O Coração da Rainha escrita por Ami


Capítulo 1
O Amor Que Tu Me Tinhas Era Pouco


Notas iniciais do capítulo

Deixem comentáriossss! Minha primeira fic sobre Reign e espero que gostem!



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França, de novo. O piáculo do luxo e da riqueza na Europa. Na zona nobre, é claro. Eu amava o meu povo, embora nem soubesse exatamente o que aquilo significava. Eu ainda sou uma menina. Uma menina com o mundo nas costas. E pior, nem sequer achava isso estranho.

Eu tinha que me casar com Francis. Bom partido, minha idade, loiro, inteligente, embora as duas coisas parecessem opostas, como meu tio dizia.

Mas não eram de Francis as maiores lembranças que eu tinha.

– Tome, Mary – o pequeno Bash me deu uma pequena coroa de flores bagunçadas que ele tinha feito. Tinha bochechas grandes, era gorduchinho, mas era corajoso.

– Bash, está horrorosa – falei, devolvendo – Você tem que entrelaçar as flores, elas estão estranhas. Coloquei uns raminhos de alecrim e sorri. Uma bela coroa de flores.

– Como você é chata! Reclama de tudo que eu faço! - o pequeno Bash trazia sempre consigo uns biscoitos. E comeu um. Sempre os comia quando ficava chateado.

– Não, tudo bem – dei um sorrisinho pra ele e coloquei a pequena coroa – Como estou?

– Está... linda – ele virou o rostinho gordinho. Os olhos de Bash eram invejáveis. Mas ele era muito gordinho, tadinho. Eu sorri para ele. Mesmo sendo gordinho, ele era a melhor companhia do mundo. Francis queria ser importante, queria ser o príncipe, não tinha tempo para nossas besteiras de caçar borboletas e molhar os pés na lagoa.

– Temos que ir embora, porque... - gritei.

– O que houve, Mary? - Bash largou o precioso biscoitinho para me salvar. Um grilo tinha pulado no meu ombro. Bash retirou-o dali com um peteleco.

– Meu heroi – beijei a bochechinha dele. Bash ficou tão vermelho que desmaiou.

Fiquei rindo. Com certeza Bash e eu voltaríamos a ser grandes amigos. Adorávamos desbravar o mundo e o castelo. Gostávamos de aventuras. Francis nem sempre nos acompanhava. Eu era rainha e ele era muito mais atarefado, mesmo sendo apenas um príncipe. E eu aproveitava aqueles bons momentos. Contava de como uma vez Bash e eu fugimos de uma raposa louca na floresta para as irmãs no convento. Elas me perguntavam do Francis, adoravam ouvir falar do Francis, pelos boatos de sua beleza. E eu ficava constrangida de não saber muito. Mas contava o que sabia e inventava um pouco.

De volta à França. Desci da carruagem. Vieram o rei, a rainha, a amante e os filhos deles. Reconheci Francis de longe, mas o resto não sabia quem era. O rei era careca, como assim? Todos imaginavam o rei da França como um rei gordo, sujo e fedido. Mas não aparentava ser assim. Só tinha uma cara estranha de Imhotep, o Faraó. Cumprimentei-o do jeito que me ensinaram, cumprimentei Catharina de Médici, que mulher gloriosa. Era chique, linda e bem-sucedida. Cumprimentei a galera toda, falei com os desconhecidos e fui para meus aconchegos.

Tomei um baita banho, as criadas esfregaram minhas costas, lavaram meus cabelos. Comemos torta de frango, eu adooooro torta de frango. Com suco de uva, não bebo vinho.

Ouvi alguém batendo na porta e permiti que entrasse, eu estava faminta.

Era um rapaz que não sabia quem era.

– Mary? - ele me chamou. Era um insulto se dirigir a mim sem um título na frente. Eu sou rainha e a única pessoa que não deve se curvar a mim é o rei da França.

– Eu lhe conheço? - perguntei, altiva.

– Sou eu, Mary! Bash! - ele abriu um imenso sorriso.

– Bash? - eu ri – Impossível. Bash não passaria nessa porta. Aliás, onde está Bash? Senti saudades dele.

– Mary, sou eu!

IMPOSSÍVEL!

Não. O Bash já deveria ter ultrapassado a primeira tonelada àquela altura do campeonato. Esse rapaz tinha cabelos escuros, olhos reluzentes, olhos de ressaca. Era atlético, forte. Levantei a camisa dele, de sobressalto, fazendo-o arregalar os olhos.

– Nenhuma estria? Alguém tire esse impostor daqui! - bati palmas e os guardas iam agarrá-lo.

O rapaz olhou para os guardas e disse:

– Sério? Ela está duvidando que sou o Sebastian.

– Majestade, ele é quem diz ser.

Sentei-me à cama.

– Prove!

Ele tirou algo do bolso. Era um anel de gavinhas. Fiquei perplexa.

– O que é isso? Outro presente? - perguntei.

– Mais ou menos – ele estava com vergonha. Tínhamos dez anos, fui visitar a França mais uma vez.

– Eu senti saudades – ele falou, estava ainda mais gordo e com as bochechas vermelhinhas – Você foi embora por muito tempo.

– Eu tive que ir, estou morando num convento para minha segurança!

– Você vai embora de novo?

– Talvez tenha que ir logo – mexi no cabelinho dele. Ele não se incomodava.

– Você é a única menina bonita que fala comigo. As outras me expulsam. Dizem que sou gordo.

– Elas são bobocas – sorri para ele.

– Veio ver o Francis, não é? Papai diz que vocês vão se casar.

Não respondi. Ele sentia-se triste com isso. Ele viu alguma esperança no meu silêncio e me deu um anel de gavinhas, parece que tinha aprendido a fazer desde que lhe ensinei com a coroa.

– Mary, casa comigo?

Fiquei assustada.

– Você se negou a casar comigo – lembrou Bash. Então eu guardei o anelzinho.

– Bash – pulei nele, que saudades senti dele! Era a única pessoa que acreditava nas histórias de fantasma que eu contava – Meu gorduchinho preferido.

– Nem me lembre disso! - ele me abraçou de volta – Mary, que bom que está de volta!

– E você, hein! Está um gato!

– Você me cumprimentou há uma hora e nem lembrava quem eu era – ele lamentou – Tome esse anel. Faça o que quiser com ele.

Estava seco, pronto para desintegrar ao mero toque.

– Tudo bem! - sorrimos. Finalmente me senti em casa.

– Vou deixar a rainha dos baixinhos a sós com suas inimidades. Lave esse pé direito, hein. Nem com portão de aço o cheiro deixou de passar.

– Bash! - dei um tapa na bunda dele – Sai daqui, seu grosseiro!

Fechei a porta na cara dele e fiquei rindo. Ah, eu adorava aquele rapaz. Nada mudou!

A empregada veio com minha comida e enchi a barriga. Longe dos olhos dos outros eu podia ser quem eu realmente ela. A Mary Stuart, não tão perfeita como a Mary, a rainha da Escócia.

Durante a noite, houve um baile em minha homenagem. É bom ser rainha, nunca se passa despercebida. Usei um vestido azul de várias náguas. Era perfeito, tinha pedrinhas brancas nele e as tonalidades de azul esmaeciam em nuances bonitas. Eu parecia uma fada, com prendedores prateados no cabelo. Francis veio até mim, vendo como eu dançava bem – tudo ensaiado.

– Mary, daria-me a honra dessa dança?

– Claro que sim – sorri levemente.

– Segure esse rapaz, filha! Transe com ele, tenha um filho dele! Será poderosa e protegerá seu reino! Tem que se fortalecer porque é o que seus inimigos estão fazendo!

Minha mãe foi bem clara. E eu dancei, dancei, dancei. O rei adorou dançar comigo, disse que eu tinha a leveza de uma bailarina. Adoro. Adoro ser venerada. O recalque batia nas minhas saias de seda e voltava em forma de gordura.

Mary

Mesmo que o mundo te vire as costas

Eu é que não te esquecerei

Você roubou meu coração e foi embora

Eu daria tudo para te ter aqui

Mas nada tenho a oferecer

Exceto meu eterno bem-querer

Quando ler essa carta, olhe as estrelas

Pedi que elas te vigiassem

Que te olhassem

E que o vento te dissesse o quanto é frio sem você

Para minha amada Mary

Francis.

Essa foi a carta que me motivou até ali. Francis pegou minha mão para dançarmos novamente, expulsando o pai, que foi ficar com Diane.

– Eu adorei sua carta, Francis.

– Gostou mesmo?

– Guardei de todo o coração.

– Que bom – ele me deixou girar sob sua mão como um cisne apaixonado.

– Esperei por você todo esse tempo, Francis. Você sempre foi o mais lindo de todos, o mais amável de todos.

Aguardei que ele me oferecesse em noivado, levei-o até o terraço, onde conversamos mais.

– Como está sua mãe?

– Muito bem – respondi – Cada vez mais preocupada com os cabelos grisalhos – E Catharina?

– Vai indo – Francis riu – Tentando mandar mais que meu pai, ainda. Por que acha que ele perdeu os cabelos?

Um vento frio soprou. Senti olhos sobre mim. Lá no saguão principal, Bash estava sentado, bebendo todas. Ele pensa que não o vi se acabando de beber enquanto eu dançava com Francis. Ia dar um belo de um puxão na orelha dele mais tarde.

Bash puxou uma das minhas amigas, Lola, para dançar e ficou olhando direto para onde eu estava. Bebi meu suco de uva e fiz um aceno para ele. Isso aí. Lola tinha que perder o BV logo porque não aguentava mais ouvi-la queixar-se do amor. E ri comigo mesma. Tudo estava melhor que o esperado.

Noite veio e foi. Francis rindo à toa.

– Mary, você está divina. Seu cabelo está lindo, seu rosto, sua boca – ele beijou-me. Ia se declarar.

Beijei-o ardentemente, quando ouvi o som de algo quebrando-se no saguão. Bash tinha derrubado a caneca de cerveja e foi para o quarto. Devia estar quase em coma alcoólico. Homens são esquisitos mesmo. Lola ficou lá assustada.

Mas minha mãe tinha me ensinado a nunca deixar um homem escapar. Meu beijo com Francis ficou ardente. Apalpei as costas dele, a nuca. Ele tinha que se declarar a mim. Pelo povo, pela Escócia. E por mim! Afinal, ele era lindo, um partidão!

– E então? - recuperávamos o fôlego.

– Então?

– Francis – eu sorri – O casamento. Você vai me propor, não vai? É nosso acordo.

– Mary – ele gaguejou, totalmente sem fala – Mary, não tem...

Meti as mãos nos bolsos dele, não havia nada ali. Nem um anelzinho, nem uma bala, nem nada! Comecei a revistá-lo, pagando o ridículo.

– Mary, não haverá proposta de casamento. Não posso me casar com você.

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Notas finais do capítulo

E Se Acabou!Espero que tenham gostado! Comentem para que eu poste o próximo logo! Bjos amoras ♥