– Amor? - Ethan me chamou. Eu estava quase dormindo, mas, mesmo assim, sorri.

– Fala. - Estávamos na casa dele, deitados no sofá de conchinha.

– Vem mais pra cá. Você tá quase caindo. - Grudei minha mão na dele.

– Quer que eu grude mais em você porque eu to caindo? Só por isso?

– Eu to tentando deixar mais fofo.

– Tarado! - Ele riu e beijou minha bochecha. Ethan foi ficando sério e eu arqueei a sobrancelha.

– O que pretende fazer depois que assumir sua parte na empresa?

– O que você acha que eu vou fazer? Dar a louca e sumir no mundo? - Perguntei rindo e ele riu baixo.

– Não. Mas eu tenho medo que você faça merda sim. - Levantei e fiquei sentada no sofá. Olhei pra ele.

– Eu to pensando em vender. - Ele começou a fazer carinho na minha mão.

– Tem certeza? - Fiz que sim com a cabeça.

– Eu quero algo só meu. - Ethan sorriu.

– Pretende montar o que? - Dei de ombros.

– Pensei em uma loja.

– Quer entrar em concorrência com a sua mãe? - Ele perguntou risonho e eu ri baixo.

– Pensei em uma loja de sapatos, não de roupas.

– Você ama sapatos. - Sorri mordendo os lábios.

– Mas eu não sei como começar.

– Você sabe que vai precisar do seu pai pra isso, não sabe?

– Sei... - Deitei-me ao lado dele de novo, que me abraçou, nos deixando de conchinha. - Ou eu posso montar uma livraria.

– Se você não fosse pegar todos os livros pra si, até que daria certo. - Revirei os olhos e ele riu. Não falei mais nada e ele também não. O casalzinho do seriado estavam tendo uma DR. Fiz careta. - Por que todo filme de romance é assim? Eles brigam, se beijam no meio da briga, ela sorri e tudo continua as mil maravilhas?

– Porque filme romântico só serve pra iludir. - Ele beijou meu pescoço.

– Tudo bem que com a gente é quase igual. Tirando a parte das brigas, claro. - Ele beijou meu pescoço de novo. Me virei, ficando de frente pra ele.

– Não é tudo igual. - Respondi sorrindo.

– É sim. Você sempre sorri depois do beijo.

– Não sorrio não. - Ele me beijou. Sorri.

– Tá vendo? Você tá sorrindo. - O beijei de novo, dessa vez ficando por cima dele. - Sorriu de novo. - Ele sussurrou. Nos beijamos mais uma vez. Ele botou as mãos dentro da minha blusa e começou a fazer carinho nas minhas costas. Beijei o queixo dele. - Vai até embaixo?

– Vou. - Ele arregalou os olhos e eu ri. - Idiota.

– Tá brincando, né? - Beijei o peitoral dele.

– Não. - Senti algo perto da minha barriga e ri. O amigo dele tinha dado sinal de vida. - Já, coração?

– Cala a boca. - Ri de novo. Ele pegou na minha bunda e beijou meu pescoço.

– A gente tá na sala. - Murmurei. Ele deu de ombros.

(...)

– Segundo round? - Ethan perguntou no meu ouvido. Olhei pra ele.

– Eu tenho que ir pra casa.

– Dorme aqui. - Considerei a ideia, mas...

– Eu nem tenho roupa pra ir pra escola amanhã.

– Vamos mais cedo.

– Tá. Mas só se você me acordar com waffles amanhã. - Ele sorriu.

– Passo até geleia. - Sorri.

(...)

– Anne caralho acorda! - Que belo jeito de acordar a namorada.

– Bom dia pra você também. - Resmunguei. Ethan beijou minhas costas.

– Você vai se atrasar, meu anjo. Agora levanta. - Senti o Ethan levantar da cama. Afundei o rosto no travesseiro. Uns dois minutos depois, levantei. Fui pro banheiro e lavei o rosto. Ethan me entregou uma escova e escovei os dentes. Cheguei na cozinha e a mãe dele arqueou a sobrancelha.

– Por isso fez waffles? - Ela perguntou pro Ethan. Ele sorriu e respondeu:

– É. - Sorri também.

– Que fofo! - Dei um selinho nele. - Obrigada. E bom dia. - Falei pra ela.

– Bom dia. - Ethan começou a passar geleia nos waffles. Comecei a comer. Acho que a mãe dele não ficou muito feliz em saber que dormi ali. Após o café da manhã, fomos direto pra minha casa. Tomei um banho rápido e me vesti no mesmo ritmo. Enfiei tudo na bolsa e fomos pra escola.

– Sua mãe não se incomodou de eu dormir lá? - Perguntei pro Ethan enquanto dirigia.

– Acho que não. Não sei. Nenhuma namorada minha tinha dormido lá. - Me mexi desconfortável. Ele botou a mão na minha coxa e começou a fazer carinho.

Chegamos na escola e foi a mesma coisa de sempre. Algumas pessoas olhavam, outras cochichavam e as aulas chatas... Assim foi a minha manhã.

(...)

Assim que entrei no corredor dos quartos de casa, escutei a risada escandalosa da minha mãe. Abri a porta do meu quarto e, pela minha visão periférica, vi dois corpos do outro lado do corredor. Era minha mãe e um homem.

– Não sabia que você tinha uma filha. - Ele falou.

– Anne. Prazer. - Falei séria e ele sorriu.

– Benjamim. - Olhei pra ele do pé a cabeça. Ele não era o tipo de cara que minha mãe sairia. Entrei no meu quarto e me joguei na cama. Não é legal dormir apenas três horas. Não mesmo.

Acordei com o Brendon me ligando.

– Achei que eu te encontraria na loja. - Ele falou. Merda.

– Eu esqueci da loja.

– Jura? Nem reparei... - Revirei os olhos.

– Eles perguntaram alguma coisa?

– Sim. Eu falei que você não estava muito bem hoje na escola e que acho que você tá com uma gripe forte.

– Obrigada.

– To passando aí.

– Tá.

– Você tá meio morta hoje, Anne.

– Obrigada. - Levantei e fui até o banheiro. - Vou desligar.

– Não, espera. Quer que eu leve que filme?

– Sei lá, Brendon.

– Responde.

– Eu vou fazer xixi. Vai querer escutar?

– Nossa. Hoje a bicha tá difícil. Tá grossa. Pede pra Margo fazer bolo pra mim. Tchau. - Ele desligou. Me arrumei de um jeito decente e desci. O cara ainda estava lá.

– Anne, você se incomodaria se eu levasse sua mãe pra viajar? - Ele perguntou pra mim.

– Não. - Falei rindo. Eu agradeceria. - Só uma pergunta... Você trabalha em que? - Perguntei abrindo a geladeira.

– Sou dono de uma loja de carros.

– Margo, Brendon pediu pra você fazer bolo. - Ela me olhou risonha e eu soltei um riso baixo. - Benjamim, né? - Ele assentiu. - Sabia que minha mãe tá falida?

– Anne! - Ela berrou.

– Como assim falida?

– Não totalmente falida. Mas eu sei que ela vai ficar. Mas ela é esperta. Tá na sua cola já.

– Anne James!

– Oi, mãe! - Falei pra ela.

– É mentira, Ben. Anne faz isso direto! - Fingi uma gargalhada. Margo me cutucou. Fiz uma careta.

– Mousse de que? - Perguntei pra ela olhando pra geladeira.

– Maracujá. - O interfone tocou.

– Eu atendo. - Autorizei a entrada dele e fui abrir a porta. - Adivinha quem tá namorando.

– Você e o Ethan. Onde tá a novidade?

– Não falei de mim. É óbvio que estamos juntos. Falei da minha mãe.

– Deixa eu adivinhar... Rico? Tem o porsche do ano? Transaram a tarde inteira?

– A ultima pergunta eu não sei, mas as outras duas são verídicas. Quer dizer, pelo menos acho que ele tem um porsche.

– Tem. Tá lá fora. - Fomos pra cozinha. Brendon cumprimentou todo mundo. Minha mãe ainda estava com cara feia pra mim.

Margo tinha feito pipoca e estava começando a fazer o bolo. Eu e o Brendon fomos pra sala de vídeo.

– Tenho que te contar uma coisa. - Brendon disse enquanto eu ligava o DVD e colocava o filme.

– To com medo de saber.

– É sério. Pai da Jessica pegou a gente se beijando ontem.

– Vocês estavam quase lá? Digo... Ahn...

– Não foi um beijo de preliminares. Foi um beijo... Normal. Mas ela é filha dele. É óbvio que ele não gostou.

– Te expulsou de lá?

– Sim. Acho que vou ter problema com ele.

– Foi só um beijo. Daqui a pouco passa.

– Nunca passei por isso.

– Sempre tem a primeira vez. - Ele assentiu. - Uma vez a mãe do Brian pegou a gente. Não só se beijando. - Brendon riu. - Foi constrangedor.

– Imagino... Acha que eu devo pedi-la em namoro?

– Sei lá. Você quem sabe.

– Acha que ele vai me expulsar da casa dele de novo? - Ri.

– Para de viadagem, Brendon. Vai dar tudo certo. - Ele sorriu.

– Vai sim. - Dei o play no filme e assim passamos o resto da noite. Vendo filme, ele me enchendo o saco e nós dois comendo.