The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 50
Eu ainda estou pintando flores por você


Notas iniciais do capítulo

Olá bolinhos, como estão nesse belo e frio dia?
Eu estou muito feliz porque acabo de ver que a história ganhou duas novas recomendações. Muito obrigada Scarleth e LaraGamaSimoes pelas recomendações, acho que vocês as fizeram no capítulo certo cof cof cof
Os comentários e as ameaças de morte que vocês me enviaram no último capítulo serão respondidos agora ~~ na última vez em que tentei minha internet estava ruim e as respostas se perderam :C~~
HAHA Adorei a criatividade de vocês e as comparações da Alice com a Wendy do Peter Pan.
Sem mais delongas, boa leitura.



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Sabe quando você lê um livro e chega naquela cena clichê onde uma das personagens se declara para a outra com um belo texto romântico e recebe um grande “sim” acompanhado de um sorriso de orelha a orelha que lembra o Coringa? Sinto informar, na vida real não é assim.

Fiquei com a boca aberta sem medo de que algum inseto entrasse nela enquanto reunia palavras para responder Alex ou alguma reação apropriada para a situação.

Ele me ama. Não estou acostumada a ser amada.

Afinal, eu o amo? Diversas vezes fiquei com raiva de Alex porque no fundo esperava que ele me beijasse ou abraçasse, mesmo sem admitir, mas isso pode ser atração e não amor. Sei que amei Morfeu, bem mais como amigo do que como homem, mas eu o amei.

– Não precisa responder – Alex disse coma voz baixa e triste aproximando os lábios macios da minha testa – Não disse isso esperando uma resposta. Boa noite, Alice.

A última coisa que senti antes que tudo escurecesse, foram seus lábios macios beijando minha testa com uma suavidade agradável.

Acordei na manhã seguinte deitada na minha cama com o cobertor me enrolando como um casulo. Quando eu vim para o quarto? Tudo continuava do mesmo jeito como antes que eu saísse voando com Alex menos a janela que estava fechada.

Será que foi um sonho?

Por mais que eu quisesse acreditar nisso, o momento Peter Pan e Wendy que vivi na noite passada foi real. A lembrança do beijo que recebi em minha testa é a maior prova disso.

Talvez Alex tenha tanto medo de rejeição que preferiu me fazer adormecer a ouvir um “não”.

Não sei o que pensar sobre a declaração ou sobre meus próprios sentimentos, coisas como amor deixaram de ser importantes na minha vida e a única vez em que dei espaço para que o amor tomasse seu lugar especial... Suspirei pela décima vez no dia e apoiei o rosto na mão direita.

Como as coisas podem ficar tão complicadas quando tudo o que eu quero é descomplica-las?

Nunca comi algo me perguntando se Alex também gostava daquilo ou cantei uma canção romântica pensando nele, na verdade não fiz nem com o Morfeu. Os sintomas que eu conheci da doença chamada amor não estão presentes em mim, então terei que dar um fora nele? É considerado fora quando a pessoa nem pediu para ter um encontro com você?

E novamente, outro suspiro. Acho que estou no automático e suspirar é meu jeito de me comunicar.

– Continue suspirando assim e vou te levar para o médico – Melody comentou e logo em seguida usou o garfo para roubar meus nuggets.

– Não estou suspirando. Muito – em apressei em corrigir.

– Não mesmo – Pudim pegou a minha tigelinha com ketchup – Você está no mundo da Lua. Aconteceu alguma coisa? – havia traços de preocupação na voz dela.

– Nada – respondi com um falso sorriso. Meus olhos vagaram pela mesa onde estávamos até pararem nos dois lugares vazios – Onde está a minha irmã?

Pudim e Melody trocaram um daqueles malditos olhares com mil significados que casais parecem treinar em frente ao espelho porque sempre usam. Lilly e Duda, que eu nem vi quando chegaram, me encaravam confusas.

– Você não viu quando a sua irmã te ameaçou com um garfo porque você não a respondia e saiu daqui toda diva com raiva? – Duda perguntou.

– Isso foi, tipo, muito óbvio e chamativo – Lilly comentou.

Tive a impressão de ter ouvido alguém me chamando alguma vezes, nem percebi que era a Lizzy.

– Ah – foi tudo o que disse. Graças as minhas amigas ladras percebi que todo o meu almoço havia sido furtado enquanto eu devaneava.

As meninas voltaram a conversar sobre assuntos aleatórios que eu não tentava acompanhar.

Quando Lilly se virou em minha direção e logo todas as outras garotas me olharam também, percebi que minha folga da socialização havia acabado.

– Não entendi, pode repetir? – perguntei educadamente com um falso sorriso de quem estava ouvindo tudo.

– Eu disse que ela não estava ouvindo nada – ouvi Duda resmungar.

– Você não acha que sua irmã e aquele gatinho de olhos violetas combinam, tipo, muito?

Pensei na forma protetora como Zero sempre a tratou e em como eles sempre sabem o que um está pensando sem que o outro diga uma só palavra.

– Acho que eles combinam muito mesmo – conclui – Entretanto, se eles se gostassem já teriam tentado algo.

– Ou não – ouvi uma voz dizer.

Minhas amigas e eu olhamos ao redor buscando a dona daquela voz sem sucesso.

– Quem está ai? – Pudim perguntou.

– Estou invisível? – ouvi um resmungo em uma língua que não entendi antes que a serva da Morte aparecesse – Olá pituchas, sentiram minha falta?

Natália mais parecia uma serva da Vida com seu vestido florido e maquiagem perfeita do que uma ceifeira que faz contrato com almas humanas em jogo.

– Estava nos espionando? – perguntei fuzilando-a com o olhar.

– Meio que sim, meio que não – ela apoiou o rosto em suas mãos sob a mesa – Vocês vão tentar ser cupidos?

– Não gosto que me espionem – Pudim também a fuzilava com o olhar, porém, com muito mais intensidade do que eu.

– Só estou protegendo a ruivinha a pedido do Alex.

– E por que ele mesmo não faz isso? – Pudim relaxou. Às vezes tenho a impressão de que a presença do Alex a assusta um pouco.

A serva da Morte olhou para mim, um olhar com mil significados diferentes, antes de responder:

– Pergunte a ela.

Minhas amigas olhavam para mim ansiosas pela resposta, apenas ergui os ombros e fiz um sinal de que não sei a resposta. Não estou afim de revelar sobre o passeio noturno e a declaração, é algo pessoal demais.

– Voltando ao assunto sobre ser cupido – Natália bateu as unhas pintadas de preto na mesa – Como vamos fazer isso?

– Primeiro, nós não decidimos dar uma de cupidos – Lilly levantou um dedo – Segundo, por que nós te chamaríamos? – outro dedo foi erguido.

– E terceiro – Duda levantou outro dedo da amiga – Onde você conseguiu esse esmalte preto metálico incrível? – os olhos dela praticamente brilhavam encarando as unhas que batiam freneticamente na mesa.

Natália sorriu. Pudim, Melody, Lilly e eu praticamente sentimos gotas se formando atrás de nossas cabeças diante de tamanha demonstração de imbecilidade.

– Primeiro, a garota salvou a vida de vocês. O mínimo a se fazer é ajuda-la a conquistar seu boymagia – ela abaixou um dos dedos levantados – Segundo, porque eu sou uma pessoa com mais de cem anos de experiência em amor – ela abaixou o outro dedo – E eu comprei esse esmalte em uma promoção quando visitei Moscou pela última vez.

As meninas pareceram convencidas – e bem interessadas nos esmaltes que são vendidos em Moscou. Acho que está na hora de intervir nesse plano.

– Eu tenho dois bons motivos para não fazermos isso – todas se viraram olhando para mim – Primeiro, a Lizzy vai nos matar. E segundo, nós não temos certeza se existe algum sentimento desse tipo entre aqueles dois. Tudo pode ser fraterno.

As meninas pareceram pensar sobre o assunto quando Natália bateu com as mãos espalmadas na mesa.

– Só tem um jeito de descobrir! – ela sorriu e segurou a minha mão – Vamos perguntar.

– O quê? Espera, não...

Foi tarde demais, não consegui nem protestar enquanto era engolida pela escuridão.

Natália me levou para uma clareira no bosque atrás do Instituto. De lá pude ver Zero, um pouco distante, treinando sua pontaria com arco e flecha.

– Por que estamos aqui? – perguntei.

Dãrh, se perguntarmos para a sua irmã ela nos mata. Ah, não, ela só mata você.

Revirei os olhos. Sério que essa pessoa é um ser imortal que possui poder suficiente para ir até o mundo dos mortos carregando a alma de seus inimigos?

– Já até sei o que fazer – com um suspiro caminhei até o assassino que disparava freneticamente suas flechas em folhas que caíam das árvores. Quando cheguei perto ele apontou uma flecha para o meu peito e sorriu.

– Se você queria me surpreender, não teve sucesso.

Observei enquanto ele guardava a fecha na aljava em suas costas junto com o arco, esse cara possui uma habilidade invejável. Será que ele é um tipo de Robin Hood dos assassinos?

– Vim em missão de paz – ergui as mãos em sinal de rendição – Só quero fazer algumas perguntas.

– Sou todo ouvidos.

Vida amorosa não é algo fácil, porém, posso aprender algo com ele e a minha irmã. Isso é, caso eles sintam algo assim um pelo outro. Quem sabe não consigo até mesmo entender o que eu sinto?

– Você e a Elizabeth se gostam? – senti a enorme vontade de dar um tapa na minha testa. Acho que devia ter sido mais sútil.

– Claro que nos gostamos, somos companheiros de assassinato e melhores amigos – ele respondeu como se fosse óbvio.

– Estou perguntando se vocês se gostam de uma forma mais... Romântica.

Ele encarou o arco com um recém-descoberto interesse enquanto as bochechas adquiriam uma coloração avermelhada . Bingo!

– É algo impossível, não quero pensar nisso – respondeu por fim.

– Por quê? – perguntei – Ela não sente o mesmo por você?

Zero sorriu, um sorriso triste e afetado como se eu enfiasse uma adaga nele e não percebesse como machuca.

– Posso garantir que o que eu sinto não é platônico. Contudo, nossa profissão não aceita relacionamentos principalmente com outros assassinos.

– Diga-me uma boa razão para seguir isso – cruzei os braços em frente ao peito desafiando-o.

– Alguém poderia contrata-la para me matar ou sequestrar para me atingir.

– Essas são razões razoáveis – ele me encarou como se eu fosse louca, apenas sorri – Vocês não estão mais com a Organização e são caçados de qualquer jeito, por que não tentar?

Zero sorriu para mim e se afastou sem dizer uma só palavra.

– Acho que nem eu teria feito um trabalho tão bom – Natália se materializou ao meu lado, dei um salto para trás, assustada.

– Quer me matar de susto? – perguntei.

Ela apenas sorriu.

Minhas aulas da tarde seriam com magia e por isso mesmo eu precisava correr para por o plano em ação.

Natália me levou até o quarto da Melody onde todas as garotas, até mesmo Nana, esperavam ansiosas pela resposta da nossa investigação com o assassino. Conseguimos criar um plano para deixá-los juntos e terminamos sem tempo antes das aulas do segundo período.

Encontrei Lizzy desferindo golpes com um machado em um humanoide criado por magia que mais lembrava um boneco feito com massinha de modelar.

– Finalmente te achei!

Ela nem se deu ao trabalho de desviar o olhar do boneco que acertava freneticamente.

– O que deseja Alice? – perguntou com um tom monótono na voz.

– Quero que você jante comigo!

Lizzy se virou para mim e continuou desferindo golpes na criatura humanoide que a atacava pelas costas.

– Eu ouvi direito ou você me convidou para jantar? – os olhos dela estavam semicerrados, um sinal claro de desconfiança.

– Irmãs devem agir mais como irmãs – tentei dizer com naturalidade – Vou te esperar no telhado do meu dormitório. Pode trazer o Zero, se quiser.

Fui embora correndo antes que ela pudesse recusar o convite e rezando silenciosamente para que ela apareça com o metamorfo.

O telhado do dormitório foi preparado por Melody e Pudim durante a tarde e agora estava perfeito. Elas conseguiram uma mesa igual a dos restaurantes, duas cadeiras combinando e uma toalha branca sem nenhuma macha.

Lilly e Duda ficaram encarregadas da decoração e encheram o lugar com rosas vermelhas e brancas, até conseguiram um vaso alto de vidro transparente para ficar em cima da mesa com os pratos e talheres.

Natália ficou encarregada por trazer a comida, mas ainda não apareceu.

– Eu queria ter um encontro assim – Melody choramingou.

– Sentiu a indireta, Pudim? – Duda provocou.

– Como um tapa na cara – Pudim respondeu rindo. Melody corou.

– Não era uma indireta – resmungou a loba.

– Cheguei com a comida – Natália anunciou aparecendo com dois sacos de fast-food em uma mão e uma garrafa de refrigerante em outra – Acham que eu devia ter comprado o refrigerante na lanchonete? Normalmente é tão sem gás.

– Natália! – Pudim bateu na própria testa – Você devia trazer uma comida de verdade e não fast-food.

– Droga – a serva da morte murmurou – Sabia que devia ter trazido o miojo de galinha caipira.

Revirei os olhos e peguei os sacos de papel pardo das mãos dela.

– Pelo menos nós sabemos que eles gostam desse tipo de comida.

Pergunto-me qual será a reação deles ao se depararem com um jantar romântico onde é servida comida de fast-food. Para quem já comeu comida francesa, imagino que será uma surpresa.

Assim que ouvimos o barulho que anunciava o início do jantar no Instituto, Zero e Red apareceram no telhado. Pela primeira vez, Zero parecia um cara comum, ele vestia uma calça jeans escura e uma camiseta branca com a frase “I am still painting flowers for you” estampada ao lado de rosas brancas com tinta vermelha pingando como as que eram pintadas para a Rainha Vermelha em Alice no País das Maravilhas. Olhei para Lilly e Duda que sorriam satisfeitas pela coincidência na escolha das flores.

Lizzy parecia irritada, mas bonita. O vestido era vermelho com detalhes pretos e sem qualquer gola alta ou manga longa deixando cicatrizes esbranquiçadas a mostra. Quase gritei “Aleluia” ao ver os cabelos soltos dela. Aquele coque é irritante.

– Não acredito que ela nos convidou para um jantar e nem teve a decência de chegar na hora! – Lizzy esbravejou.

Zero puxou uma cadeira para que ela se sentasse.

– Talvez tenha acontecido algum imprevisto.

Então ambos olharam para o papel dobrado debaixo do vaso com as rosas, aquilo era um bilhete meu dizendo para que desfrutassem do jantar. Soube assim que eles terminaram de ler porque a Lizzy começou a me xingar com palavras de baixo calão em algumas línguas que não entendi, mas não eram elogios.

– Irresponsável! – ela vociferou finalmente falando em uma língua que eu entendo – Como ousa me abandonar quando sou a convidada?

Zero apenas riu e retirou os lanches da embalagem servindo ela e depois a si mesmo.

– Não diga coisas grosseiras assim de alguém que nos deu comida de fast-food vinda direto dos Estados Unidos.

Lizzy pegou a embalagem e leu atentamente.

– Não acredito que ela se deu ao trabalho de conseguir essa comida direto do lugar onde surgiu.

Todas as garotas olharam Natália que ainda não tinha percebido o absurdo que era ir para outro país apenas para trazer um saco de comida.

– Se quer hambúrguer de qualidade deve ir até a fonte – ela disse como se respondesse qualquer pergunta.

Por um segundo eu a invejei, ela pode ficar invisível quando deseja e falar enquanto as meninas e eu nos escondemos atrás de um feitiço da Pudim que não consegue esconder sons. O lindo som de um violino deu o toque final na cena romântica.

Zero e Lizzy começaram a comer em silêncio, ocasionalmente falavam coisas aleatórias ou sobre o que fazer no treinamento do dia seguinte. Em um intervalo de silêncio, Zero começou a rir e se engasgou com o refrigerante.

– Seu idiota – Lizzy nem se preocupou com o garoto e continuou comendo seu hambúrguer usando garfo e faca. Quem como hambúrguer assim? – O que você pensou de tão engraçado para quase morrer engasgado?

– Lembrei de quando morávamos no Japão e encontramos o Godzilla na rua.

– O Godzilla gigante? – os olhos da Lizzy se esbugalharam – E você gritou como uma menininha?

– É, e você quase sacou a katana de tanto medo que sentiu do bicho.

– E no final...

– ... Ele era apenas um robô usado em uma convenção – Zero completou a frase dela com naturalidade.

– Lembra-se de quando roubamos o cavalo favorito daquele Skeik árabe?

– É impossível esquecer um cara pelado correndo atrás da gente com duas esposas atrás e nos amaldiçoando.

– Como sabe eu eles nos amaldiçoou? – Lizzy perguntou, provocativa – Você não fala árabe.

– Não, mas se um cara te amaldiçoa não importa a língua, você vai entender.

Tenho que concordar com isso, entendi que a lizzy me amaldiçoou bastante agora há pouco.

Eles sorriam ao mesmo tempo até que olharam um para o outro e os sorrisos desapareceram. Soube o que se passava entre eles, as frases que Zero me disse mais cedo era quase audíveis.

– Parecemos um casal lembrando das férias ao redor do mundo – Lizzy murmurou.

– É, parecemos – o bom humor não estava mais presente na voz do Zero.

– Lembra-se de quando fomos confundidos com um casal de namorados de namorado na Romênia?

Zero sorriu novamente. Como ela faz para animá-lo com apenas uma frase?

– Sim, a dona da pensão em que nos hospedamos disse que não queria gemidos incomodando os outros hóspedes.

Lizzy riu.

– Ela quase me bateu quando expliquei que era apenas sua amiga, no dia em que estávamos de partida. Lembro até hoje das palavras dela.

– Quais foram?

– “Não se deixa um garoto que olha para você como ele faz ir embora, você o agarra com unhas e dentes e chuta qualquer uma que quiser roubá-lo”.

Lizzy encarou o próprio refrigerante. Zero pareceu surpreso, mas tentou disfarçar.

– Ah, se essa senhora soubesse que você consegue usar uma adaga para golpear com os pés.

Lizzy soltou uma risada que pareceu forçada acompanhada por Zero. As meninas e eu trocamos olhares, todas entendemos o fracasso que o plano estava sendo.

Zero passou a mão por cima da mesa e segurou a da Lizzy, os dedos deles se entrelaçaram e os polegares começaram a desenhar círculos nas costas das mãos um do outro. Eles continuaram a comer, como se não estivessem se tocando de uma maneira tão íntima.

Os olhares de ambos se encontraram e pude vê-los corando. Elizabeth Adele Knight corou! Olhei para as meninas, todas estavam boquiabertas.

– Quando toda essa maluquice acabar, podemos tentar fazer o que essa velha senhora disse – a voz do Zero estava rouca.

– Devo te agarrar com unhas e dentes e chutar qualquer garota para fora? – havia escárnio na voz dela como se a ideia fosse absurda.

– Não – ele respondeu sério – Não devemos deixar um ao outro, pois, não se deixa alguém que olha como nos olhamos ir embora.

Lizzy ficou comovida com as palavras dele, assim como eu e as meninas que segurávamos nossos sons de fofura. Ele se inclinou sobre a mesa aproximando o rosto do dela e ela fez o mesmo. Ambos fecharam os olhos lentamente com os lábios entreabertos aproximando-se até que...

– Oun – Melody disse seguido por um suspiro.

Suas adagas voaram em nossa direção tão rápidas que só percebi quando já estavam presas na parede atrás de nós.

Zero e Lizzy sacaram as adagas de arremesso que estavam escondidas nas roupas e olharam furiosos na nossa direção.

– Retirada! – Natália gritou enquanto desaparecia no ar.

A injustiça começa quando a única imortal é a primeira a fugir. No meio da confusão, Pudim perdeu o controle sobre o feitiço e nós aparecemos diante deles.

– Alice – meu nome saiu como um rosnado das bocas de ambos ao mesmo tempo.

– Salve-se quem puder! FLIEGEN! – gritei me jogando do telhado e flutuando sem rumo.

– NÃO FUJA SUA ASNA! – ouvi Lizzy gritar pouco antes que outra adaga passasse raspando em mim – EU VOU TE ENCONTRAR E TE MATAR!

– E EU VOU AJUDAR! – Zero gritou tentando parecer furioso, mas com a voz descontraída e sorrindo.

Não olhei para trás enquanto seguia flutuando desajeitadamente pelos céus.

Zero e Lizzy se gostam, não, acho que eles se amam. Mesmo com todas as aventuras que tiveram juntos e os assassinatos que cometeram ao lado do outro, eles ainda conseguem sentir algo tão lindo e puro quanto o amor. Por que a vida amorosa dos outros parece tão simples?

Nunca os vi cantando músicas românticas ou se arrumando para que o outro achasse legal, Lizzy e Zero já se viram de tantas formas diferentes que trivialidades como essas não devem mais ser necessárias. Ou nunca foram.

Consegui entrar no prédio de dormitório e logo encontrei a minha amiga bruxa no corredor.

– Como você está viva? – perguntei em tom de brincadeira.

– Nem todos voam como você, então precisei correr muito – ela respondeu.

– Antes que eu me esqueça, parabéns pelo feitiço de música que lançou. O violino foi a escolha ideal.

Pudim me olhou confusa franzindo o cenho.

– Eu pensei que você tinha jogado aquele feitiço, Lilly e Duda não são capazes de fazermagia que mexe com o ar.

Não disse nada para ela antes de correr até meu quarto e bater a porta com força.

Se Pudim não lançou aquele feitiço, só existe um ser capaz de ficar invisível e conseguir tocar daquele jeito.

– ALEX! – gritei.

Instantaneamente Alex apareceu ao meu lado com o rosto arrependido de um cão sem dono.

– Chamou?

– Você estava me espionando! – acusei – E ainda tocou violino para a Lizzy. Por que não quis me ver?

Afinal, qual o problema dele? Como alguém pode se declarar e evitar a pessoa sem nem dar uma chance para que ela dê uma resposta?

Alexander, como você pode bagunçar minha mente e ir embora como se nada tivesse acontecido?

– Não quero te forçar a nada, Alice. Sei que as coisas não são fáceis com você e uma declaração como aquele pode ter assustado, mas..

– Você ouviu o que a Lizzy disse sobre a senhora na Romênia? – perguntei interrompendo a frase dele.

– Sobre chutar com os pés e garrar com os dentes?

– Sobre não deixar fugir alguém que te olha de uma forma especial – balancei a cabeça e sorri.

Sei bem quem esteve ao meu lado e nunca precisou habitar cada pensamento meu para estar presente. Conheço bem a pessoa que não precisa de uma música para saber qual sentimento sinto. E, acima de tudo, sei muito bem para quem não preciso me arrumar se quero buscar a felicidade.

Sinto muito Thomas, não quero desonrar sua memória, mas desejo ser feliz.

Aproximei-me do Alex que olhava assustado.

– O que é isso? – perguntou.

– Apenas eu te segurando perto de mim – respondi.

Ele entendeu o que eu queria, passou a mão por baixo do meu queixo erguendo-o e aproximou seus lábios dos meus. A respiração dele e a minha misturando-se foi o incentivo que faltava para que finalmente selássemos nossos lábios em um beijo apaixonado.

Havia doçura naquele beijo, como se nada no mundo fosse mais precioso para ele. Fiz o possível para corresponder da mesma forma, entregando-me de uma maneira incrivelmente nova e única como nunca antes me entreguei a ninguém.

Os pinguins no meu estômago soltaram fogos de artificio.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Eu gostaria de ter mais tempo para escrever sobre os sentimentos da Alice, mas não quero ficar enrolando demais com a história e tenho uma guerra para escrever.
Espero as opiniões, reações e críticas (apenas construtivas) de vocês com muito carinho e uma xícara de café quentinho.
Curtam a page da fanfic: https://www.facebook.com/pages/The-Forgotten/673620072751917?ref=hl . É chato, mas eu posto avisos sobre atrasos nas postagens e afins por lá, evita que vocês me mandem mensagens ameaçadoras q
Se alguém tiver interesse em entrar no grupo do Whats, mande o número com DD por MP. Obrigada.
Beijinhos com pastéis jovens bolinhos de amendoim.