– Vamos Line! Acorde! Esqueceu-se da reunião? – falava Catarina enquanto pulava em cima de mim.

– Você dormiu bastante! Já são duas da manhã, os jornalistas e repórteres já foram devido o toque de recolher, temos que ser rápidos porque tem alguns guardas fazendo rondas aqui no quarteirão. – disse Scott.

Dando muxoxos levantei.

– Nossa, eu tive um sonho tão estranho. – eu ainda estava com olhos fechados – Acredita que eu era uma selecionada? Dá pra acreditar? Ei, vocês sabem o motivo da reunião? – perguntei abrindo os olhos, então percebi. Não foi um sonho. Eu estava na casa nova e realmente tinha ido para o palácio...

Onde me apaixonei por Logan, o príncipe de Illéa.

– Deixa pra lá. – falei. Meus irmãos olharam para mim com compaixão e disseram que iam sair.

Me levantei e abri a cômoda. Minhas velhas roupas. Puxei um jeans e uma blusa com mangas que minha avó tricotara para mim no Natal passado, coloquei um tênis velho e amarrei meus cabelos. Eu iria ver meu avô, ele com certeza iria pedir para que mostrasse tudo o que encontrara, mas...

Oh, droga! Eu não arrumei minha mala, esqueci de pegar os diários e os documentos que achei!

Abri a mala na esperança de pelo menos encontrar algo útil e me deparei com um vestido verde claro que usei dias atrás e debaixo dele estavam os livros e uma pasta com as transações bancárias. Bendita seja Louise Woodwork! Eu posso ouvir um aleluia? ALELUIAAAA!

Peguei tudo e enfiei em uma mochila que estava no canto do quarto. Meu pai chamou meu nome e eu fui para a sala de estar onde ele me esperava com minha mãe.

– Querida, eu vou com você até a base. Dê um beijo em sua mãe e seus irmãos e vamos.

Dei um beijo na testa de meus irmãos que estavam ao lado de minha mãe e depois a abracei e dei um beijo estalado em sua bochecha.

– Vou ficar acordada esperando, eu gostaria de ir, mas tem seus irmãos... que aliás, deveriam ESTAR DORMINDO!

– Mãe, vamos logo! Nós não iremos atrapalhar em nada!

– Eu ainda não entendo essa sua implicância May! Que mal tem? Vai ser meio que uma reunião de família. – insistiu meu pai. Meus irmãos olharam para mamãe com olhos chorosos e ela bufou.

– Está bem! Não façam eu me arrepender!

Saímos de casa, as ruas estavam escuras e por onde passávamos, tínhamos que despistar dos guardas que carregavam lanternas. Nossa nova casa era longe da base, caminhamos bastante até que chegamos próximo do bosque de Paloma, no limite do bosque tem uma grande casa abandonada, entramos nela e fomos para a cozinha, afastamos a geladeira e lá estava um elevador. Nós entramos nele e a luz se acendeu, haviam alguns botões:

0 – entrada

–1 – salas de treinamento e refeitório de alunos

–2 – academia

–3 – sala do conselho

Minha mãe apertou o botão de -3. A base rebelde principal era essa. Aqui foi onde eu comecei meu treinamento, as demais bases secundárias, que é onde os rebeldes trabalham, estão espalhadas em diversas províncias, por Paloma ser a sede, há 6, contando com a principal. Eu trabalho na base 4. As bases ficam no subsolo de algumas casas abandonadas.

O elevador parou e nós saímos. Na frente da sala do conselho, havia uma espécie de sala de espera com alguns sofás. Sentados neles estavam tio Kota (ele é viúvo), seu filho Patrick, tia Kenna e tio James, sua filha Astra, pouco mais velha que eu, e seus filhos Toby e Ian, além de tio Gerard, sua esposa Lacey e sua filhinha Lily. Em pé, se encontravam minha avó, meu avô e tio Aspen. Todos conversavam entre si, meu avô notou nossa chegada e disse:

– Olá Aline.

Agora haverá os POVs da Kriss, do Maxon e do Logan!!!

POV Kriss

Eu não gostava da Aline Castrien

Eu não gostava do fato de ela ter roubado os dois homens da minha vida. Maxon dava muita atenção à ela, ele se esquecia que ela não era a America! E Logan, meu querido filhinho! Eu o criei com tanto amor e carinho! Ele e a irmã, Alyssa. Alyssa foi para outro país, tinha arranjado um marido com sangue azul, iria ser uma boa rainha. Agora era a vez de Logan sair debaixo das minhas asas. Mas ele teve que se apaixonar justo por ela!

Ele falava sobre ela toda a noite! E falava com um brilho nos olhos e sempre que citava o nome da garota, sorria automaticamente...

O que o amor não faz...

Eu sentia raiva da garota Castrien.

Sentia.

Depois eu senti pena.

Um dia Maxon chegou no quarto bêbado e se deitou na cama, com a roupa da festa e tudo! Relutante, perguntei o que acontecera, lembro muito bem.

– Max, onde você estava?

– Ah, oi Kriss! Seu nome é Kriss... é um nome legal. O meu é Maxon! Ei Kriss, eu tava com a America, mas ela não me quis, ela me chutou! Eu a agarrei mas ela era ela, e ao mesmo tempo não! Ela não era a Meri, ela não gosta de mim! Eu a agarrei a força...

– Max, você fez o quê com ela? – eu estava com muito medo.

– Eu a beijei e estava tentando fazer carinhos mas a America não deixava e ela chorava, mas eu não queria que ela fosse embora, mas aí ela me chutou, entrou no quarto e trancou a porta!

– Tudo bem. Max, vá dormir querido, você parece bastante cansado!

Comecei a chorar enquanto afagava os cabelos do meu marido até que ele dormisse.

Maxon não costumava beber e quando bebia ficava violento. Eu tive pena da garota pois eu sabia como Maxon poderia se tornar. Quando fez um ano da morte de America, nós já éramos casados e nesse dia, Maxon bebeu cinco garrafas ou mais de uma bebida bastante forte e começou a falar coisas e até me agrediu. Eu senti muito medo dele e quando ele me contou que agarrou Aline, eu fiquei com pena, pois tinha ideia do que a garota passou. Nesse dia eu me toquei que não era culpa dela ser parecida com America e que eu não deveria ficar com raiva pois ela tinha uma personalidade diferente.

Ela era uma pessoa diferente.

Não era a America.

No dia seguinte eu conversei com Maxon, ele ficou com muita vergonha do que fez e nós tivemos uma conversa séria. Eu não sei se ele finalmente abriu os olhos, mas tenho certeza que depois da conversa que Logan teve conosco, ele se tocou. Eu ainda estava chateada com ele, mas sabia muito bem que ele não estava em boas condições quando fez o que fez e o perdoei, além do mais, quando saímos do escritório depois de conversar com nosso filho, ele veio com uma proposta.

Uma proposta que eu aceitei.

(A proposta está no POV do Maxon e a conversa com Logan, o próprio irá falar em seu POV. Vamos continuar a parte da Kriss!)

Eu sentia ainda um pouco de ciúme da Aline.

Meu filho falava muito dela. Eu não estava pronto para largá-lo, para deixar que outra mulher invadisse a vida dele. Eu também senti ciúme porque ele realmente era apaixonado por ela. De verdade. E nos primeiros anos de casada com Maxon, nós tínhamos apenas uma relação de amizade.

Agora, faz menos de 24 horas que ela deixou o palácio. Eu já passei pela porta de Logan sete vezes e continuo ouvindo o choro. Não me recordo de tê-lo ouvido chorar muitas vezes, nem quando criança. Entrei no quarto dele uma vez e antes que ele mandasse eu ir embora, pude ver seu estado deplorável. Fiquei com muita vergonha de ter várias vezes desejado a saída da garota, pois ela faz muita falta para meu filho, e nenhuma mãe gostaria de ver seu filho sofrendo.

Ainda mais sofrendo por amor. Esse é o pior tipo de sofrimento.

Não entendo o porquê da saída dela. Sei apenas que houve um desentendimento entre ela e Logan e que ele decidiu tirá-la da Seleção, ou SMOGUEM, como ele costuma falar. Ele realmente parecia gostar dela! E ela correspondia!

E quando ele disse que ela ia se retirar do palácio, todos ficamos surpresos, afinal, ele tinha conversado comigo e com o pai sobre ela! E de uma hora para outra muda de ideia?! Eu perguntei mais tarde, quando ela ia sair, se ele iria se despedir, como fez com as outras, mas recebi uma resposta negativa em troca. Depois que falei com ela, fui até o quarto de meu filho e ouvi um choro.

Eu só espero que ele seja feliz.

Eu também desejo a felicidade de Aline Castrien. Sei que seu amor por meu filho era sincero.

Eu vi nos olhos dela.