Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 67
O tempo.




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Shan grila sabia muito bem que as suas últimas ações a fim de ajudar seus amiguinhos salvadores do universo alterariam brutalmente a composição crosnómica do universo e não estava muito preocupado com isso. Havia ouvido histórias de outros dragões que giraram em torno de outros quadrados psicodélicos que se tornavam cada vez mais e mais quadrados que fizeram coisas mais exuberantes e interferiram mais e mais alterando, claramente muito mais que ele, o tempo, o espaço e etc. Não tinha medo de nada, sabia que continuaria ali para sempre assobiando e girando e girando naquela imensidão sem igual que ele nem mais se surpreendia de tanto olhar. Pelo contrário, agora o dragão se surpreendia quando via outras coisas que não fossem o nada naquele imenso nada. Um pouco depois de pensar como os seus conceitos tinham mudado depois de zilênios girando um quadrado, surpreendeu-se por ver alguma coisa. Alguém. Um amigo seu na verdade.

Rufus via furiosamente do outro lado da imensidão de nada e era simplesmente um ponto azul distante para Shan grila. Nunca tinha visto um tão de azul tão distante naquele nada, quer dizer, nunca tinha visto nada naquele nada a não ser o templo que existia em suas costas e os terráqueos que costumavam aparecer para treinar ou bater papo com Don Ramon. Ás vezes era mais do que simples terráqueos, já tinha visto seres cheios de tentáculos e cheios de olhos. Coisas que pra ele eram tudo a mesma coisa. Terráqueos e kruges – seres psicomarcianos que só podem ser visto ao conectar sua mente ao núcleo do planeta diretamente – são quase a mesma coisa. Óbvio que um kruge não vai comer batata frita no almoço e um humano não vai ficar sexualmente excitado quando sentir um campo magnético dentro de seu campo espectral, mas Shangrila não via diferença entre eles. Eram criaturas do mesmo universo.

Rufus era um dragão azul com escamas brilhando azul muito escuro e com bigode dourado que estranhamente não se destacavam em sua escuridão azul. Ele chegou suavemente com seus movimentos ondulatórios e hipnotizantes e lentamente abriu a sua boca, até que em um certo instante sua voz impactante e poderosa começou a sair.

– Eu irei te substituir – disse, com uma lentidão em suas palavras que deixou a frase mais impactante ainda.

Ah, não... Pensou ShangriLa. Realmente, o que havia feito, tinha afetado tanto assim aquele universo? Mas ele sabia que tantos outros dragões já tinham feito loucuras muito maiores e destruído completamente os fundamentos temporais! Suas ações não tinham causado nenhuma dessas conseqüências drásticas, né? Ele esperava que não.

Olhou para os lados enquanto ainda continuava girando lentamente e Rufus acompanhava-o com a belíssima ondulação do seu corpo extenso de dragão chinês. Será que eles só estavam esperando um erro seu para que fosse substituído? Será que estava sendo substituído porque Rufus era mais bonito e ondulava mais bonito por aí do que ele? Bem... Seriam perguntas que ele nunca saberia como responder, nunca veria novamente mais seus chefes e voltaria para a Terra dos Dragões Mágicos onde os dragões mágicos se matam de noite e comem algodão doce rosa durante o dia. É um lugar bom, até que não era uma má idéia, estava com saudades das batalhas sangrentas e chocantes com algodões doces de sobremesa. Mas entre ficar girando eternamente no meio do nada ou lutar batalhas insanas contra seus primos que comiam algodão doce do outro lado do oceano de glacê, qualquer dragão escolheria logicamente ficar girando eternamente.

– Ok.

– Mande lembranças para a Tia Grila.

– Não. – E Foi embora, indiferente.

Por alguns segundos o multiverso parou de girar. Isso é algo grave? Existirão conseqüências disso? Não! Mas teremos algumas conseqüências interessantes sim.

Dessa vez será introduzido um personagem novo que na verdade já é conhecido. Eu sei que vocês todos conhecem Frota, mas vocês provavelmente não conhecem ele nesse universo alternativo. Ou conhecem, se por acaso perceberam que o atendente da lanchonete de um dos capítulos anteriores sobre aqueles caras com nome de iluministas que procuravam Essências da Vida é igualzinho o Frota. Então, na verdade ele é igualzinho o Frota por conta de uma grande coincidência chamada universo. Não vou explicar o que ele é, mas vocês já devem ter percebido o quão inconveniente ele é, mas é também muito engraçado. Por exemplo, leve em consideração vários seres humanos, digo, vários semideuses humanos que estudavam tudo que podiam sobre movimentação linear e extralinear de linhas temporais hipergeométricas. Eles provavelmente se achavam os maiorais e pensavam que não havia ser pensante que soubesse mais sobre alterações temporais e todas essas coisas do que eles. Bem, eles estavam errados!

Aproveitando desse momento de congelamento do multiverso, é possível focar num grupo de criaturas alienígenas muito interessantes que o leitor muito provavelmente esqueceu. Na realidade é complicado para o próprio autor também lembrar o nome dessa raça alienígena, até porque ele tem que se lembrar de muitas fórmulas matemáticas e datas de aniversário para não decepcionar os amigos. Mas o narrador aqui sabe sim, só não vai contar. Não o nome, é uma informação muito importante. Mas tem uma coisinha que ele pode contar.

Vamos visualizar vossa leitura como uma sala de aula em que quem é o professor sou eu. Visualize-me, também, como um professor muito carismático até o momento em que os alunos percebem que ele só está sendo carismático porque é muito falso e no fundo odeia a turma. Não gosto de dar muita matéria no quadro também então boa sorte ouvindo o que eu dito, porque sou gago.

– Alguém dessa sala lembra que o Mario, antes de começar suas viagens no tempo, concordou em ceder um pouco de sua matéria orgânica para que os alienígenas azuis com nomes que eram basicamente algarismos numéricos analisassem? Alguém lembra que foi dito que Mario é uma espécie de deus? Digo, semi deus? Eu fiz essa pergunta na outra turma e ninguém soube me responder, eles não estão levando muito a sério não, estão muito desanimados agora que o mundo está acabando, sabiam? Eles acham que não adianta mais estudar, eu digo que é o contrário, agora é a hora de tentar aprender tudo que você não conseguiu aprender ainda antes que o mundo acabe. Quem sabe assim vocês conseguem morrer com a consciência limpa, que tal? – E o professor realmente estava falando sério quanto a isso. Por algum motivo em sua cabeça parecia que esse argumento fazia algum sentido e que convenceria os seus alunos a se esforçarem ao máximo quando na verdade só queria que eles parassem de conversar em sala de aula para que ele pudesse trabalhar em paz.

– Professor, eu lembro – disse você.

– Ah, é? O que mais você lembra.

Você então disse que também lembra que esses alienígenas estariam usando esse material coletado para que estudassem-no e que pudessem recriar uma cópia divina de sua própria espécie também. Então, eles conseguiram, o professor afirmou e então você ficou olhando para o professor com uma cara estranha querendo saber a continuação de tudo isso antes que o sinal tocasse.

É muito provável que uma espécie no futuro se adivine-se. É algo bem fácil também, é pura evolução, é algo muito bonitinho de se estudar e que faz completamente sentido. Bem, essa raça conseguiu criar sua divindade sintética mais rápida do que as outras espécies por conta desse trabalho em torno do semideus humano. O mais interessante? Bem, existe outra linha do tempo em que eles não conseguiram o material de Mario para que conseguissem se adiantar quanto a isso. Existem outras linhas do tempo em que eles sequer conseguiram capturar Mario e outras em que o estudo não deu muito certo. Ou seja, essas outras raças que não se adiantaram e por fim se tornaram divinas, elas agora ou estavam sendo observadas pelos iluministas, semideuses humanos, ou o observavam. Mas, acima de todos, estavam os adiantados. Eles conseguiam observar tudo.

Era o que eles achavam.

Bem acima deles, milhões de bilhões de unidades surreais de inteligência a mais, estavam os verdadeiros observadores. Seus corpos não eram feito de matéria nem de carne, eram feitos de números. Seus números engoliam o vácuo ao redor para que tudo dependesse de suas próprias vontades. Eram máquinas, estavam no topo da cadeia alimentar, era o que achavam, porque não pensavam que os dragões que comiam algodão doce acima deles uma grande ameaça.

Nesse pequeno momento de pausa e distorção no espaço-tempo alguém provavelmente pensou em um palhaço que voasse e em elefantes que almoçavam brometo de sódio de café da manhã enquanto liam um manga sobre como a estátuas romanas que incorporavam figuras orientais. E provavelmente isso se tornou verdade, não em um outro universo, como acontece geralmente com os pensamentos das pessoas, mas nesse universo mesmo. Mas isso durou muito pouco tempo. As pessoas mal perceberam isso porque Rufus conseguiu entrar em posição mais rápido que a velocidade que a luz demoraria para ir de uma dessas criaturas grotescas e refletir nos olhos de algum ser humano ou ser vivo qualquer são. Na verdade o narrador só quis usar todo esse tempo breve pra explicar um pouco e viajar no que ele pode porque, como ele já deixou bem evidente, ele pode.

Algumas milhas eternais acima (unidade de medida para posições no plano divino), alguns homens com nomes de iluministas não entendiam o que estavam acontecendo, assim como os outros alienígenas divinos deuses e qualquer outra espécie divina que ocupava agora o plano eternal. Os robôs maléficos não se surpreenderam com isso, sabiam muito bem o que estava acontecia. Isso acontecia muitas vezes. Não que essas inteligências artificiais tivessem “sentimentos”, até porque isso não existe, e nem um sistema artificial de endocrinologia similar a qualquer outra espécie que afirma ter “sentimentos”, mas sempre que isso acontecia ou quando estava na iminência de acontecer os robôs divinos costumavam exibir alguns números bem tristes em seus corpos abstratos e fractais.

– 23402394238i04923840923438243920423943Ah – suspirou o vermelho, após ter compreensão do que estava acontecendo.

Mesmo não estando presente, azul-claro decifrou alguns planos ortogonais para que pudesse se comunicar com o seu amigo vermelho sinistro mesmo estando em distâncias sem muita relação. – 23-4023432Agora você entendeu.

– 4234É, 2-4203432Não me surpreendeu – disse o vermelho, que levantava. – 324-32-402394-02394-02343-0242-30432Avisá-lo não adiantará mas matá-lo também não.

– 343Que 89Está insinuando? – Estava claramente confuso.

– 879999Ele é um de nós. 90I9094590Tem certeza que observou o que estava imerso naquele desprezível dispositivo inútil de armazenagem fútil de memória insignificante?

– 1Sim.

– 494999Então tenho 4954935904Superestimado sua inteligência – levantou e sua figura começou a enraizar-se ao chão, como se, ao decorrer de seu processo de derretimento, estivesse incorporando-se ao solo para nutrir as raízes das árvores daquele cenário exótico. Havia um tempo que não só o gotejar do sereno era a composição sonora da localidade, mas também o puxar de gatilhos e o som do sangue que caía ao chão, de uma forma sinistra como o espectro do software vermelho.

Ele tinha ido embora.

– 23440404040404040Hm, acho que vou ficar olhando o que ele vai fazer. – Disse para si mesmo.

Estava frio no espaço, como sempre, mas um ser que não sente “sentimentos” também não sente variações de temperatura resultantes da troca de calor, pelo menos não esse. Não era vermelho em meio à imensidão cósmica, tinha se transformado à luz das estrelas em um tom incrivelmente tímido e faminto de cinza claro, como prestes a atacar cinco mil hambúrgueres, mas cuidadosamente porque não queria que fosse o centro das atenções. E então ele fez PÁ e sumiu tão rápido que o narrador se perdeu na narração e também o perdeu no mapa, mas eu acho que ele ainda volta. Não precisa se desesperar, sério.

Mario não se lembrava de quando havia se tornado um mestre em pedagogia e também não se lembrava de quando havia se pós-graduado em Análise Transitória de Linhas do Tempo, mas ele deduziu que isso era apenas conseqüência. Já tinha viajado tanto no tempo e feito tantas besteiras e criado tantas conseqüências inimagináveis para o futuro da humanidade que talvez até fazia sentido ser um dos homens mais inteligentes nessa área de conhecimento. Não que ele soubesse o que acontecia quando se alterava uma linha do tempo, tudo o que ele havia feito em prol de seu objetivo ele não tinha certeza que daria certo e aparentemente não tinha dado. Não era o grande imperador da humanidade, ou era e não sabia, mas provavelmente não era mesmo, e realmente não era. Então... Quando que tinha começado a dar aulas e como que ele sabia, ou parecia saber, tanto sobre crononomia? Ele dava aulas falando sobre aspectos sobre o tempo e as distorções que ele causa no espaço e como viagens no tempo podiam funcionar. Na verdade ele não sabia o que ele estava falando, ele só... Falava? Era como uma parte que coexistia dentro dele pegasse a vez de usar o seu corpo quando as aulas começavam, e Mario nem percebia que isso acontecia.

Mario tentava reconstruir as suas memórias até chegar àquele momento e a última memória que ele tinha era de quando ele tinha sido acertado por uma rajada de energia muito brilhante que vinha de um cara bastante musculoso de uma distância bastante considerável. Era claro que se tivesse alvo concreto de tamanha energia estaria morto então não tinha sido acertado. Então de alguma forma aquilo foi desviado e estava vivo agora. Tá, mas qual era a sua próxima lembrança? Estava tirando dúvidas de um aluno sobre as diferentes linhas do tempo e como o efeito de convergência planal podia contribuir para choques interdimensionais a partir de conceitos já estabelecidos de Gohoumer e Salmer. Era claro que o aluno não estava entendendo muito a matéria porque Salmer deixa bem claro que interdimensões não se conectam por singularidades e sim por cadeias conectivas temporais de fractações analíticas, Mario pensou. Claramente não era Mario que havia pensado isso, e sim esse seu “outro eu”. As coisas estavam bem estranhas ultimamente, mas ele não pensou muito nisso porque não podia chegar atrasado de novo porque tinha começado e divagar e se perguntar por que estava ali e o que estava fazendo da sua vida afinal e como tinha chegado naquele lugar. Na verdade a idéia de um viajante no tempo chegar atrasado é bem engraçado. Ou ex-viajante no tempo. Na verdade ele era um viajante no tempo, até porque uma vez tinha aberto a sua própria carteira e tinha descoberto um certificado de Viajante Temporal lá. Engraçado, não se lembrava de quando tinham começado a emitir esses tipos de certificado.

Mario ouviu um barulho estrondoso do lado de fora, então olhou pela janela.

Fazia um tempo desde que Shan Grila não voltava para casa. Algumas eternidades, na verdade, e não tinha muita vontade de reencontrar com a sua família. Não queria ter que lutar, porque com certeza acabaria encontrando a sua família. “O clã da amizade e dos abraços”, que nome idiota, preferia “O clã do amor e dos beijos”, soava muito mais bonito e fazia seu coração bater bem mais forte do que esse nome babaca que estavam usando agora. Ficaria escondido durante o tempo de batalha e, enquanto pudesse, comeria todos os algodões doces que poderia. Mas não teve muito tempo livre quando chegou. Foi recepcionado pelo Grande Dragão Embaixador Das Terras Ínfames Babacuia. Babacuia era bem temperamental e parecia um dragão-demônio, apesar de ser na verdade um dragão-anjo.

– Ah, não... Pai... – Sim, era seu pai.

– Filho, como é bom te rever – deu um abraço, o que Shan Grila odiava.

– Não quero abraços – choramingou enquanto recebia o abraço.

– Só por mais alguns segundos – pediu o pai, estava com muita saudade. – Pronto, filho, agora podemos conversar o que você realmente gosta: negócios.

Não sabia de onde seu pai tinha tirado isso, porque “negócios” e “trabalhar” era realmente muito chato. Não queria ter que se tornar um carcereiro de borboletas nem um amante de baleias, apesar do esforço do pai de fazer com que o filho seguisse que seu pai sonhava em ter e tinha falhado ao tentar.

– Eu consegui um emprego pra você. Sei que você acabou de voltar mas eu acho que é importante que você continue sempre trabalhando pra não ficar de fora do mercado de trabalho! E esse trabalho é muito importante!

– Ah, é? O que é? – Tinha se empolgado, mas estava pronto para se decepcionar porque normalmente não saiam coisas boas da boca de seu pai. Seu trabalho antigo como rotacionador de universos, por exemplo, tinha fugido de casa para que pudesse exercê-lo. Pensando assim, seu pai realmente estava mais acolhedor do que antigamente.

– Você vai poder fazer um show de luzes!

– Um show de luzes? Mas isso é tão chato...

– Não diga isso! Você sabe como é difícil ser sorteado para esse trabalho. E eu, o papai, tinha colocado o seu nome antes que você chegasse! E adivinhe, você foi sorteado!

– Tá bom... Vou fazer isso, mas por você, ok? Não conte com essa minha boa vontade depois, estou cansado de você me ver como um novo você. Eu não sou, droga! Você não pode me manipular!

– Mas filho... Eu pensei que você fosse gostar desse tipo de trabalho... É a sua cara. Você sempre gostou de trabalhar com aqueles quadrados que se tornam mais quadrados e toda aquela coisa complexa que eu não entendo.

Essa interpretação de seu pai era interessante e engraçada. Havia feito um curso especial que apenas é dada a chance de ingressar para aqueles que conseguem a vaga de rotacionador de universos para que pudesse entender a importância do seu trabalho e o quão importante era NÃO PARAR DE GIRAR. Mesmo sendo um dos poucos ingressantes que participara desse curso, foi o único que parou de girar e girou incorretamente muitas vezes para ajudar os humanos. Ah, os humanos, tinham acabado com o seu trabalho.

– O que isso tem a ver com trabalho, pai? – Estava começando a se interessar, pouco a pouco, com a idéia de trabalhar novamente com a dinâmica fantástica dos universos.

– Então, você não sabia? Os quadrados estão cheios de pós mágicos e o seu trabalho é explodir eles! Não é lindo? – Sorriu, com seus dentes demoníacos capazes de estrangular e fazer com que cada átomo sangrasse sua última gota de sangue estivessem prontos para lamber também todo esse sangue derramado e continuar com a carnificina.

– É...? – Ok, foi aí que ele perguntou... Por que estão me mandando fazer isso? Não vai ter nenhum curso sobre a importância do meu trabalho ou sobre as instruções que devo seguir, ou sobre o que devo fazer o que NÃO devo fazer? É só ir lá e abrir a boca para exterminar todos os maravilhosos universos com seu laser quantiquacional?

– Foi bom te ver filho. É melhor você fazer isso logo, é uma situação meio emergencial. Acho que alguns dragões estão ficando loucos de tanto tempo que não vêem um show de luzes. Nós precisamos disso para sobreviver. – O pai sorriu. Era o tipo de sorriso que apenas um bom pai faria, mas para qualquer outro não-dragão, parecia mais o sorriso do diabo ao dar o primeiro passo dentro do inferno.

O vidro começou a quebrar e o chão começou a tremer. Alguma coisa bem grande estava acontecendo. Não era como um simples terremoto numa escala bem baixinha ou mediana que costuma fazer uns barulhos, mas que não conseguem destruir nada porque polímeros são os deuses do universo. Era alguma coisa insana que o universo nunca tinha sentido antes. Quer dizer, esse universo. Muitos quadrados já tinham sofrido disso, muitos quadrados já tinham sido destruídos e se tornado show de luzes para que os dragões contadores das terras nefastas e alagadas pudessem comer algodão de amora em paz sabendo que algum universo não teria saído do normal. Mario tinha começado a sentir seu corpo tremendo, suas pernas estavam bambas e suava frio por todo seu corpo, mas percebeu que não tinha tempo para isso.

Não tinha tempo para bancar o fracote. Não tinha tempo para ficar choramingando ou com as pernas tremendo. Não tinha tempo para ficar andando de um lado pro outro perguntando-se o que fazer. Mario não sabia o que fazer, mas o seu outro eu... Sabia exatamente o que fazer. Movia-se rapidamente pelo seu móvel. Ajeitou e limpou seus óculos, fez a barba e escovou seus dentes. Comeu uma banana e preparou uma mochila. Barulhos irritantes e mortíferos eram ouvidos do lado de fora. Era como um laser que criava a linha entre a morte e a morte que não importava onde você estava, não havia chance alguma de sobreviver. Mas não era para fugir para algum lugar. Não estava fugindo. Batalharia aquilo diretamente. Iria salvar o mundo.

Um tênue feixe azul de luz chegava à superfície lentamente, como se uma aranha sonolenta o tecesse. O impacto, entretanto, foi inconsequente. Os danos, irreversíveis. Mas havia um homem dentro de Mario que estava pronto para entrar em uma jornada sem fim para salvar a humanidade...

No caminho, ele perdeu seus óculos...


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