A Irmã dos Winchester escrita por BlueBlack


Capítulo 8
Noite Tensa - Part. 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, beijos!



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A casa era maior por dentro do que parecia por fora. Kate explorou a casa e viu que no primeiro andar tinha a sala com dois sofás (onde deixou sua mochila) que ficava perto da porta de entrada. A cozinha, que ao lado do fogão tinha a porta dos fundos. Havia uma dispensa debaixo da escada. No segundo andar, tinha 4 portas. Ela imaginava um ser de hóspedes e os outros para a família. Outra porta e essa era um banheiro. Tinha uma escada que levava ao sótão, este era todo empoeirado e cheio de caixas vazias.

– Aqui não tem porão? - perguntou ao irmão que estava sentado no sofá.

– Tem sim. - ele se levantou e ficou perto de uma porta que ficava ao lado da escada. - Aqui. Só toma cuidado.

Ela revirou os olhos e entrou. Estava escuro e ela só conseguia ver uma parte que era clareada pela luz da lua, o que já não era muita coisa. Tateou a parede em busca de um interruptor, agindo com sucesso! A luz era fraca, mas ela podia ver boa parte do lugar que, a propósito, não era muito grande nem muito pequeno. Passava por todas as mesas, vendo livros por toda parte, caixas vazias... muitas coisas empoeiradas. Mas dentre tantas coisas só uma lhe chamou atenção, apesar de não ter muito pra isso. Um caderno (que mais parecia uma agenda) de couro preto. Kate tirou o elástico que mantinha a agenda fechada e folheou-a. Percebeu que o dono daquele caderno era caçador, pois estava cheio de nomes de criaturas sobrenaturais e explicações sobre elas.

De repente, ouviu o barulho de vidro quebrando do outro lado da escada. Encarou o porão, esperando que alguma coisa se mexesse. Foi andando cautelosamente até lá. Um rato tinha passado atrás de um abajur e derrubado-o. Quando Kate foi se virar viu um vulto passando. Seguiu-o com o olhar, mas não viu nada. Se estivesse com alguma arma permaneceria ali para ver o que era, mas não estava então, subiu as escadas correndo. Parou na porta e a fechou, melhor, trancou. Foi até a sala e viu o irmão assistindo televisão.

– Sabe, to começando a achar que alguém mora aqui... - ela disse.

– Você acha e eu tenho certeza. - ele riu pelo nariz.

– Olha o que eu encontrei. - Ela mostrou o caderno.

– O que é?

– Um caderno, gênio! - ela zombou.

Soltou outra risada.

– O que está escrito nele?

– Palavras, dã.

Ele se levantou e foi até ela.

– Engraçadinha. Deixa eu ver. - ele tomou da mão dela.

– Nomes e mais nomes de monstros. Consegue ler ou quer que eu te explique? - Kate subia as escadas.

– Vai arranjar o que fazer, vai. - ele rebateu.

– Vou tomar banho.

– Quer ajuda? - ele perguntou entre risos.

– Ok, estamos quites. Pode parar.

Sam sentou no sofá outra vez e começou a ler o caderno. A maior parte das criaturas citadas ali ele já conhecia. Só uma ou outra que não.

Até que ele chegou numa página que falava sobre uma garota que faria a diferença no mundo dos humanos e das criaturas sobrenaturais. Teria os demônios como seus escravos e muito poder. Ao passar do tempo ela perceberia que não é tão boa quanto parece. Seu destino era ser temida por todos, ser má. Todos mesmo. Seria tão poderosa que com ''um estalar de dedos'' ela poderia matar uma raça inteira de monstros.

Quanto mais Sam lia, mais se assustava. Quem seria essa garota?

No andar de cima, Kate tomava banho e pensava no vulto que tinha ''visto'' no porão. Quanto mais lembrava do acontecimento e imaginava de outra forma, mais se arrepiava. Até que a água do chuveiro ficou muito quente, sem que ela quisesse. Ela saiu de baixo dela com medo de ter sua pele arrancada. Secou-se e enrolou o corpo numa toalha. ''Droga! Por que os quartos têm que ficar tão longe do banheiro?'' pensou enfurecida. Foi andando para onde ia dormir, mas parou ao ouvir a voz de Sam chamando-a e subindo as escadas. Não queria que ele a visse de toalha. Correu para o quarto, escorregou e caiu.

– Kate, eu tava lendo e... - o irmão parou de falar ao vê-la caída e de toalha. - Ahn... o que você está...?

– Eu caí! Escorreguei e caí. - deu uma pausa. - O que você quer? - perguntou impaciente e desconfortável com a situação.

– Eu... ahn... - ele não parava de olhá-la.

– Diz logo, Sam! Não tem muita coisa pra olhar.

– Não tem?

– Cala a boca. - revirou os olhos. - Isso é incesto.

– Quer ajuda pra levantar? - ele não tirava o sorriso do rosto.

– Diz logo o que você quer pra eu poder ir pro quarto!

– Bom... eu...

– Cara, você parece o Dean. - abaixou a cabeça balançando-a negativamente.

– Sorte sua que ele não está aqui.

– Também acho. - disse isso e levantou segurando a parte de cima da toalha. A última coisa que ela queria era seu irmão vendo-a nua. - Vai me dizer agora?... Quer saber, nem responda. Se não você vai começar a gaguejar, de novo. - virou-se e entrou no quarto, fechando a porta.

O quarto era todo azul e rosa. Uma combinação de cores que ela odiava. Havia duas estantes no fundo do quarto. Uma cheia de livros e a outra com bonecos de vidro (muitas meninas e meninos, barcos, animais... entre outros) e de pano.

Sam ficou parado encarando o nada. Olhou o caderno na sua mão e voltou para a sala.

Kate vestia uma roupa qualquer que usava como pijama, mas ela mal prestava atenção no que estava fazendo. Não parava de pensar no vulto que tinha ''visto'' no porão. Na água do chuveiro que ficou quente sem o consentimento dela.

Saiu de seus devaneios e foi para o andar debaixo. Viu o irmão vidrado na televisão.

– O que você tá vendo? - se jogou ao lado dele.

– Pornô. Por quê? Quer ver comigo? - perguntou zombeteiro e sorriu pra ela.

– Rá, rá. - fingiu risada - Sabe que eu não gosto disso. - ela deu uma pausa, pensando se devia contar o que tinha acontecido. - Sam, a... sua mãe... Mary... - ela procurava as palavras certas. - … foi queimada. Não foi?

– Sim, você não ouviu a história? Ela foi queimada no teto do meu quarto. Por quê? - ele agora a olhava.

Ela hesitava em dizer. Seria ridículo falar: ''Porque eu acho que sua mãe continua vagando esse lugar''. Não poderia falar isso. Se o corpo é cremado, não tem espírito.

– Vocês ficaram com algum objeto dela?

– Kate, se você acha que o espírito dela está aqui, está enganada. Sabemos lidar com esse tipo de coisa. Não restou nada dela. Mas por que está me perguntando isso?

– Por nada. Era... só pra eu ter certeza. - se levantou. - Vou tomar um copo de água e vou dormir. - beijou a bochecha dele e saiu.

Sam pegou o celular e tentou ligar para Dean pela terceira vez. Tocou, tocou e ninguém atendeu.

– Que droga, Dean!

Na cozinha, Kate segurava o copo apoiada na bancada. Imaginava todos que poderiam ser o espírito e, ao mesmo tempo, se era um espírito.

''Não é nada. Não é nada. - repetia enquanto seguia para a escada. - Foi só a sua cabeça. Você sabe que sua mente sempre te engana...''

– Kate! - Sam gritou pela segunda vez chamando a atenção dela. - Tudo bem? - ela apenas respondeu com um aceno de cabeça afirmativo.

Sentiu-se tonta e se apoiou no corrimão da escada. Depois veio uma dor de cabeça forte. Ela franziu o rosto com força, ficando vermelha e apertando os olhos. Sua mão começara a formigar. Tinha o pressentimento de que alguma coisa saltaria pra fora dela. Era como se fogo plantasse dentro dela.

''Logo, logo você descobrirá por quê...''

A voz de Azazel repetia isso em sua cabeça.

Abriu os olhos ofegante.

– Kate, o que está havendo? - seu irmão perguntava pondo a mão em seu ombro.

– Nada. - respondeu sem olhar pra ele. - Nada, eu só... preciso dormir. Vou subir. - ela andava sobre os degraus.

– Vou com você. - Sam ia atrás dela.

– Que seja!

Kate entrou no quarto e quase bateu a porta na cara do irmão.

– Wow! Calma. - ele segurou a porta. - Não precisa fechar a porta na minha cara.

– O que? Ah, desculpa. - ela se sentou na cama e colocou o copo de água no criado ao lado. - Já conseguiu falar com o Dean?

– Não. Toca, toca e ele não atende.

– Espero que ele se perca. Fique sozinho e no escuro.

– Nossa! Como você é cruel! - ela deu de ombros. Ele se agachou na frente dela. - Mas, me responde, a verdade, como você está?

– Normal. - mentiu.

– Eu pedi a verdade.

– É sério, Sammy. Só estou com um pouco de dor de cabeça, mas... não é nada.

Ele ficou encarando-a. Se perguntando se devia acreditar.

– Ok. - se levantou. - Vou ficar lá embaixo. Se precisar, grite. Boa noite. - beijou a cabeça dela e saiu.

Kate fechou os olhos e logo dormiu.

No andar debaixo, Sam ligou para Dean e este atendeu.

– Fala, Sam.

– ''Fala, Sam''? Faz quase duas horas que eu estou tentando falar com você e quando atende diz isso?

– Ata. Foi mal. Oi ,amiga! Como tá? Já marcou a manicure? - Dean zombou com a voz aguda. - Tinha gente morando naquela casa. Eu e Castiel levamos tempo para explicar tudo a eles e ainda sim ele teve que mudar suas memórias - ajeitou a voz quando disse isso. - Onde você tá?

– Na nossa casa.

– Q-que? Como assim? - surpreendeu-se do outro lado.

– Calma. Estamos numa casa que construíram no lugar da nossa. Você e a Kate estão muito nervosos. Sabe, ela desejou que você se perdesse no escuro e ficasse sozinho.

– Como ela tá?

– Ahn... bom... Quando você chegar eu te explico.

– Sam...

– Tchau, Dean. - o mais novo desligou o telefone.

Por volta de 2:00 da manhã, Dean chegou na casa. Ele parou em frente a ela. Olhou-a toda. Lembranças vieram à tona. Lembranças da terrível noite que passou.

Entrou e viu Sam sentado no sofá, dormindo. Sentou no sofá ao lado e jogou uma almofada no irmão, este que acordou atordoado.

– Isso lá é jeito de me acordar?! - ele disse com os olhos pesados.

– O que você queria me contar?

– Eu não quero te contar nada. Sei que você quer saber.

– Desembucha.

– Bom, primeiro a Kate achou esse caderno no porão. - apontou para o objeto. Dean o pegou e começou a folheá-lo. - Ela disse que não achou nada de interessante, mas eu achei.

– O que? Aqui só diz o nome de um monte de filhos da puta sobrenaturais.

– Só que mais pra frente o dono diz que há uma garota poderosa. Que será temida por todos.

– Deve ser só mais uma criatura, a qual devemos matar... - seus pensamentos o interromperam. Samuel lhes dissera sobre a mãe de todos, Eve. - Ou talvez a Eve. Aquela garota de camisola branca que apareceu no jornal.

– Talvez, mas eu duvido um pouco, pois a descrição daí não tem nada a ver com ela.

– O que mais você queria me contar sobre a Kate?

*

No quarto, Kate sonhava, ou mais especificamente, tinha pesadelos. Se contorcia o tempo todo. Rolava na cama e soltava gritinhos agudos.

O lugar era preto rodado de estantes cheias de potes de vidro com líquidos de variadas cores. Ela viu seus irmãos. Sam, Dean e Adam amarrados em cadeiras de metal. Azazel rodava as mesas com uma faca na mão enquanto falava alguma coisa que não era possível Kate ouvir... Depois não era mais Azazel que estava fazendo isso, era uma garota de camisola branca, Eve.

No sonho, Kate começava a sentir seu corpo quente, outra vez. Aquela sensação de fogo crescendo dentro de si. Raiva por ver seus irmãos naquele estado e ela sem poder fazer nada. Ela berrou alto, a ponto de todos os vidros das estantes quebrarem e as estantes caírem. As correntes que prendiam seus irmãos foram abertas, libertando-os. Eve se transformou em um outro cara. Um outro homem que aparecia em seus sonhos. Ele sorria malicioso.

– Descobriu, não é?

Andar debaixo...

– Ei, o que mais você queria me contar sobre a Kate? - perguntou Dean.

– Bom, é que...

Um berro vindo do andar de cima e o som de vidros quebrando interrompeu a fala de Sam.

Os dois correram para o quarto de Kate. Tentaram abrir a porta, mas ela estava trancada. Os berros não paravam. O desespero crescia dentro deles. Dean se afastou e puxou Sam com ele. Chutou a porta. Ela não abriu. Chutou de novo e ela caiu com um barulho forte. Se espantaram ao ver o quarto todo... acabado. Tinha vidro pra todo lado. Livros caídos e alguns com suas páginas rasgadas. As cortinas tinham se soltado do painel. As estantes no chão e a madeira quebrada.

Dean correu para perto de Kate, que ainda estava dormindo e muito quente. Com arranhões no rosto e nos braços devido aos vidros. Livros pretos começaram a levitar e a formar um círculo. Eles rodavam depressa, como se fossem ser atirados em alguém.

– Kate! Kate! Acorda! - ele gritava para ela. Ela queria, mas não conseguia acordar. O mais velho viu um copo com água. Pegou-o e jogou a água na cara da irmã.

Ela acordou ofegante e se sentou. Ainda ouvia a voz do homem repetindo:''Descobriu, não é?''. Balançou a cabeça com força e apertou os olhos. Sam se aproximou deles.

– Kate, o que houve?

Só quando ele disse isso ela percebeu de que eles estavam ali. Olhou todo o quarto e seus olhos marejaram.

– Foi... foi horrível! - sua voz estava embargada - Vocês... vocês estavam presos, amarrados e... - ela respirou fundo. - Azazel estava lá. - olhou para Sam. - Depois apareceu uma mulher de camisola branca e um outro homem.

Sam e Dean se entreolharam. Palpitaram que a garota era Eve, mas quem era o homem?

– O que... - Sam começou.

– Eu berrei. Berrei e os vidros começaram a se quebrar. - ela começou a ficar com raiva e seu olhar parou nos livros que levitavam. Quando ela os olhou, eles caíram. - Meu Deus!

– Que foi? - Dean perguntou seguindo os olhos dela.

– E-eu – ela não sabia como dizer isso. - olhei pros livros e... desejei que parassem de levitar. - encarou os irmãos.

Ela levantou, andou até a porta e voltou, massageando as têmporas. Os irmãos se levantaram também, ficando de frente pra ela. Kate começou a chorar.

– Kate, olha... - Dean chegava perto dela com a intenção de acalmá-la.

– Não! - ela o empurrou com força. Tanta força que ele foi de encontro com a parede, sentindo uma dor terrível. - Oh, Dean, me desculpa, eu não queria...

– Se não me quer por perto é só falar. - ele disse se recompondo.

– Você é forte. - Sam ''elogiou''.

– Não. - ela sussurrou - Não, eu não sou, não! - olhou para Sam e este caiu na cama. - Como...?

– É. Ela descobriu. - Lúcifer falava de frente pra cama, mas só Sam o via.

– Sam, o que você tá olhando? - perguntou Kate.

Ela estava muito assustada. Tentando não acreditar que podia fazer o que ela achava estava fazendo.

– É o Lúcifer? - Dean perguntou.

– Lúcifer?! Como assim Lúcifer?

– Longa história, maninha. - Sam disse apertando a palma da mão, mas isso já não adiantava mais. Lúcifer não saía dali se não quisesse.

– Bom, da pra resumir? - O diabo chegou perto dela e passou a mão em um de seus braços. Ela sentiu o toque. Se afastou bruscamente. - Que isso?

– É ele. - Sam respondeu como se fosse a resposta mais óbvia. - Que bela forma de começar o aniversário, hein? - ele olhou para Kate. Ela tinha um olhar de raiva e preocupação.


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