Eu acordo com a garota do Distrito 4 gritando na minha cara.

Naturalmente, eu grito também.

Depois de alguns segundos de terror, nós duas paramos e olhamos uma para a outra silenciosamente.

Então ela diz, “Você vai me ajudar ou não?”

Eu inclino minha cabeça e olho para ela com um olhar confuso no rosto. Ela grunhe no que parece irritação. E aí eu entendo.

Ela está presa.

O monte de rochas das quais eu fiz meu abrigo temporário possui uma pequena abertura grande o suficiente para uma garota pequena e frágil como eu.

Mas a garota do Distrito 4 é musculosa e alta. Então ela ficou presa na fenda até a cintura; a cabeça e um dos braços dela estão no meu lado.

Ela está gritando de novo. Na verdade, está falando palavrões. E parecem que são pra mim.

De repente, suas sobrancelhas abrem e ela grita mais alto que nunca. Ela cospe sangue em cima de mim. Seus olhos “rolam” para trás e a cabeça dela acerta o chão.

Eu ouço um tiro de canhão.

Fungo. Um tributo acabou de matar essa garota e o corpo dela está bloqueando minha única saída.

Não é assim que quero morrer.

Depois de alguns segundos, o corpo dela se sacode levemente. Ouço um rangido pequeno. O rangido fica mais alto.

Então o corpo morto da garota é pego e arrancado de uma maneira irreal e ela voa para fora da fenda e eu vejo as garras presas em suas pernas puxando seu corpo agora quebrado pelo ar.

Eu começo a tremer, mas rapidamente fico quieta, me lembrando de que o tributo que a matou ainda pode estar por perto.

Ponho minha cabeça para fora do buraco cheio de sangue.

Ninguém à vista. Olho o horizonte e vejo o aerodeslizador voar para além-mar.

Engatinho para fora da caverna, me levanto, tiro a areia empapada de sangue do meu corpo e decido procurar um café da manhã.