Tudo o que Sou escrita por Samantha Silva


Capítulo 5
Capítulo 05


Notas iniciais do capítulo

Desculpem não ter postado na sexta, mas acabei viajando de última hora e para onde fui não tive acesso a internet.
De qualquer forma, segue agora o capítulo. ;)



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O certo seria ir atrás de Minho para ajudá-lo com qualquer coisa que estivesse fazendo, mas se o amigo não deixou que o acordassem, talvez não fosse se importar por levar um pouco mais de tempo para aparecer.

Mesmo com raiva e revoltado com os joguinhos de Brenda, Thomas queria vê-la, queria estar com ela. Então, saiu perguntando a quem encontrava no caminho se sabiam onde ela estava.

Quando conseguiu encontrá-la, antes de se aproximar a observou de longe. Ela estava com Jorge o ajudando a traçar folhas de palmeiras que serviriam para formar cestos e cobertura para as cabanas.

Estavam sob a sombra de uma árvore a poucos metros da areia e do mar, ele estava estranhando o fato de Brenda não estar com as crianças, na verdade, vê-la com Jorge lhe tirou o pouco de coragem que tinha para se aproximar e tirar satisfações quanto ao recado que lhe deixara na noite anterior. Nada contra Jorge, só não queria ser observado enquanto bancava o indignado.

Posicionou-se de trás de uma árvore distante e ficou a olhá-los por um tempo. Pareciam animados, embora concentrados. Trocavam algumas palavras vez ou outra, as vezes, se encaravam e riam e isso atingia Thomas de uma forma que ele não conseguia entender. Estava incomodado, mas não era ciúme de Jorge, pois o sentimento entre ele e Brenda era nitidamente fraternal, então, o que o perturbava tanto?

Será que... Será que não estava gostando de ver Brenda feliz? Será que era mesmo tão mesquinho a ponto de querer que ela estivesse sofrendo e enlouquecendo por causa dele como ele estava por causa dela?

A resposta era sim e isso o fez sentir-se um completo idiota.

Virou-se para ir embora e ajudar Minho com algo, antes que se sentisse pior, quando alguém o chamou.

– Thomas? – era Jorge, então, olhou para ele, mas não se aproximou.

– Oi Jorge.

– Quer se juntar a nós? – o sorriso de Jorge estava exagerado e Thomas sabia que era melhor recusar o convite.

– Eu preciso ir até Minho, ele deve ter algum serviço para me dar.

Brenda abriu a boca para dizer algo, mas após a recusa de Thomas, desistiu e demonstrou nítido alivio. O que foi motivo suficiente para que ele mudasse de ideia.

– Se bem que vocês também estão trabalhando e ajudá-los já é fazer algum serviço, então, eu fico.

Enquanto caminhava até os dois, percebeu que estava nervoso, as mãos suavam e o estômago revirava-se.

– Sabe trançar essas folhas? – perguntou Jorge.

– Não, mas aprendo rápido.

Thomas sentou-se ao lado de Jorge, que estava de frente para Brenda. Ainda não havia olhado para ela, quando ela decidiu que precisava tirá-lo dali.

– Você não é o responsável pelas construções, pela caça ou algo mais útil?

– Não sou mais responsável por nada desde que chegamos a este lugar. Minho assumiu a liderança e costumo ajudá-lo, mas hoje ele me deu uma folga.

Brenda não disse nada e desviou o olhar. Thomas agradeceu, pois estava difícil sustenta-lo.

– E o responsável pelas construções, sou eu, muchacha. – Explicou Jorge com sarcasmo. – Mas hoje eu estou de folga e escolhi um serviço de mulherzinha para poder conversar com minha garota.

As palavras de Jorge fizeram Brenda lhe dar um chute na canela e retrucou apenas rindo.

Em pouco minutos Jorge ensinou Thomas a trançar as folhas e era isso que fazia, enquanto pensava em Brenda, evitava olhá-la e tentava entender por que ela não estava com as crianças.

E como se lesse seus pensamentos, Jorge o explicou.

– E essa aqui não está com as crianças, porque, como disse, a queria para mim hoje. Aí Julieta está cuidando delas.

Julieta? Thomas não a conhecia, mas não importava, ela estava com as crianças o que provava que Brenda não era tão indispensável como gostava de fazer parecer.

Mesmo evitando ao máximo, de vez em quando cruzavam olhares, mas desviavam em seguida e o clima descontraído que vira de longe, já não existia mais. Não importava o que Jorge dissesse, Brenda não demonstrava nenhuma reação, enquanto Thomas ria sempre. Jorge sabia ser divertido.

O tempo parecia passar lentamente, mas passava e depois de quase uma hora e da centésima troca de olhares com Thomas, Brenda se levantou, jogando as folhas que estavam em seu colo para o lado.

– Cansei! Vou ver se as crianças estão bem. – E saiu correndo para o meio das árvores.

Thomas olhava para onde ela tinha corrido até desaparecer, quando a voz de Jorge o despertou.

– Isso é culpa sua, muchacho, você sabe.

– Ah, claro! Parece que Brenda tem me culpado por tudo ultimamente. Esse comportamento dela já está me cansando. Cadê a pessoa decidida e corajosa que me ajudou a chegar a este lugar? Ela está parecendo uma criança.

– Não seja injusto, ela apenas não sabe como lidar com a história de vocês.

Thomas o encarou, a testa vincada de surpresa.

– Nossa história? Ela me evita há quase um mês. Como ela pode não saber lidar com isso? Não há história entre duas pessoas que mal se falam.

– A história antes daqui, muchacho.

– Hum. – Lembrou-se do tal recado noturno e sabia que Jorge estava certo.

– Entendeu?

– Sim, Jorge. Uma vez eu a disse que ela não era Teresa, nem nunca seria, mas agora a Teresa morreu e...

– E se ela não tivesse morrido?

– Mas ela morreu.

– Mas e se não tivesse, muchacho? E se ela estivesse aqui conosco, como seria a sua história com a Brenda? Porque é claro que alguma coisa aconteceu entre vocês, assim como aconteceu entre você e a Brenda.

– Sim, eu e Teresa nos beijamos e tínhamos aquele lance da telepatia, além de sentir que ela faz parte do meu passado. Mas entre eu e Brenda nada houve.

– Tem certeza? Você a vê como vê a qualquer outro aqui? Porque não foi o que eu vi no seu rosto enquanto estava atrás daquela árvore nos espiando.

– É que eu não sei explicar, é complicado.

– Sei que sim, Thomas. Você precisa pensar e ter uma resposta para isso. E é, por isso, que Brenda se afastou.

– Isso o que?

– Ela quer que você a procure, que você a escolha e não que você fique com ela, pois foi a que sobrou, por ser a resposta óbvia.

– Mas e nossa amizade? Eu nem sei se quero me envolver desse outro jeito com alguém, mas a amizade dela eu, com certeza, quero.

– E você sempre terá, mesmo que ela esteja distante, tenha certeza de que assim que precisar ela estará com você, mas ela gosta de você de um jeito especial e, inevitavelmente, espera mais dessa relação do que você pode dar, então, é melhor que se afaste.

– Eu preciso dela agora e o que ela faz? Corre de mim. A verdade Jorge é que não sei o que quero. Não me lembro da minha idade exata, mas tenho certeza que ainda sou jovem demais para fazer escolhas tão definitivas. Por que preciso tomar uma decisão? Por que eu e Brenda não podemos ser amigos e se um dia as coisas evoluírem, tudo bem?

– Porque ela já sabe o quer. Coloque-se no lugar dela. Você é jovem e ela também, mas os sentimentos não tem idade ou você os sente, ou não. Se está em dúvida é porque não a quer da maneira como ela te quer e nada pode ser feito quando a isso.

– Eu gosto dela. Realmente gosto de tudo nela, mas não consigo me livrar da sombra da Teresa. Não consigo deixar de pensar no que estaria acontecendo agora se ela tivesse cruzado o transportal conosco. Algo me diz que o Thomas que a conhecia antes do labirinto e da falta de memória, estaria com ela sem dúvida nenhuma, mas esse Thomas que sou agora, embora lamente perdê-la, sente que não a conhece, sente que além de Minho, sua única base neste mundo é Brenda e está entrando em parafuso por não tê-la por perto.

– Se é assim, a questão é simples, muchacho.

– Como isso pode ser simples, Jorge?

– Você só precisa decidir que Thomas quer ser.

– Quem dera fosse simples assim. Como vou saber que a falta que a Brenda me faz não é apenas como amiga? Como descobrir o que sinto?

– Bom, não conheço fórmula mágica e a resposta deveria lhe ser óbvia, mas se precisa de um teste, é simples também. Dê a ela o que lhe pediu.

– E o que seria?

– Beije-a.


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Notas finais do capítulo

Acho esse capítulo bem chatinho, porque tem mais conversa do que ação, mas o próximo ´um dos melhores. ;)



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