Aurora

 Meu primeiro grupo de oponentes surgem no extenso refeitório de NovaHead.

Ter o meu corpo de volta nunca foi tão fascinante. Movimentar-me livremente, esticando meus membros e em seguida repuxando-os de volta.

Os soldados chegam a mirar suas armas contra mim, e chego a sorrir pela súbita injeção de adrenalina. Salto sobre suas cabeças como uma ginasta, pousando as costas do grupo.

Minhas pernas enroscam-se no pescoço de um deles enquanto meus punhos golpeiam as faces de outros dois. Os quatro soldados restantes atiram e jogo o homem sufocado a frente deles, que cambaleia recebendo os tiros em meu lugar.

Estico meus braços e seguro as armas de dois deles, puxando-os bruscamente. Um deles é alvo de uma joelhada na virilha, enquanto o outro tem seu pescoço quebrado. A rapidez de meus movimentos deixam os últimos dois soldados estarrecidos. Sorrio pegando uma arma caída no chão e atirando em suas testas.

Faço uma varredura no ambiente, atirando nas cabeças de cada um para ter certeza que vão ficar mortos.

O próximo corredor se encontra deserto. Acelero o passo, meus pensamentos segundo para o restante do grupo. Neste momento eles estão em outros espaços do colégio, buscando desestruturar os vilões.

Espero que James e Ashley tenham feito contato com todos os heróis fora daqui.

— Aurora Clarkson. Mas que prazer.

À minha frente Caroline Miller sorri maliciosamente. Estreito meus olhos.

— Pensei que Lexi não tivesse ressuscitado você — digo calmamente, caminhando em sua direção.

— Não foi ela quem me ressuscitou — Caroline dá de ombros, se aproximando de mim também.

A raiva nos faz acelerar o passo desejando mais do que tudo destruir uma à outra. Com um grito, desfiro um soco contra Caroline, que se esquiva e tenta me golpear com um chute de 180 graus, o qual evito saltando para trás suavemente.

A loira para e percebo o que tenta fazer imediatamente. Seus olhos expressam confusão.

— Não posso mais ser controlada, vadia! — um soco no vidro que guarda a mangueira de incêndio e um machadinho para emergências. O alarme soa por todo o prédio.

— Eu não posso morrer — Caroline afirma enquanto giro o machadinho em minha mão.

— Veremos — falo sentindo-me extremamente vingativa.

Ela desvia do meu primeiro golpe e rapidamente consigo me defender de uma rasteira sua. Caroline é boa com seus golpes. Tendo feito parte da Liga das Sombras, seu treinamento valeu a pena para lutas corporais mesmo com seus poderes.

Contudo, Caroline não possui minha elasticidade. Ela não sabe o que posso fazer com meu corpo. E isso se torna minha vantagem por alguns momentos em nosso embate. Percorremos a extensão do corredor em uma luta carregada de golpes bem elaborados. Nosso nível é praticamente o mesmo, o que nos deixa exauridas.

— Não era para James ter se apaixonado por você — ofega Caroline, e agacho-me há alguns metros, suada. — Ele estaria bem melhor comigo!

Dou uma risada, dominando o machado enquanto fico de pé.

— Você não é digna de amor, Caroline. Nem ao menos de ódio — falo com desprezo, atiçando a raiva dela.

A loira avança contra mim furiosa, tão rápida que demoro a reagir. Isso me faz soltar o machadinho para poder me defender. E nessa fração de segundos Caroline me golpeia com um soco.

A intensidade do ataque me faz cambalear. Vejo de relance o brilho da lâmina e por impulso detenho. Estou prensada contra a parede com a minha oponente tentando fincar a lâmina em meu peito.

Estamos em um claro embate de força que me faz cerrar os dentes.

— Você não vai ficar com James! — a loira coloca força no cabo do machado, e sinto a lâmina raspar meu uniforme. Está a poucos centímetros de cortar minha pele... — Eu o amo verdadeiramente sua vadia! Eu passei por tudo com ele!

Suas palavras me fazem ter mais incentivo a utilizar o restante da minha força. Caroline cerra os dentes, irritada, prestes a me lançar novos insultos.

— Sua vida foi uma inteira mentira! — Ela ri nervosa, ainda atenta a força que eu exerço contra ela. — Uma merda de uma mentira! Seus pais eram uma mentira! Você é uma mentira! Acha que James vai continuar interessado por uma droga como você?

— Algo que você não consegue entender, Caroline — digo friamente, empurrando Caroline para trás, que arregala os olhos surpresa. Tenho o machado em mãos agora, e minha raiva me faz ofegar como uma leoa fora de seu habitat natural, sendo obrigada a lidar com um mundo completamente terrível. E essa é a sensação que me move quase todos os dias desde a descoberta da verdade. — É que o amor acaba curando todos os males que você estiver sentindo. O que James e eu temos você nunca entenderia.

A loira tenta me atacar, mas o machado golpeia seu ombro. Um grito deixa seus lábios com o sangue que escapa do ferimento, manchando de imediato a minha roupa e o resto de seu corpo. Determinada, puxo a arma do ombro de Caroline com força e meneando-o habilidosamente, insiro-o contra o pescoço dela, dessa vez arrancando-lhe uma espécie de grito contido, enquanto seu corpo cai no chão.

Puxo o machado, e em meio a raiva volto a acertá-lo contra diferentes pontos do corpo dela, sem calcular, apenas sentindo a vitória com o sangue que deixa seu amontoado de membros e circula pelo chão, criando traços indefinidos.

A vida já deixou Caroline há muito. Estou no décimo quinto golpe, quando o suor respinga da minha testa, e finalmente paro. Largo a arma como se fosse um animal asqueroso, o alívio ajudando-me a respirar finalmente.

Caroline Miller guarda em seus olhos o pânico de sua morte, a última sensação que tivera antes de partir. Consigo deixá-la para trás após um breve instante de silêncio. Nossos assuntos acabaram. Dessa vez, para sempre.