As Consequências De Uma Armação escrita por Yas


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu preciso dizer que vocês são os melhores leitores do mundo? Eu amo vocês, e obrigada por não me deixarem desistir



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Capítulo 9

Molhamos o carro todinho de Elijah, e fomos rindo de coisas sem sentidos até em casa. Meu corpo molhou meu vestido, e as roupas de Elijah estavam coladas nele. Quando entramos no prédio, todos nos olhavam como se fossemos loucos, mas pudera, quem é que fica ensopado em plena meia-noite.

Subimos pelo elevador, abraçados. Nossos olhos mostravam a felicidade completa em que vivíamos. Antes de buscar Lizzie, eu e Elijah tomamos um banho rápido e trocamos de roupas – Elijah tinha um guarda-roupa só dele no quarto de hospede. Eu estava penteando o cabelo quando Elijah entrou no quarto e sorriu, sorri de volta, indo até ele e o beijando.

– Elijah... – murmurei em seus braços – Eu te amo.

Vi que Elijah prendeu a respiração e me abraçou mais apertado, cheirando meus cabelos, ele sorriu apaixonado e eu o acompanhei.

– Eu também te amo.

Demos as mãos e fomos buscar Lizzie no apartamento da Sheila, ela abriu a porta sorridente, com um olhar amável.

– Ela dormiu já – disse Sheila nos convidando para entrar, Lizzie estava sobre o sofá grande e fofo, ela não usava as botas e o ursinho estava entre seu rosto e o travesseiro.

– Desculpe não ter vindo antes, Elijah me roubou. Vamos casar Sheila – dei a noticia com um sorriso enorme estampado, ela me abraçou também sorrindo.

– Ah, parabéns minha querida, você merece toda felicidade do mundo mesmo, e o Elijah é um ótimo homem – ela disse.

– É sim – foi quando percebi que Lizzie já estava nos braços de Elijah, ele a olhava com um pequeno sorriso, seus olhos demonstravam todo o amor que tinha por minha filha... Por sua filha!

– Vamos, amor? – ele indagou.

– Vamos sim – peguei a bota de Lizzie e o ursinho, ambos estavam no chão – Obrigada por cuidar dela, Sheila, agradeça sua neta por mim também – abracei Sheila mais uma vez.

– Já disse e digo de novo: é um prazer cuidar dessa menina.

Nos despedimos de Sheila e voltamos para o apartamento. Elijah colocou Lizzie sobre a cama e já se preparava para ir embora quando segurei seu braço.

– Fica aqui hoje a noite, fica comigo – pedi ainda no corredor, ele sorriu, me abraçando pela cintura.

– Fico sim, com todo prazer.

Ri quando ele me levantou e seguiu para meu quarto, colocando-me gentilmente sobre a cama. Nossos olhares se cruzaram e eu sorri apaixonada puxando-o para um beijo.

Aquela noite seria longa, e linda, pois eu estaria com o homem que eu estou apaixonada, o homem certo, o meu homem!

Acordei cedo na manhã seguinte, afinal sairíamos para o parque. Antes de acordar Lizzie e Elijah, fiz o café e tomei meu banho, depois chamei Elijah.

– Lizzie já acordou? – perguntou enquanto escovava os dentes.

– Não. Vou chama-la – baguncei seus cabelos rebeldes de brincadeira, e ele riu. Deixei meu quarto e entrei no mundo rosa de Lizzie, que dormia sob as cobertas. Tão linda! – Querida, vamos acordar?

– Ah não... – murmurou se virando na cama, seus olhinhos azuis se abriram devagar, mas ela logo tornou a fecha-los – Eu quero dormir, eu estava sonhando com pôneis mamãe.

– Você vai sonhar de novo com eles, Lizzie, mas o que acha de irmos ao parque? Eu acho que eu tinha prometido isso a uma certa garotinha de olhos azuis – suspirei fingindo que não me lembrava, isso serviu para Lizzie pular da cama e pegar sua toalha que estava por perto.

– Vou para o banho, mamãe – gritou do banheiro.

Essa é minha garota! Ri, colocando um conjunto de roupas confortáveis sobre a cama. Não demorou para Lizzie sair do banho enrolada na toalha, com os cabelos molhados. Não estavam lavados, mas como eles eram ondulados, como os meus, ficavam um pouco indomáveis. Eu a vesti enquanto ela tagarelava sobre como o dia seria incrível.

– O papai também vai né? A gente pode chamar a tia Care também – ela disse.

– Sim, Elijah vai, a tia Care tem consulta hoje, bebê, afinal agora ela tem um serzinho na barriga para cuidar – sorri colocando-a sobre me colo enquanto fazia um rabo de cavalo em seu cabelo.

– Mamãe, você também ficou com a barriga grande quando estava grávida de mim? – ela perguntou, também penteava o cabelo de uma barbie.

– Fiquei sim, e a tia Care que ficou ao meu lado, eu até ficaria se o tio Klaus não estivesse lá, cuidando muito bem dela – respondi imaginando como será essa criança, muito mimada, com certeza, mas também cheia de amor e carinho, como minha Lizzie.

– As mulheres da minha vida já estão prontas? – Elijah estava parado na porta com seu sorriso galanteador, Lizzie pulou do meu colo e correu para seus braços.

– Lizzie, não acabei de arrumar seu cabelo ainda.

– Está ótimo, Elena, não é princesa? – Elijah, como sempre, se derretia quando se tratava de Lizzie, quero ver quem é que vai contar sobre o casamento para ela.

– É sim. Tá perfeitinho – ela gargalhou o abraçando.

– Acabei de receber uma ligação da empresa e não poderei ir para o parque com vocês. Sinto muito – ele disse, Lizzie fez uma cara triste e encostou a cabeça em seu ombro.

– Ah, papai, vocês prometeram – ela murmurou chateada.

– Elijah não vai querida, mas eu vou, não vou furar com você, tá bom? – beijei seu rosto e sorri, indo para a cozinha, preparando seu café da manhã.

Não demorou para eu estacionar no parque. Lizzie estava animada e falava aos ventos suas grandes expectativas para o dia. Eu queria que esse dia fosse maravilhoso para ela, já hoje era o ultimo dia das minhas férias, e amanhã eu voltaria ao trabalho, então não teria o tempo todo para ela.

Peguei a cesta de comida e com a outra mão segurei a mão pequenina de Lizzie, que queria correr e rolar na grama verdinha, de tanta animação. Estendi a toalha de piquenique sobre o chão e sentei-me. Lizzie me entregou sua bolsinha e me deu um beijo na bochecha, correndo para o parquinho, brincar com as outras crianças. Ela era um amorzinho e não demorou a fazer inúmeras amizades.

Houve um momento que Lizzie me puxou para perto das crianças, e eu, com o meu imenso amor por crianças, não recusei estar perto delas. Brinquei por horas seguidas, rindo com todos.

– Lizzie, o que acha de um lanche? Não podemos brincar de barriga vazia, né amor? – sorri, ela assentiu divertida. A peguei no colo fazendo cócegas nela, que gargalhou.

Seu cabelo estava bagunçado, antes amarrado direitinho, agora estava amarrado de um jeito desleixado, eu não estava muito diferente. Meu cabelo estava amarrado em um coque frouxo. Ambas estavam suadas.

Nós comemos o que havia na cesta, frutas, lanches, e sucos em meio a uma conversa divertida, às vezes Lizzie não parecia ter apenas seis aninhos.

– Mamãe, eu quero sorvete – ela disse após terminarmos de comer, estávamos deitadas na toalha, com sua cabeça sobre meu ombro. Esses momentos eram maravilhosos.

– Vai brincar um pouquinho, a mamãe já volta, mas não sai dali, tá? E...

– E não converse com estranhos, eu conheço as regras mamãe – ela riu, beijou minha bochecha e correu para perto das outras crianças, ri também de seu jeitinho meigo.

Peguei algum dinheiro na minha bolsa e sai em busca de um carrinho de sorvete. Não demorou para eu encontrar, o vendedor era simpático e até conversei um pouquinho com ele após comprar os dois sorvetes, baunilha para Lizzie – o preferido dela –, e morango para mim – o meu preferido desde a escola.

Com um sorriso no rosto voltei para o lugar em que estávamos, mas comecei a me desesperar quando não encontrei Lizzie com as crianças, olhei em volta sentindo meu coração querer sair pela boca.

– Lizzie? – gritei, algumas pessoas me olharam, mas eu não me importei, a única coisa que me importava naquele momento era a minha filha – Lizzie?

– Mamãe! – ouvi sua vozinha meiga e me virei, ela corria para mim, deixei os sorvetes caírem e a abracei apertado – Você demorou, achei que tinha me deixado!

– Nunca, meu amor, nunca vou te deixar – murmurei sentindo as lágrimas de alivio escorreram por meu rosto.

– Que bom que ela encontrou a mãe, estava me preocupando já – eu conhecia aquela voz, conhecia de longe, eu tinha uma vaga lembrança daquela voz, a voz que eu não ouvia há seis anos, mas a voz que fez meu coração pular e falhar uma batida.

Olhei para cima, e me levantei com Lizzie nos braços, pronta para leva-la dali, foi quando seus olhos azuis se arregalaram, surpresos, assim como eu estava. Eu gostaria de dizer que a única coisa que senti foi desprezo, mas meu coração se apertou, eu estava com saudades, saudades de seu rosto, de seus cabelos, do seus olhos que me olhavam de um jeito diferente.

Ele havia mudado, estava mais forte, e maior no tamanho, estava lindo, como eu imaginei que ele sempre seria!

– Elena... – ele conseguiu murmurar, ainda surpreso demais para formular uma voz.

– Mamãe? – Lizzie tocou meu rosto, secando as lágrimas que haviam caído, ela me tirou do transe e foi quando eu pude ter uma reação, ou uma quase reação.

– Vamos embora, querida, vamos embora agora – a coloquei no chão, pegando tudo do piquenique. Eu não pensava direito, a única coisa que passava pela minha cabeça era proteger minha filha e não deixa-la chegar perto de Damon... Do seu pai!

– Elena – Damon segurou meu braço e me virou. As lágrimas caíram ainda mais, e eu soluçava como uma criança – O que... Você...!

– Me larga! Me larga – gritei a todos os pulmões, não me importando com os olhares estranhos dos outros, eu só queria me livrar do seu aperto, e daquela sensação que eu ignorei por anos, tentando esquecer... Esquecer tudo! Esquecer Damon!

– Quem é aquela menina? – ele finalmente me perguntou, a pergunta que eu sempre temi.

– A minha filha! Agora me solta, me larga, Damon! – minhas forças estavam acabando e eu só conseguia murmurar.

– Solta ela – olhei para trás, e lá estava Elijah, meu doce e maravilhoso Elijah, ele segurava Lizzie nos braços, que também chorava, ela estava assustada e eu era a culpada por isso.

Damon fez o que ele pediu e me olhou, me olhou nos olhos, seus olhos azuis tinham lágrimas que escorreram grossas. Por que aquilo partiu-me ao meio?

– Quantos anos ela tem, Elena? – indagou.

Minha respiração falhou, e meu coração bateu mais forte, todos tipos de respostas passavam pela minha cabeça, mas eu não sabia o que falar. Damon iria tira-la de mim! Eu não posso ficar sem ela! Não posso ficar sem Lizzie!

– Algum problema com a minha esposa, senhor? – indagou Elijah, ele percebeu minha agitação e colocou sua mão sobre meu ombro, eu sabia que aquela era uma forma de dizer que estaria comigo, para sempre, sempre que eu precisasse.

– Essa menina... – começou Damon, mas Elijah o cortou.

– Essa menina é minha filha e eu gostaria que você não chegasse perto dela, de nenhuma – ele respondeu sério, seus olhos faiscavam, brilhavam.

– Elijah... – murmurei enquanto ele me puxava para o carro, ele colocou Lizzie na cadeirinha e se sentou no banco do motorista comigo ao seu lado – Elijah...

– Aquele homem... Aquele homem, Elena, é o Damon? – indagou grosso, o olhei espantada, ele nunca tinha usado um tom tão raivoso comigo.

– Elijah... – tentei fugir da resposta.

– Me responde Elena – falou baixo, mas quando olhou para mim, vi ódio em seus olhos, o que me fez chorar mais ainda.

– É, é ele – respondi baixinho – Me perdoa, Elijah, me perdoa.

– Você não culpa, meu amor – o olhei e lá estava o Elijah que eu conhecia, o Elijah que eu amava, me joguei em seus braços e chorei em seu peito.

Lizzie havia dormido, mas haviam lágrimas secas em suas bochechas. Aquilo me matou por dentro.

Quando eu voltei para meu lugar, a única coisa que passava pela minha cabeça era Damon, o Damon que eu achava que conhecia, o Damon que me machucou, o Damon que me proporcionou momentos incríveis e únicos, o Damon que me deu a luz da minha vida, o Damon que me deu Lizzie, o Damon que me ensinou a amar, o Damon... Que eu amava, e nunca pararia de amar!

Por que tinha que ser assim? Por que ele fez aquilo? Me perguntava como seria nossas vidas se tudo fosse diferente, se ele nunca houvesse quebrado meu coração, minha confiança.

Eu olhava a paisagem que passava rapidamente como se fosse a coisa mais importante do mundo, mas minha mente não estava ali. Minha mente estava completamente voltada àquele homem de olhos azuis.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e verdade. Espero suas opiniões nos cometários, que como sempre, eu tenho o maior prazer em responder.
Até o próximo!