O Coração da Rainha escrita por Ami


Capítulo 9
Meu Sangue, Sua respiração


Notas iniciais do capítulo

Gentemmm, mais um capítulo gatíssimo pra vocês!
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/454225/chapter/9

– Você pretendia assassinar meu filho! - o rei deu uma bofetada em Catherine, para espanto de todos. Catherine colocou a mão no rosto.

– Como pode pensar isso de mim, Henry?

– Dentre todas as pessoas que conheço, você é a única que odeia o meu filho!

– Papai, pare! - Francis interveio, abraçando sua mãe.

– Saiam da minha frente!

– Meu amor, não sabemos se foi ela – minha mãe segurou o braço do meu pai. Francis levou Catherine embora com a mão no rosto e o orgulho totalmente acabado.

Anne chegou, dizendo que não encontrava o médico. Nostradamus se compadeceu das minhas lágrimas e disse a ela:

– Ele estava atendendo uma cozinheira que se queimou. Procure lá – então veio até Mary - Vamos levá-la ao quarto. Traga-a!

Peguei Mary no colo e levei-a até o seu quarto. As amigas acompanharam-na, gritando, reclamando, amaldiçoando. Deitei Mary sobre a cama e as amigas dela limparam seu sangue.. Nostradamus demorou a chegar, mas trouxe consigo umas ervas estranhas.

– Está louco se pensa que permitirei que a envenene mais!

– São ervas para causar vômito! - ele começou a amassá-las na cuíca e mandou que Lola trouxesse água quente.

– Mary, meu amor – acariciei o cabelo dela – Eu vou ter que aceitar a ajuda de Nostradamus, não posso aceitar perdê-la. Tenho que correr o risco.

Kenna ficou me ouvindo, fez uma expressão indiferente e até meio azeda. Não importava. Podia ser minha despedida de Mary e eu tinha de tocá-la, tê-la comigo por aqueles momentos. Kenna limpava o sangue do rosto de Mary e de sua boca.

Lola chegou com água fervento e Nostradamus derramou-a na cuíca, misturando e colocando na boca de Mary.

– Se ela morrer... Eu vou matá-lo! - segurei a mão de Nostradamus e apertei com uma força que o fez soltar a cuíca vazia.

– Ela vai morrer com certeza se não fizermos nada – o sábio disse – Com meus remédios, talvez haja a menor chance – ele apontou para a taça do noivo – É papoula. Por sorte ela ingeriu pouco.

Ele derramou na boca de Mary.

– Por favor, deixem-nos.

– Não vou fazer isso.

Minha mãe veio ver como estava Mary. O rei deveria estar muito ocupado encontrando o culpado.

– Nostradamus e eu cuidaremos dela – minha mãe puxou meu braço para longe do rosto de Mary. Seu belo e pálido rosto, seus cabelos espalhados no travesseiro, seus lábios entreabertos. Minha Mary estava em seus últimos momentos e eu tinha que abandoná-la? - Você está dando nas vistas, Bash! Nostradamus vai salvá-la. Confie.

Fui enxotado para fora do quarto. Se minha presença ali atrapalhava a recuperação de Mary, eu tinha que me afastar. Eu faria tudo por ela.

– Isso é sua culpa! - Aylee me empurrou – A caneca era para você, não para ela? Por que tinha que dar a ela?

– Está dizendo que a culpa é minha?

– Sim, seu maldito bastardo! - Aylee foi para o seu quarto, entre prantos e soluços.

– Por que deixa ela falar assim com você? - Kenna me perguntou. Sentei-me ao lado dela e encostei a cabeça na parede, olhando para cima.

– Porque ela não mente. Eu sou um bastardo.

Kenna me deu um lenço branco de rendinhas que guardava no bolso. Sequei minhas lágrimas. Não era suficiente. Coloquei meus cotovelos apoiados em meus joelhos e cobri meus olhos. Fiquei ali chorando. Kenna pôs a mão no meu ombro e disse:

– A vida tem dessas coisas. Tem desses amores impossíveis.

– A vida é uma droga – continuei chorando sem perceber. Meu peito estava dilacerado. Sangrava por dentro com esse amor que não me deixava viver. E minha Mary estava entre a vida e a morte no meu lugar. Eu devia ter bebido aquele vinho, devia ter bebido o copo todo para deixar Mary em paz, vivendo feliz. Eu daria minha vida para que ela vivesse. Assim como minha mãe fez por mim.

Passaram-se as horas. Anne tinha trazido o médico, faziam o possível.

– Mary vomitou o veneno, mas não sabemos em que ela pode ter sido afetada. Talvez não acorde nunca mais.

Kenna rompeu em prantos. Meu pai chegou, meu pai conhecia minha tristeza, embora não conhecesse o motivo, e me abraçou. Francis também veio do quarto de Catherine. Devem ter tido uma acalorada discussão. Meu irmão tentou entrar no quarto, mas Nostradamus não deixou, também. Mary e eu tínhamos nos despedido com palavras, apenas.

– Como ela está? - meu pai perguntou a minha mãe.

– Ela vomitou o veneno. Talvez sobreviva. Talvez não tenha forças. Ela teve alguns espasmos e tremeliques, mas já foi contida. Ela não vinha se alimentando bem e isso a está prejudicando.

Oh meu Deus. Eu podia fazer alguma coisa.

Puxei minha mãe pelo braço e lhe disse:

– Mãe, sabemos o único jeito de Mary sair dessa.

– Do que está falando?

– A senhora sabe. Eu sou um deles. Só eu posso fazer isso.

– Não, meu filho, eu te suplico – ela segurou minha mão – Sei que ama Mary, mas as coisas estão seguindo seu curso. Não tente mudar a história, meu filho.

– Eu tenho todo o direito de mudar a história, mamãe – beijei a testa dela – Obrigado por tudo.

Enquanto eu selava um cavalo, ela tentava contra-argumentar.

– Por favor, Bash, não faça isso! Eu te imploro! Eu te rogo, não vá! - ela se ajoelhou e agarrou meus pés.

– Mãe... É a mulher que eu amo – entreguei a ela o anel que Anne me deu – Diga a Anne que a quero muito bem – subi no cavalo e abracei o vento. Tudo que estivesse ao meu alcance para salvar minha amada Mary, eu faria. Tive que dizer adeus a tudo e a todos. Melhore, minha Mary. Case-se com Francis e tenha lindos filhos. Continue sendo a melhor rainha que esse mundo já viu! Adeus.




Mary




Acordei no meio da madrugada. Nostradamus estava cochilando e me viu. Deu me água rapidamente, eu estava sedenta. O médico real e seus enfermeiros também estavam ali do lado. Não lembro nada do que aconteceu. Nada, exatamente nada.

Diane estava ali sentada, ainda chorosa. Eu me perguntava o porquê. Ela não gostava tanto assim de mim. Nostradamus chamou todos para que viessem me ver aos poucos. Diane viu que eu estava bem e foi embora.

– Mary, eu pensei que fosse morrer! - Francis beijou minha mão – Que bom que está bem.

– Estou me sentindo cansada. Sinto-me fraca. O que aconteceu?

– Você foi envenenada, Mary – ele revelou, encostando nossas testas.

– Por quem?

– Recupere-se primeiro.

– Por quem?! - insisti, irritada.

– É melhor vocês se retirarem – pediu Nostradamus – Ela está cansada, passou por muitas coisas.

– Onde está Aylee? - perguntei, aflita.

– Eu conto pra ela – Kenna falou – Eu a conheço, sei como falar - Todos saíram da sala, restamos Kenna e eu - Mary, Aylee foi pega fugindo com as papoulas – Kenna me olhou com firmeza – Não era intenção dela envenená-la, mas foi o que aconteceu.

Vinho nos meus lábios.

Taça no chão.

Sangue espalhado na roupa.

Escuridão.

Pesadelos.

– Você dormiu por dois dias, Mary – Kenna acariciou meus cabelos – Acordou como que por mágica. Eu agora acredito em mágica.

– Quem Aylee queria envenenar?

– O Bash.

Fiquei apavorada.





Bash





– Você tomou sua decisão, não pode voltar atrás – o cabeça de alce lhe falou.

– Eu não vou – disse Bash.

– Você fez sua meditação nas cascatas e derramou seu sangue sobre o altar. Você salvou a vida de Mary, agora é um de nós por vontade própria. Você nega isso?

– Não...

– Então venha olhar – eu fui até a fonte de água. Lá estava Mary, com suas amigas na cama, rindo – Você pode voltar, se quiser.

– Posso? - perguntei. Achei que ele queria minha caveira.

– É claro que sim – ele falou – Mas lembre-se que o que os pagãos dão, os pagãos tomam de volta. Uma vida por outra. Você aceita isso? Matar alguém pela Mary?

– A quem devo matar? - perguntei.

– Você já matou.

Eu, no princípio, não entendi muito bem.

– Muito bem – disse ele – Mas a maldição ainda está sobre a sua cabeça.

Eu não me importava. Desde que a Mary estivesse bem. Talvez eu fosse sentenciado a morrer. Não me importava.

– Tem certeza de que quer voltar? Não te fará bem ficar perto dela.

– Não consigo ficar longe – era horrível ter todas as ações subjugadas por um sentimento. Horrível. Mas eu não conseguia evitar. Eu era o eterno vassalo de Mary.

– Tocante – ele disse, sem muita emoção.

– Vocês não tinham planos para mim?

– Seu futuro já está escrito nos tecidos da vida. Você é parte de nós e nunca poderá negar isso. Até mais.

Eu havia ficado com eles.

Cavalguei a noite inteira, louco para me entregar aos braços da minha amada. Minha Mary, estou chegando! Estou chegando pra você, Mary!

Quando voltei, a primeira que visitei foi minha mãe. Ela me abraçou, dizendo:

– Graças a Deus! Como orei para que voltasse, filho!

– Mãe, alguém morreu?

– Claro que não! - ela falou – Na verdade, sim. Aylee, a amiga de Mary foi encontrada com as papoulas.




– Clemência! Clemência! - ela gritava ajoelhada em seus trajes imundos de lama, diante do rei.

– Você tentou matar o meu filho! Não haverá clemência!

Ainda entre os berros, ela teve sua cabeça cortada fora. Não houve arrependimentos. O corpo foi queimado e os pais vieram chorar sobre seu corpo. Foi horrível. O coração do rei não soube ser piedoso.




Minha mãe contou.

– E então? Como fez para voltar vivo?

– Eles não me cobraram nada, mãe.

– A mim também não – ela se afastou, sentando-se na escada – Filho, se afaste de Mary - Minha mãe chorava – As coisas que está fazendo por ela estão te levando a um lugar de onde não há volta.

– E eu faria de novo e de novo.

Minha mãe suspirou. Fui até meu quarto e peguei a passagem até o quarto de Mary. Ela estava deitada na cama, lendo um livro. Quando me viu aparecendo, deu um pulo da cama.




– Quem Aylee queria envenenar? - perguntei.

– O Bash – Kenna falou e fiquei apavorada.

– Quem é Bash?

Mary me estranhou. Não entendi.

– Quem é você e como entrou no meu quarto?!

Mary não se lembrava mais de mim...






Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vocês acham que o Bash fez por onde para receber isso?
Comentem, amoras :*