The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 38
Cérebro danificado


Notas iniciais do capítulo

Olá jovens bolinhos ninjas, tudo bem com vocês?
Eu sei que demorei, mas como disse na fanpage da fanfic estive muito ocupada com trabalhos da faculdade (inclusive devia estra ensaiando um seminário pra amanhã de manhã, mas estou aqui). Espero que vocês continuem lendo e não me abandonem, ok?
Quero deixar aqui uma dedicatória e um agradecimento especial para a Nathy Goes por ter recomendado a história ♥ Obrigada pelo lindo comentário e pela bela recomendação "xará" (pra quem não sabe meu nome real é Natália).
Espero que todos tenham uma boa leitura e não deixem de ler as notas finais.



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A primeira coisa que percebi quando acordei foi que não estava sozinha.

Senti um braço forte sobre a minha cintura me mantendo próxima ao corpo quente atrás de mim, a respiração fazia cócegas na minha cabeça e dedos delicados brincavam com mechas do meu cabelo. Abri os olhos lentamente saboreando a sensação de paz e conforto que aqueles pequenos toques enviavam ao meu corpo.

– Hum – murmurei com satisfação fechando meus olhos novamente para aproveitar mais aquele momento.

– Bom dia – ouvi a pessoa atrás de mim dizer.

Como se um botão mental fosse acionado, uma enxurrada de lembranças sobre a madrugada que passei com minha irmã assassina até o momento em que um servo da Morte deitou na minha cama invadiram minha mente causando a reação mais idiota possível no meu corpo: saltar da cama.

Alguma parte do meu cérebro deve ter sido danificada ontem ou eu simplesmente estou demonstrando como sou uma demente completa. Observei os olhos castanhos de Alex se abrindo de um jeito que os deixava parecidos com aquelas bolinhas brancas de borracha que eu brincava quando menor, o rosto do garoto assumiu tom rubro com as bochechas tão vermelhas quanto ketchup.

– Seu tarado! – gritei apontando o dedo para ele.

Alex abriu a boca para dizer algo, mas nenhum som saiu. Ele ainda estava vestido com as mesmas roupas do dia anterior e parecia incomodado com algo. Olhando para mim mesma percebi o que era.

Na madrugada eu estava tão cansada após o interrogatório e a batalha que apenas cheguei no quarto, me despi e deitei para dormir sem nem ao menos perceber que eu não estava usando um pijama sobre minhas roupas íntimas. Gritei de forma aguda enquanto tentava me cobrir com as mãos. Fiquei surpresa por não ter quebrado as janelas do quarto.

– Você viu! – gaguejei a frase, o som saiu mais ou menos assim: “ Vovovovocêêê-e vi-i-i-i-u?!”

– Eu... – ele desviou o olhar do meu rosto para o cobertor. O garoto continuava vermelho como um pimentão.

– Tarado! – gritei mais alto do que antes lançando uma rajada de ar na direção dele e correndo para o banheiro.

Tranquei a porta e deslizei até o chão tentando estabilizar minha respiração. Afinal, que droga foi essa? Como puder dormir com Alex estando sem peças muito importantes de roupas?

Levei as mãos até a boca esbugalhando os olhos. Ele me viu semi-nua.

Pelo Universo! Nenhum cara nunca me viu semi-nua ou sem alguma peça de roupa, Alexander é o primeiro homem a me ver sem blusa. Gritei novamente enterrando o rosto no meio das pernas e me amaldiçoando um milhão de vezes pelo o que aconteceu.

– Alice – senti as vibrações na porta quando ele bateu do outro lado. – Eu... hum... Vou indo. Se você quiser se vestir – o ouvi limpar a garganta após ter gaguejado a última palavra – Sinta-se a vontade. Até.

Esperei por alguns minutos antes de abrir a porta e ter certeza que ele havia ido embora. Suspirei enquanto pegava algumas peças de roupa para vestir e me dirigia até o banheiro novamente para começar o dia.

Nunca imaginei que seria assim a minha primeira vez. Ok, essa frase ficou muito estranha. Pensei que se algum dia um cara visse meu adorável e sexy sutiã de cupcakes, ele seria meu marido e eu não me importaria que ele soubesse que eu tenho um péssimo gosto para roupas íntimas, mas é claro que com a minha universalmente conhecida sorte quem viu foi um ser imortal que deve ter visto diversas roupas íntimas nos últimos seiscentos anos.

Mas que droga estou pensando? Bati a mão em minha própria testa molhada pela água do chuveiro. Alex já viu várias garotas assim, tenho certeza que nem se importou com a situação e apenas ficou encabulado pelo nosso contrato.

Será que Morfeu também já viu? O garoto é um galinha, mas seria tão cafajeste ao ponto de ter visto diversas garotas nesses trajes?

– Estou enlouquecendo – murmurei fechando o registro do chuveiro.

Alex me viu dessa forma e dormiu ao meu lado, duas coisas de namorado que nunca fiz com o Morfeu. Meu coração acelerou e meu rosto se contorceu em uma careta de desgosto enquanto murmurei:

– Contrato maldito.

–x-x-x-x-x-x-x-x-

Estava devidamente vestida com um belo vestido de saia pregada azul marinho que escolhi propositalmente para esconder o amuleto, meia calça preta, ankle boots nos pés e um casaquinho preto por cima de tudo isso quando sai do quarto e encontrei Pudim no corredor.

– Pudim! – chamei-a.

A garota se virou para mim e tive dúvidas se era minha amiga ou um urso panda possuindo seu corpo. O cabelo estava um caos tão grande que ela parecia ter levado um choque, na parte debaixo dos seus olhos grandes e profundas machas escuras se destacavam, os lábios estavam rachados e a pele parecia mais pálida. Devo ter deixado minha surpresa com a aparência dela transparecer, ela sorriu fracamente alisando sua roupa como se pudesse acabar com os amassados nela.

– Uma noite inteira cuidando de feridos tem suas consequências – murmurou.

– Ah, claro.

Troquei o peso do corpo de um pé para o outro sentindo constrangimento e uma culpa enorme caindo sobre mim.

Os feridos estavam nessa situação por causa de Zero que veio com Red atrás de mim. Eu sou o motivo pelo qual esse lugar deve estar um caos.

– Ei, mude essa expressão – Pudim parecia cansada, mas ainda tentava me animar – Não é sua culpa aqueles dois malucos terem voltado pra cá.

– Espero que mais pessoas pensem como você – murmurei – Como está a Melody e o Lucas?

– Ela está bem e ele... Estável – algo no intervalo que dela em responder sobre a situação do lobisomem causou um calafrio na minha espinha – Vim apenas tomar um banho e reabastecer meu estoque de sementes antes de voltar para a ala hospitalar.

– Posso ajudar com algo lá?

– Acho que não – ela deu um sorriso amarelo – A diretora está te procurando como louca, é melhor ir logo para a escola.

Assenti e engoli em seco enquanto dava as costas para a minha amiga e seguia meu caminho rumo à escola.

Não posso dizer que faço as melhores escolhas, uma prova disso é a roupa que escolhi usar mesmo sabendo que o clima no Instituto ainda está sendo alterado.

Um vento frio varria toda a área ao redor da escola trazendo cinzas das colinas onde a confraternização aconteceu. Muitos estudantes estavam limpando os campos, carregando mudas de árvores para repor as queimadas ou entregando sanduíches para os que trabalhavam, foi assim que consegui meu sanduíche de pão de forma com nutella de café da manhã.

Pudim não pareceu sincera quando falou sobre a situação dos lobos e nem em condições de ajudar alguém a se curar, ela é quem parece precisar de uma cura. Magia de cura não é algo que eu domine, aprendi apenas feitiços simples que só podem ser usados na minha própria pessoa, mas acho que vou visitar os lobos depois de encontrar com a minha irmã assassina e encarar o cara que me viu sem roupa.

Bem, essa última frase é algo que nunca imaginei que iria pensar.

Segui o mesmo caminho que no dia anterior para chegar até a masmorra no subsolo, não fiquei surpresa quando encontrei Alex conversando com a diretora Black. Foquei meu olhar na diretora, não é necessário ser muito inteligente para saber que vou ficar vermelha se olhar para ele.

– Desviando o olhar de proposito? – virei-me e encontrei a amiga de Alex sorrindo maliciosamente – Não se preocupe, o Alex não contou para ninguém sobre a noite de vocês.

– Então, como você sabe? – rosnei.

– Eu estive no seu quarto atrás dele e te vi – ela sussurrou próxima ao meu ouvido. Senti o corpo todo se arrepiar.

– Como...? – deixei o restante da pergunta no ar.

– A morte pode entrar em todos os lugares.

Nossa conversa não passou despercebida pela diretora que logo me chamou. Dei alguns passos para perto dela ignorando ao máximo os servos da Morte no recinto.

– A senhorita Natália conseguiu algumas informações importantes sobre a organização com a sua irmã e o metamorfo que está com ela – a voz da diretora estava arrastada, até mesmo ela estava começando a ceder ao cansaço – Acredito que agora vocês possam ter uma reunião familiar.

– Não quero ter uma reunião familiar com ela – disse rudemente.

– Não estou te dando escolha – os olhos amarelados faiscaram rapidamente – Alexander já comentou comigo sobre sua amiga vampira – olhei para o garoto de forma repreensiva antes de sentir minhas bochechas esquentando e desviar – Se deseja invadir o castelo do Drácula, sua irmã pode dizer como.

– O que faz com que a senhora tenha tanta certeza disso?

A diretora olhou para mim sem nenhuma pista sobre o pensava em seu rosto, ela estava séria como sempre.

– Porque eu também tenho irmãos e nunca neguei ajuda, mesmo quando eles erravam o caminho. E Alexander – ela semicerrou os olhos para o garoto – Pare de flutuar pela minha escola.

– Prometi nunca mais por os pés aqui – ele deu de ombros – Sou um homem de palavra.

A diretora foi embora resmungando algo sobre Alex ser amaldiçoado com as pulgas de mil macacos vivendo em seus cabelos.

Suspirei jogando a cabeça para trás em busca de alguma mensagem divina do Universo para me dar uma pista sobre o que fazer agora. Não obtive nenhuma resposta.

Ajeitei minha postura para ficar reta e confiante enquanto caminhava em passos largos até o atual “quarto” da minha irmã.

A cela com paredes revestidas de aço cheirava a produtos de limpeza, as manchas de sangue seco que vi na véspera não estavam mais no chão ao ver os prisioneiros descobri o porquê.

Red, ou melhor, Elizabeth estava com um curativo que cobria toda a sua bochecha, mas deixava o corto no canto da boca aparente onde notei linhas do que pareciam ser pontos cirúrgicos. Zero estava com a cabeça tombada para frente, ao perceber minha presença a ergueu um pouco. Agora além da sua íris a pele ao redor dos olhos também estava roxa.

– O que aconteceu com vocês? – perguntei me aproximando mais da minha irmã que ainda estava algemada e tocando levemente o curativo em seu rosto. Ela fez uma careta de dor.

– Já passamos por coisa pior – Zero cuspiu sangue no chão – Odeio esse gosto de ferro.

– Foi aquela garota que fez isso com vocês? – Lizzy não pareceu contente com a nossa proximidade.

– Não, imagina – ela revirou os olhos – O coelhinho da páscoa veio até aqui para dar uma surra na gente.

– Aquele coelho maldito – Zero fez cara de desgosto – Nunca trouxe os ovos de páscoa que eu pedia.

– Eu sei, Zero. Um dia vamos matar ele e o papai Noel.

– Vamos sim, Red Queen.

– Vocês são malucos – ambos me encararam com um olhar de indiferença. Não pude conter as gargalhadas que vieram tão naturalmente – Completamente malucos.

– Red, eu acho que sua irmã usou cannabis.

Cannabis? – repeti a apalavra achando seu som engraçado.

– É um jeito bonito de dizer maconha – Red revirou os olhos – Veio apenas rir da nossa desgraça?

– Não, não – limpei algumas lágrimas que caíram dos olhos enquanto tinha a crise de risos – Vim para conversar com vocês, mas isso será difícil com ambos machucados.

– Você tem nada para conversar conosco – Zero disse de maneira ríspida. Só então percebi que alguém teve a brilhante ideia de algemá-lo novamente e escrever runas que anulam a metamorfose ao redor de sua cadeira.

– Você é quem pensa, meu caro.

Parei encarando seus astutos olhos violetas e depois sorri, o garoto me olhava como se a palavra “perigo” estivesse tatuada na minha testa e isso era, de certa forma, reconfortante. Toquei levemente seu olho roxo, tomando cuidado para não machucá-lo mais, e murmurei o feitiço de cura que usava em mim quando batia o dedinho do pé na escrivaninha do quarto. Observei o roxo desaparecer aos poucos do rosto dele deixando para trás um leve inchaço que deve sumir em pouco tempo.

– E não é que sua irmã sabe fazer algo além de sufocar pessoas e esquecê-las? – ele não pareceu estar tentando me atacar, mas também não estava tão amigável quanto imaginei que estaria.

– Qualquer um cura um olho roxo – Lizzy nos encarava com uma expressão ciumenta. Será que os dois são namorados?

– Não precisa ter ciúmes, irmãzinha.

– Ciúmes? – ela olhou espantada – Não estou com ciúmes!

– Acho que ela está e não quer admitir – sussurrei para Zero que riu.

– Você quer morrer.

O que eu estava fazendo não era tentar morrer, mas sim implicar com a minha irmã assassina. Cutucar a onça com vara curta.

Retirei o curativo que cobria boa parte do rosto dela revelando um corte que ia do canto do lábio até a maçã de seu rosto.

– Como aquela málica pode fazer isso com você? – encarei os pontos que uniam a pele no lugar. Não parecia ser um corte profundo, mas era bem sério.

– É uma deusa da Morte – ela respondeu entediada.

– Foi uma pergunta retórica – revirei os olhos repousando minhas mãos sobre o local.

O amuleto em meu peito ficou quente enquanto observava a pele se curando, quando percebi que estava indo como queria retirei as linhas pretas e continuei a cura. A única marca sobre o que aconteceu no rosto dela se tornou uma fina linha branca próxima ao canto do lábio.

– Bom trabalho – ela encarou seu reflexo distorcido na parede de aço – Mas acho que aquela garota vai fazer algo assim de novo.

– Vou cuidar para que ela não faça – levantei-me batendo de leve nos joelhos para afastar qualquer poeira que poderia estra na meia-calça mesmo não havendo nada.

– O que está tentando fazer, Alice? – Lizzy parecia nervosa com algo, ela estava me tacando verbalmente – Acha que se me impedir de apanhar vou confiar em você e seremos irmãs? Eu sou uma assassina! Você brincava com bonecas e eu matava pessoas apenas para treinar.

– Red – Zero murmurou tentando chamar a atenção da minha gêmea.

– Pare de tentar me proteger – ela semicerrou os olhos – Eu cansei de esperar que alguém fizesse isso.

O que ela gritou para mim tem um fundo de verdade, afinal o que eu estava fazendo? Elizabeth pode até ser minha irmã, mas não mediu esforços para me matar e aqui estou eu tentando ajudar cuidando de suas cicatrizes como se fossemos amigas. Ficamos afastadas por mais de dez anos e agora estou agindo dessa forma. O que tem de errado comigo?

– Não é óbvio? – virei ficando de costas para os dois e andando em direção a porta – Estou apenas cuidando da minha irmã – minha mão repousou sobre a maçaneta pouco antes que eu me virasse para ver a gêmea com a mesma expressão de raiva – Ah, nosso aniversário está chegando. Espero que goste de bolo de chocolate.

Não fiquei lá esperando por uma resposta. Pudim, Melody e Lucas precisam de mim.


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Notas finais do capítulo

Antes de tudo, caso encontrem algum erro de português me avisem, por favor. Eu confesso que não revisei esse capítulo ~~foge das pedradas~~.
Vi que muita gente criticou a Red e o Zero nos comentários por acreditar que eles são"grossos e malvados", como eu ainda não consegui uma brecha para explicar isso vou esclarecer algo aqui: ambos foram criados como assassinos, perderam sua infância e a Organização é um lugar pior que o exército, eles não estão sendo malvados ou grossos, mas desde pequenos um tinha apenas o outro para sobreviver. Entendem agora porque eles agem assim?
A cena mais "ecchi" no inicio do capítulo foi por um erro meu que esqueci de "dar" roupas para a Alice no capítulo anterior e-e Errar é humano, certo bolinhos?
Terminei mudando a capa da história ~~de novo~~. Não é a do Social, porque ela fica muito pequena aqui, mas eu até que gostei. O que acharam?
Mandem suas opiniões, sugestões, previsões e críticas nos comentários.
Beijos do Alex ~~prevejo leitoras tendo ataques com esse beijo~~



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