A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner escrita por Laís Bohrer


Capítulo 22
World of Blood


Notas iniciais do capítulo

Lay*: HEY! Quem é a autora gata que trouxe mais um capítulo de ESVAT? Galera, eu não morri! E com isso alguém também não morreu... Creio que vocês saibam quem é. Desculpem a demora e aos leitores de Lendas do Olimpo, logo estarei de volta. Aqui está o capítulo 22 para vocês, de coração, espero que gostem.
Boa Leitura.
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"Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!"
Rui Barbosa



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Mundo de Sangue

Passamos os dois à noite toda dentro daquele cômodo, deitados no chão de fronte para a janela, observando a lua e as estrelas, revelando os podres de nossas vidas e de nossas segundas vidas. Eu não escondi nada. Nenhum de nós expressava surpresa ou qualquer outra coisa. Ali, com Charlie, eu não me sentia preocupada com outras opiniões, eu me sentia segura, sentia que meus segredos e minha vida estivessem seguros com ele.

Se ele sentia o mesmo, eu não sabia, não havia modos de perguntar sobre isso.

Nós tentamos brincar de dormir, ambos fechamos os olhos e então, pouquíssimo tempo depois ouço a voz de Charlie sussurrar para mim:

– Alex.

– Que é? – eu pergunto ainda de olhos fechados.

Ele hesita.

– Boa noite.

Eu sorrio.

– Boa noite, Charlie.

– Cara, como é legal dizer isso! – ele disse e eu abri os olhos. Charlie estava deitado com os braços cruzados atrás da cabeça e um sorriso no rosto. – Nunca pensei que fosse dizer “Boa noite” outra vez!

– Charlie – chamei com uma voz sonolenta forçada.

– Oi?

– Vá dormir – eu disse fechando os olhos de novo, mas com uma vontade real de fechá-los.

– Qual é! Essa é a brincadeira mais sem graça que existe – ele disse se sentando.

Abro os olhos para ele. A luz do luar reflete em seus olhos dourados.

– Você faz ser humano parecer engraçado – eu disse.

– É engraçado – enfatizou ele. – Um exemplo, humanos sentem cócegas, mas vampiros não.

– E daí?

– Nenhum humano nunca tentou fazer cócegas em você e você não sentiu nada? – ele perguntou. – Tipo, ai ele fica com aquela cara de idiota e não acredita que você não está sentindo.

– Não. – Respondi. – Quando humana, eu odiava cócegas, mas agora até sinto falta.

Charlie esperou.

– Outra coisa que eu acho engraçado... – Ele fez um suspense. – Mulheres grávidas.

Eu franzi o cenho e dei um sorriso sarcástico.

– Qual é a graça nisso? – eu disse. – Carregar um humano na barriga por meses, comer por duas pessoas, sentir dores constantes e outras coisas... Não parece engraçado.

– Realmente – ele disse. – Mas imagine uma vampira grávida, tipo, não tem muito sentido, por isso que é engraçado.

– Você é estranho. – falei.

– Não sou normal – ele diz. – Gosto de coisas que não são normais.

– Você gosta de mim? – eu me sentei.

Ele sorriu.

– Gosto – ele falou. – Gosto muito.

– Muito obrigada, Charlie – eu disse irônica. – Agora posso ter certeza de que não sou normal.

Ele tentou reprimir um sorriso, sem sucesso. Seus cabelos negros estavam despenteados como sempre, mais uma vez eu cometi o erro de olhar diretamente nos seus olhos e me perdi, pensando por um momento que nunca tinha visto olhos mais dourados do que aqueles, nem entre os Cullen.

– Você tinha alguma dúvida ainda? – ele disse fingindo-se de surpreso.

Revire os olhos, desviando dos pequenos sois que ele tinha.

– Só algumas... – falei me deitando novamente, mas havia algo diferente.

Enquanto eu deitava sentia tudo ao meu redor ficando mais lento, minha consciência sendo puxada, como se eu estivesse...

– Ei, Charles... – chamei.

– Fale. – ele disse olhando para mim.

– Porque acha que uma vampira grávida é algo ridículo?

Ele riu.

– Porque é praticamente impossível – ele disse como se eu já devesse saber disso. – Tipo, não tem sentido, não é?

Eu olhei para o teto, olhos violetas vieram na minha mente.

– Mas então...

A escuridão do cômodo se alargou e tudo ficou preto, apenas a voz de Charlie chamando meu nome ecoava, preenchendo o vazio até que ele desapareceu com tudo o que me restava de sanidade.



E por fim aquilo realmente foi um pesadelo. Inicialmente não foi nada demais, eu apenas via o meu próprio corpo flutuando na escuridão, com vozes conhecidas sussurrando do breu. Eu ouvi um bater de asas e então tudo clareou e repentinamente eu me transformei em um personagem de filme mudo.

Eu estava de pé diante de uma cova e com uma pá na minha mão, pássaros negros cantavam acima de mim, não eram corvos, eram apenas pássaros pretos e pequenos, do tamanho da minha mão. Um sol branco se erguia entre as nuvens no céu cinza e limpo. Ao meu redor, o cenário era preto e branco. Rosas negras cercavam a cova e eu só tive certeza de que era minha quando eu assisti a mim mesma, com os olhos fechados, largar a pá e se virar de costas para a cova e por fim deixar-se cair em câmera lenta para ela.

A mensagem era clara: Você está cavando a própria cova.

Então a cena se dissolveu em fumaça branca dando espaço a outro cenário, mais colorido e deprimente. Eu estava em uma sala extensa, circular e clara, podia ver meu próprio reflexo fosco no chão de mármore. As paredes eram cinzentas e havia vários pilares por toda a sala.

Em um canto da sala havia três tronos negros com detalhes em ouro de verdade. Apenas o trono do meio estava ocupado: Aro Volturi me encarava com um sorriso detestável e divertido. Estava pronta para partir para cima dele e arrancar sua cabeça quando uma voz atrás de mim retirou todas as chances de Aro estar olhando para mim.

– Não acha, mestre? – disse Edgar, eu podia sentir seu olhar perfurante, me virei para ele, ele olhava para mim, sim... Ele podia me ver. – Imagine um mundo aonde não tenhamos que nos esconder. Um mundo onde os humanos ignorantes nos temeriam e nos venerariam...

– Interessante... – Aro se ergueu de seu trono, com seu terno elegante parecia flutuar. – Sabe Edgar, há anos um rapaz com o mesmo ponto de vista tentou realizar esse meu desejo, mas ele falhou e foi queimado diante dos humanos que riram dele, você está me pedindo permissão para arriscar que nossa espécie seja ridicularizada novamente dessa forma?

Edgar não demonstrou expressão. Seus cabelos que batiam nos ombros estavam meio bagunçados e isso o dava um ar de inteligência e beleza, seus olhos vermelhos eram cheios de ambição.

– Não vou falhar mestre Aro. – ele disse sem relutância. – Devo lembrar-lhe de que foi essa exata espécie maldita que quase mataram seus irmãos?

O canto do lábio de Aro Volturi se contorceu.

– Faça como quiser – ele disse. – Mas lembre-se de que é a sua cabecinha brilhante que está em jogo...

Edgar virou-se para mim e sorriu.

– Agora você corre – disse ele. – Alexandra.

A cena se desfez e eu estava correndo, pulando de galho em galho como um vulto negro. Meus cabelos sendo jogados pelo vento, uma capa marrom sobre meus ombros poderiam me fazer parecer uma super-heroína, mas eu estava fugindo com um pensamento em mente:

Eu falhei.

Uma enorme e horrível certeza ocupava minha cabeça, a certeza de que eu havia falhado no meu objetivo, quebrado a promessa e feito todos eles morrerem. Todos eles...

Você ainda tem uma chance, Alis, você ainda tem...




– Não podemos fazer nada a não ser esperar. – disse a voz de Jolly, ainda distante demais, como se alguém tivesse abaixado o volume da televisão.

– Não podemos é deixar ela assim! – protestou uma voz feminina conhecida. – Acha que isso é obra daquele Volturi?

– Não seja idiota! – disse a voz desesperada de Charlie. – É claro que sim!

Um minuto de silêncio.

– Mas mudando de assunto... – disse Liam. – O que vocês dois estavam fazendo naquele quarto e sozinhos, crianças?

– Quer que eu arranque a sua cabeça? – disse Charlie.

Espere um pouco... “disse Liam”... Disse Liam!

Escapando do circulo repetitivo de escuridão, eu finalmente abri os olhos para me deparar com um cenário fosco, não era a mesma coisa que acordar, era como se eu tivesse perdido o controle sobre meus sentidos, como se minha consciência resolvesse por si mesma, tirar uma folga.

Uma chance... Disse aquela mesma voz.

Nenhuma voz se pronunciou enquanto eu tentava me acostumar, era como nascer de novo. Encontrei uma mão enquanto tateava o ar, essa mão segurou firmemente a minha e então tudo clareou e entrou em foco novamente.

Liam estava segurando a minha mão com um meio sorriso, seu cabelo castanho pálido estavam muito emaranhados como se Liam tivesse brigado com um pente. Seu queixo estava meio sujo de cinzas, suas roupas estavam sujas de terra e de mais cinzas. No entanto, mesmo com tudo isso, ele tinha aquele sorriso que só um Foster sabia dar mesmo nos piores momentos e aquele olhar maroto que só Liam tinha.

– Você não estava morto? – eu perguntei com a voz baixa.

Seu meio sorriso se transformou em um sorriso completo.

– Bom, tecnicamente eu já estou quase morto – ele lembrou, sua voz parecia algo muito distante da realidade naquele momento. – Mas acho que a Morte completa não me quer por perto.

Então eu o abracei, antes de notar que os Anti-Volturi – todos, menos Shane – estavam ali. Afastei-me de Liam que retribuía o abraço e então eu lhe dei um chute na barriga que o fez voar para o outro lado da sala fazendo-o derrubar um vaso e arrastar um sofá.

Charlie que estava sentado no chão em que eu estava com o corpo em repouso, ria da cena juntamente dos vampiros, Ever e Damon. Naru-chan revirava os olhos. Paul nem segurava a risada e Leyla Kobayashi, a hibrida, se esforçava para não rir de Liam que tinha um livro aberto como um chapéu sobre sua cabeça.

– Cara! – ele exclamou. – Estou morto por dias e é assim que sou recebido por um membro da família?

Bakayaro! – exclamei, o que era a mesma coisa que chamar alguém de idiota, estúpido, etc... Ergui Liam do chão pela gola de seu casaco. – Nunca... Nunca mais ouse me assustar desse jeito! Se não eu juro que arranco suas pernas e faço você engoli-las inteiras, ouviu?

Liam engoliu seco, mas não disse nada.

Eu o coloquei no chão enquanto Charlie se engasgava atrás de nós. Sorri para Liam depois disso e disse:

– Estou feliz por você estar bem – eu falei.

Liam que estava com os olhos dourados arregalados, sorriu meio receoso.

– Uau, não sabia que você era bipolar, Alex-chan – ele pousou a mão em minha cabeça. – Pam iria ficar orgulhosa de você.

– Cale a boca seu idiota – eu disse.

– Na verdade, acho que ela é tripolar. – disse Charlie.

– Vamos colocar multipolar. – disse Liam.

– Vou arrancar a cabeça de vocês dois... – eu disse.

Liam riu alto.

– Ei, Charlie, vampiras ficam de TPM? – perguntou.

– Não sei Liam - respondeu Charlie se erguendo do chão. - Mas talvez nossa Alex-chan deva ter morrido enquanto estava naqueles dias...

– Todos os Foster são legais assim? – Ever perguntou para Naru que revirou os olhos violetas.

Idiotas, você quer dizer?

Nem Charlie e nem Liam se irritaram, eles apenas riram e disseram que Naru era sem graça – aliás, eles adotaram o mesmo apelido para o moreno. – Meu olhar acabou de encontrar com o de Paul, ele assentiu de modo imperceptível para mim e ambos fomos nos afastando do centro da bagunça, ninguém notou nossa falta de presença, logo estávamos sozinhos na cozinha americana que tomava um cômodo da casa.

– O que você viu? – ele foi direto ao assunto.

– Eu não sei ao certo – não hesitei, parecia um peso que eu não aguentaria segurar nem por mais um segundo. – Mas Edgar colocou na cabeça dos Volturi de que eles precisam lutar por um mundo onde nós não tenhamos que nos esconder dos humanos, onde eles passem a nos venerar e...

Eu parei ai, porque o modo como eu contava o objetivo deles... Eu fazia parecer que era algo bom.

– Um mundo onde o terror da nossa espécie dominaria – eu disse. – Seria um verdadeiro banho de sangue a cada cinco segundos... Vampiros lutando entre si pelo sangue das pessoas como se fosse ouro.

Paul tinha uma expressão serena e paciente, sua pele escura exibia cicatrizes esbranquiçadas nos braços e uma horrível no rosto, eu podia ouvir o barulho do sangue correndo pelas suas veias, me surpreendi pela minha resistência, eu não fazia nenhum esforço para não atacá-lo.

Eu não quero sangue. Eu não vou beber o sangue dele.

– O que vamos fazer? – eu perguntei sentindo-me afundar no chão.

Paul fechou os olhos, percebi que ele sempre fechava os olhos quando precisava pensar.

– Não podemos nos esquecer – ele disse ainda de olhos fechados. – De que eles ainda estão atrás de nós.

Eu hesitei e ao perceber que eu não iria responder, ele continuou a falar e abriu os olhos.

– Vamos atrás deles antes que venham atrás de nós.

– Eles estão juntando forças – eu disse sem saber ao certo como eu sabia daquilo, mas eu tinha certeza. – Existem humanos que trabalham para eles... Alguns clãs também...

– Alex – ele segurou os meus ombros. – Nós temos uma chance.

Eu encarei seus olhos escuros, agora eu podia ver um tom castanho escuro.

– Eu entendo que esteja com medo – ele disse. – Mas nós ainda temos uma chance, e quando temos uma chance precisamos pensar nela, lutar por ela, ao lado dela. Entende o que quero dizer?

Por incrível que pareça eu havia entendido a mensagem por trás daquela citação. Lentamente, eu assenti.

Ele soltou os meus ombros e suspirou aliviado.

– Acha que vai dar certo? – eu disse. – Eles não...

– Acredite nas chances que você tem – ele me cortou.

Então, Paul Dilaurents deu as costas pra mim, voltando para a bagunça no hall de entrada. Eu olhei para a grande janela aberta, ouvi o barulho de coisas se quebrando na sala e gritos femininos de Ever e risadas histéricas de Damon. As vozes altas de Liam e Charlie brigando e fazendo piadas...

Eu poderia fechar os olhos e me imaginar de volta a mansão Foster, e poderia imaginar aquela bagunça toda sendo causada pelo resto do clã extinto. Uma fina chuva começara a cair, tocando os prédios da pequena e isolada cidade de Forks, em menos de um segundo eu estava no parapeito da janela, tornando-me um vulto negro e desaparecendo apenas para me materializar novamente diante da residência dos Cullen.


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Notas finais do capítulo

Ah! Estamos perto dos 70 comentários - comecei a fazer meta agora? Sai fora! - e eu tava achando que essa fanfic teria tipo... Uns 45 por ai... Então, ARIGATOU GOZAIMASU. - SIM, ESTOU AGITADA HOJE.
Senti saudades, mas não sei quando sai o próximo capítulo.
Beijos Azuis Vampirescos!



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