Loft de Castle
– Richard querido, você está acabado.
– Eu sei mãe.
Ele estava completamente jogado no sofá segurando a jaqueta de Kate.
– O que aconteceu?
– Tudo, mas não gostaria de falar sobre isso agora, preciso descansar e ter uma boa noite de sono.
– Tudo bem querido, mas se precisar de mim, é só me chamar.
– Obrigado. – ele praticamente sussurrou.
Ele fez o mesmo que Kate, tomou um banho e tentou expulsar os pensamentos, as lembranças. A noite anterior tinha sido tão maravilhosa, um sonho, e essa agora parecia mais um pesadelo. Ele tomou um banho e foi pro escritório tentar escrever alguma coisa, mas ele tentava e não saia nada, só algumas palavras desconexas que não faziam sentido algum. Castle não sabia em que pensar, primeiro ela o beija e depois diz pra esquecer? Impossível esquecer os lábios macios de sua musa. Ele precisava, pelo menos, tentar. Era a vontade dela e ele iria se esforçar pra respeitar.
Apartamento de Beckett
Quando ouviu a campainha, Kate foi correndo atender a porta, ela segura uma xícara de café, já estava na terceira da noite. Seus olhos estavam em inchados, não podia negar que havia chorado. Ela abriu a porta e a amiga a esperava de braços abertos esperando um abraço, era o que Beckett precisava, um ombro amigo, alguém que pudesse contar e confiar de verdade. Kate abraçou a amiga e não conteve o choro, Lanie percebeu que a coisa era grave, nunca tinha visto a detetive naquele estado, parecia uma criança perdida dos pais em um parque de diversões.
– Hi girl, está tudo bem, eu estou aqui. – Lanie a abraçou forte, passou segurança. – Vamos entrar.
Kate foi ao banheiro, lavou o rosto e agora parecia um pouco melhor, chegou na sala e Lanie estava no chão e segurava um livro de Castle que antes estava encima da mesa, notou que a primeira página estava molhada, provavelmente fora as lágrimas de Kate. Beckett tentou sorrir pra amiga, sem muito sucesso.
– Senta aqui amiga, me diga, o que o escritor fez? – Ela deixou o livro na mesa e olhou pra Kate que sentar no chão ao seu lado.
– Terminamos. Quer dizer... o que nem começou.
– Como pode terminar algo que nem começou?
– Foi tão difícil olhar pra ele, pros olhos, pro sorriso e dizer que não daria certo. – ela segurou as lágrimas.
– Me conte do início menina, se acalme.
– Lanie, eu não vou mentir, você sabe... eu sinto algo meu especial pelo Castle...
– Amor!
– Eu não disse amor.
– Admita pra ele.
– Preciso admitir pra mim primeiro, entende?
– Eu tenho certeza que Castle vai te esperar, mas não demore muito pra admitir, ele não ficar trabalhando do seu lado o resto da vida.
– É, eu sei... – ela abaixou a cabeça. – Eu não levava à sério até ontem...
– O que houve ontem? – Lanie já imaginava. – Vocês...
– Só nos beijamos.
– Não acredito. Até que enfim, que avanço, detetive! Mas por que não aproveitou?
– Fiquei com medo de me arrepender.
– Ficou com medo de não se arrepender, isso sim.
– Também. – ela conseguiu sorrir
– Me conta como foi, como ele é?
– Incrível, vou confessar que já imaginava que ele era bom. – ela riu. – Mas se o beijo foi daquele jeito, eu prefiro não imaginar o resto, é melhor pra minha saúde.
Ela já se sentia melhor com a presença de Lanie, estava descontraída.
– Foi quente e ao mesmo tempo, carinhoso. Com um beijo ele conseguiu despertar coisas em mim que eu nem sabia que existia. Aquelas mãos... que mãos grandes, Lanie – Ela fechou os olhos e lembrou do acontecido; suspirou. – Aquele perfume, os olhos, o desejo, tudo estava perfeito.
– Preciso de água gelada, já!! Que homem é esse? Ele nem me beijou e eu já estou passando mal.
– Lanie! – Kate a repreendeu, rindo.
– A cara de Castle não nega que ele é bom no que faz.
– É por isso que ele é tão egocêntrico, tenho certeza que as mulheres o põem num pedestal.
– Se é desse jeito que você falou... – Lanie se abanou e arrancou risadas da amiga. – Mas se isso aconteceu, era pra você estar feliz, finalmente se acertaram.
– Não nos acertamos. – O sorriso sumira do rosto da detetive
– Ué, como assim?
– Depois do beijo eu fui embora e no quando pisei o pé aqui, eu pensei no que tinha acontecido e senti tanto medo.
– Medo?
– Sim. Medo, insegurança... Hoje ele estava tão feliz, Lanie, me senti a pior pessoa do mundo por falar o que falei.
– E o que você falou?
– Disse que não daríamos certo, que nós somos diferentes demais e que não quero só um caso, não quero entrar na lista de ex-esposas e muito menos na lista de quais ele já levou pra cama.
– Ah Kate... Mas por que você fez isso? Você só tirou conclusões precipitadas, como saber se com você não seria diferente?
– Por que seria?
– Ah, por favor! Você não vê como ele te trata? Como ele é preocupado, atencioso, o homem tem os quatro pneus arriados por você.
– Acho que não é bem assim. Lanie, ele mexe comigo, eu não vou mentir, mexe com minha cabeça, meu coração... – ela olhou pro livro encima da mesa. – Mas o sentimento precisa se recíproco, não vou entrar de cabeça em um relacionamento duvidoso.
– Beckett, ele te ama.
– Não foi isso que ele me disse. Acha que eu não o questionei sobre seus sentimentos? Sim, eu perguntei e ele disse tantas coisas e não disse nada ao mesmo tempo. Disse que me admirava, que eu o atraia e que me adorava, mas em nenhum momento ele mencionou a palavra amor.
– Acho que ele nunca amou de verdade e isso tudo está sendo novo pra ele. Já pensou se ele também está confuso e não quis adiantar as coisas? O Castle é desligado. Talvez ele tenha ficado com medo dos próprios sentimentos. Ele já foi casado duas vezes, mas casamento nem sempre é sinônimo de amor, pode ser euforia do momento.
– Eu não quero me machucar. – uma lágrima insistiu em cair.
– Mas se você não tentar? Não tem curiosidade de saber no que vai dar? Não tem vontade de se arriscar? Eu te digo com toda certeza: se você não tentar, vai se arrepender pro resto da vida.
– Eu preciso tira-lo da minha cabeça.
– Você não precisa fazer isso. Tenta Kate, e se não der certo, você segue sua vida.
– Estou confusa, são tantos pensamentos, tanta insegurança. Preciso esfriar minha cabeça e pensar, pensar muito no meu próximo passo.
– Girl, não importa qual seja sua decisão, eu estarei com você.
Lanie ainda ficou ali por um tempo, conseguiu arrancar algumas risadas de Beckett e depois disse que precisava ir embora.
– Obrigada minha amiga, você não sabe o quanto me fez bem!
– Espero que eu tenha ajudado, do fundo do coração, eu quero que você e Castle se resolvam.
Kate apenas sorriu e levantou com a amiga. A levou até a porta e se despediu.
– Obriga por tudo, por vir aqui essa hora, já me sinto bem melhor. Você sabe que é como uma irmã pra mim. E você, a hora que precisar, é só me ligar. – Ela abraçou forte a amiga.
– Fique bem detetive.
Kate voltou a sentar no chão com o livro de Caslte na mão e o abraçou como se fosse o próprio escritor, fechou os olhos, respirou fundo, lembrou das palavras de Lanie e se perguntou qual seria o próximo passo.
to be continued...