[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 12
Garçonetes são más


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aqui é a Yara passando para desejar a todos um bom capítulo :3



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Marceline

Acorrentada, infernizada e apavorada. É o resumo dos meus últimos dias. Acorrentada à Helo, infernizada pela Helo e apavorada por meus pesadelos.

E em um desses pesadelos tive a imensa honra de ter a visitinha de Hades.

Começou como sempre: eu estava em um lugar escuro – o que não seria problema se eu estivesse enxergando – e uma voz falava na minha cabeça.

“Desista, pequena semideusa, você é fraca, não pode lutar contra mim!” Eu queria gritar, exigir que saísse da minha cabeça, mas não conseguia. Estava tomada de... De medo.

“Você vai falhar, vai ver todos os que ama morrerem sem poder fazer nada a não ser assistir.” Uma parte de mim dizia: “Anda, Marceline, lute, não seja covarde, não seja covarde. LUTE!” E outra dizia: “CORRE, GAROTA, CORRE. VOCÊ VAI MORRER. CORRE! CORRE! CORRE! VOCÊ VAI MORRER! VOCÊ VAI MORRER! VOCÊ VAI MORRER! FUJA! FUJA! FUJA!” Confesso que a segunda me pareceu mais agradável. “Ah, pequena semideusa, tão... frágil. Meu brinquedinho favorito. Você será essencial para meus planos. Sim, você será!”

No meio da coisa toda consigo enxergar de repente, e o que vejo? Uma figura barbuda me encarando.

– Pai? – perguntei confusa.

– Já faz muito tempo! – ele disse.

– O que você quer?

– No momento, apenas ajudá-la – ele respondeu. – Você irá enfrentar uma dura batalha e precisa estar pronta!

– Espera... Como assim? – disse confusa.

– Terá que fazer escolhas difíceis – ele continuou me ignorando.

Engoli em seco.

– Eu não preciso da sua ajuda.

– Sei que se sente culpada pela morte deles – ele continuou. – Mas não foi sua culpa. Você era jovem e inexperiente!

– Espera, você está sendo compreensivo e... Amoroso? – disse desconfiada

– Como eu disse, só quero ajudá-la!

Um pequeno cristal em forma de um crânio apareceu em minhas mãos.

– O que... – fui interrompida

– Isso irá ajudá-la – ele disse. – Será sua salvação na hora certa, você só precisa dar a ordem. Ele tem o poder de destruir tudo ao seu redor, um exército se for preciso, mas lembre-se: uma vez que a ordem foi dada, ele não para. Destrói tudo à sua frente, transforma tudo em cinzas. E você terá que decidir entre salvar quem ama ou salvar a missão e o Olimpo. Pode fazer isso?

– O quê? Que missão? O que você...

– Quanto à bússola – falou –, cinco agulhas que representam cinco lugares por onde o túnel se alterna. Como o Olimpo, só que quebrado!

– Espera, que bússola? Me responda!

Mas ele já se fora e tudo que pude ouvir foi um “deixe-me orgulhoso”, e logo depois Peter me sacudia.

– Marcy, levante!

Levantei-me zonza e percebi que o cristal estava em minhas mãos. Imediatamente guardei dentro de uma bolsa ao lado da cama. Cuido de você depois, pensei. Após o anúncio da madrugada e o anúncio do café da manhã, eu podia sentir os olhares piedosos dos outros campistas. Todos sabiam que um número perfeito para uma missão é três. Em cinco... Não daria certo. E eu tinha a sensação de que eu não voltaria.

E aquela profecia. Droga, detesto profecias. “Luz e trevas caminham juntas, a filha da magia mostra o caminho.” Eu tinha certeza de que eu era as trevas, mas e o resto? “No túnel do medo encontrarás o que procuras, corrente que une também o destino. Na escuridão total tudo se revelará e o traidor com lágrimas se ajoelhará.”

Enquanto tentava não pensar nisso, segui em direção ao chalé 13 para fazer as malas, Hezel chegou logo depois de mim.

– Oi – ela disse meio desanimada.

– Oi – disse no mesmo tom.

– Então – ela fez uma pausa –, missão, né?

– Pois é, os peões dos deuses agindo novamente.

– Me sinto culpada – ela falou. – Eu... Droga!

– O quê? Hezel, como assim?

– Ah, Marcy... – ela disse. – É complicado, sabe.

– Você está me escondendo algo – eu disse. - O que é?

– Só volte. Está bem? Volte. Quando você voltar, eu explicarei tudo.

– Vou tentar – prometi.

– E chute o traseiro de alguns monstros por mim – ela sorriu, mas não do jeito de sempre.

Depois que já estava tudo pronto, fui até o lago – de novo – e sentei- me debaixo de uma árvore. Alguns instantes depois, eu avistei John saindo do lago... Seco. Já me levantava para ir embora quando ele começa a protestar.

– Ei, espera aí!

– Hmm. Já estava de saída!

– Você tem me ignorado, me evitado e dispensado – ele disse. – Por quê?

– Hmm... Eu...

– Não, não. – ele me interrompeu. – Eu sei o que está tentando fazer. Está tentando me afastar, mas olha só, não vai adiantar!

– Olha só, eu não estou tentando te afastar – eu disse na defensiva. – Só evitar!

– Por que você não aceita o fato de que eu gosto de você? – ele perguntou.

– Eu só... Eu não preciso disso. Realmente não preciso.

Então ele me beijou. Pelo que pareceu ser uma eternidade. Como se a gravidade e o resto do universo de repente desaparecessem. Eu estava imóvel, sem reação. E o empurrei e saí gritando como uma destrambelhada.

– Que droga, John – berrei. – DROGA! DROGA! DROGA!

– O que...?

– Eu não preciso disso. Realmente não preciso.

– Do que você não precisa? – ele perguntou confuso.

– Não preciso DISSO! – eu respondi – Não preciso de mais um motivo pra odiar os deuses, a minha vida e o meu destino. NÃO PRECISO!

Saí bufando e pisando duro, com vários sentimentos fervendo ao mesmo tempo dentro de mim. Raiva, dúvida, medo, felicidade e infelicidade. Tudo junto e misturado.

Cheguei ao chalé 13 e todos os meus irmãos estavam lá.

– Hey mana. – disse Gee me abraçando. – Boa sorte!

– Valeu! – respondi

Abracei Cass e depois Alex. Luc logo depois.

– Tão... Pequenininha – ele disse me esmagando. – Como vai sobreviver sem mim?

– Vou tentar – eu disse.

– Eles vão ver o que acontece quando se mexe com a prole de Hades – ele sorriu e eu o acompanhei.

Nós meio que demos um abraço em grupo bem desajeitado e eu e Peter saímos. Matt, Helo e Ana estavam esperando por nós. Quando olhei para o chalé 3. vi John encostado na parede.

– Hmm, eu... Preciso fazer uma coisa – eu disse enquanto saía correndo.

Se eles protestaram, eu não vi.

Parei na frente do chalé e ele estava lá, com aquele mesmo olhar de confusão.

– Não acredito que vou fazer isso – eu disse.

– O quê?

Eu o interrompi colocando minhas mãos em seu pescoço e encostando meus lábios nos dele, dessa vez não estava tensa.

– Talvez eu precise de mais um motivo! – eu disse por fim.

– Eu concordo.

Não imaginei que a missão ia dar tão errado já no começo. Depois do nosso papinho com Hermes, voo para Chicago e monstros de 3 metros de altura, eu ia morrer vítima de uma queda de avião. Eu sabia que dois filhos de Hades voando de uma só vez não daria certo. Caíamos em direção ao mar. Peter, Matt, Ana e eu de mãos dadas para desacelerar a queda, mas não conseguimos pegar Helo a tempo. Ana estava com os olhos fechados tentando se concentrar, Peter gritava por Helo, Matt gritava... Porque essa é uma ocasião em que se grita. E eu só pensava em como sobreviver, resgatar Helo e amaldiçoar Zeus. Quinze metros. Eu pensava. Dez, cinco... Agora. Impacto. Má notícia: eu não sei nadar. Foi como cair em pedras, a dor invadiu meu corpo em segundos, nossas mãos já livres, tentávamos nadar e chegar à superfície. Notei que Ana não se movia, achei que pudesse ter desmaiado, mas notei que ela estava parada, imóvel, com os braços cruzados em forma de X em frente ao peito, de olhos fechados. Estava se concentrando. De repente, o feitiço deu certo. Um tipo de bola xósmica maluca saiu de dentro dela e cresceu até todos nós entrarmos dentro. Percebi que podia respirar lá dentro, e falar também.

– Ana – disse maravilhada –, isso é...

– Magnifico – concluiu Peter.

– Claro – disse Matt. – Mas Helo. Queda livre. Avião. Morrendo.

– Ai deuses, Helo – falou Ana.

– Certo, como isso anda? – perguntou Peter

– Assim – explicou Ana esticando os braços e com as mãos brilhando uma luz roxa.

Ela nos guiou pelo mar adentro procurando por Helo. Após cerca de cinco minutos, vimos uma figura estranha quase que boiando desacordada.

– Helo! – chamou Matt.

– Deve ter desmaiado – falei.

Ana chegou mais perto e colocou Helo dentro da Bola Cósmica Maluca. Ela estava desmaiada.

– Ambrosia – pedi.

– Espera. Bolsas. Onde...? – Peter dizia enquanto se tateava procurando pelos suprimentos,

– Hmm... Aqui – eu disse me tateando também.

– Droga. Perdi minha mochila – reclamou Peter.

– Tudo bem – Matt disse. – A maioria dos suprimentos não estava com você!

Peguei um pedaço de ambrosia na minha bolsa e reparei no cristal ainda lá. Não sabia se ficava aliviada ou apavorada.

– Coma – Ana murmurava para Helo enquanto lhe dava o pedaço de ambrosia.

– Caindo. Caindo. Caindo. – Helo disse ofegante quando despertou. – Morri. Morri. Morri.

– Você não está morta – resmunguei.

Ela recuperou o fôlego e encarou a Bola Cósmica Maluca. Ana explicou sobre o feitiço, então com Helo já a salvo, decidimos voltar para a superfície – pela graça dos deuses.

– Onde estamos? – perguntou Matt quando saímos da água.

– Evanston – respondi. – Eu acho!

– Como sabe? – Peter perguntou.

– Já estive aqui em uma missão – dei de ombros. – Com Will.

– Ah – ele murmurou.

Às vezes eu achava que Peter se sentia meio desconfortável em relação aos “feitos magníficos de William”. Quando chegara ao acampamento, constantemente era comparado a ele.

– Como iremos chegar a Chicago? – perguntou Ana,

– De ônibus – respondi – Chicago fica a uns trinta minutos daqui.

– Mas antes – disse Peter –, comer!

– Espera – falei de repente. – Quem é o líder dessa missão?

– Como assim? – perguntou Ana depois de algum tempo.

– Em toda missão há um comandante – expliquei. – Geralmente Quíron escolhe, mas ele não disse nada.

– Hum, que tal uma votação? – sugeriu Peter.

– Eu acho que deveria ser o Matt – falou Ana.

– Concordo.

– Concordo.

– Concordo – disse Helo rouca.

– Espera – protestou Matt. – Gente, não. Não quero, não sei liderar!

– Claro que sabe – falei.

– Está no seu sangue – completou Helo.

– Ótimo. – concluiu Peter – Problema resolvido. Vamos comer, estou com uma fome de leão.

Encontramos uma lanchonete depois de uma pequena caminhada. Ela estava vazia – o que era de se esperar, já era noite. Uma garçonete bonitona veio nos atender.

– O que vão querer? – ela perguntou avaliando um a um por um tempo um tanto longo demais.

– Hambúrguer – eu pedi e os outros me acompanharam. – Por favor.

– Espera – Matt disse olhando o cardápio. – Não há nada saudável por aqui?

A tal garçonete olhou para ele com um olhar de... Desejo?

– Salada? – perguntou

– Por favor – ele pediu.

Enquanto ela foi preparar os pedidos, demos uma olhadinha no localizador.

– Ainda aponta para Chicago – disse Helo.

– Certo – falei. – Quando sairmos daqui, nós pegaremos um ônibus e em 30 minutos estaremos lá.

– Se tivemos sorte – disse Ana.

– E não podemos contar com ela – concluiu Matt.

A garçonete chegou, e tinha mais três garçonetes logo atrás dela. As três novas garçonetes se sentaram atrás do balcão, nos encarando, e a garçonete número um trouxe a comida. Eu estava começando a ficar nervosa, com uma sensação estranha. Algo dentro de mim gritava: Perigo!

Enquanto comíamos, Peter dava sorrisinhos meio bobos, o que não combinava com ele. Matt estava aparentemente despreocupado e Ana, Helo e eu nos encaramos com cautela. Olhei de relance para a garçonete número um e percebi que fui burra demais para perceber antes. A imagem dela mudava como um holograma com defeito. Uma hora era a garçonete bonitona, outra era uma criatura com os cabelos em chamas, uma perna de burro e outra de bronze e garras afiadas. Empousai, pensei. Droga. Uma quinta empousa saiu de dentro da cozinha.

– Hum, gente – falei nervosa – Hora de ir.

Ana pareceu perceber também, mas cometeu o erro de gritar:

– Vampiras!

Elas emitiram um som, que pareceu um risinho.

– Comida! – a empousa número dois disse numa imitação da voz da Ana.

Tentamos correr em direção à saída, mas a empousa número cinco bloqueou a porta.

– Cinco semideuses de lanche – a empousa número um cantarolou.

As cinco fizeram um círculo ao nosso redor, sem deixar nenhuma brecha. Estávamos encurralados. Peter brandiu sua espada, mas ela foi pega antes que pudesse investir. Em alguns segundos, estávamos encurralados e desarmados. A empousa número cinco já começava a alisar os cabelos de Matt e inclinar seu pescoço para uma mordida quando eu disse:

– Ei, espera – todos olharam para mim. - Vocês não podem fazer isso assim!

– Do que você está falando, garota? – a empousa número um perguntou. – Não fique triste, você pode ser a próxima se quiser!

– Você não está entendendo – continuei com meu plano. – Sabe quem é esse garoto? – Apontei para Matt. – Esse garoto é um filho de Deméter, a grande Deméter, deusa olimpiana, uma das deusas mais poderosas. Acha mesmo que é digna de matá-lo?

– Ótimo, vamos matá-lo com mais dor, não gostamos dos olimpianos.

– E eu e meu irmão aqui – falei chegando mais perto de Peter. – Somos filhos de Hades, o grande Hades. Deus do submundo, Senhor Supremo das Profundezas, acha mesmo que seremos mortos por qualquer empousa?

– Vocês não querem ser mortos? – perguntou a empousa número dois visivelmente decepcionada.

– Ah não, nós teremos todo o prazer – eu disse. – Sabe, Ana é filha de Hécate, a mãe de vocês. Não podem deixar que ela morra nas mãos de uma empousa qualquer.

– É – disse Peter me acompanhando. – Somos preciosos demais para morrer pelas mãos de qualquer uma, queremos a melhor!

– Então – falei –, quem vai ser?

– Eu – disse a empousa número um. – Óbvio.

– Claro que sou eu! Você ficou com a última, Lola – falou a número cinco para a número um, que agora se chamava Lola.

– Eu sou melhor que todas vocês juntas!

– Eu que sou!

– Não, eu que sou!

Elas largaram as nossas armas e começaram e se estapear. Saímos de fininho e pegamos nossas armas. Eu já estava pensando que finalmente poderíamos sair livres quando a Lola - uma empousa chamada Lola? Sério? - percebeu nosso plano. Droga!

– Fugindo – berrou ela.

Antes que as outras se dessem conta, Peter enfiou a espada nas costas da empousa número quatro, que foi removida a pó. Menos uma. A Lola veio para cima de mim com suas garras e eu pulei para cima do balcão da lanchonete brandindo a espada. A empousa número cinco chegou gritando.

– Não. Ela é minha!

– Saia daqui, Justice!

Elas começaram a se embolar e eu aproveitei e desferi um golpe com a espada na horizontal, que para a minha surpresa atingiu as duas, que foram removidas a pó.

– Duas empousa numa espadada só – disse empolgada.

De relance vi quando Helo cravava a adaga na barriga na empousa número dois e Peter acabava com a última.

– Chicago – Matt murmurou ofegante e nós concordamos.

Pegamos o ônibus com tranquilidade, nenhum imprevisto. Descemos e paramos numa avenida perto da praia.

– Missão chegar a Chicago concluída com sucesso. – anunciei. – Próxima missão: caixinha para Tétis.


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Notas finais do capítulo

E aí, gente, espero que tenham gostado do capítulo. Até o próximo :3

P.S.: Aquela ideia da Helo é bem legal, eu apoio.