Harry Potter - A nova geração escrita por Júlia França
Notas iniciais do capítulo
Não me matem por favor...
_ A v-verdade? – Gaguejei.
_ Sim. Você sabe que isso muda as coisas. Ele tem que saber onde está se metendo antes de começar um relacionamento! Sem ofensas.
_ Eu sei. Mas e se ele não me aceitar? – Meu coração se encheu de medo. Eu não podia ser rejeitada mais uma vez. Não assim. Não por ele.
_ Então ele não é a pessoa certa prá você. – Eu sabia que Scorpius estava certo, e eu podia ver a sinceridade na sua voz. Depois de um tempo convivendo com tudo isso, você acaba sentido o que realmente importa, e eu sabia que Alvo importava o suficiente.
Meu mundo estava de cabeça prá baixo. Como um redemoinho que não me mostrava a direção certa.
Desde o começo do quarto ano eu tinha virado do avesso, e não sabia como reverter isso. Flashbacks de como tudo isso tinha começado tomaram posse da minha cabeça. Lembranças que eu tinha tentado a todo custo manter afastadas de mim, mas isso não adiantava, porque uma hora ou outra as imagens voltaria à minha mente. Fechei os olhos e espantei-as novamente. Talvez eu consiga enfrenta-las mais tarde.
_ Tem razão. Mas eu não consigo fazer isso agora. Preciso me acostumar com a ideia. – Ele concordou.
_ Então vamos logo para a Dedos de Mel? Tô sentindo o cheiro de doces daqui.
_ Vamos logo. – Eu revirei os olhos. Scorpius realmente não tinha noção de nada.
_ Senti tanta falta desses doces! – Ele disse, provavelmente gastando metade do dinheiro do pai dele (que não era pouco) em doces.
_ Você não tem medo de ficar doente por comer tantos doces?
_ Não. E eu sei por que você está dizendo isso.
_ Por quê? – Perguntei rindo.
_ Você sabe que os doces podem estragar e se eu resolver parar de comer, vou dar prá você!
_ Eu não sou tão calculista, mas gostei da ideia. – Disse, pegando um pacote de jujubas que estouram na boca.
_ Tá vendo? Eu preciso de outro amigo. Você come demais!
_ Olha o respeito! Quer que eu te devolva? - Perguntei apontando para a minha boca.
_ Não. Pode ficar. – Ele fez uma cara de nojo. Comecei a rir, mas logo depois parei, vendo Alvo vir em nossa direção. Scorpius pareceu perceber, porque me olhou como se dissesse “Quer ficar sozinha com ele?” neguei com a cabeça e ele concordou, suspirando de seguida.
_ Então... você quer tomar sorvete? – Alvo perguntou prá mim.
_ Eu quero! – Scorpius se pronunciou.
_ Depois eu que como demais né? Não tá vendo que ele não te chamou?
_ Desculpa! Eu vou na sorveteria depois prá não trombar com a senhorita!
_ Não seja sarcástico! – Revirei os olhos, e nem percebi Alvo olhando prá mim e prá Scorpius no meio da discussão.
_ Porque eu não posso ir? – Ele perguntou novamente.
_ Porque eu tenho que falar com o Alvo! – Respondi entre dentes. Ele entendeu.
_ Tudo bem, então. – Disse, agora mais sério.
_ O que foi? – Ele perguntou assim que saímos de perto dos outros. Mas não obteve resposta. – Ju? Julie!
_ Ah! O que foi? – Perguntei, sem nem saber quantas vezes ele teve que me chamar para que eu ouvisse.
_ Você está bem? Eu tive que te chamar cinco vezes! – Ele disse, me olhando atentamente. Desviei o olhar. Não queria estar olhando nos seus olhos quando ele me negasse.
_ É estou. – Respondi. – Vamos? – Perguntei, apontando para a sorveteria, que ficava na próxima esquina.
_ Claro. – Ele respondeu, mas ainda parecia preocupado.
O sorvete não parecia tão bom agora que eu estava prestes a contar o meu segredo.
_ Al...
_ Oi? – Ele perguntou com o rosto todo sujo de sorvete de chocolate.
_ Você está todo sujo de sorvete. – Mesmo essa não sendo a minha ideia inicial foi engraçado vê-lo olhando no visor do celular e limpando a boca na manga da camisa, mas acho que até seria mais engraçado em outro momento.
_ O que você queria falar comigo?
_ Bem... eu...
_ Vem. Vamos prá outro lugar. – Ele me chamou, percebendo que o assunto era sério. Me vi caminhando por uma praça deserta, com alguns canteiros de flores e pássaros cantando livremente. – O que foi? – Perguntou mais sério.
_ Alvo... eu tenho um problema. – Resolvi contar a História aos poucos, assim, ele poderia digerir tudo de uma forma mais fácil.
_ E daí? Eu também tenho um problema. _ Estávamos nos sentado em um dos bancos.
_ Qual é o seu problema?
_ Eu tenho enxaqueca.
_ O meu problema é bem mais sério do que enxaqueca.
_ E qual é o seu problema? – Suspirei.
_ Você sabe que eu nasci trouxa não sabe? – Ele concordou com a cabeça. – Então. Quando a minha mãe estava de sete meses, a água da bolsa dela secou e o parto teve que ser feito às pressas.
_ Você nasceu prematura.
_ Exatamente.
_ Eu ainda não vi o problema aí.
_ Esse ainda não é o problema. Os médicos não contavam que o meu pulmão ainda não estava totalmente formado, e como eu tive que respirar antes da hora, houve uma pequena modificação anatômica que fez com que eu pudesse ter problemas futuros. Eu precisei fazer uma cirurgia de emergência.
_ Mas você melhorou não melhorou?
_ Sim. Eu melhorei. A cirurgia não causou nenhum problema. Acontece que eu precisei de doação de sangue.
“Depois disse, quando eu já tinha utilizado o sangue doado, descobriram que o laboratório onde a pessoa fez os exames para doar o sangue, fez uma confusão com as fichas, e elas foram invertidas. O nome do meu doador foi colocado na ficha de outra pessoa, completamente saudável. E assim, mesmo ele tendo um problema muito sério, isso não foi detectando. A doença poderia ser transmitida pelo sangue, e passou para mim.”
_ Você não está dizendo que... – Alvo começou, parecendo assustado.
_ Sim. Eu sou portadora do vírus HIV.
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E então?