A Irmã dos Winchester escrita por BlueBlack


Capítulo 12
Dia de Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Nada a declarar...

Boa leitura!



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Castiel e Kate estavam em uma clareira de grama baixa, muito bem escondida pela floresta. A menina nunca tinha visto uma tão grande quanto aquela. O anjo colocou carros e outras coisas para que ela pudesse treinar. Ela esticou a mão e fixou o olhar em uma mesa de madeira. Ela não se moveu. Suspirou derrotada pela quinta vez.

– Você não está fazendo o que eu disse. - Castiel disse.

– Tá, tá. E você não para de falar isso.

– Você tem que pensar em alguma coisa feliz. Alguma lembrança que te faça feliz...

– Isso pode demorar.

– … Ou então crie uma. Quando se trata de telecinese, é questão de serenidade. - ela esticou a mão para a mesa outra vez e pensou no que a faria feliz. Desta vez, o objeto levantou e Kate o moveu, até que ela não suportou mais. Ela riu com o resultado. - Muito bom. No que você pensou?

– Em mim, Adam e minha mãe juntos. Só não sei por que não incluí os Winchester.

– Era pra você pensar no que te faz feliz. - ela abaixou a cabeça. Ele, percebendo o que acabara de falar, mandou-a continuar e se sentou.

Ela o fez. Continuou com as coisas pequenas e depois tentou nas maiores. Carros ainda eram um desafio pra ela. Já entediada, ela tentou levantar uma árvore. Castiel disse que era difícil ela conseguir, por causa da raiz. Ela jurou que a planta tinha se movido, mas o anjo duvidou.

– Conheceu Adam? – ela perguntou.

– Ahn... sim. Conheci ele hoje. – mentiu.

– Você gosta dos seus irmãos, Castiel?

– Os anjos? Não acho que seja a melhor espécie, mas são meus irmãos. Só não sei dizer se gosto deles. Os humanos acham que os anjos os protegem, são bons...

– Mas você é bom, Castiel!

– Quantos anjos bons você conhece?

– Eu só conheço você de anjo. Apesar de que quando eu era criança, eu jurava ter visto uma luz branca no meu quarto falando coisas estranhas.

– Luz branca?

– É. Eu só via a silhueta e a luz branca ao seu redor. Ela dizia “É você, é você...”. Estranho, né? - Castiel pensou no que responder.

– É. Estranho... – ele encarava a expressão de desentendimento dela. – Ahn... Kate, eu... preciso te contar uma coisa. – se levantou.

– Tô ouvindo.

– Eu...eu já conhecia Adam. Quero dizer, antes de vocês se encontrarem. Sabia que ele estava vivo.

Ela o encarou esperando que ele dissesse que era mentira.

– O QUE? – ela só olhava para ele até que berrou e um carro voo na direção do anjo, o acertando. Ele foi arrastado por mais tempo do que ela esperava. – Oh, Castiel! Desculpa, eu não...

– Tudo bem. – ele disse com dificuldade, tentando tirar o veículo de perto. – Eu sabia que você teria esse tipo de reação.

– É, mas não pra te matar! – ela esticou a mão e tentou mexer o carro. Sem sucesso. – Que droga! Você disse que eu precisava de serenidade, mas porque quando eu estou com raiva isso acontece?

– Porque quando você está com raiva você deseja que alguma coisa aconteça com tal pessoa, mesmo que não esteja pensando nisso. Esse tipo de pensamento também ajuda a mover as coisas, mas precisa de mais concentração do que quando você usa a serenidade. É fácil saber quando um telecinético está sentindo pura raiva. Muitos não têm controle disso.

*

Dean estava em uma lanchonete, sentado numa mesa tomando sua segunda garrafa de cerveja. Estava pensando na volta de Adam e em como seria difícil ter ele e a irmã para cuidar. Não que eles sejam totais crianças, mas Kate não tem nem 18 anos! Pensava na possibilidade de ela aceitar se afastar dele e de Sam. Voltar a viver com Adam. Afinal, ela, de certa forma, disse que não queria ficar com os Winchester. Ele gostava dela, gostava da relação que tinha com ela, de ficar perto dela... de protegê-la. Mas antes de fazer qualquer coisa sobre isso, teria a certeza de que Adam é de confiança. Ele poderia ser um demônio ou estar possuído por alguma outra coisa que queira Kate. Bufou, tomou o último gole da bebida, pagou e saiu. Decidiu ligar para Sam. O telefone tocou três vezes e o mais novo atendeu.

– Fala, Dean.

– Ahn... Sam. Você podia vir pro bar onde eu estou? Preciso falar com você.

– Aconteceu alguma coisa?

– Vem logo. – ignorou a pergunta e desligou o telefone.

*

Uma hora depois de Kate ter batido o carro em Castiel, eles ainda treinavam. Ela tentava desesperadamente mover um veículo. O máximo que ela tinha conseguido era levantar a parte de trás de uma moto.

– Kate, não acha melhor parar e descansar um pouco? – o anjo perguntou ao lado dela.

– Não! – gritou. – Não vou parar até conseguir levantar um carro!

– É só o seu primeiro dia. Amanhã você tenta de novo...

– Amanhã? Castiel, amanhã eu posso não estar viva pra tentar fazer isso. E o dia está só começando. – ela ficou um pouco tonta, mas não demonstrou isso.

– Treinar assim não faz bem, Kate. Você pode ficar doente. Estamos aqui a mais de duas horas!

– Então o que faz bem? – se virou para ele. - Vocês me perturbam o tempo todo dizendo que isso e aquilo não faz bem. O que faz? Não tenho liberdade alguma quando, principalmente, você e Dean estão perto. – voltou-se para frente. – Apesar de ele ser pior.

– Então, no máximo esperamos eles ligarem e pedirem para voltarmos.

– Beleza! – ela disse ignorante e recomeçou a pensar no que a fazia feliz.

*

– Como assim quer afastá-los? – Sam perguntou indignado.

– Pensa bem, Sam. Agora que Kate tem o irmão pode voltar a caçar com ele sozinha.

– Não está falando sério...

– É claro que tô!

– Dean, como pode querer despachá-la depois de descobrir sobre aqueles poderes e que demônios estão caçando-a? Aliás, ela é sua irmã!

Ele ficou quieto por um tempo.

– Você tinha que se apegar a ela, né? – Sam só suspirou e revirou os olhos. – Tudo bem, aguentamos mais um pouco. Mas se aquele garoto começar a me encher, eu meto uma bala na cabeça dele.

– E a Kate mete outra na sua. – o mais novo disse rindo fraco.

Dean ia começar a andar, mas parou.

– Vai voltar comigo ou vai com o seu “bichinho”? – perguntou zombeteiro se referindo ao carro que Sam roubara.

– Vou com o seu. – revirou os olhos outra vez.

No Impala depois de um tempo...

– Você vai falar alguma coisa pra ele? – Sam perguntou.

– Quem?

– Adam.

– Ah! Não sei... acho melhor deixarmos isso só entre a gente. Se contarmos a ele e Kate descobrir, vai achar que estávamos escondendo dela.

– E estamos.

– Mesmo assim!

– Cara, você, ultimamente, não tem falado coisa com coisa.

– Ela te ligou? – mudou de assunto.

– Não. Por quê?

– Ela foi treinar com o Castiel. Ele disse que se ela não tivesse controle dos poderes poderia machucar alguém e blá, blá, blá.

– Não acha melhor ligarmos pra eles?

– Pra que? Ela tá com um anjo...

– E esse anjo é o Castiel.

Dean o olhou, voltou-se para frente e disse:

– Tem razão.

Sam discou o número e esperou que a irmã atendesse.

– Er... alô? – ela disse. Parecia estar fazendo alguma coisa com dificuldade.

– Kate! É o Sam. Ahn... tá tudo bem aí? – ele perguntou percebendo o tom de voz dela.

– Ahn... tá sim. Eu só... Quieto, Castiel! Eu só tô treinando... – ela gemeu.

– Fala a verdade... – ele demonstrou tédio.

– Não vai querer saber...

– Kate, meus pensamentos estão pervertidos.

Ela riu.

– Relaxa. É que... eu tava treinando com o Castiel e... – o anjo gritou do outro lado. – Castiel, se você não sossegar, eu te deixo assim mesmo!

– O que aconteceu com ele?

– Pois é, eu estava treinado com ele e, sem querer, o joguei no meio de plantas com espinhos...

Sam riu.

– Nossa! Depois disso ele não vai mais querer treinar com você. O que está fazendo?

– Tentando tirar ele de dentro de um buraco.

– Como assim? Não o jogou no meio do mato?

– Também. Mas quando ele foi sair de lá, caiu em uma armadilha de caçadores. Antes que você me pergunte, ele só não se teletransporta do buraco por não consegue se mexer estando coberto de espinhos.

– Querem ajuda?

– Onde você está?

– Eu e Dean estamos indo pra casa do seu irmão.

– Então pode deixar que eu ligo pra ele e peço pra que venha aqui.

– Tudo bem... – Sam sentiu uma pontinha de ciúmes pela irmã não querer sua ajuda e sim de um irmão que ficou sumido por mais de seis meses.

– O que houve? – Dean perguntou.

– Parece que a Kate está indo muito bem com o treinamento...

O mais velho o olhou desconfiado.

– Sei...

*

– Ok, de novo. – Kate esticou o braço para o anjo e ele segurou. – Um, dois, três! – ela puxou o braço, mas de nada adiantou. – Chega! Isso é inútil. Eu nunca vou te aguentar! Melhor esperarmos o Adam...

Ela deitou de barriga pra baixo no chão, de frente para o buraco.

– O que está fazendo?

– Vou tirar esses espinhos de você. Vem cá. – ela sinalizou e ele o fez, desconfortável com isso. Ela começou a tirar da nuca dele e ele foi gemendo. – Pensei que anjos não sentissem dor.

– Bom, eles sentem, mas isso é muito pior do que qualquer outro tipo de dor que eu tenha sentido. – ele disse isso e ela sorriu. Puxou dois de uma vez.

– Ai! Por que fez isso?

– Sabia que ia doer. – pensou um pouco. – E por não ter me dito que Adam estava vivo!

– Desculpe por isso, mas foi preciso.

– Como assim foi preciso?! – ela puxou mais dois espinhos de uma vez, irritada e mordendo o lábio inferior.

– Ai!

– Responde! – puxou três.

– Kate! Para! – o anjo pedia.

– Kate? – Adam ia até eles. – Tudo bem aí?

– Ahn... tá sim! – ela respondeu, arrancou mais um espinho de Castiel e se levantou.

– Eu... – foi interrompido por um abraço da irmã. – Wow! Por que isso? -retribuiu.

– Ah, sei lá. – se afastou - Impulso?

Adam riu pelo nariz.

– Pode ser. Então... – olhou para o anjo no buraco. – Como está indo o treinamento? – franziu a testa.

– Tivemos alguns problemas. Pode me ajudar a tirá-lo de lá? Meu braço está dormente. – ela dobrou e desdobrou o braço algumas vezes.

– Claro!

Kate esticou o braço outra vez para Castiel e ele segurou sua mão. Adam segurou na cintura da irmã.

– No três. Um, dois, três! – um puxando o outro e nada. – De novo! Um, dois, três! – puxaram e para ajudar, Castiel escalou a parede com os pés.

Ele foi libertado, mas os irmãos puxaram com tanta força, que quando o anjo soltou a mão de Kate, caíram um em cima do outro. Começaram a gargalhar e riram tanto que começaram a ficar com dor de barriga. Pararam e se sentaram ambos com água nos olhos.

– Senti falta disso. – a menina disse.

– É, eu também. - ela olhou para frente.

– Desculpe ter falado daquele jeito com você mais cedo.

– Sem problemas. – ele levantou e ofereceu a mão para ela, que aceitou e se ergueu também. – Ei! Quantas horas?

– Ahn... – olhou o celular. – Onze.

– Beleza. O que acha de almoçar comigo hoje? Só nós dois? – Adam se sentiu estranho ao perguntar isso.

Kate pensou por um momento. “Só nós dois?”, questionou mentalmente.

– Tudo bem, mas... vamos passar na “sua” casa primeiro e avisar os meninos.

– Ok... – isso soou como se ele estivesse com tédio, mas não era exatamente sua intenção.

– Castiel? – ela se virou e viu o anjo tirando um espinho do braço. – Nos leva pra casa?

Ele apenas assentiu e eles deram a mão pra ele, sumindo logo depois. Apareceram na casa e viram Dean e Sam sentados no sofá vendo TV.

– Preciso ir, Kate. - o anjo disse chamando a atenção dos mais velhos no sofá. – Tenho que tirar esses espinhos logo. – e sumiu.

– Kate, que bom que chegou! – Sam se curvou sobre a mesinha à sua frente.

– Pois é, eu...

– Preciso que procure sobre dois casos que apareceram. – ele se levantou e andou até ela.

– Por que você não procura? – Adam perguntou um tanto agressivo. Dean se levantou na mesma hora.

– Bom, porque Kate sempre fez isso pra nós quando caçávamos juntos.

– É, mas agora ela não caça só com vocês. Eu – apontou para o próprio peito. – estou aqui.

– Mas ninguém te chamou, chamou? – o mais velho disse.

– Dean! – Kate o repreendeu. Virou-se para o outro. – Não precisa falar desse jeito, Adam. Desculpe, Sam, mas eu e o Adam combinamos de irmos almoçar juntos hoje.

– Sozinhos? – Dean perguntou com um pouco de ciúmes.

– É, sozinhos! - Adam aumentou o tom. - Quer dizer, sem você para se intrometer em assuntos que não são da sua conta.

– Melhor você ficar na sua, garoto... – Dean quase avançou nele, mas Kate se pôs no meio dos dois, ficando de frente para o loiro.

– Já deu. Eu vou almoçar sozinha com ele, sim. Voltamos em uma hora. - o loiro olhou com pura raiva para Adam.

– Bom, então divirtam-se. – Sam disse e abraçou Kate que estranhou bastante, assim como os outros.

– Tá, valeu. Vamos, Adam? – ele só assentiu. – Tchau, garotos! – ela se despediu e saiu.

– Qual foi a do abraço? – Dean perguntou um tempo depois. Ele tirou algo do bolso.

– Coloquei um rastreador no bolso de trás dela.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, eu adorei escrever a parte em que a Kate conta pro Dean e pro Sam que ela vai almoçar com o Adam. Sério, amei o jeito que o Adam falou com o Dean!

É só isso galera. Se eu precisar dizer mais alguma coisa pra vocês sobre esse cap. eu edito as notas finais depois ou digo nos comentários.

Bjs!