A Garota das Minas: A História de Wiress escrita por Rob Sugar
Penso em pular na água como todos os outros, mas lembro de que não sei nadar. Plutarch provavelmente pensou nisso e deve ter algo nessa roupa que nos faça flutuar ou, no mínimo, não nos dá a chance de morrer afogados.
Vejo as faixas de terra e decido nadar até elas para andar até a Cornucópia.
Me atiro na água e começo a imitar os outros tributos. Mover os braços para frente como se fosse repartir a água.
Alcanço a faixa de terra em alguns minutos. Subo nela e começo a correr para a Cornucópia.
Vejo alguns tributos se digladiando até mesmo sem armas na ponta da Cornucópia, desvio de todos e procuro a bobina que Beetee pediu.
Quando finalmente encontro, sou atacada por Blight, vitorioso do Distrito 7.
–Não se preocupe. – ele diz, ainda em cima de mim. Não reconheço um tom sarcástico em sua voz, então o que acontece em seguida é um pouco surpreendente.
Blight me põe nas costas e corre dando a volta na Cornucópia para encontrarmos Johanna e Beetee. Beetee está ferido, mas está em pé, então não deve ter sido nada muito grave. Johanna diz para que a sigamos.
Beetee consegue andar rápido o suficiente para sairmos da Cornucópia.
Enquanto sou carregada por Blight, vejo que Beetee deu o Fio Pausoestático para Johanna segurar.
“Johanna está sempre com raiva” lembro a mim mesma.
Entramos numa parte da selva. Ouço vários canhões soarem, mas tento me focar em Beetee. Aponto para o buraco em sua roupa na parte das costas.
–Enobaria alcançou Beetee antes de mim. – Johanna diz olhando em volta, com os machados e o Fio em mãos – Acho que ninguém nos seguiu.
Johanna entrega o Fio a Beetee e ele agradece. Ele me pergunta se tenho a bobina e entrego-a a ele. Blight se pergunta o que vai acontecer neste massacre. É um assunto que todos começamos a pensar. O fator mais marcante, eu espero, foi ter retirado os vitoriosos de sua pequena paz física e nos recolocar aqui. Para morrermos. Mas os Jogos Vorazes nunca se repetem. A cada ano a arena se torna mais perigosa e os Distritos se tornam mais pobres.
Já é noite e o céu brilha com os rostos dos tributos mortos.
Os vitoriosos masculinos do 5 e do 6, que não reconheço muito bem, mas lembro de tê-los visto na noite de entrevistas, Cecelia e Woof, do Distrito 8, até onde me lembro, ela era a mãe de três crianças pequenas. Me sinto mal por sua família, talvez só por causa dela, conseguissem sobreviver. Os dois do Distrito 9, que não reconheço por mais que tente, e Seeder, do 11. Lembro-me de Seeder me desejando boa sorte no aerodeslizador que nos levou para a arena. Eu tive mesmo muita sorte, mas não conseguia dizer nada de volta.
Ouço badaladas.
Parecem as de um relógio.
No fim, conto doze. Quero perguntar a Beetee o que ele acha que significa, mas ele está ocupado com o carretel.
–Doze? – Blight pergunta.
Aceno com a cabeça.
Johanna está cortando árvores para tentarmos fazer uma fogueira. Quando ela consegue a décima segunda tora, um estrondo vem do lado de fora, e um clarão rasga o céu da arena.
Vemos doze raios atingirem uma única árvore. A árvore é majestosamente gigantesca e fico surpreso em como o número doze está presente nesta arena.
E tudo fica claro.
Doze Distritos. Doze faixas d’água. Doze selvas. Doze badaladas. Doze raios.
Estamos divididos em doze seções. Aquela é a seção da meia noite, está perto de nós. O que quer dizer que alguma coisa vai nos acertar daqui a quarenta e três minutos.
É um relógio.
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