A vida de outra garota... escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 33
XXXIII - Honestly, I don't know.


Notas iniciais do capítulo

{ E aqui está o meu capítulo favorito e também último capítulo da fanfic *chora* Dá uma dor no coração, sabe...
Leiam as notas finais onde contém meus agradecimentos e uma última surpresa para vocês}



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Às vezes basta fechar os olhos para vermos o quão errados estamos.

Eu não sei muitas coisas sobre o mundo... Não sei onde está o certo e o errado, não sei se posso dizer se sou do bem ou se sou do mal... Não sei dizer se sou a melhor pessoa para julgar outras pessoas... Tão pouco sei se sou a melhor pessoa para ser julgada...

Se o certo é o errado ou se o errado é o certo é um mistério. Se Albert Einstein estava certo ao criar a bomba nuclear, ou se William Shakespeare soube que Romeu e Julieta gerou milhares de mortes em nome do amor, eu sinceramente não me importo.

Sei que alguns irão rir da minha dor, do meu sofrimento, dos meus conflitos... Sei que outros dirão que eu jamais tive isso... Mas eu sei o que foi o amor. E sinceramente, eu amei.

Amei como um sedento ama um copo de água no meio do deserto. Amei como um idiota se agarra a sua falsa hipocrisia. Amei como revoltados amam suas rebeliões. Amei como uma renascentista amou seus clássicos greco-romanos. Amei como um astrônomo ama as estrelas. E como um cego ama a brisa... Amei de um modo que jamais irei amar novamente.

Amei no passado, amo no presente e amarei no futuro. Amei no pretérito perfeito e amarei no futuro do presente. Amei no indicativo, no subjuntivo e no imperativo...

Amei e amarei para sempre.

Só sei que duas coisas são quase igualmente tortuosas, o amor e o português.

A vida de outra garota...

Os últimos raios do sol refletem na minha janela fechada antes de sumirem de vez dentro das colinas verdes jades do horizonte, a lua surgindo devagar se com calma ao leste... Impetuosa e orgulhosa... Totalmente bela.

Dan saiu faz algumas horas, correndo atrás de Natalie, provavelmente. Era lindo e doloroso ver os dois juntos... Lindo porquê até em meu sonho eles ficaram juntos, doloroso porquê eles são o que eu e... E Ian poderíamos ter sido, se não fosse pelo meu orgulho.

Levantei-me preguiçosamente da cama, espreguiçando meus braços de leve enquanto abria minha boca em um O perfeito, era doloroso ficar de pé mas ainda mais ficar deitada. Eu não deveria me render a dor... Só porque o amor da minha vida não me queria ao seu lado não quer dizer que eu não pudesse ser, no mínimo, normal.

Ah, como eu me odiava.

Andei como uma uma derrotada em guerra, como um soldado com vergonha, como uma criança travessa após ser castigada... Entrei no banheiro e deixei a água quente lavar minhas vergonhas, levar para longe minhas tristezas, destruir minhas mentiras.

Quando os meus dedos começaram a enrugar e a água quente já começou a machucar minha pele, desliguei a água rapidamente e me sequei rapidamente. Era engraçado como eu estava fazendo um esforço enorme para continuar de pé e não voltar correndo para cama.

Assim que eu finalmente voltei ao quarto, fiquei tentada a colocar meu pijama novamente e me enfiar debaixo das minhas cobertas quentinhas e macias, para poder chorar mais um rio de lágrimas por ter sido grossa com a única pessoa que ainda se importava comigo... Mas, quase como se a vontade viesse de Marte, andei até o meu closet e peguei uma camiseta de algodão e decote V branca, com um jeans estilo Amy e um all star...

Ao me olhar no espelho eu quase parecia a antiga Amy novamente, aquela que embarcou na busca pelas 39 pistas... A Amy que ganhou a busca. A Amy que deixou um soro Cahill cair, só para salvar Ian Kabra, seu inimigo declarado. Aquela Amy que todos — inclusive eu — queríamos de volta.

Chega! Pensei passando as mãos nos meus, quase secos, cabelos ruivos. Eu estava vivendo como se fosse uma idiota, isso é ridículo! Se eu pudesse me ver já teria me matado. Era melhor simplesmente seguir em frente, o meu Ian não gostaria de me ver assim e...

Olhei para o relógio ao lado da minha cama. 7h30.

Talvez estivesse na hora de colocar um ponto final nessa fase da minha vida, para finalmente conseguir começar uma nova, mas só havia uma maneira de conseguir isso...

A vida de outra garota...

Apertei minha jaqueta preta contra o meu corpo, puxando-a delicadamente para cobrir meu peito. O vento frio batendo contra os meus cabelos, fazendo as mechas cor de fogo voarem em volta do meu rosto.

Era assustador estar andando sozinha pela rua de Boston, ainda mais nessa rua pouco iluminada e quase totalmente deserta...

Eu mal acreditava no que estava fazendo, a adrenalina subindo pelo meu sangue. Saí escondida de casa, para evitar perguntas de Nellie ou de qualquer outro. Não fazia ideia de onde Dan estava, o que me deixou preocupada, então resolvi mandar uma mensagem:

Você está bem? Onde está?”

Que foi respondida quase no mesmo minuto, o que era um alivio.

Natalie e eu estamos no shopping, vamos ver um filme e depois vou para casa. Mas como você está?”

“Estou bem, um pouco cansada, mas bem... Provavelmente vou andar por ai daqui um pouco, caso não esteja em casa quando chegar, ok?”

“Andar? Sozinha? Amy, já está tarde...”

“Quem é a mais velha aqui? Eu sei me cuidar

Depois de uns bons três minutos chegou a resposta:

“É bom ter você de volta, maninha”

Ri um pouco ao bloquear o telefone, Dan estava bem.

A vida de outra garota...

— Olá, eu poderia entrar? — Perguntei, dando o meu melhor sorriso ao porteiro do prédio grande onde me encontrava.

— Desculpe, senhorita — ele disse, andando até a grade. — É só para moradores.

— Ah sim... — respondi, sorrindo. — Eu sei, porém eu queria fazer uma surpresa para o meu amigo, ele mora aqui. Estive, ahn, viajando e só voltei agora. — Me esforcei para minha palavras saírem convincentes, certa que o porteiro poderia muito bem negar minha entrada.

— Ah, claro... — ele parecia meio confuso mas abriu a porta. — Qual o nome do seu amigo?

Sorri novamente para o porteiro, tentando de todas as maneiras não começar a cantar quando passei pela grade cinzenta.

— Ian Kabra.

A vida de outra garota...

Respire, Amélia... Respire...

Era ridículo como o meu coração estava na minha boca... O porteiro havia concordado em não interfonar para Ian, e eu estava satisfeita pela surpresa, mas sinceramente, não sabia como ele iria reagir.

Finalmente, depois de quase cinco minutos, consegui a coragem certa para bater na porta. Evitei a campainha, não sei bem por quê, mas algo me instruiu a bater na porta.

Quatro... Cinco... Contava em silêncio, esperando alguém abrir a porta... Nove... Dez... Quando estava quase desistindo e indo embora, a porta se abriu com uma baque.

Ian estava com o cabelo escuro despenteado, de um jeito que eu quase nunca havia visto, embora estivesse igualmente bonito. A calça jeans — espanto — estava claramente bem ajustada nas suas pernas e a camiseta social branca havia contraste com a sua pele escura.

Ficamos nos encarando por alguns minutos, em uma espécie de terceira dimensão, era impossível qualquer um de nós sair de lá, apenas ficamos nos fitando. Uma bolha criada para nós, sempre foi assim...

— Amy... — A voz de Ian parecia espantada, tanto como a sua cara. Aparentemente ele não esperava me ver.

— Ahn... Oi — disse, com um pequeno sorriso. — Eu... Eu poderia falar com você? — Pergunto rápido, meio que com uma pressa ridícula.

— Ah... Hein? — Ele me olhava, como se não conseguisse ouvir nada. — Ahn... Desculpa, pode repetir? — Ele balançava a cabeça, como quem tenta retirar um pensamento de lá.

— Posso falar com você? — Questionei novamente, corando e pensando mil vezes “péssima ideia”.

— Ah... Claro, quer entrar? — Ele pergunta, e mordo o lábio inferior... Será que deveria entrar?

— Pode ser. — Aceito, dando um daqueles sorrisos sem mostrar os dentes... Daquele tipo que eu só dou quando estou muito nervosa.

Passei pela porta que ele mantinha aberta, tentando organizar aqueles pensamentos ridículos e sem nexo. Por mais que tentasse me controlar só de estar na frente dele eu já ficava sem ar.

Ian fechou a porta e ficamos paradas na frente dela, nos encarando. Por mais que aquilo me deixasse com vergonha eu não tinha ideia de por onde começar.

— Ahn... Bem... Como você está? — Ele perguntou, finalmente, quebrando o silêncio absoluto que havia se instalado.

— Normal... Aparentemente nenhum braço faltando e o instinto de suicídio foi embora ontem... — Tento fazer graça, mas claramente Ian não ri, me olhando preocupado. — Eu estou brincando — completo. — Só para o caso de você não ter percebido...

— Brincadeiras sobre a sua morte não me deixam nem um pouco feliz, Amy. — Ele murmura, quase que para si.

— Ah... Desculpe-me, eu não queria... — Revirei os olhos. — Você não tinha esses problemas quando quase me matou na Coreia, e na Austrália, entre milhões de outros lugares. E além do mais, a morte é minha, Ian, quem não deveria ficar contente sou eu. — Era incrível como ele conseguia me tirar do sério com uma frase que deveria ter feito-me cair aos seus pés.

— Não jogue meus erro na minha cara, ok? Eu me arrependo de cada um.— ele disse, parecendo irritado, o que me deixava ainda mais confusa, irritada e com o orgulho claramente ferido. — E você não sabe o que fala, quando fala.

— Você acha que não? — Indaguei, me aproximando dele para poder encará-lo. — Eu sei exatamente do que falo e se a minha morte fosse tão importante assim para você porque se... — Minha voz sumiu quando percebi o que ia dizer.

— Por que o que? — Ian perguntou, dando um passo em minha direção também. — Anda Amélia, diga!

— Não me chame de Amélia! — Brigo tentando ganhar tempo para encontrar um reposta. Como eu fui tão idiota a ponto de falar?

— Não protele comigo Amy, eu te conheço melhor do que pensa. — O jeito como o cabelo dele era macio e brilhava a pouca luz... Amélia!!!

— Não estou protelando. — Insisto, recuando um passo.

— Só por dizer que não está protelando prova que esta protelando. — Ian diz, com um sorriso vitorioso e dá um passo em minha direção.

— O fato de você continuar falando sobre protelar prova que eu estou certa sobre você não me conhecer em nada. — Mais um passo para trás.

— O fato de eu permitir que você protele prova que eu te conheço e que me importo o suficiente com você a ponto de permitir que você protele. — Mais um passo para frente.

— Se você realmente se importasse, eu não precisaria dizer nada. — Acuso, recuando.

— Se você se importasse com o que eu sinto, não teria vindo aqui. — Fala, frustrado. Mas mesmo assim aquilo não lhe impediu de andar mais um passo para frente.

— Por quê? — pergunto, recuo.

— Porque, Amélia Cahill, só de te ver eu sinto uma vontade enorme de te beijar! — Ele confessa, dando mais um passo.

— I-Ian... — Tento recuar mais um pouco, mas acabo percebendo que estou na parede. — Você não pode me beijar! — Tento, as lágrimas idiotas querendo molhar minha face e o meu coração implorando para que ele me beije.

— Por quê? — Ian faz eco a minha pergunta, o desespero claro em seus olhos.

— Porque... Porque se você me beijar... Eu vou acabar me destruindo... Se você me beijar... — Balanço negativamente a cabeça, respirando fundo. — E se você me beijar eu terei esperanças, e eu não quero ser destruída de novo... E...

Minha voz sumiu aos poucos ao sentir as mãos de Ian em meu rosto, levantando minha cabeça até o ponto onde eu poderia encará-lo.

— Por que você está aqui, Amy? — Ele me pergunta, seus olhos âmbar me encarando com uma intensidade absurda.

Permito que ele faça carinho em meu rosto, enquanto a primeira lágrima maldita rola pela minha face.

— Porque... — Tomo folego. — Porque eu te amo.

Aquilo parecia o estopim de um guerra. Ian não me deixou nem me recuperar e beijou meus lábios, prensando-me contra a parede.

O beijo era voraz, necessário e rápido. Sua língua passava por toda a minha boca, investigando cada canto, enquanto eu mordia seu lábio, tentando ignorar o quão rápido meu coração batia.

— Ian... — Tentei me afastar dele assim que paramos para recuperar o ar. — Por favor, não faça isso... — Por mais que minhas palavras dissessem algo, minhas mãos se agarraram firmemente em seus cabelos macios.

— Amy... — Ele deixou meu nome no ar, o tom devoção em sua voz, enquanto beijava minha orelha, meu pescoço, minha bochecha. — Você não entende que eu jamais a machucaria? Que eu jamais iria magoá-la?

— Mas então... — Tento dizer, mas sou interrompida por seus lábios, que insistem em beijar os meus.

— Eu te amo. — Ele admite, quando finalmente me deixou respirar novamente. — Eu sei que não acredita, eu sei que talvez queira me matar, eu sei que te traí várias vezes... Mas te amo. Te amo como um louco, e jamais deixarei você se afastar de mim.

Um sorriso brota em meu rosto enquanto a parte negativa da minha mente tende em dizer que é mentira.

Ian me beija devagar desta vez, sendo intenso em cada toque, sendo perfeito em cada respiração.

— Você sabe que eu não posso acreditar, não é? — pergunto, embora um sorriso brinque em meus lábios.

Ian me beija novamente, como se quisesse decorar a minha boca inteira. Ele afega meus cabelos antes de me soltar e diz:

— Talvez ainda não... Mas escute o que eu digo: Eu te amo e um dia você vai acreditar.

Como se eu precisasse dessa promessa, ou de qualquer outra coisa, para acreditar...

A vida de outra garota...

É difícil dizer a hora certa de parar de narrar... É difícil encerar o conta da minha história pois é claro que ela continua... Então vou apenas informar-lhes que nunca existirá um fim... Eu posso passar horas, dias e meses contando como foi incrível e problemática a minha história com Ian...

Mas querem saber o porquê de eu não fazer isso?

Séria colocar um ponto final numa história que continuará para sempre.


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Notas finais do capítulo

{Próximo capítulo contém os agradecimentos.



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