The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 54
Escapar vivo


Notas iniciais do capítulo

Olá bolinhos, como vocês estão?
Eu estou mal, com a garganta inflamada, dor de cabeça e o nariz entupido. É, uma pessoa doente é algo muito legal de se imaginar kkkkk
Não se assustem, eu vou responder os comentários do capítulo passado, contudo, quis adiantar esse para vocês porque são ótimos bolinhos ♥
Muito obrigada pela força nesse mais de um ano escrevendo a fic e acalmem seus corações, nada de sofrer pelo fim se aproximar antes do tempo.
Boa leitura para todos.



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– Não acredito que ela vaca fez isso, vou ligar para a mãe dela e dizer que a filha é uma espiã!

Stella praticamente gritava enquanto mostrava para os alunos do Instituto como usar granadas congelantes sem ser afetados por elas. É desnecessário descrever como eles estavam assustados com a minha tia raivosa.

– Acho melhor eu orientá-los agora, Stella – um sorridente cientista retirou a caixa com as granadas restantes das mãos da minha tia e conduziu a turma para outra sala de experimentos.

A diretora entrou em contato com Stella e pediu que ela nos ajudasse fornecendo armas para a batalha, minha tia concordou na hora e ligou vinte minutos depois avisando que o chefe dela tinha dado carta branca para fornecer o que fosse necessário. Os cientistas e inventores estavam orientando os alunos sobre o uso de algumas invenções que estão sendo doadas, claro que as que requerem menos treinamento.

Basicamente, os outros funcionários trabalhavam e Stella descontava a raiva.

Só permiti soltar o ar que estava prendendo quando o último aluno saiu da sala.

– Controle-se, Stella – olhei para Alex que brincava com uma granada congelantes na mão e tirei o objeto dele – Elena nos traiu e terá o que merece na batalha.

– Aquela vadizinha – minha tia falando uma palavra feia na minha frente? Ual, a situação está séria – Eu dei um par de sapatinhos para ela quando era bebê, quero de volta!

Direcionei para Alex um olhar que implorava por ajuda.

– Se você não tivesse roubado meu brinquedo, eu te ajudava com ela.

Mesmo sabendo pelo sue tom de voz que ele estava chateado por perder a granada, foi inevitável não querer mata-lo.

– Isso não é hora de ser infantil, Alex – resmunguei.

– Ah, Alexander – Stella sorriu – Ainda bem que você se manifestou, pois já estava me esquecendo de passar o sermão em você por levar minha sobrinha para o castelo do Drácula.

Internamente eu estava gargalhando, mas não deixei minha felicidade transparecer enquanto Stella puxava literalmente a orelha de Alex e brigava por ele ter me posto em perigo sem necessidade.

Pensar em Drácula me lembra da morte de Morfeu e eu ainda não sei lidar com isso sem ficar triste.

O ruim de perder para a morte alguém que você ama é que perde a pessoa e todos os momentos bons que passaram juntos se tornam lembranças dolorosas que você, egoistamente, deseja esquecer.

É doloroso.

Espero Stella terminar e sugiro ir atrás da minha gêmea assassina. Minha tia congela diante da sugestão e isso não tem a ver com a granada em sua mão.

– Ela pode ter muita raiva de mim por não tê-la salvo – Stella murmura – Lembro que ela queria me matar.

Engulo em seco. Também me recordo disso.

– Ela mudou – dou meu melhor sorriso amarelo tentando convencer alguém da mentira em que nem mesmo eu acredito.

Entramos em uma sala cercada por vidros encantados com um grupo de inventores boquiabertos observando a cena que se desenrola na sala ao lado, idêntica àquela.

– O que houve? – Stella pergunta assustada.

– Eles são incríveis – responde um dos inventores com o olhar maravilhoso.

A cena que eles observam com tanta admiração nada mais é que minha irmã brincando de queimada com Zero usando mini-canhões de plasma mágica como munição.

Os canhões miniatura disparam bolas de plasma cercadas por magia, eles são letais e capazes de aniquilar dezenas com um único tiro. Os assassinos se apaixonaram pelos brinquedos assim que os viram.

– Elizabeth! – grito tentando repreendê-la. Se ela me ouve, ignora.

Zero corre à frente da minha irmã, vez ou outra um par de asas surge em suas costas para que ele se distancie antes de atirar contra ela. Elizabeth, por sua vez, desvia com facilidade dos ataques do amigo e sempre sorrindo como se aquela maluquice mortal fosse apenas uma brincadeira.

Os tiros dos quais eles desviavam acertam as paredes criando grandes rachaduras que desapareciam graças ao encanto nelas.

– Há quanto tempo eles estão brincando? – perguntou Alex.

– Meia hora e ainda não demonstraram nenhum sinal de cansaço – os olhos do cientista lembravam o de uma criança na manhã de Natal – Esses dois são incríveis.

Engulo em seco olhando novamente para os dois assassinos antes de dizer:

– Você nem imagina o quanto.

Esperamos por mais uma hora até que a brincadeira termina. Minha irmã sai sorrindo ao lado de Zero, se não fossem as armas em suas mãos iam se parecer com um casal feliz de alguma comédia romântica. Quando eles nos veem, param de sorrir.

– Vocês são idênticas – Stella abre a boca em um perfeito “o” passando o olhar por mim e Lizzy diversas vezes.

– Devo presumir que essa é a elfo Stella que eu ia matar – Lizzy sorri com escarnio.

– Na verdade, eu que ia – Lizzy fuzila Zero ao ouvir isso e ele parece não se incomodar.

Vejo que Stella ficou congelada naquela expressão de surpresa e resolvo dizer algo para descontrair.

– Agora que você não quer mais matar a nossa tia, que tal ouvir sobre como ela inventou uma lâmina retrátil capaz de cortar qualquer material mágico?

Observo o brilho de interesse se acender nos olhos da minha irmã e faço um sinal para que Stella conte sua história. Minha tia sorri antes de começar a história que não ouço até o final.

Afasto-me do grupo e vou até o lado de fora do Centro de Invenções. Sento na grama e suspiro em alto e bom som.

– Dia difícil? – Alex pergunta se materializando ao meu lado.

– Século difícil – respondo enquanto ele se senta ao meu lado.

Automaticamente sua mão busca a minha e nossos dedos se entrelaçam.

– Quer falar sobre isso?

Suspiro e olho para ele. Parte de sua franja escura cai sobre os olhos castanhos e eu não tento me segurar antes de afastar aqueles fios de cabelo.

– Estou assustada – respondo – Muito assustada – minha voz sai fraca e sinto que posso chorar, mas não me permito deixar que os sentimentos ruins dominem – Uma guerra, Alex. Pessoas morrem em guerras e sei que não será uma exceção, pelo pouco que sabemos as tropas da Organização vão chegar em poucos dias e nosso exercito é composto por adolescentes.

– Black não blefou quando disse que tinha chamado aliados, muitos clãs estão vindo para dar auxilio. Os estudantes vão ficar mais focados em cuidados médicos do que na batalha.

– Ainda sim é assustador.

Não recuso o cafuné que ele faz tentando em reconfortar, entrego-me àquela carícia e deixo minha cabeça descansar em seu ombro.

– A vida é assustadora.

Não precisei de muito tempo para entender que ele não se referia a Imortal.

– Não quero perder mais ninguém, Alex.

Uma solitária lágrima quente escorre pela minha bochecha, Alex a seca antes que eu leve minha mão até o rosto.

– Isso é inevitável – algo em sua voz muda – Só valorizamos quem amamos porque podemos perdê-los.

Depois de muitos meses, quando repassei a lembrança daquele momento, percebi que Alex estava falando como alguém que tem muita experiência no assunto. Alguém com mais de seiscentos anos de vida.

O Instituto é está uma grande confusão com sobrenaturais de todas as etnias passeando pelo lugar com suas malas e familiares por perto. Tanto eu quanto o grupo de alunos carregando as armas que conseguimos ficam surpresos com a movimentação e muitos felizes.

– Melody! – ouço uma pequena garota asiática gritar enquanto corre em direção a minha amiga loba.

A garotinha não deve ter mais do que sete anos e usa dois coques no cabelo ficando parecida com a Pucca.

– Yuki! – Melody a abraça com força levantando a garota do chão.

Pudim sorri olhando para a cena.

– Quem é essa? – pergunto discretamente para a bruxa.

– Yuki, a irmã mais nova da Melody – a bruxa continua sorrindo.

O sorriso se desfaz quando um homem vestindo kimono preto se aproxima delas.

– Ai droga – ela murmura indo até a loba. Eu a sigo.

– Afaste-se dela, Yuki – o homem diz de forma autoritária.

Yuki se afasta de forma relutante da minha amiga e corre para abraçar as pernas de uma mulher parecida com Melody.

– Não fale com ela assim, tudo que fez foi ver a irmã que você expulsou de casa – a mulher que parece com a Melody praticamente rosna enquanto fuzila o homem com um olhar capaz de causar inveja até mesmo na Pudim – Olá, filha.

Melody parece estar prestes a chorar, mas sorri para a mãe e para a irmã.

– Oi mãe, senti sua falta.

– Calada! – o homem grita atraindo os olhares de todos ao redor – Você não tem mais uma irmã, uma mãe e nem um pai. Foi exilada de sua alcateia por ser uma desonra para todos os seus antepassados e familiares!

– O senhor não tem o direito de falar assim com quem não é sua filha – Pudim rosna apertando os ombros de Melody que está chorando. Fico sem reação.

– A bruxa meretriz que levou minha filha para a vida de pecados agora a defende – ele solta uma gargalhada sem humor – Não se meta nos assuntos que não lhe dizem respeito, bruxa.

– Ela tem um nome – Melody se pronuncia com um pouco de coragem, sua voz ainda é fraca.

– O nome de um doce – o senhor Yang diz em tom de deboche.

– Nastasya – Pudim grita e todos se assustam – Meu nome é Nastasya e o senhor não tem direito de ofender a sua filha por não aprovar a escolha dela. Qualquer outro pai ficaria contente por ver a filha sendo amada por alguém independente do sexo dessa pessoa. Você já a expulsou do clã e a exilou nessa escola que fica em outro continente, por que precisa humilha-la ainda mais? Por que priva-la de sua família?

– Melody é uma mancha para o clã – ele diz o nome dela como se fosse algum tipo de doença horrível.

– Pois o senhor também é – me surpreendo ao dizer isso em voz alta, recebo um olhar de ódio e não me importo – Sua visão preconceituosa está fazendo com que perca uma filha maravilhosa. Tenho certeza que os antepassados do clã Yang estão com nojo do senhor.

O homem não tem chance de responder algo para mim, Melody o interrompe antes de começar a falar.

– Não quero mais discussões – vejo que a mão dela está segurando a da bruxa, uma apoia a outra – Você não tem razão, pai – ela o chama assim para provocar – Não digo isso apenas pelo seu preconceito, digo porque o senhor disse que eu perdi um pai – os olhos dela se estreitam – Mas como posso ter perdido algo que nunca tive?

O homem não responde e minha amiga sai de cabeça erguida com a amada ao lado.

Olho bem para o senhor Yang e balanço a cabeça.

– Está perdendo alguém incrível e acho que você sabe disso – é tudo que digo antes de ir embora.

A bomba veio durante o jantar.

A diretora Black discursou sobre como estava grata por receber auxilio de tantos clãs que vieram de todas as partes do mundo para lutar ao nosso lado. O refeitório ficou tão cheio naquele dia que teve sua equipe divida em quatro para atender as salas vazias que foram transformadas em refeitórios.

Mal passaram cinco minutos entre o final do discurso dela quando um dos espiões que estava encarregado de vigiar a propriedade invadiu o refeitório, ofegante.

– As tropas foram vistas, devem chegar ao amanhecer.

Por um minuto todos no refeitório ficaram em silêncio, nem mesmo o som dos talheres contra os pratos eram ouvidos.

– Então amanhã nossa vitória chegará – disse a diretora quebrando o silêncio.

Todos os sobrenaturais gritaram ao mesmo tempo como se isso fosse tornar as palavras mais reais.

Estava sentada na minha cama sentindo a brisa fria que entrava pela janela abeta do quarto, Alex teve que ir reportar par a Morte sobre o que aconteceu nas últimas horas e Natália o acompanhou.

Melody e Pudim, ou melhor, Nastasya, se trancaram no quarto da loba desde o encontro com a família dela, não ousei incomoda-las. O restante dos sobrenaturais está passeando pela propriedade, se preparando para a batalha de amanhã e aproveitando da melhor forma possível o que pode ser a última noite de suas vidas.

Olho pela janela as colinas ao fundo que foram cenário para o meu primeiro beijo com Alex. Quem diria que as coisas chegariam a esse ponto? Eu, Alice Knight, apaixonada por um deus da Morte que me fez torcer o nariz de desgosto a primeira vista. A Vida é realmente irônica.

Pergunto-me se vou encontrar a Paz amanhã para ajudar Destino e se vou sobreviver ao amanhã.

Tenho uma lista de pessoas que não quero perder e parece impossível que elas sobrevivam, torço para estar errada.

Um par de coturnos pretos aparece em meu campo de visão e praticamente salto para trás, assustada.

– Oi – Lizzy diz como se não fosse nada demais – Quer matar um tempo conversando comigo?

Ela está usando uma regata preta, calças da mesma cor e uma blusa de moletom cinza está amarrada em sua cintura. Minha irmã devia estar treinando com Zero até agora.

– Claro, fedidinha – brinco mesmo que o cheiro de suor dela não esteja forte o suficiente para incomodar.

Ela revira seus olhos verdes e se senta na minha cama com as pernas cruzadas.

– Pensei que você estaria dormindo à essa hora.

– Digo o mesmo de você – retruco – Ficou tão nervosa que resolveu treinar?

– Sim – ela responde sem hesitar, devo fazer uma cara de surpresa porque continua – É bom quando você sente medo do inimigo, fica mais atenta. Vim te ver porque mesmo eu que sou acostumada com essa situação estou preocupada, imaginei que você já estaria ficando pirada.

– E acertou – murmuro baixo – Não quero perder os meus amigos ou você e o Zero.

Ela torceu o nariz.

– Devia me sentir ofendida por estar em uma categoria separada ou importante?

Sorrio para ela.

– Importante, você é família e Zero – abro um sorriso malicioso – Talvez deva chamá-lo de cunhado?

– Se quiser morrer antes da batalha – a voz é séria, mas vejo o sorriso em seu rosto – Amanhã vai ser complicado, você não poderá salvar a todos.

– Eu sei – suspiro alto – Espero não perder você novamente.

– Zero e eu somos os que têm mais chances de saírem vivos – ela diz em tom de deboche – Eu entendo isso, também tenho medo de perdê-la novamente. Fiquei tanto tempo sozinha...

Uma lágrima solitária escorre pela bochecha dela e eu a abraço. Lizzy retribui o abraço com a mesma força e ficamos paradas assim por muitos minutos até nos separarmos.

– Aconteça o que acontecer, eu amo você – digo com a voz rouca olhando para o rosto igual ao meu.

– Eu também amo você, irmã.

Nos abraçamos novamente e, pela primeira vez desde que éramos crianças, Lizzy e eu dormimos juntas como verdadeiras irmãs.

Mesmo sabendo que quem está ao meu lado é a Lizzy, sinto como se fosse a presença do Morfeu cuidando de mim.

Amanhã vou escapar viva.


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Notas finais do capítulo

Novamente, para ser chata, curtam a page: https://www.facebook.com/NatchuFics .
Gostaram da aparição da nossa já esquecida tia Stella? E a revelação do nome da Pudim? Se eu me chamasse Nastasya também usaria um nome falso kkkkkk
Como The Forgotten já está no final estou revelando pequenos spoilers sobre a minha próxima história que será a SeuSegredo.Com, espero por todos vocês lá em especial os antigos leitores de Querido Diário Otaku porque o filho do casal Foster é um dos principais. Opa, spoiler demais haha
Aos leitores fantasmas: digam olá para mim poxa, estou escrevendo para vocês há tanto tempo que creio merecer um comentário kkkk
Beijinhos jovens bolinhos de amora