Just Friends escrita por Laia


Capítulo 36
Capitulo 36


Notas iniciais do capítulo

E ai meu povo, tudo bem?
Hoje não vou ficar falando :)



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–Por favor meninos – ela disse entre dentes. A animação havia sumido – Não me façam passar por isso.

***

–E por acaso você merece Rodrigo?

–Muito mais do que você!

Eu não podia acreditar no que tava vendo! Primeiro com o Caio, agora com o Rodrigo? O que raios ta acontecendo com esse menino? Eles tavam me disputando com um troféu!

–E baseado em que você fala isso?

–Edu – segurei seu braço, já rígido, os punhos fechados. Ele tava ficando nervoso. E eu odiava isso – para agora!

–Nem preciso me basear em nada! Olha só a diferença de nós dois, quem pode dar uma vida melhor pra ela? Não resta duvida...

–Que sou eu!

Os dois estavam se alfinetando como se eu não estivesse ali, ouvindo a disputa mais idiota do mundo! Até porque não tinha como comparar eles!

Pera? Dar uma vida melhor pra ela? Eles tão pensando o que? Que eu vou casar com algum deles?

–PARA OS DOIS! – entrei entre eles, pousando a mão no peito dos dois, estabelecendo um limite, que já estavam começando a se aproximar demais pro meu gosto. E mesmo correndo o risco de ser atingida de novo, achei melhor arriscar – Eu não to a venda e muito menos pra disputa! Chega os dois, AGORA! Rodrigo, vai pro seu lugar ta?

–Mas Manu...

–Vai!

Eu parecia uma mãe no meio de uma discussão pelo controle remoto.

Passei a vida toda sendo mãe de alguém, cuidando sempre dos outros. Eu tava cansada de ser mãe sem ter filho.

Ele me lançou um olhar de “lamento” que eu facilmente ignorei, me virando furiosa para o Edu.

–Antes de me matar, pelo menos escuta.

–Você sempre pede pra te escutar mas nunca sabe o que falar! Ta na minha vez! – respirei fundo, tentando me acalmar – Eu não vou te matar porque eu to tentando viver em paz sabe? Tentando ficar na minha, mas você não ta facilitando! Poxa Edu, a gente acabou de brigar, você se explicou, eu entendi e ficamos numa boa. Por um mês Edu... Mas saiba que a cada vez que você pisa na bola assim, a mínima chance de eu começar a levar em conta o que rolou mais cedo lá na escada vai acabando e falta isso aqui – encenei fazendo sinal com os dedos, mostrando o pouco que era – só isso pra eu desistir, pegar minhas coisas e ir embora.

Era mentira! Quer dizer, era verdade, tudo verdade. Menos a parte de ir embora. Eu não tinha onde morar. Eu ia pra rua por acaso? Não mesmo!

–Então vê se começa a pensar antes de me envolver nessas discussões tá? Começa a usar a sua cabeça, antes que eu comece a usar meu coração!

Me virei, pronta pra acabar com aquele papo. Mas ele não deixou.

–Manu – ele virou meu corpo, me deixando com o rosto quase colado, mas sem se tocar. Eu podia sentir sua respiração – Não vai me deixar vai?

Tinha um “por favor!” ali por trás, que eu fingi não perceber.

Aquilo nos olhos era... Não, não podia ser. Pera, era medo?

–Não – de forma alguma, mas eu não ia admitir, mesmo que meu lábio tenha tremido, me entregando – Pelo menos não agora.

Um mínimo sorriso fugiu.

–Promete de mindinho?

A voz saiu em um sussurro. Como eu podia sentir raiva com ele me olhando assim? Falando assim? Me tratando assim?

Tive que ceder.

–Prometo.

Juntamos os dedos, cruzando em seguida. Me apoiei no seu ombro, ficando na ponta dos pés para alcançar sua bochecha. Dei um beijo e disse baixinho também:

–Vai pra casa ta?

Ele só fechou os olhos e concordou, indo embora em seguida.

***

Pelo menos dessa vez, e repito o dessa vez, ela não gritou ou brigou pra valer comigo. Quer dizer, eu não sabia se isso era bom ou ruim.

“Gus?”

Enviar.

“Pois não?”

“É bom ou ruim quando se faz algo estúpido, mas não leva bronca?”

“Desde quando pede conselho pra mim?”

Gus seu idiota.

“Agora serio cara: o que tu fez dessa vez? Dane-se, não quero saber! Vindo da Manu? Acho que não deve ser bom, mas também não é ruim”.

Nossa, como ele ajudou...

E a voz dela ecoava na minha cabeça, repetindo sempre a mesma coisa.

“Falta isso aqui, só isso pra eu desistir, pegar minhas coisas e ir embora”.

Meu cérebro paralisou ao ouvir isso. Era algo tão improvável me imaginar morando sozinho agora, sem ela. Eu não queria isso. De forma alguma.

Engraçado como que por mais que eu gostasse da Rachel, eu nunca tinha me imaginado morando com ela, ou algo assim. Ela ia encher a casa de enfeites, a pia do banheiro nem teria espaço de tanto produto cosmético. Seria um pesadelo!

A Manu não. Quase não tinha decoração, e eram coisas tão simples, que nós mesmos fazíamos e colocávamos/deixávamos lá. Fotos e desenhos decoravam alguns lugares, uma ou outra coisa deixada pela Suzy... O que enfeitava de verdade agora eram os meus lápis coloridos pela mesa, ou os livros dela pelo balcão. O cheiro do seu perfume ou de provavelmente algo que ela tentou cozinhar e acabou queimando. Eu sempre fingia uma cara de “nossa, que delicia” mas a verdade era “mas que macumba é essa no meu prato?”. Tirando pratos que envolviam massa, ela era horrível na cozinha. A pia do banheiro só tinha o sabonete liquido, e ela fez questão de por uma daquelas prateleirinhas de vidro, para por xampu, sabonete e essas coisas. E tenho que admitir que gostei disso.

Sei lá, acho que não conseguia mais ficar sem a prateleira e o sabonete liquido... Quer dizer, claro que conseguia, mas ia ser tão ruim e tão estranho.

–Antes que possa começar a falar – ela já entrou falando enquanto tirava o jaleco e se jogava no sofá – não fale! Cansei de ouvir “eu lamento”. Pra um cara como você, é muita lamentação! E nem pergunte como foi com o Rodrigo! Do jeito que ele é, vai me dar um tempo pra poder me acalmar e depois comprar algo pra se redimir... Ele é perfeito – OPA! – Perfeito até demais! Odeio gente perfeita... – EBA – São o pior tipo... Sempre tentando fazer tudo certo e bla bla bla. Não tem como não gostar! E ai eu não consigo dizer não... Droga, não ta fazendo sentido isso né?

Não estava fazendo sentido nenhum mesmo, mas eu nem liguei.


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Notas finais do capítulo

Entaaaaaao?
Até o próximo e obrigada pelos peixes :)
Ps: Guia do Mochileiro again aqui u.u