POV Aline

Mal dormi à noite. Fiquei pensando se Téah poderia estar apaixonada por outra pessoa que não fosse o Logan, mas é bem provável que não. Mas depois de refletir bastante, cheguei à conclusão de que mesmo que ela goste dele, nossa amizade não será prejudicada, uma de nós vai sair da Seleção de coração partido, mas a nossa amizade vem antes de tudo isso.

Olívia estava arrumando meu cabelo enquanto Louise e Olívia faziam um vestido que usaria no próximo Jornal Oficial.

– Line, a Louise me contou o que houve depois daquela festa. – disse Olívia em um sussurro, como se não soubesse se deveria tocar no assunto, eu não me manifestei, então ela continuou. – Sei que a senhorita não saiu do quarto ontem e que quase não iria descer para o andar de baixo hoje também, mas se a senhorita me permite um conselho, vá e entre de cabeça erguida e finja que nada aconteceu. Eu concordo com a Louise de que a senhora deveria desistir da Seleção mas também acredito no amor e se a senhorita vai ficar pelo Logan, é porque o ama de verdade e que aceita correr o risco por ele. O melhor a fazer, na minha opinião, é esquecer do ocorrido, lembre-se, o rei estava bêbado, pode ser que ele não deve se lembrar do que fez.

– Tudo bem Olívia. E pare de me chamar de senhorita! É Line!

Ela sorriu e disse que eu estava pronta. Desci as escadas e fui para o salão das refeições. Na cabeceira estava Logan e quando me viu deu um pequeno sorriso, que não passou despercebido pelas demais garotas que já estavam lá. Sentei-me ao lado de Téah e de Priscila. Algumas garotas já haviam saído, restavam sete: Tuane, eu, Téah, Priscila, Haley, Kamille e Gabrielle. O povo estava pressionando muito o príncipe para que decidisse logo sua escolhida.

Logan falou que os pais estavam tomando café da manhã a sós no jardim, Téah disse que fizeram o mesmo ontem, e Clarkson havia despertado cedo e não quis nos esperar. Dei um leve suspiro de alívio! Depois do café, as meninas foram preparar seus trabalhos de filantropia no Salão das Mulheres e eu fui para a sala de música com Logan.

Ele estava tocando uma música no piano, que aprendera com um professor, e eu o acompanhava no violino. Após um tempo, sentamos em um sofá que tinha na sala.

– Me conte um pouco sobre sua família. – pediu ele.

– Bem, minha mãe se chama May e era uma cinco antes de se casar com meu pai, Sebastian que é um Oito; eles são muito legais e lutam muito pra sustentar a família. Eu sou a filha mais velha, depois vem Fernando que faleceu devido... uma doença e os gêmeos Catarina e Scott. A Cata é muito fofa e ela é a minha confidente e o Scott é um amigo e tanto! Catarina sabe costurar roupas, ela gostaria de ser estilista e o Scott gosta muito de animais e anatomia, ele seria um bom veterinário, mas na minha opinião, os dois dariam ótimos atores, eles são muito dramáticos e sabem mudar a expressão facial drasticamente, até choram lágrimas de crocodilo! E tem também o Caleb, ele não é meu irmão, mas é meu melhor amigo desde sempre e eu o considero parte da família, éramos inseparáveis! Ele é um Três e tem a mesma idade que eu. Se você o conhecesse, seriam melhores amigos, não tem como não gostar de Caleb. – era ciúmes no olhar do Logan?

– Esse Caleb nunca quis ser seu namorado? – perguntou, ficando vermelho em seguida.

– Alteza, está com ciúmes? Não se preocupe!

– Mas vocês já tem uma relação mais duradoura do que a nossa Line...

Eu comecei a rir. Fiquei até com um pouco de falta de ar após gargalhar tanto. O príncipe estava vermelho.

– Caleb é gay.

Ele ficou mais vermelho ainda e eu recomecei a sessão de risos. Logan quis mudar de assunto e perguntou:

– Já está preparando o projeto?

– Sim. Você vai gostar do que estou preparando. – não quis contar que as garotas receberam papéis sobre os projetos que devíamos preparar, seria muita audácia de minha parte dizer a ele que queriam armar para que eu saísse do palácio.

– Vossa Alteza, seu avô o chama no escritório dele. – falou um guarda.

Logan deu um beijo em minha testa e saiu, pouco depois, entrou Caio, o guarda rebelde irmão de Louise. Senti um pressentimento de que teria que falar com Téah mais tarde.

–Pediram para te entregar. Eu tomei a liberdade de ler e o manda – chuva sabe que você encontrou os diários do Gregory, ele está um pouco chateado por você ainda não ter encontrado algumas pistas sobre America.

Li a carta rapidamente e fitei Caio.

– Ele também quer que eu volte para casa, ele acha que eu deva sair da Seleção pois Clarkson voltou e ele pode desconfiar de algo, diz também que vai mandar outra pessoa aqui para o palácio se eu não encontrar algo até o dia da apresentação do trabalho de filantropia.

– Como que ele vai tirá-la do palácio?

– Simples Caio. Vovô Singer comanda a unidade de inteligência em Carolina. Ele pode mexer no banco de dados da votação para escolher a garota que irá para casa e em vez de deixar o nome da selecionada que irá partir, ele colocará o meu.

– Acho melhor começarmos a procurar pistas. Você viu se não tem algo nos diários? Algo que possa nos ajudar?

– Eu recebi ordens de não ler os diários. Você pode me dizer onde foi o local que tia America morreu? Os rebeldes nunca souberam ao certo. Talvez possamos descobrir alguma coisa.

– Siga-me.

Segui Caio por vários corredores, quando alguém perguntava o que estávamos fazendo, ele dizia que eu não estava muito bem e que iria me levar para a enfermaria. Com certeza os funcionários do palácio devem achar que eu tenho problemas sérios, afinal, eu não paro de ficar “doente”.

Chegamos em um corredor vazio e paramos em frente à uma parede.

– Me disseram que foi exatamente aqui. Nessa parede tem um abrigo, America estava na frente dele quando foi baleada.

Olhei ao redor e depois de um tempo cheguei à conclusão de que o atirador não estava no corredor, pois não haviam abrigos à frente do que Caio me mostrou e o tiro não fora dado por trás. Não tinham salas para que o atirador se escondesse e até o corredor fazer uma curva, estava longe de mais para se ter uma boa mira. Fiquei no lugar em que Caio apontou e olhei ao redor; havia uma janela próxima e a visão que a janela proporcionava era outra parte do castelo onde haviam janelas em cada andar.

– Caio, olhe aqui. Perceba que se o atirador estivesse no primeiro andar ele não conseguiria ter uma boa visão por que a janela é pequena, já as janelas do segundo e do terceiro andar são maiores e proporcionam uma ótima vista de onde estamos. Naquele dia, estava tendo um ataque, quando há ataques, os guardas se concentram no segundo andar certo? – ele assentiu com a cabeça – Então o atirador seria pego no flagra pois estariam várias pessoas no andar e o alarme já havia sido cessado. Já no terceiro andar, teria poucas pessoas e estas talvez estivessem próximas às escadas e não dentro dos quartos! Seria difícil perceberem alguém agindo estranho.

– Mas a perícia teria visto isso!

– A perícia acreditou que foi um rebelde mas ninguém percebeu que o tiro deveria ter sido dado por aquela janela e que era impossível um rebelde chegar lá sem ser pego.

– A não ser que estivesse vestido de guarda.

– E se esse atirador for um guarda? Afinal, as pessoas aprendem a atirar na base rebelde, e sabemos que o assassino não é um rebelde, ou aprendem no recrutamento. E se o Clarkson, que era rei, pediu para que esse guarda atirasse na minha tia?

– Ok. Mas porque nós chegamos à essa conclusão e a perícia na época não concluiu isso também?

– Porque na época quem mandava em tudo e tinha acesso a tudo era o Clarkson. É bem capaz dele ter chamado um grupo de sua confiança para fingir que eram da perícia! Só precisamos comprovar essas hipóteses!

– Esse é o problema Line. O Clarkson tem vários documentos guardados à sete chaves no escritório. Sempre tem guardas do próprio staff pessoal dele lá. O próprio Maxon trabalha no gabinete e raramente entra no escritório do pai!

– Eu vou de noite procurar pistas lá. Vai ser arriscado, mas eu vou. Eu posso até chamar uns amigos da base para virem aqui.

– Eu acho que devemos saber pelo menos os nomes dos guardas mais fiéis à Clarkson na época. Eu já fui no gabinete do rei Maxon e os documentos estão organizados por nomes das pessoas às quais dizem respeito. Clarkson pode organizar as coisas dele assim! Seria mais fácil se já tivéssemos em mente os nomes a quem procurar. – disse Caio pensativo. – Mas eu não tenho acesso ao sistema operacional do palácio.

– Mas eu sei quem pode nos ajudar quanto à isso.

– Quem?

– Aspen Leger.