Quando chegamos no hospital, não pude entrar, então fiquei esperando em uma sala sozinho. Depois de um tempo fui liberado para entrar. Ela estava deitada em uma cama coberta e o Júnior estava do seu lado chorando. Apenas me sentei em uma cadeira de plástico e eu realmente estava segurando meu choro.

– Ela teve outra crise. Júnior disse

– Como assim?

– Ela não te falou né?

– Não.

– Crises bipolares, eram mais freqüentes. Fazia quase dois anos que ela não tinha uma.

– Ela vai ficar bem...

– Vai... Mas ela é apenas a minha irmãzinha! Ele gritou e derrubou várias coisas que estavam em cima de uma mesinha enquanto chorava. Eu segui para dar apoio com um abraço, mas ele saiu da sala antes. Eu me sentei na cadeira que eu estava antes. Depois de um tempo, Ana entrou na sala e disse que ia levar ele para casa e pediu pra mim ficar lá com ela.

Depois de umas boas horas de tédio, ela finalmente acordou e me viu sentado ao lado dela.

– A quanto tempo eu estou aqui?

– Há umas doze horas.

– O Júnior ta aqui?

– Ele surtou e por isso foi pra casa.

– Entendi, a quanto tempo você ta aqui?

– Desde a hora que você chegou, é melhor você comer um pouco. Apontei pra uma bandeja de comida que estava em cima de uma mesinha ao lado da cama.

– Não quero, pelo menos agora não. Quando eu saio daqui?

– Não sei... Mas assim que você sair voltaremos à cidade.

– Entendi...

– Come, é sério!

– Não quero.

– Mas você precisa...

– Eu não quero!

– Eu dou a comida pra você então! Me levantei e peguei a bandeja.

– Eu não quero!

– Só um pouco, sério!

– Ta bom... Coloquei uma colherada de sopa na sua boca.

– Eca! Ela cuspiu a sopa no chão. - É horrível!

Provei um pouco e concordei que era.

– Você tem dinheiro ai?

– Tenho, por que?

– Vai lá no corredor e compra algo pra mim naquelas maquinas. Por favor!

Me levantei e comprei um suco de caixinha e um salgadinho e entreguei pra ela.

– Quer um pouco? Ela me perguntou.

– Não... To sem fome.

– Sério, só um pouco.

– Não quero, agora come.

– Não vou comer então!

– Ta bom então, eu como. Ela encheu minha boca de salgadinhos.

Uma médica entrou na sala nesse momento.

– Você vai ser liberada em poucos minutos. Por acaso ele é maior de idade? A médica apontou pra mim.

– 17 anos serve?

– É, pode servir. Termine de comer isso e não saia daqui enquanto eu não voltar.

Ela terminou de comer no exato momento.

– Ah, então o rapaz assina aqui e você está liberada.

Eu assinei e saímos do hospital