When I Was Your Man escrita por Mell Annie


Capítulo 6
Fears


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeey...
"Olha eu aqui outra vez..." hahaha

Eai amadinhos preparados para o penúltimo capítulo?

Obrigada a todos os reviews, amei cada um... Vocês são demais, muito obrigada também por me acompanhar em mais esta jornada...

Então sem mais delongas...



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— Prim... O que aconteceu? – minha pergunta a fez chorar ainda mais. Tentei afastá-la para encara-la, mas ela me abraçava mais forte, parecendo que evitava me encarar... — Primrose o que aconteceu? – pergunto já impaciente.

— Peeta... – sua voz mal saia... — A vovó...

— O que aconteceu com a vovó Prim? O que aconteceu me diz. – Consigo afastá-la e a encaro — O que aconteceu com minha vó? — pergunto desesperado.

— Ela passou mal de madrugada... E foi levada às pressas para o hospital... Está internada... – Não consegui pensar em mais nada, somente vinha a imagem de minha mãe em minha mente, o medo de perder minha avó me deixou paralisado, eu via que Prim continuava a falar, mas não conseguia ouvir o que ela dizia, nem ao menos sabia se era mesmo comigo que ela falava. Até que ela puxou meu rosto entre suas mãos, e me forçou a olha-la. — Peeta nós temos que ir para o hospital... Eu fiquei aqui pra te levar quando você voltasse. – Apenas assinto com a cabeça, enquanto ela me puxa para o carro, antes que chegássemos ao carro percebo que ainda estou sem camisa, e mais que depressa a visto.

Não sei quanto tempo demoramos para chegar até o hospital, sei que Prim teve que me puxar novamente dessa vez para fora do carro, enquanto ela falava com a recepcionista, eu permanecia no meu estado inerte. Somente voltei ao normal e alerta, assim que chegamos ao quarto onde minha avó estava e a vi deitada naquela cama, tão frágil e vulnerável, corri para seu lado e dali não sai mais.

Minha vó estava com uma inflamação interna na bacia, devido a fratura que sofrera e que não tratara do modo que deveria ter tratado, a febre alta e dores era devido a inflamação, ela já não aguentara de dor, e na noite passada teve uma febre muito alta, o que a deixou delirante, agora ela estava sedada tomando medicação na veia juntamente com soro. Soube tudo isso pela tia Megan que é medica e que estava ajudando a cuidar da vovó apesar de não ser sua especialidade, mesmo achando que já não havia mais lagrimas, eu ainda conseguia chorar, mas o fazia silenciosamente com a cabeça recostada na cama ao lado dela, e assim foi meu domingo, não comi, não bebi, muito menos consegui dormi, tinha medo que se o fizesse pudesse perder a vovó para sempre.

— Filho você tem que se alimentar. – Meu pai disse pela milésima vez.

— Não estou com fome. – Eu disse também pela milésima vez.

— Peeta, a Mags não vai nos perdoar se você adoecer. Vá pra casa, tome um banho, coma alguma coisa e depois você volta.

— Eu não vou sair do lado dela, não vou abandona-la. – disse sem me virar para encarar tia Megan, continuava na mesma posição, somente encarando a vovó, queria ser o primeiro que ela veria quando acordasse, quero que ela saiba que eu não fugi, que eu estou aqui com ela, que eu não vou a lugar algum.

— Então vamos fazer assim filho, vou em casa pego suas coisas e você toma um banho aqui mesmo no quarto, aproveito e passo na padaria e trago algo pra você comer... Pode ser?

— Pode... – digo sem vontade, mais para não o preocupar ainda mais é injusto com ele também.

Meu pai volta um tempo depois com minha mochila e com um embrulho que fez meu estomago protestar de fome, mesmo eu tentando ignorar a fome que sentia não pude resistir ao cheiro que invadiu o quarto, decidi primeiro tomar um banho, pois realmente eu estava começando a ficar com nojo de mim mesmo, ao me olhar no espelho do pequeno banheiro do quarto, vejo que estou acabado, não parece que estou aqui apenas um dia e sim parece uma eternidade, tomo um banho um pouco mais demorado pois sei que a vovó está com meu pai e a tia Megan, e aproveito para colocar as ideias em ordem, preciso ligar para meu chefe e avisá-lo que ficarei fora durante um tempo, não me importo em perder a promoção nem mesmo o emprego, tudo que me importa agora é minha vó, e é com este pensamento que desligo o chuveiro e passo a me secar, coloco uma calça moletom e uma camiseta branca, não pretendo sair deste quarto tão cedo, então estou mais que arrumado, seco um pouco meu cabelo, e me encaro novamente no espelho, minha aparência ainda não é das melhores pois meus olhos ainda estão vermelhos e inchados, assim como minhas bochechas acredito que devido a caminhada no sol desta manhã, mas pelo menos aparento estar limpo, saio do banheiro e a primeira pessoa que vejo no quarto é Katniss sentada em uma poltrona, com as pernas encolhidas, ela me encara mas eu desvio o olhar e passo por ela seguindo para minha poltrona ao lado da cama da vovó, pego meu jantar e vejo o quão faminto estou, devoro a comida e agradeço mentalmente a meu pai.

Pouco tempo depois, meu pai sai do quarto acompanhado pela tia Megan, e um silencio constrangedor paira no quarto, antes eles estavam conversando e eu jantando, então não precisava me preocupar em ser educado ou puxar assunto, mas agora sinto que até ela sente o ambiente pesado, decido por fazer o que eu havia planejado durante o banho, penso em ligar aqui do quarto mesmo, mas como ela está aqui, não acho uma boa ideia. Pego meu celular e vou em direção a porta do quarto.

— Peeta se quiser ir pra casa, eu durmo aqui com ela... – ela disse me encarando.

— Não, eu vou ficar aqui. – Respondo rápido demais — Eu já volto.

Ligo primeiro para meu diretor e explico o que aconteceu e lhe digo que não sairia daqui enquanto ela não tivesse alta, sinto que ele não gostou nada da minha ligação, mas ainda assim me disse que eu poderia ficar o tempo que eu quisesse, entendo isso como uma gentileza da parte dele, mas poderia ser também um “quando você voltar esta demitido”, mas eu não me abalo, sei bem o que quero, e assim que desligo o telefone ligo para Cato, que sente muito por minha avó e se oferece para passar uns dias comigo assim que começassem suas férias, o que seria em uma semana, agradeço por seu apoio e logo encerro o assunto dizendo que tinha que ficar com a vovó.

Entro no quarto e Katniss continua na mesma posição apenas com um livro nas mãos, sento na minha poltrona e finalmente o cansaço me vence, dando lugar a um sono nada tranquilo habitado por uma Katniss Everdeen me dizendo palavras duras numa voz de veludo algo atípico dela, minha avó chorando por um neto ausente, meu pai tentando consolar a tia Megan, enquanto Darius consola Prim, e ao fundo de um imenso corredor esta Katniss sentada chorando aos prantos, eu corro em sua direção mas demoro a chegar, quando estou a poucos metros de distância, vejo alguém se aproximar dela, um homem que não me é estranho, ele se ajoelha e quando ela o vê, seu choro cessa e ela o beija apaixonadamente.

Acordo assustado com o sonho que tive, e vejo que Katniss não está mais no quarto, em seu lugar está meu pai sentado na poltrona dormindo, parece ter um sono mais agradável que o meu, saio do quarto a fim de pegar um pouco de ar, só então percebo que já amanheceu.

— Bom dia gatinho... – escuto uma voz familiar e me viro para cumprimentar minha pequena grande amiga.

— Bom dia baixinha. – Digo abraçando Clove e ela retribui.

— Como a vovó está?

— Na mesma Clo, estou ficando preocupado... Você não pode dar uma olhada nela não hein? Ia pedir pra tia Megan, mas não sei onde ela está.

— A Dra. Megan foi pra casa há algumas horas... Eu até queria ajudar, mas sou obstetra, acho que não posso ajudar muito neste caso. – Ela diz sorrindo, me sinto mal por não saber a especialidade dela. — Cabeção, meu turno está acabando, que tal tomarmos um café e colocarmos a conversa em dia.

— Sabe que é Clo... – comecei a falar coçando a nuca, como diria a minha amiga que não quero sair do lado da vovó. Felizmente não foi necessário, pois ela revirou os olhos e disse...

— Nossa Peeta tem coisas que nunca mudam mesmo, você e sua mania de coçar a nuca quando quer enrolar alguém.

— Você me conhece baixinha. – Digo abraçando-o enquanto caminhamos de volta para o quarto. — É que eu não quero deixar minha avó.

— Tudo bem, mas você se importa se eu trouxer algumas coisas e tomamos o café aqui. – Ela disse assim que paramos na porta.

— É claro que não me importo.

— Então volte para o quarto que eu trago o café para nós e para seu pai também.

— Tudo bem, se não for te atrapalhar.— digo um pouco sem jeito, não ia aceitar, mas sei que ela está tentando me distrair.

— Não vai, daqui uns 20 minutos no máximo estou de volta.

Voltei para o quarto e meu pai ainda dormia, e a baixinha foi super pontual pois depois de exatos 20 minutos ela voltou tentando equilibrar três copos térmicos de café e dois embrulhos contendo mini croissants. Meu pai chamou a atenção dela pois ela não deveria ter pago por aquilo, até tentou devolver o dinheiro já que ela havia comprado tudo na Mellark’s, mas ela não aceitou de jeito nenhum. Então o velho cedeu à teimosia da baixinha, tomou o café e se despediu, pois passaria em casa pra tomar um banho e ir para padaria.

Fiquei um bom tempo conversando com ela, e cada hora que se passava mais visitas chegavam e tive a oportunidade de conversar bastante com meus amigos, já que todos sempre ficavam mínimo uma hora, Prim e Darius vinham sempre e assim pude conhece-lo melhor, Katniss veio com Gale, e apesar de um tanto constrangedor, ele é muito educado e até chegamos a conversar um pouco, e tenho que admitir, se ele não fosse o atual da minha ex até que poderíamos ser amigos, ele é militar e responsável pelo quartel que foi implantado na cidade há alguns anos atrás, as vezes sai em uma missão ou outra, mas não fica muito tempo fora.

A semana passou vagarosamente, a vovó acordava e sempre reclamava de dores, mas mesmo assim tentava se levantar ignorando nossos pedidos para que ela não o fizesse, mas teimosa como é sempre dava um jeitinho de nos driblar, as poucas vezes que sai do quarto era para levá-la para ver o pôr do sol, algo que me lembrava muito minha mãe, ela amava os tons alaranjados que se formava no horizonte.

Cato chegou na sexta feira a noite e veio direto para o hospital, foi engraçado quando ele chegou, pois havia um certo tipo de reunião no quarto da vovó, estava o Odair e a Annie, Glimmer, Clove, Treash e a Fox, todos conversávamos animados e a vovó ria quando ele bateu na porta do quarto, Clove abriu a porta e ficou encarando meu amigo, enquanto ele retribuía o olhar da baixinha.

— Hey brother...— o cumprimentei quebrando o silêncio entre eles.

— Eai conquistador...— ele disse me abraçando, e aproveitei pra dar um soco em seu braço, por ter pronunciado este infeliz apelido.

— Conquistador Peeta? — Clove perguntou chamando a atenção de todos.

— Longa história Clo. — disse tentando encerrar o assunto e querendo matar meu amigo.

Apresentei o idiota para meus amigos e para a vovó, que o adorou e a recíproca foi verdadeira já que em pouco tempo já estava chamando-a de avó, percebi os olhares nada castos de Glimmer e Clove pra cima do loiro cara de pau, e ele retribuía os olhares de ambas, logo todos foram embora e Clove voltou a trabalhar.

— Cato nada de graça com elas viu, são minhas amigas de infância, principalmente a Clove. — disse já cortando o barato dele.

— Eu não fiz nada, ela que ficou me desejando como se eu fosse um enorme chocolate branco e ela estivesse na TPM. — ele disse e tive que concordar, pois as meninas estavam impossíveis — Mas tenho que admitir que a morena me chamou atenção.

— Boa sorte, a baixinha é brava... Não me surpreende ela estar solteira.

Conversamos mais um pouco, até que fomos interrompidos pela baixinha que estava se despedindo, pois seu turno já havia acabado.

— E você Cato vai ficar por aqui? – Clove pergunta enquanto senta no braço da poltrona que estou.

— Vou ficar este fim de semana sim, falando nisso qual o hotel mais próximo daqui? — Clove e eu nos encaramos e rimos da cara do meu amigo. — O que foi?

— O que foi, que aqui na cidade não tem hotel, o mais próximo fica há umas duas ou três horas daqui. – Clove explica ainda rindo.

— Obrigada amigão por ter esquecido de me falar esse pequeno detalhe. – Cato me fuzila com os olhos ao falar.

— Sou seu amigão mesmo, você vai ficar na minha casa. Já falei com meu pai. – Digo e ele faz cara de alivio.

— A casa do Peeta é caminho pra mim, se quiser te deixo lá. – Hum a baixinha chegou onde ela queria.

— Com certeza vou aceitar a carona. – é claro que ele disse isso, e senti uma certa malicia no tom dele.

— Então vamos? – Clove se colocou de pé rapidamente e Cato a seguiu. O encarei semicerrando os olhos e fiz sinal com dedos de que estava de olho nele, ele estendeu as mãos enquanto ambos saiam do quarto.

— Juízo, vocês dois! – falei antes que a porta se fechasse.

A vovó acordou assim que Clove e Cato saíram, mas ainda estava grogue pelas medicações, então ficou pouco tempo acordada, um pouco mais tarde recebi uma visita e pedido inesperado, Katniss pediu ao meu pai para dormir com a vovó.

— Você que sabe Kat, se nem você nem o Peeta se importarem de fazer companhia um para o outro.— meu pai disse com tom divertido na voz, enquanto eu fingia me concentrar em algo na tela do meu notebook, sinto que estou sendo observado, quando levanto a cabeça vejo que ambos me encaram, meu pai com uma expressão divertida nos olhos e Katniss impaciente, quase bufando.

— Você se importa que eu durma aqui? — ela perguntou quase beirando a ignorância, e eu me segurei para não rir tamanha a impaciência dela.

— Claro que não. — disse tentando sem sucesso me conter.

— Ótimo. — ela disse desaforada.

— Então ta bom crianças, vou indo porque sei que a mamãe está em ótima companhia.— Meu pai se despediu dando um beijo em Katniss, na vovó e em mim.

Já estava tarde, e o horário de visitas há muito já havia acabado, portanto agora seria somente nos três, Katniss encolhida em uma poltrona, eu jogado em outra e a vovó apagada na cama, ela tem tomado fortes medicações e cada dia a dose aumenta, pois as dores são intensas, e a infecção não está cedendo, então a maior parte do tempo ela fica sedada, algo que é triste porém necessário, e eu mal tenho saído deste quarto, uma vez ou outra alguém me tira a pulso daqui, agora que Cato veio passar uns dias aqui e trouxe meu notebook tenho motivos o suficiente pra ficar quieto no meu canto, tamanha é a quantidade de trabalho que tenho, só de olhar minha cabeça já começava a doer, mas é melhor assim, pelo menos não penso a noite inteira na minha companhia. Depois de uma hora respondendo alguns e-mails e analisando contratos, me sinto exausto e fica cada minuto mais difícil de me concentrar, apesar de Katniss estar num silencio absoluto em sua poltrona, só o fato de saber que ela está aqui a poucos centímetros de mim já deixa todos os meus sentidos em alerta, tento ignora-los tirando os óculos de grau que passei a usar desde a faculdade, jogo a cabeça pra trás e respiro fundo fechando os olhos.

***

POV Katniss

Desde que ele voltou minha vida tem estado de pernas para o ar, como ele pode voltar depois de anos e ainda ousar bagunçar minha cabeça do jeito que ele está fazendo, ele não tem o direito de fazer isso, assim que o vi entrando no quarto da vovó naquela tarde de sábado, seus olhos não saíram mais de minha cabeça, e depois daquele beijo então tudo piorou, ele fez um tremendo nó na minha cabeça, por um minuto me esqueci de tudo que ele me fez passar, por um minuto voltei a ser aquela adolescente apaixonada que tinha o namorado perfeito e a vida perfeita, até que abri meus olhos e vi que eu não era mais aquela menina, fiquei extremamente brava por ter me deixado levar pelo momento, tentei falar as palavras mais duras que me vieram a mente, a intensão era machuca-lo, mas tudo que fiz foram reabrir minhas próprias feridas que ainda não havia cicatrizado, foi doloroso vê-lo partir de novo, porém da primeira vez não houve uma despedida, ele simplesmente foi embora, sem um adeus, sem uma explicação, tentei ligar, mandei mensagens e e-mails que foram respondidos um bom tempo depois, um tempo que para mim foi longo demais, e decidi por ignora-los do mesmo jeito que ele fez por tanto tempo.

Quando o tio John veio desesperado procurando por minha mãe, pensei que havia acontecido alguma coisa a Peeta, mas quando soube que tinha sido com a vovó e que ele havia sumido, o odiei ainda mais, com certeza ele havia fugido, Prim disse que ele não faria isso de novo, e enquanto todos íamos para o hospital ela ficou na varanda da casa da vovó esperando por ele, para o bem dele é melhor que realmente não tenha fugido.

Quando eles chegaram ao hospital fiquei de certa forma aliviada, pois sei que a vovó ira precisar muito dele, Peeta estava com cara de louco, seus olhos distantes ou fingiu que não me viu, pois passou por mim e nem se deu ao trabalho de olhar em minha direção, e desde então não saiu mais do quarto do hospital. Uma parte de mim ficou feliz por ver que ele não abandonaria a vó, e outra quis mata-lo já que ele não saia mais do quarto sempre que ia ver a vovó tinha que vê-lo também, dormir lá então nem pensar, falávamos somente o básico, e achei o cumulo da falsidade quando ele e Gale ficaram conversando como se fossem amigos, tanto da parte de Gale quanto de Peeta, tanto que questionei Gale sobre sua recente amizade com ele.

— Para Catnip, o cara até que é simpático. – Gale falou usando o apelido horrível que ele diz ser carinhoso.

— Nossa Gale pensei que você tivesse ciúmes dele. – digo encarando-o.

— E eu tenho, mas acho que o tratar mal ou ignora-lo não é uma boa estratégia. – Ele diz me puxando para um beijo.

Gale é o oposto de Peeta, portanto não há comparações, como comparar duas pessoas que são completamente diferentes. Gale é militar então é todo sério, e centrado, é tão reservado quanto eu, mas ao mesmo tempo consegue ser simpático a ponto de atrair amizades, ele não é extrovertido e nem engraçado mas eu gosto do jeito dele, o que mais me surpreende nele é a facilidade que tenho em conversar sobre tudo, já cheguei até mesmo a falar de Peeta com ele, claro que isso foi antes de começarmos a namorar, então foi dessa forma que comecei a me sentir atraída por ele, sem contar que ele é muito bonito e forte, acho que somos bons juntos, ele me faz rir em momentos que não tenho vontade e sei que posso contar com ele pra tudo que precisar. Quando ele disse que me amava pela primeira vez senti um frio enorme na minha barriga, e demorei muito a admitir que eu também o amava e a dizer então nem se fala, eu amo Gale mas não da forma que eu amei Peeta, me sinto segura com ele, sei exatamente para onde estou indo, já Peeta não sei mais o que esperar dele, ele sempre foi espontâneo, extrovertido, articulado ele sempre tinha uma resposta na ponta da língua pra tudo, e todos sempre o ouviam e queriam estar perto dele, ele é do tipo de pessoa que em um momento pode estar chorando por algo triste e no instante seguinte gargalhando por conta de uma piada que se lembrou, ou comentando uma matéria do National Geographic e um segundo depois declarando seu amor, sempre conversamos bastante mas nunca foi necessário ele sabe ler cada gesto meu, cada sorriso, cada olhar, e o mesmo acontece comigo... Como neste exato momento sei que ele tenta a todo custo fingir que esta entretido com algo em seu notebook, enquanto eu peço pro tio John que me deixe dormir em seu lugar aqui com a vovó, o tio faz graça falando que se nem eu ou o Peeta se importa por ele não tem problema, fico impaciente com a atitude de Peeta se fazendo de desentendido. E não escondo o quão desconfortável é esta situação, mas há uma semana a vovó está internada e sempre que venho ela está capotada, quero passar um tempo com ela também, quero que saiba que eu estive aqui zelando por ela, mas como o Sr. Peeta Mellark não sai mais desse quarto tive que tomar uma difícil decisão, que não agradou em nada meu namorado, chegamos a ter uma breve discussão, mesmo dizendo que não, eu o entendo perfeitamente, mas eu não dependeria da aprovação dele ou não para fazer o que quero, nunca dependi e não é agora que vou começar, então mesmo contrariado ele não se opôs e não precisei sair brigada com ele.

Vejo Peeta concentrado no que está fazendo e me permito analisá-lo melhor. Ele sempre foi bonito, mas agora sua beleza vai além daquela da adolescência, seus traços estão mais maduros, e seu físico mais forte, ele transmite o ar de segurança, reparo que ele usa óculos agora e isso dá a ele um ar intelectual, e tenho que admitir sexy também... Que isso Katniss, de onde você tirou este “intelectual e sexy” reviro os olhos e dou risada de mim mesma, mas pro meu azar sou pega no flagra, pois Peeta que até então estava com a cabeça reclinada para trás encarando o teto me olha curioso.

— Você usa óculos agora? – tento tirar o foco de meu momento “falando sozinha”.

— Sim, um presentinho que a faculdade me trouxe. – Ele exibe seu sorriso torto e tímido, na adolescência eu me derretia por esse sorriso.

— Hum...— me limitei querendo encerrar o assunto, que mal havia começado.

— Parabéns pela apresentação, foi realmente muito bonito... — Peeta puxa assunto.

— Pensei que não gostasse de ballet. — digo irônica é claro, pois ele mal me acompanhava em minhas apresentações.

— Pois é, acho que mudei um pouco. — ele diz sem graça.

— É as pessoas mudam, é normal...— digo pois não quero entrar em assuntos do passado.

— Sim, alguns pra melhor outros pra pior... — ele diz e fico sem entender onde ele quer chegar... Ele respira fundo, esfrega as mãos no rosto e vejo que lá vem bomba... — Katniss eu queria te pedir perdão, por aquela noite, eu passei a impressão errada, eu queria apenas te pedir perdão, pelo que fiz, eu sei que não vai mudar em nada, e entendo se não quiser me perdoar, mas é que eu nunca mais tive paz, eu nunca mais fui verdadeiro nem comigo e nem com mais ninguém, eu me enterrei com minha mãe por algum tempo, e fiz coisas que ela jamais aprovaria simplesmente porque não soube lidar com minha dor... Talvez você não queira saber ou ouvir o que tenho pra falar, e se não quiser pode me cortar, mas eu preciso dizer tudo que vem me matando ao longo desses 7 anos que fui embora... – Peeta me encarava ao falar, sua mandíbula contraída evidenciando o quanto era difícil falar aquilo, eu tinha a chance naquele exato momento de machuca-lo mais uma vez, de dizer que não quero ouvir o que ele tem a dizer, que não me importava, mas eu mesma preciso ouvir certas coisas da boca dele, eu preciso me libertar do que me prende a ele, pois só assim conseguirei seguir em frente de verdade. Não tive como falar, minha voz não saia, simplesmente acenei com a cabeça confirmando que ele poderia continuar. — Quando aconteceu eu fiquei perdido, sem rumo, sem chão, eu perdi parte de mim, e senti que só você podia me salvar do abismo onde eu estava caindo, só que então seu pai também estava entre a vida e a morte, e eu sabia que você não sairia do lado dele, como eu também faria isso, mas eu não aguentaria perde-lo também, eu não aguentaria te ver sofrer, então foi aí que eu tive a brilhante ideia egoísta de ir embora sem ao menos me despedir, como já estava tudo certo na faculdade eu não pensei duas vezes, achei que seria mais fácil pra você e pra mim, na verdade pensei mais em mim... Mas não, cada dia foi pior que o outro, eu tentei me concentrar em fazer outras coisas, em seguir a carreira que minha mãe sempre sonhou pra mim, eu queria deixá-la orgulhosa de uma certa forma, mas foi difícil cada dia sem ela, sem meu pai, sem minha vó, sem você, fazia a dor ficar pior e maior, tentei te ligar, mandei e-mails, mas quando vi que não teria retorno, decidi te deixar seguir sua vida em paz, afinal eu que fiz a escolha de ir embora, eu escolhi me tirar da sua vida, então eu tentei conviver com minha escolha... Katniss eu não me perdoo pela escolha que fiz, eu escolhi magoar a mulher que amo, ao invés de ser forte e enfrentar tudo com ela... Eu não te quero de volta, eu não te mereço, nem em mil anos eu te mereceria, eu só queria te pedir perdão, pra você algum dia talvez me perdoar, e não me ver mais como um idiota... Eu quero que você seja feliz, que se não for com o Gale, que seja com um outro homem que te faça sorrir quando você quiser chorar, que te lembre todos os dias, o quão linda você é porque eu sei que você não se vê assim, mesmo todos dizendo que sim, que ele te leve pra um jantar romântico no mínimo uma vez por semana, e que te tire pra dançar todos os dias, que te leve pra nadar no lago, e que te acorde para ver o sol nascer, que te leve pra fazer trilha na floresta, que te faça corar de vergonha por fazer você ser o centro das atenções numa roda de amigos, que te de todo o tempo do mundo, que te olhe com devoção e que te ame infinitamente.... Como eu... Como você deve ser amada... – a cada palavra que saia de sua boca, um nó em minha garganta se formava, ele me olhava no fundo dos meus olhos, senti-me invadida, pois ele podia ler meus pensamentos, ver minha alma. Eu não sabia o que dizer, nem ao menos sabia o que pensar sobre tudo que acabará de ouvir dele, ele era bom com as palavras, eu não... Eu sou boa com atitudes, por isso me apaixonei pela dança, pois meu corpo transmitia tudo que minha boca não conseguia. Peeta não esperava uma resposta, podia ver isto em seus olhos, ele só precisava que eu soubesse de tudo que ele tinha pra falar. Tanto sei disso que após falar ele se levantou.

— Vou buscar um chocolate, te trago um também... – assenti com a cabeça apenas.

Deixo meu livro de lado e pego meu celular, vejo que recebi uma mensagem de Gale, me desejando um boa noite e dizendo que me ama. Respondo desejando-lhe também uma ótima noite, e digo que o amo também. Dois minutos depois que recebo a confirmação da mensagem enviada ele me liga.

— Oi minha linda... Está tudo bem por aí?

— Está sim... E você tudo bem?

— Tudo, só preocupado...

— Não precisa se preocupar é só uma noite.

— Uhum.

— Mas vai descansar, você acorda cedo.

— Difícil com você aí.

— Já disse que não precisa se preocupar, eu te amo capitão.

— Também te amo minha bailarina.

— Boa noite amor. – Ouço um barulho da porta, mas ninguém entra.

— Boa noite amor. – Ele diz e desligamos.

Volto para o meu livro, mas não consigo concentrar-me nele, as palavras de Peeta ficam se repetindo em minha mente, pego meu fone e começo a selecionar minha músicas favoritas. Peeta volta com nossos chocolates e eu o agradeço. Ele volta pra sua poltrona enquanto eu continuo ouvindo minhas músicas e acabo me distraindo com algumas notícias na internet, e quando dou uma olhada em Peeta pelo canto dos olhos, me parece que ele pegou no sono. Ele parece uma criança todo jogado assim na poltrona, deve estar sendo super desconfortável para ele, dormir aqui todos os dias, sorrio ao vê-lo todo desajeitado, e em como ele sempre dormia todo largado mas eu sempre o puxava para me abraçar e acordávamos do mesmo jeito, lembro-me dos quadros que ele pintava, eu amava vê-lo pintando e cozinhando também, os pães dele sempre foram os melhores, e fazíamos a maior bagunça quando trazíamos Prim e Rue para nos ajudar, fico imersa em lembranças, até uma música antiga começar a tocar.

Thinking Of You - Ketty Perry (Ouçam é muito perfeita!)

Comparações são facilmente feitas

Uma vez que você tinha a prova da perfeição

Como uma maçã pendurada em uma árvore

Eu peguei a mais madura

E ainda tenho a semente

Você disse 'siga em frente'

Para onde vou?

Eu acho que o segundo melhor

É só o que eu vou conhecer

Porque quando eu estou com ele

Eu estou pensando em você

Pensando em você

O que você faria se

Você fosse o tal

Que estava passando a noite?

Ah, eu queria que eu

Estivesse olhando nos seus olhos

Você é como um verão indiano

No meio do inverno

Como um doce

Com uma surpresa no final

Como eu fico melhor

Depois que provei do melhor?

Você disse que há

Toneladas de peixes na água

Então eu vou provar das águas

Ele beijou meus lábios

Eu provei da sua boca

— Ah música idiota... – interrompo a música na metade e tento me ajeitar na poltrona para dormir. Daí então a letra da música se mistura ao que Peeta disse. Ele não é perfeito, mas pra mim ele era, sempre foi... Este foi meu último pensamento antes de mergulhar na inconsciência, e ter um sono recheado de Peeta Mellark.

 


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Notas finais do capítulo

Own quem quer consolar o Peeta???????? |o/
Gostaram do POV Katniss???
Mereço reviews? favoritar a Fic? Recomendações?

Prometo voltar com um final... Ah é surpresa!!! hahahaha

Bjins até o próximo capítulo!!