POV Ally

Depois que nós saímos de casa, eu estava radiante. Eu tenho pai! Eu tinha que admitir aquilo faz tempo, mas não tinha coragem de chamá-lo assim. E já estava mais na hora. Eu e Austin demos um jeito de eles saírem sozinhos, e nós fomos de carro para a praia. Entramos na loja de surf e eu me admirei com um biquíni preto que estava no manequim. Vesti-o lá mesmo e sai da loja com as minhas peças de roupas na mão. Eu fiquei com muita vergonha de estar daquele jeito na frente de Austin, e para pior ele não tirava os olhos de mim! Olhava de cima a baixo e quando via que eu percebia que ele estava olhando disfarçada.

Ele alugou uma mesinha, eu sentei e ele foi surfar. Ele surfa muito, mas muito bem! Fiquei pasma com as suas manobras. Um garoto chegou perto de mim e se apresentou.

–Oi eu sou Jake.

–Ally.- respondi sem jeito, mas a todo momento eu olhava para onde Austin estava.

–Você tá aqui tão sozinha, posso te fazer companhia. - ele disse e se sentou ao meu lado. Eu não falei nada, e Austin já vinha em nossa direção. Ele cravou a prancha na areia com tanta raiva que eu me assustei, mas não foi isso que me preocupou. Foi o jeito que o garoto tratou ele. Eu não sabia se Austin era de brigar, mas ele com certeza tava perdendo a paciência. Jake ficou provocando ele tocando em mim. Eu tava com nojo daquele imbecil. Austin o mandou parar, e ele provocou mais ainda. Num súbito Austin jogou ele da cadeira direto para a areia. Eu fiquei embasbacada. De onde ele tirou aquela força? Ele literalmente levantou o garoto da cadeira e o jogou no ar, bem longe. Depois que uns caras tiraram o idiota de lá, eu pedi desculpas para Austin, e ele me disse para não confiar em ninguém de primeira impressão.

Pedimos água de coco, e ele tentava me animar. Mas eu tava triste por fazer ele passar por aquilo, eu não queria causar briga pra ninguém. Porque eu dei cabimento aquele estúpido? Ally burra! Tudo culpa sua!

–Ally, não precisa ficar assim, não foi culpa sua. A culpa foi desses idiotas daqui de Miami, que acham que são os reis, e que todas as garotas devem estar aos seus pés. Mas eu sempre estarei aqui para te defender pequena. – pequena? Awn que fofo! Que apelido mais lindo, e humilhante, ele precisava lembrar que eu era baixinha?

–Eu acho que você além de protetor é vidente, eu estava pensando nisso agora mesmo. - ele riu

–É eu tenho meus encantos. – disse dando ombros, e sorrindo, dei língua para ele.

–Convencido!

–Linda! – ele disse e acho que se arrependeu, porque ficou vermelho como um tomate, acho que eu estava só duas tonalidades de vermelho depois.

–Você também é. – completei envergonhada

– Vem vamos pra água. - ele saiu correndo me puxando, e eu só fazia rir.

Mas quando a água chegou na altura dos meus joelhos eu paralisei. Eu me lembrei que eu não sabia nadar! Austin virou e me viu parada.

–Você não sabe nadar né? – ele perguntou

– tá tão óbvio assim? – eu disse

–A sua cara de pânico te denuncia. – ele riu. – Vem eu não vou te soltar. – e estendeu a mão para mim. Eu a peguei e nós fomos caminhando para dentro do mar. Eu estava em pânico mesmo. A água já estava na cintura de Austin, e quase no meu pescoço. Eu me segurei no pescoço dele. Tá eu estava com vergonha, mas eu não ia me afogar de jeito nenhum!

–Pra quem tava morta de vontade de entrar na água ontem você tá com muito medo não Ally? – ele perguntou sorrindo. Entendi o recado e me soltei dele. – ei, eu disse que você tava com medo, e não que era pra me soltar. – ele pegou meus braços e colocou em seu pescoço novamente, e apoiou suas mãos em minha cintura. Aos poucos eu fui relaxando e fui curtindo mais ainda com medo. Austin a todo o momento ria, e nós nos divertimos muito.

–Acho que já tá bom da gente ir comer alguma coisa, você tá morrendo de frio Ally – ele disse rindo.

–Tá bom vamos então.

POV Austin

Tão lindo ela com medo da água! Nos divertimos muito e eu sugeri que nós fossemos comer alguma coisa, ela saiu da água praticamente pendurada em mim e eu amei isso. Nós comemos no quiosque, e do nada começou a chover, quando eu vi já eram duas horas da tarde!

–Ally vamos ta chovendo, que tal a gente passar numa locadora e comprar um filme?

–Tudo bem, mas eu faço a pipoca! – ela disse animada

–Tá certo, eu ia perguntar se você não ia fazer mesmo. Porque eu não sei. - ela riu

–Então vamos.

Na locadora foi uma discussão, eu queria filme de terror, e ela tem medo, e queria filme de romance, isso é filme de menina! Ficamos naquele impasse até que concordamos em assistir Um amor pra recordar. É ela com aqueles olhinhos castanhos, ganhou.

Chegamos em casa e nossos pais ainda não tinha chegado. A chuva tava grande, e o frio nem se fala. Fui pro meu quarto tomar banho, e ela também foi pro dela.

POV Ally

Eu consegui! Uhuh ele queria filme de terror vê se pode! Aqueles monstros horríveis, ou aqueles zumbis cheios de sangue... Mas de jeito nenhum eu ia assistir aquilo! Eu amo filmes românticos, com amor, beijos e etc... E foi esse que levamos, Um amor pra recordar, faz tempo que eu não assisti, nem me lembro muito dele. Fui pro meu quarto, tomei banho e coloquei meu blusão preferido, ele é meio folgado. É listrado de branco e rosa. Coloquei um short simples, e meias. Meus pés estavam muito frios, fiz um coque frouxo, e eu escutei Austin correr e gritar do corredor:

–Vamo Ally- eu quero pipoca!

–To indo! – gritei de volta. Olhei para a cama e o meu edredom me chamou. Peguei ele e o travesseiro e desci.

Coloquei o Lençol e o travesseiro no sofá e fui pra cozinha. Austin já tava lá.

–Vai me ajudar? – ele vestia um moletom cinza e tava de bermuda preta.

–Vou sim sou muito prestativo, - ele piscou pra mim- você faz a pipoca e eu como. - ele gargalhou

–Muito engraçado palhaço! – ele riu – eu faço a pipoca e você faz o chocolate quente.

–Tá madame.

–E faça logo Jarbas. – eu ri

Cuidamos em tudo e fomos para a sala, ele colocou o filme. Eu puxei o puff grande da sala e apoiei meus pés nele, me deitei e me cobri. Austin se deitou do mesmo jeito que eu só que ele não tinha cobertor.

–Tá muito frio, vem! – eu o chamei para mais perto. Ele sorriu e ficou ao meu lado, ele se deitou e eu fiquei com a cabeça em seu peito sentindo o seu perfume. Ele me abraçou, seu pé tava muito frio, e ele esquentava o dele no meu, que por sinal tava de meias. Eu estava nas nuvens. Meia hora de filme, e a pipoca já tinha acabado, notei que no começo Austin não queria muito assistir, mas depois ele nem piscava, estava mas concentrado do que eu. A chuva ficou mais forte, e o frio aumentava cada vez mais. Nós estávamos ali grudados um no outro, mas sem falar uma palavra, foi aí que a cena que eu mais gosto do filme chegou. Eu já sabia que ia chorar. Quando ela conta a Lendon que tem leucemia.

–Ally o que houve? – ele se sentou e perguntou preocupado

–Não é nada, é que esse filme é uma história de amor muito linda. – eu disse chorando – e é difícil encontrar um amor desses na vida real. – ele me olhava, e eu não consegui identificar sua expressão porque eu paralisei naquele olhar. A esse momento eu já estava sentada também.

–Não é que seja difícil, é que às vezes ele está tão na nossa cara e a gente demora a perceber e ele acaba indo embora. – (Play na música Galerinha!) ele disse sem tirar os olhos dos meus. Chorei mais ainda com o que ele disse, eu já sabia que não era difícil, pois ele estava ali comigo. Eu só não tinha coragem de dizer.

Ele limpou calmamente as lágrimas do meu rosto, colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Eu levantei a cabeça para olhar para ele, e aos poucos fui parando de chorar. Estávamos sentados um de frente para o outro, muito próximos. Ele me olhava profundamente. Por dentro de mim, as borboletas faziam a festa. Era como se eu esperasse por esse momento por toda a minha vida. Eu estava tão feliz que as lágrimas caiam no meu rosto de felicidade. Então ele foi se aproximando mais e mais até que poucos centímetros nos distanciavam. Ele acariciou meu rosto, e eu me concentrei em seu olhar, Nele eu vi ternura, Amor, carinho e também desejo. Mas também não tive como deixar de olhar para a sua boca que tanto me chamava naquele momento. E finalmente nossos lábios se encontraram. No começo foi apenas um selinho calmo, minhas lágrimas molhavam nossos rostos, Até que o selinho virou um beijo apaixonante e cheio de amor, eu me senti no ápice da felicidade. Minhas mãos foram de encontro ao seu cabelo o puxando mais para mim. Eu estava nervosa, pois não tenho muita experiência. Uma mão sua estava na minha nuca e a outra na minha cintura, me puxando ainda mais para ele, nossas línguas em uma sincronia perfeita. Como se nós já tivéssemos nos beijado várias vezes. O beijo tornou-se cheio de desejo, quando o ar nos faltou, nos separamos e nossas testas estavam coladas, a respiração de ambos descompassada. Nos encaramos por um momento, sua boca estava avermelhada, ele sorriu pra mim, voltamos a nos deitar, ele me apertou contra seu corpo, e ficamos ali, a chuva castigava as telhas, e o frio era grande. Mas o corpo de Austin me esquentava. Ficamos calados, até que eu disse.

–Tem razão Austin, mas ainda bem que eu não demorei tanto para perceber. –Ele me olhou e seus olhos brilhavam.

– Nem eu Ally, nem eu. E é por isso que eu não vou deixar ir embora. – Ele beijou o topo da minha cabeça, e depois desse momento perfeito em minha vida, o meu primeiro beijo foi inesquecível, com esse pensamento eu adormeci em seus braços.