Confusa. Eu estava perdidamente confusa, sem saber o que pensar! O que ele queria com aquilo? Por que bagunçar minha cabeça desse jeito?

Cheguei em casa ainda segurando as lágrimas, eu precisava ir para o meu quarto, mas não sabia até quando ia aguentar. Bati a porta e subi correndo as escada. Vi de relance Thomas na sala sentado no sofá, e percebi quando se curvou com minha entrada repentina, e minha mãe apareceu assustada da cozinha, mas não tive tempo de ver mais nada. Ao entrar no quarto, fechei com força a porta e me joguei na cama liberando todas aquelas lágrimas que antes eu segurava para não cair. Eu queria tirar toda a angústia e toda aquela confusão, pelo máximo de tempo que eu conseguisse.

_ Claire? Querida? – minha mãe chamou da porta.

A esta altura eu já estava nos soluços.

_ Claire, o que aconteceu? Abre essa porta! – Thomas disse com urgência.

Eu não respondi. Queria apenas ficar ali, deitada, tentando me acalmar num ritmo acelerado de “inspira, expira”.

_ Se você não abrir eu arrombo! – ele ameaçou – Alguém morreu?

Levantei exausta, com os olhos pesados, e destranquei a porta me acalmando um pouco. Quando me viu, minha mãe me abraçou forte e acariciou minha cabeça. Que ótimo, um abraço era tudo o que eu precisava pra voltar a chorar como uma criança. É esse o poder de um abraço em momentos desesperados, ele meche com o nosso sentimento nos deixando mais frágeis.

_ Quer me dizer o que aconteceu? – ela falou baixinho ainda acariciando minha cabeça.

Nós estávamos em pé perto da porta. Thomas me encarando ainda sem entender, enquanto eu estava agarrada em minha mãe, tentando respirar novamente.

_ Eu estou confusa. Não quero falar agora. – pedi como uma criança.

_ Tudo bem querida, só tente se acalmar. – ela disse e eu assenti.

Quando percebi, eu já estava na cama, com a cabeça no colo da minha mãe, enquanto Thomas estava apoiando um pé na parede com o outro firme no chão, escorado olhando para nós. Ficamos mais ou menos meia hora assim, até que minha respiração voltou ao normal e eu já não tinha mais lágrimas.

_ Tia. – Thomas pediu calmamente – Posso conversar com a Claire... – ela o encarou – Sozinho. – ele completou.

_ Por quê? – ela exigiu firme.

_ Bom, acho que tenho que ter uma conversa com ela de primo pra primo. – ele disse balançando as mãos nervoso – Por favor?

Todo mundo odiava quando Thomas dizia por favor, era impossível negar. Então minha mãe se levantou, e foi olhando de estreito para ele até chegar a porta.

_ Ah, e chame a Alicia – ela o encarou de novo como quem iria dizer “não sou sua empregada” – Por favor?

Ela suspirou, e com dois tapinhas em seu ombro ela passou pela porta, e Thomas a trancou.

_ O que o Sean fez dessa vez? – ele perguntou com um suspiro se sentando ao meu lado.

_ A gente quase se beijou. – respondi baixinho evitando seu olhar.

Mas pude perceber que ele me encarava incrédulo pelo tom de voz que se seguiu.

_ Tá bom Miss Inteligência, agora me diz por que raios isso é ruim?

_ Porque deu tudo errado! – respondi bruscamente.

_ Como assim? Claire, você bateu com a cabeça? Não era exatamente isso que você queria? – ele retrucou.

_ Não sei mais se é o que eu quero. – respondi baixinho, sentindo um leve aperto no coração.

_ Você não quer Sean? – ele insistiu.

_ Eu não sei mais se é certo. – falei por fim.

O aperto veio novamente.

_ Quando eu cheguei lá, ele me apresentou a namorada. – comecei.

_ Ótimo, vamos odiar a vadia então. – ele disse como se fosse simples.

_ Não fala assim dela. – pedi – Ela é doce, gentil, me tratou super bem e é muito prestativa. É praticamente impossível odiá-la – lamentei.

_ E Sean está parecendo um idiota. Por que ele levou a namorada pra lá? O cérebro dele não funciona não? – ele falou com um tom levemente indignado.

_ Ela me ensinou a dançar. – continuei entre suspiros – E depois foi fazer sanduíches. – ele ergueu uma sobrancelha – E enquanto isso eu e ele dançamos e foi aí que o beijo quase aconteceu. Mas eu me sinto tão culpada! Ele tem namorada! – explodi – E eu não acho certo tentar tirá-lo dela. Nada está sendo certo com ela nem comigo! Não dá pra saber se com essas atitudes, Sean gosta de mim ou dela. Isso é frustrante!

Voltei a chorar.

_ Por que a vida é tão errada comigo? Por que eu não posso simplesmente ser feliz? Eu acho que estou desistindo Thomas. Desistindo de verdade.

_ Eu sei. – ele disse – Sabe o que eu quero te dizer com isso? – neguei com a cabeça – Que eu sei como é. Porque eu já sofri, e eu já passei por isso. Eu só quero deixar claro Claire, que eu também já provei da desilusão de um amor. E a dor que você tá sentindo agora – ele disse apontando para o meu coração – Eu também já senti. E foi muito difícil me recuperar dessa, e é por isso que eu demorei tanto tempo pra me interessar por alguém, porque eu queria cuidar mais dos meus sentimentos.

Não falei nada. Ele me apertou contra o peito, e me abraçou forte.

_ Mas você não deve desistir. – ele continuou – Não por enquanto. Apenas dê um tempo e se afaste dele. Porque se ele realmente gostar de você, vai ter que terminar com a outra. Por mais que isso doa nela.

O abracei forte. Por mim eu ficaria assim o resto da vida. Me sentindo segura, ao lado de Thomas. O melhor primo do mundo.