos manter e ir embora dessa cidade dos infernos, eu consegui recuperar o atraso de alguns meses na escola, mas na hora do almoço, quando eu tentei ligar para ela, para a nossa ligação de rotina, ter certeza que estava tudo bem uma com a outra, mas ela não atendia, depois liguei por trabalho dela e disseram que ela não estava, eu me desesperei e corri para a casa, quando cheguei, encontrei ela no chão do quarto com pacotes de cocaína e heroína vazias, era muito, mas ela convulsionava, então eu liguei para a ambulância, passei a noite e metade quase sem noticias, conseguiram lavar o estomago dela e estabilizar o seu estado, mas então ela teve uma parada cari... ela teve uma parada cardíaca e os me-médicos, não conseguiram salvá-la, Jeremiah tinha dado as drogas para ela.

Ela tremia da cabeça aos pés, a sua voz era crua e cheia de dor, eu não podia acreditar pelo que essa garota passou e ainda estava assim de pé, eu não resisti mais e a peguei em meus braços, ela encostou o rosto no meu peito e segurou a minha cabeça, eu fazia carinho na sua cabeça dela e a apertava, o cabelo dela era a coisa mais macia que eu já tinha tocado na vida e o cheiro dela, estava me deixando louco, era doce e parecia a melhor coisa que eu já senti.

Pela minha visão periférica eu vi minha mãe se levantando e indo para meu pai, ele tremia assim como Emily, mas era de raiva, seu rosto estava vermelho e ele apertava a borda da mesa onde estava encostado, os nós da Mao estavam brancos, então tão rápido que eu quase não vi, ele socou a mesa com tudo, o impacto foi tão grande que um dos pés se quebrou e a mesa ficou meio quebrada onde estava o soco do meu pai, Emily pulou para longe de mim de susto, mas logo se recuperou e limpou o resto.

– O que aconteceu com o filho da puta? – meu pai rosnou, mesmo com as mãos da minha mãe sobre ele, Emily ficou fria de repente e distante, ela cruzou os braços, quase como para se proteger.

– Quando anunciaram a morte dela, eu não conseguia pensar em nada, eu só fui pra casa e peguei o taco de beiseball que tinha comprado e bati nele tanto, até que ele ficou em coma e quando acordou, ficou paraplégico, ninguém acreditou no que eu disse, disseram que se os abusos acontecessem a tanto tempo, teríamos falado, eles não viram como ele nos mantinha com medo, sempre nos manipulando com as indiretas de que seriamos separadas por causa das idades, então eu fui mandada para um reformatório com sentença para 5 anos, mas 6 meses atrás eles finalmente descobriram todo o esquema de trafico de drogas e prostituição que ele cuidava, então me soltaram e minha mãe estava com HIV, irônico até, mas antes de morrer, ela me contou quem era o pai de Charlie, antes ela nunca disse, mesmo que se ela tivesse dito, agora, ela poderia estar viva – sua voz estava morta, assim como seus olhos, eu senti um arrepio, não gostei nada de vê-la assim.

– Mas ele não foi condenado por causa do estado, não, ao invés disso, ele esta em uma clinica de reabilitação de luxo sem se preocupar e eu pensei que era justo com ela, pelo menos ter a existência dela reconhecida pelo próprio pai, como ela sempre quis – agora ela parecia enjoada, eu podia ver tudo se repassar várias vezes na cabeça dela, meu pai só chutou a mesa e foi embora pela porta, minha mãe foi atrás dele alarmada, Emily caiu ao meu lado e fechou os olhos, era como se ela estivesse cansada, como caminhar pelo deserto atrás de água e quando você achava todo o cansaço e desespero caiam sobre você.

– ... Oh Meu Deus! Como eu pude ter feito isso, eu sou tão burra... – ela murmurava para si mesma, mas quando eu tentei me aproximar para confortá-la ela pulou longe assustada com meu toque, depois que viu que era eu, ela se acalmou – Eu tenho que ir embora, tem uma pessoa me esperando.

Eu fiquei com raiva, seria um namorado? Isso me deixou puto da vida por alguma razão, alguém tocando ela, confortando ela, eu tive que apertar as maos para me obrigar a relaxar e não dar uma de puta louca.

– Você devia ficar, é tarde e não é seguro andar á essa hora nas ruas, quem quer que seja que está te esperando pode te encontrar aqui – eu tentei manter o tom de voz tranqüila, me sentia como um animal rondando uma presa, eu tinha que ser manso, senão ela iria fugir.

– Não dá, eu estou com o carro e ele não pode pegar o ônibus – eu fiquei com mais raiva ainda, então era ele, mas ela não podia sair de perto de mim para se encontrar com um cara, ela era minha!.. Espera, que porra eu to falando? Ela não era nada minha há não ser... nada.

– Você podia deixar seu telefone, eu sei que quando meu pai se acalmar, ele vai querer conversar com você sobre isso direito – eu disse, ela se remexia de pé, parecia nervosa, mordia o lábio inconscientemente, mas por fim se decidiu.

– Claro, eu também gostaria de conversar com ele – ela me deu um sorriso fraco, mas eu não consegui ler nada por trás da sua expressão, o que era estranho, porque eu conseguia ler as pessoas muito bem.

Ela pegou dentro da bolsa dela, um pedaço de papel e uma caneta, e anotou uns números rápidos, antes de estender para mim, eu deixei meus dedos rossarem os dela, e eu me sentia como se tivesse tomado dez energéticos, totalmente ligado, e minha libido também. Eu pude ver a pele dela se arrepiar e ela tentar reprimir um estremecimento, isso me fez sorrir de lado e ela corou muito fortemente, o que só me deu mais vontade ainda de chegar perto dela e tocar de novo ela, a aconchegar nos meus braços e expulsar a sua dor, mas ela rapidamente se livrou de mim e foi para a porta, eu a segui, ela não parecia chegar á porta rápido o suficiente, e depois foi correndo até o seu carro, uma picape vermelha velha com a tinta descascada, eu podia ver seu olhar para mim antes de ir embora, e eu me senti cansado, com a cabeça cheia com o que tinha acontecido na ultima hora.

Eu fui para o meu quarto sem vontade nenhuma de sair, tirei a roupa no caminho para o banheiro e me joguei na água quente, apoiei as mãos na parede e deixei a água escorrer pelas minha costas, eu só conseguia pensar no fato de que eu tinha uma Irma mais velha e que eu nunca a iria conhecer, no fato de como duas garotas sofreram sem ter uma infância, e como isso era culpa da porra da bipolariedade, se meu pai não tivesse isso, ele nunca teria ficado com nenhuma prostituta e ninguém teria que sofrer agora, meu pai pela culpa, minha mãe por causa do meu pai e pela garota e eu... eu não conseguia parar de pensar nesse par de olhos verde esmeraldas que me assombravam, eu só queria bater em alguma coisa, deixar a energia sair, mas principalmente bater no filho da puta que fez isso á elas.

Quando eu sai do banho, eu estava decidido a sabe mais sobre isso, peguei o meu Ipad e me sentei em uma cadeira, depois de colocar na barra de pesquisas, Emily Young, eu não achei nada e o mesmo para Charlotte Young, mas depois de tentar Charlotte Young/ Estupro/ Drogas, reportagens de jornais começaram a rolar pelos resultados, eu cliquei na primeira, tinha a foto de uma garota que não devia ter mais de 18, eu ofeguei, nós podíamos nos passar por gêmeos, ela tinha o cabelo escuro caindo em ondas pelos ombros, era alta e forte, seus olhos azuis iguais aos meus e do meu pai, depois o sorriso que eu vejo toda vez em uma foto minha ou do meu pai, mas só uma covinha do lado direito como eu, ela parecia rir de algo que a pessoa da câmera, em baixo da foto, com a legenda, aparecia, Charlotte Marie Young, 19 anos, falecida á dois anos e meio por uso de drogas.

Mais abaixo vinha a reportagem.

Hoje fazem dois anos e meio desde a morte de Charlotte, sua mãe, Dakota Young e de pai desconhecido, ela deu entrada no hospital no dia 14 de fevereiro de 2010 por causa de uma overdose e faleceu na madrugada do dia 15 por causa de uma parada cardíaca, na época, sua irmã por pais diferentes, Emily Young foi presa por agressão e tentativa de homicídio ao seu padrasto, Jeremiah Stokes,que ficou em coma por dois meses e paraplégico após acordar, durante esse tempo, ela alegava as tentativas de estupro, prostituições e tráficos de drogas, sem comprovação o caso foi arquivado. Depois de vista a ficha médica de Charlotte se descobriu que ela sofria de um caso de bipolariedade agressiva sem receber tratamentos ou remédios, quem cuidava dela nos momentos dos seus episódios era sua irmã também Emily, não era segredo que as duas tinham uma relação muito estreita e afetiva de irmãs, muitos afirmaram que Emily abandonara a escola por um tempo para poder cuidar de sua irmã, esses fatos levaram a policia a creer que Charlotte estava tendo um episódio quando consumiu as drogas e não pensava com clareza, e sem querer acreditar nisso Emily colocara a culpa no padrasto e o atacara.

Até que um mês atrás foram descobertas várias operações de prostituições de menores, tráficos de drogas e armas além de distribuição e venda dos mesmos juntos com vários homicídios encobertos, tudo ligado grande parte ao Sr. Stokes, depois das investigações o caso de Emily Young foi reaberto e ela foi inocentada depois de ter cumprido metade da pena no reformatório,de onde seria transferida para uma prisão de segurança média no Texas em três meses.

Depois das investigações serem encerradas e o Sr. Stokes se culpado, ele foi leberado da sua pena na prisão com fiança de 2,5 milhões e restrição domiciliar a sua clinica de reabilitação na Flórida, onde está até hoje.

Depois de ser liberada Emily Young sumiu do estado do Texas sem deixar noticias, os vizinhos afirmam que ela era uma aluna dedicada aos estudos e uma ótima garota, e nunca se meteu em problemas, ela recebeu uma bolsa de estudos para as universidades de Harvard e Stanford antes do ocorrido por causa das notas elevadas, ganhava vários concursos na escola e foi a melhor do estado durante os estudos, era conhecida como garota prodígio, mas depois do falecimento da irmã e dá agressão contra o Sr. Stokes e sua pena as bolsas de estudo foram revogadas, as Universidades afirmam que depois de tudo ter sido esclarecido, eles não conseguiram entrar em contato com a Srta. Young para reaver as bolsas...

Depois haviam mais reportagens falando sobre a apreensão das drogas, do caso onde a enteada atacava o padrasto, mostraram fotos dela na época e ela parecia destroçada, quase irreconhecível, além de sites escolares mostrarem vários prêmios de projetos ganho pelo estado em nome dela, eu podia ver o futuro brilhante que ela ia ter, o quanto ela ia brilhar, mas tudo isso foi arrancado dela, em um piscar de olhos, eu não conseguia ficar mais parado, sai apressado do quarto e fui para a academia que nós tínhamos em casa, não fiquei surpreso de encontrar o meu pai lá, acabando com um saco de areia que devia pesar mais que ele, mesmo não parando de bater eu sabia que ele me viu, mas eu peguei as luvas e fui para um saco á uns dois metros dele e comecei a socar, tentando tirar toda a raiva que eu sentia dentro.

Direita, direita. Esquerda.

Direita. Esquerda. Direita.

Bam, Bam. Bam

Nossos punhos pareciam fazer os mesmos movimentos depois de um tempo, era assim, nós só ficamos no silencio pela próxima hora, batendo a merda fora dos sacos de areia, mas eu não me sentia satisfeito, eu sabia em quem eu queria bater, e ele estava em uma cadeira de rodas na Flórida. Eu já estava negro, sabia disso, não conseguia parar meus pensamentos, de me ver quebrando a cara daquele homem que eu vi na foto, ele sorria e parecia um cara comum, um cara que você via na fila do supermercado e cumprimentava e você não tinha idéia que ele tinha acabado com a vida de duas garotinhas e ninguém sabe de quem mais.

Eu parei de bater frustrado, o sangue corria nas minhas veias e eu não me sentia cansado, eu só queria correr porta a fora e não parar, pude escutar meu pai parar de bater também.

– Eu tinha uma irmã, e eu nem sabia, eu vi uma foto dela na internet, nós podíamos nos passar por gêmeos até, tudo igual, mesmo sendo mais velha, eu não pude proteger ela de ser abusada, eu sou irmão dela eu devia ter feito isso, nós devíamos e Emily ela... Ela tinha um futuro incrível, foi aceita com bolsa para Harvard e Stanford e outras eu aposto, ela era um gênio e ia conseguir sair da merda de vida que tinha, ela cuidava da irmã sem reclamar, e agora, como ela vai sobreviver? – eu não disse pra ninguém em especial, e não estava esperando resposta, só dei meia volta e fui para o meu quarto, eu só queria ouvir a voz dela, tocar ela, nada fazia sentido, mas mesmo assim pensar nela parecia certo, eu disquei o numero que ela me passou, antes mesmo de dar um toque, a voz na linha avisou, O numero discado não existe, eu tentei de novo, de novo e de novo, mas era o mesmo aviso, então eu fiquei puto de raiva e atirei o telefone para a parede e não me lembro mais o que eu fiz, até que eu acordei na manha seguinte no quarto da minha cabana, cheirando a bebida junto as duas mulheres na minha cama.

Eu gemi frustrado e deixei a cabeça cair no travesseiro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

quero opiniões, bjss