Capitulo XV - Agonia (parte 1)

Se alguém perguntasse a Harry Potter como ele estava se sentindo naquele momento, com certeza que ele responderia que estava infeliz, incapaz de sentir alguma coisa novamente. A cena que acabara de presenciar o deixou morto por dentro.

Cinco horas atrás...

O pequeno James, agora com sete meses de idade, estava bem confortável no colo da mãe que ria com algum filme de comedia romântica trouxa. O bebê adorava brincar com os cabelos de Gina, eram muito divertidos, James amava a cor que eles possuíam, era uma cor viva e feliz.

– Esta puxando os cabelos da mamãe? – Gina fez uma voz fofa para o filho, que sorriu a ouvir a música aveludada que saia da boca da mãe.

– Mama – o bebê tentou dizer. Não era a primeira vez que James chamava por Gina, ele tinha feito isso desde os cinco meses, mas mesmo assim a cada tentativa o coração da ruiva se acelerava. Era uma emoção maravilhosa.

Gina ignorou o filme completamente e começou a fazer cócegas de leve e brincadeirinhas com seu filho, ela adorava a gargalhada dele.

A campainha tocou, a ruiva ajeitou James nos braços e caminhou até a porta. Quando ela abriu encontrou Hermione a sua frente.

– Hermione! – Gina exclamou dando um abraço meio desajeitado, por causa de James, na amiga.

– Gina! – ela ofereceu um largo sorriso, depois percebeu James nos braços da amiga e o capturou, o bebê foi de bom grado para os braços da tia – Olá fofuxo!

Gina guiou a amiga para a cozinha e começou a preparar um café enquanto Hermione se divertia com James no colo. O garoto era muito esperto para a sua idade e sua tia amava cada pedacinho dele. Gina colocou duas xícaras no grande balcão da cozinha, tomando cuidado para deixá-las um pouco longe do alcance do filho.

– E ai? O que trás você a essa visita? – perguntou Gina tomando um gole do seu café. É importante comentar que o café da ruiva era muito gostoso.

– Estou de folga esses dias – Hermione respondeu pegando a xícara em uma mão e segurando James no seu colo com a outra – Rony, bom você sabe, esta trabalhando feito um condenado depois da revolta dos Comensais da Morte na Rússia...

– Harry se encontra do mesmo jeito, coitados.

– Pois é, estava me sentindo muito só, então resolvi vir aqui.

– Uma escolha maravilhosa – Gina sorriu, mas assumiu uma expressão seria logo depois que percebeu uma coisa diferente no rosto de Hermione, o real motivo da sua visita, uma coisa que ela queria compartilhar, mas não sabia como. Precisava de alguém para estimulá-la – Há algo mais não é?

Hermione apenas assentiu olhando fixamente para James, como uma forma de fugir. Gina se levantou pegou James nos braços, fez sinal para Hermione segui-la e os três se deslocaram para a sala de brinquedos de James. Um oferecimento: Gemialidades Weasley.

A ruiva colocou o filho no cercadinho e deu alguns ursinhos de pelúcia para ele, os únicos brinquedos seguros para um bebê que havia ali. Chamou a amiga para sentar em um dos pufes que fazia parte da decoração, ela sentou em outro a sua frente e ao lado do berço do filho.

– Pode se abrir – Gina disse.

Hermione hesitou, mas começou a falar.

– Acho que é só a solidão, Gina. Sinto muita falta do Ron, fico a maioria do tempo sozinha naquela casa grande que a gente tem. Tentei me entreter negando minha folga e trabalhando como pudesse, mas isso não resolve – ela disse de cabeça baixa – Resolvi fazer algumas compras no centro-trouxa de Londres, entrei em uma loja de roupas femininas e encontrei...

Hermione não conseguiu terminar de falar, uma lágrima solitária escapou dos olhos dela e Gina olhou um pouco para James antes de falar alguma coisa, só para checar se ele estava bem, o danadinho já estava quase dormindo brincando lentamente com um leãozinho de pelúcia... Foi quando ela entendeu tudo.

– Você encontrou seus pais – a ruiva completou em voz alta, mas mais para si do que para a amiga.

– Eu lembrei que eles sempre fazem uma viagem anual para Londres e lembrei do tempo que eu vinha com eles – Hermione agora olhava para Gina – Sabe, eu não fugi da loja, escolhi uma sessão distante deles, roupas íntimas eu acho. Ai minha mãe chegou me pedindo uma informação, meu pai veio logo atrás dela. Papai nem notou muito em mim, mas quando eu disse que não sabia sobre o que minha mãe perguntava ela parou e olhou bem no fundo dos meus olhos e...

– E disse que você era alguém familiar – completou Gina novamente quando percebeu que Hermione não pronunciaria o final – E você com certeza disse que devia ser um engano ao algo assim.

Hermione chorou baixinho para não atrapalhar o sono de James, Gina engatinhou até onde a amiga estava e a abraçou. Hermione enterrou sua cabeça no ombro de Gina e continuou chorando.

– Não tem como desfazer o feitiço? – Gina perguntou.

– Eu não quero – Hermione respondeu soluçando – O mundo que vivemos, Gina, é muito perigoso.

Gina não respondeu. Ela sabia que Hermione havia motivos maiores por trás desde resumo, mas não queria interferir, devia doer muito ficar longe dos pais, mas deve doer mais ainda se eles morrerem por sua causa.

A ruiva soltou Hermione, se afastou um pouco e procurou olhar bem nos olhos dela.

– Moça, você é linda, inteligente e forte – começou Gina – Não faço a mínima idéia de como é estar no seu lugar, mas posso ver o quanto dói. Hermione, pense que assim será melhor para segurança deles, ninguém sabe quando outra guerra bruxa vai estourar. Você fez a sua escolha, tenho certeza que se não achasse certo isso, não teria feito. Eles vão ficar bem e você também.

Hermione enxugou o rosto com as mãos e agradeceu Gina com um abraço bem apertado.

– Você sempre sabe o que dizer – Hermione disse se afastando da amiga mais uma vez.

Gina não respondeu, só ofereceu um sorriso carinhoso, solidário, compreensivo e amigo.

– Então – Hermione queria mudar de assunto – Como é ser mãe?

– É maravilhoso! James é uma criança adorável.

– Sabe, eu estou começando a fazer planos para um futuro bebê.

– E o que meu irmão acha disso?

– Ele comentou algumas vezes que já esta passando da hora disso acontecer.

Gina riu, Ronald Weasley finalmente colocou na cabeça que Gina precisava de mais sobrinhos.

– Fui visitar Fleur e Gui na semana passada – disse a ruiva.

– Como eles estão? Soube que Fleur esta grávida novamente – Hermione estava entusiasmada. O desabafo seguido pela mudança de assunto estava funcionando.

– É sim. Teddy e Vic estão ansiosos – Gina sorria de orelha a orelha – Confesso que eu também.

Hermione riu da cara boba e sonhadora da amiga.

– Pronto, esta decidido! – disse ela – Vou providenciar um bebê lindíssimo!

Gina já ia dizer alguma coisa bem estimuladora, mas foi interrompida.

– Pena que isso não vai ser possível – uma voz rude e feminina rompeu a felicidade.

As meninas olharam para a porta da sala e encontraram uma mulher pálida de cabelos negros, longos e impecavelmente lisos. A figura vestia um vestido cumprido, preto e surrado, com rasgos aqui e ali. Havia uma capa também.

– Quem é você? – Hermione se pôs de pé e sacou sua varinha, apontando diretamente para mulher.

Gina se levantou devagar, alcançou o cercadinho e embalou James adormecido em seus braços. A mulher bizarra só observava a cena, com um sorriso prazeroso.

– Eu perguntei quem é você? – Hermione cuspiu. Gina se posicionou um pouco atrás para proteger James – Como você entrou?

– Não importa quem sou eu ou como eu entrei nessa espelunca – a mulher respondeu – O que importa é o que eu quero aqui.

– E o que é? – Gina perguntou ferozmente.

– Vingança!