Capitulo XXXII - A escuridão

Três semanas já haviam se passado desde o aniversário de Harry e este estava em uma missão superimportante do Ministério. Ele e Ron seguiram para o Brasil, acompanhados de vários aurores para que pudessem colocar fim em uma possível ameaça de revolta de bruxos das trevas da região. Gina decidiu passar o tempo que o marido estava fora na Toca junto com os filhos, já que esses últimos dias a ruiva se encontrava indisposta e em algumas manhãs, incapaz de se levantar. Harry não sabia disso, pois os sintomas da indisposição de Gina só apareceram dois dias depois que ele viajou.

Era um terça-feira normal na Toca. Molly preparava o almoço para o marido, os netos e a filha com o mesmo gás de sempre. James, com três anos e Albus com dois, brincavam unidos no meio da sala de estar dos Weasleys acompanhados por vários brinquedos bruxos. Gina estava sentada em uma grande poltrona, com um olho na revista que lia e outro nos filhos e Arthur estava tirando uma soneca no andar de cima.

Gina se sentia muito melhor naquele dia. A ânsia de vômito tinha sumido, assim como as tonturas. O sono estava controlado e a disposição estava bem em alta. Teria continuado assim, se não fosse por uma coruja extremamente branca pousar no parapeito na janela aberta do lado da ruiva.

– Mamãe! Mamãe! – James exclamou apontando para janela – Uma coruja! Uma coruja!

Pacientemente, Gina se inclinou e pegou a carta amarrada no pescoço da ave. Apoiou a revista no colo e abriu a drobadura tranquilamente. Ela esperava alguma noticia normal de alguém, ou um convite, já que a coruja não levantou voou de imediato depois da entrega. Mas não foi isso que Gina encontrou. A ruiva leu as seguintes palavras:

Sra. Potter.

O St.Mungus sente em informar que seu marido se encontra em estado extremamente grave em nosso hospital. Há ferimentos por toda parte de seu corpo e uma fratura grave na cabeça. De primeiro momento, nossa equipe mais competente fez o que pode, mas o Sr. Harry Potter ainda se encontra em coma e não temos previsão para quando este irá acordar.

Seu irmão, o Sr. Ronald Weasley esta sem nenhum ferimento grave, pelo menos não físico. Mas esta incapaz de se comunicar devido a varias Maldições Cruciatus que provavelmente recebeu em combate, nossa equipe teve que leva-lo a coma induzido até que se recupere. Já tomamos cuidado de avisar a sua esposa, a Sra. Hermione Weasley e assim como ela, pedimos para que compareçam ao hospital.

Hospital St. Mungus.

Uma lágrima solitária passeou pelo rosto de Gina quando esta terminou a leitura. Ela estava parada, nem um único músculo se mexia. Seus olhos castanhos ainda olhavam vidrados para a carta. Sua respiração era lenta e completamente inaudível. A ruiva não tinha expressão.

Ela não surtaria na frente dos filhos, não podia chorar ou gritar feito uma louca na frente dos próprios filhos e explicar para eles que o porque disso seria que seu pai esta provavelmente a beira da morte e o seu tio esta gravemente ferido.

A ruiva se levantou devagar, caminhou sem visão e seu subconsciente agradeceu por James e Albus não perceberem nada e continuarem brincando. Ela caminhou até a cozinha onde encontrou Moly, que se virou sorrindo quando sentiu sua presença. Mas o sorriso sumiu.

– Filha, o que aconteceu? – a Sr. Weasley exclamou – Você está pálida, criança.

Gina nada disse, se dirigiu para o balcão, descanssou a carta lá em cima e depois seguiu para porta dos fundos pegando seu sobretudo no cabideiro.

– Gina! Onde você vai? – Molly perguntou exasperada vendo a filha colocar o casaco.

– Cuide dos meninos, por favor, mãe. Eu preciso ir – foi o que a ruiva respondeu já seguindo para o ponto de aparatação e segundos depois ela estava em frente ao St. Mungus.

Era estranho e doloroso vê-la assim. Gina andava pelos corredores do hospital bruxo, sabia para onde ir e para quem perguntar sobre o marido, mas ela não queria ouvir as respostas e nem via ninguém, ela não queria. Estava mais branca que o normal, sua temperatura era fria e seu rosto não possuía nenhuma expressão. A ruiva estava idêntica a um fantasma.

Ela foi guiada por alguém qualquer vestido de branco até uma sala de espera pequena que possuía apenas dois sofás. Gina foi deixada sozinha do meio da sala. Olhou para todo o ambiente silencioso e finalmente acordou.

Desabou em cima de algum dos sofás e chorou feito um bebê com as mãos cobrindo o rosto. Seus soluços ecoavam por toda a sala. O desespero a invadiu assim como uma vontade enorme de romper pelo hospital atrás do marido e do irmão, mas só o que conseguia fazer era chorar. Chorar e pedir para quem quer que fosse que seu Harry e Rony ficassem bem, que mais nada de mal acontece com eles.

– Gina! Onde eles estão? – uma Hermione super desesperada entrou na sala de espera.

Gina levantou a cabeça e encontrou a cunhada de pé a sua frente. A visão de Hermione com os mesmos sentimentos que ela estava sentido só triplicava suas lágrimas.

– Ginevra! Onde eles estão? – Hermione repetiu a pergunta se ajuelhando e agarrando os pulsos da ruiva e a fazendo olhar para ela – O que lhe disseram? Pare de chorar!

– Eu não sei – Gina respondia entre soluços – Ele não esta nada bem, Hermione. Ele não quer acordar... E Ron, Ron...

Hermione soltou um suspiro pesado e abaixou a cabeça, ainda segurando os pulsos de Gina, que continuava a chorar. A morena deixou que algumas lágrimas descessem.

– Sra. Potter, Sra. Weasley – uma voz grossa e glacial chamou as duas.

Hermione virou um pouco a cabeça e o corpo e Gina abriu os olhos. As duas encararam o Dr. Draco Malfoy usando um jaleco impecavelmente branco e segurando uma prancheta. Depois de alguns segundos, o loiro sentou-se no sofá em frente as duas meninas estavam, a cara dele não era muito boa.

– Nunca imaginei que faria essa pergunta – Draco disse engolindo em seco – Mas, as senhoras vão querer a boa ou a má notícia, primeiro?

– A boa, claro – foi Hermione quem respondeu se sentando ao lado da conhada.

Malfoy riu para si mesmo sem um pingo de vontade. Xingando-se mentalmente.

– Desculpe-me, lembrei que no caso de vocês talvez o que tenho a dizer sobre boa notícia não seja tão bom assim – ele pediu sincero – O batalhão conseguiu diminuir a ameaça, como sempre, mas a luta não foi fácil. Harry e Ronald provavelmente estavam a frente do resto dos aurores, por isso o estado grave de ambos.

“A boa notícia é que Ronald acordou pouco tempo antes da chegada de vocês e seu estado está bem melhor do que esperávamos, já que nosso laudo indica que ele sofreu cinco Cruciatus, não exatamente. Posso leva-las para vê-lo depois de nossa conversa”.

Metade de um peso enorme foi tirado das costas de Hermione, mas seu coração só acelerava. Ela e Gina não tinham ouvido a má notícia ainda, que com certeza tinha a ver com Harry. Ambas sabiam disso.

– Harry chegou em estado muito mais grave do que os demais aurores e o amigo aos nossos cuidados – Draco continuou – Os nossos exames nos informaram que ele sofre um Sectumsempra, além de várias hematomas no corpo e principalmente na cabeça. Ele está em coma e tivemos que submetê-lo a uma cirurgia de urgência assim que ele chegou para que a pressão em seu cérebro diminua. A cirurgia foi ótima, mas infelizmente não tivemos melhoras até agora... – ele fez uma pausa longa, pensando se devia continuar ou não. A cara que a esposa de Harry Potter fazia era de tanta agonia e dor que era quase insuportável encara-la – Sinto em dizer que ele já passamos por três paradas cardíacas e na minha opinião de médico, não sei se ele irá resisti a uma quarta.

Gina pode jurar que o seu coração foi quem parou naquele momento. Ela não conseguia respirar. A sua visão ficou embaçada. Alguém passou a chamar por ela, mas esse alguém estava muito distante... Uma dor insuportável tomou conta de seu corpo. Não teve tempo de saber de onde vinha pois uma escuridão começou a envolver e lhe oferecer paz.

Gina se deixou ir, o negro a abraçou por completo. O mundo exterior tinha sumido.