Alinhamento Astral. escrita por Luali Carter, Rocker


Capítulo 6
Capítulo 5 - Meu passado me condena


Notas iniciais do capítulo

N/Rocker: Sentimos muito pela demora, mesmo!! Mas nós quase nunca temos tempo para fazer qualquer coisa e muitos leitores meus já estão avisados que minha mãe é uma chata que não quer mais me deixar escrever. É, minha vida tá triste e.e O capítulo foi escrito por mim, mas a Lua tinha que revisar e ela tá já há uns tempos sem o computador dela, então ficou meio difícil e acabamos deixando o tempo acumulando. Mas hoje ela me mandou uma mensagem pedindo pra postar mesmo assim, então cá estou eu! Espero que não tenham nos abandonado >.



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Capítulo 5 - Meu passado me condena

CHARLIE

– E-eu... Nós... - eu comecei a gaguejar, com as bochechas rosadas e quase me amaldiçoei por isso. Meus cabelos ficaram rosados e eu sabia que Lua percebeu que eu estava envergonhada.

Nico sorriu e eu olhei confusa, com os cabelos indo para o azul escuro. Até que ele disparou em direção aos Chalés e eu senti alguma coisa se apertando em meu peito. O que ele estava fazendo?!

– Charlie. - Lua me chamou e quanto eu a olhei, ela olhava dos meus olhos aos meus cabelos. - Seu olho.

– O que tem meu olho?! - perguntei, confusa.

– Está rosa. - ela disse e fechei os olhos, sentindo que estavam realmente rosados.

Meus cabelos retornaram às mexas vermelhas e eu abri os olhos, olhando confusa para Luali.

– Por quê voltou para o vermelho?! - perguntei, confusa. Mas sentindo que, ao invés dos cabelos estarem mudando, meus olhos que iam para o azul escuro.

Lua olhou na direção de onde Nico sumira e sorriu.

– Será que ele fez isso?! - ela perguntou, mas eu sabia que ali havia uma afirmação. Era claro que fora ele.

Eu suspirei, meus olhos mudando para uma mistura de cinza e negro, tristeza e desapontamento. - Acho que não deveríamos ter vindo. Seria muito melhor se já chegássemos para Thalia e falássemos que nossa decisão é continuar. Ao menos a minha.

– Charlie! - Luali praticamente gritou. - De jeito nenhum que eu deixo você continuar quando seu coração diz outra coisa!

– É esse o problema! - eu também alterei minha voz, meus olhos com uma mistura estranha de vermelho-alaranjado e dourado. Fúria e nervosismo. - Somos Caçadoras e não devíamos estar sentindo isso!

– Eu sei, mas não temos culpa! Agora que existe uma brecha, devíamos aproveitá-la e somente depois tomar nossa decisão!

– Que decisão?! - ouvi uma voz atrás de mim e quando Luali olhou por sobre os meus ombros, ficou pálida.

Pela voz e pela reação de Lua a essa voz, eu tinha a teoria de que era Leo. E essa teoria foi comprovada quando me virei, vendo-o se aproximando com Nico logo atrás. Ambos sorriam abertamente e eu quase senti meus joelhos cederem, enquanto meus olhos iam para o vermelho novamente, mas logo mudavam para o rosa. Sorri meio abobalhadamente para eles.

– Oi, Leo. - cumprimentei e resisti à vontade de dar uma cotovelada nas costelas de Lua, que continuava em transe.

– O que há com seus olhos?! - perguntou Leo. - Eles não estavam vermelhos como o cabelo?!

Eu olhei para Nico, que ainda me observava, e depois para Lua. Será que a hipótese de Luali estava certa?! De que o vermelho queria dizer apaixonada?! Afinal, eu nunca me apaixonara antes e nunca havia ficado vermelho antes.

– Talvez descobriremos hoje. - respondeu Lua, quando recuperou-se.

– Mas por quê estão aqui?! - Nico perguntou.

Eu suspirei, com meus olhos azuis claros. - Longa história, mas a Lady Ártemis nos deu o dia livre.

– Ela não é de fazer isso. - Nico disse desconfiado. - O que exatamente aconteceu?!

– Quem sabe um dia não falamos?! - Lua disse.

Leo e Nico se entreolharam ainda confusos, e eu senti meus olhos indo para um vinho ansioso.

– Tudo bem então. - disse Leo, mas agora ele não parecia muito infantil, com cantadas tiradas do fundo do poço dos desesperados. Ele parecia desconfiado e decidido a descobrir o que nos levara até ali.

– Vem, vamos acompanhar você a um tour pelo Acampamento. - disse Nico, passando a andar ao nosso lado.

Minha mão encostou levemente na sua quando ele passou por mim e eu senti uma energia pulsante em minha pele, enquanto meus olhos iam a uma mistura de rosa e vermelho. Luali apressou o passo e quando passou por nós, lançou-me um olhar de "minha hipótese está correta".

Hoje, sem sombras de dúvida, seria um longo dia.

~*~

Eu até que me diverti bastante. Chegava a ser divertida a companhia dos dois, apesar de que muitas vezes eu sentia meus olhos rosados apenas ao pensar na possibilidade de que aquilo poderia se repetir caso eu resolvesse realmente sair da Caçada. Era uma escolha difícil porque, apesar de eu ter entrado na Caçada apenas porque achava que não haveria outra opção pelo passei, as Caçadoras acabaram se tornando minha família, meu lar.

– Charlie. - ouvi a voz de Nico chamar ao meu lado e eu senti os pelos da minha nuca se arrepiando. - Melhor irmos comer alguma coisa, não?!

Ele se levantou, sacudindo a areia de sua calça jeans. Olhei mais uma vez para o sol no horizonte. Havia ainda algumas horas até o anoitecer, o que significava apenas mais algumas horas no Acampamento. Ficamos quase o dia inteiro na praia, à pedido de Luali. Ela era filha de Poseidon e afirmava nunca ter visto uma praia como aquela. Apesar de ser filha de Hécate, eu admito que também gostava do mar. E não ficamos sozinhas ali, claro. Leo e Nico fizeram companhia para nós, aproveitando-se do fato de que os ameaçávamos de forma menos constante do que quando nos conhecemos. Mas isso não quis dizer que essa exceção valia para os outros campistas. Conhecemos Percy e Annabeth e, apesar de eu ainda ter minha cisma com garotos, o irmão de Lua me pareceu bem legal.

– Você vem ou não? - Nico me perguntou mais uma vez, enquanto me estendia a mão.

Olhei ao redor, e vi que Luali já se distanciava com Leo, gargalhando alto de algo que ele falara. Viada, me abandonou rapidinho! Dei-me por vencida e aceitei a ajuda para me levantar. Assim que me pus de pé, porém, eu soltei sua mão, envergonhada. Estávamos em um dia livre das responsabilidades da Caçada, mas ele não sabia disso e eu nem estava disposta a lhe dizer agora. Fomos andando calmamente em direção ao Pavilhão do Refeitório.

– Lua, em que Mesa ficaremos? - perguntei meio receosa, quando vi todos os campistas ali no Pavilhão.

– Você decide. Ou você fica de Hécate, ou na de Ártemis. - ela disse. - Fico na de Ártemis com você, se quiser.

Me virei para despedir dos garotos, mas o "até logo" ficou entalado em minha garganta quando vi justamente quem eu menos esperava. Na Mesa de Apolo, olhando para mim, estava o pior dos piores fantasmas do meu passado. Cinco anos na Caçada deveriam valer a pena, mas não quando Will Solace se levantou do que Luali tinha me mostrado antes ser a Mesa de Apolo.

– Lottie?! - ele perguntou, assustado, espantado, surpreso e curioso.

Ele percebera o arco e flecha que eu carregava, reconhecendo como sendo uma Caçadora. Mas a única coisa que consegui fazer quando ouvi meu antigo apelido foi sair correndo, deixando todos assustados com meu olhar prateado, que Lua sabia bem que era o de assustada e apavorada. Saí correndo dali, com lágrimas que guardei durante anos ameaçando turvar minha visão.

– Charlie! - ouvi a voz de Nico vindo atrás de mim.

– Leo, não deixe esse garoto vir! - Lua gritou um pouco mais longe, mas eu sabia que ela viria atrás de mim. Ela sabia que eu devia conhecê-lo apenas pelo modo como agi correndo de lá.

Quando Nico chegou ao Chalé de Ártemis, eu já estava embrulhando tudo que trouxera.

– Charlie, o que está fazendo?! - ele perguntou preocupado.

Meus cabelos podiam estar vermelhos, mas meus olhos tinham uma mistura de verde, vermelho-alaranjado e prateado, a combinação perfeita para enojada, furiosa e apavorada.

– CHALIE! - Luali gritou quando viu que eu ajeitava minhas coisas.

– Eu não posso fazer isso, Lua. - eu disse, secando inutilmente as lágrimas que ameaçavam turvar completamente minha visão. - Eu provavelmente não vou te acompanhar na decisão depois de ver que ele também é um semideus.

– Ele quem?! - ela perguntou confusa.

– Will Solace, do Chalé de Apolo, não é? - perguntou Nico, com uma aura sombria. - Como o conhece?

Eu solucei uma última vez, antes de jogar todas as minhas coisas no chão e desabar sentada em minha cama. Eles se sentaram cada de um lado.

– Ele é meu primo. - eu disse, vendo a surpresa nos olhos dele. - Ele é a principal razão pela qual eu entrara na Caçada, além de achar que era minha única opção de segurança.

– Mas como assim? - Lua perguntou.

– E-ele... - eu respirei fundo, antes de soltar o meu maior segredo. - Ele quase me estuprara há cinco anos atrás.

Mais lágrimas e segundos depois Nico me abraçava pela cintura, enquanto Luali acariciava meus cabelos. Quando eu finalmente me recuperei, ambos me olhavam solidários. Não com pena, como eu sempre temi que me olhariam quando eu finalmente revelasse meus motivos, mas com solidariedade e compaixão.

– Acho melhor eu ir. - eu disse, levantando-me e pegando novamente minha mochila, meu arco e minha aljava. Lua também fez o mesmo e eu olhei pela janela, vendo que já era quase noite. - Está na hora, Lua.

– Vai voltar? - Nico perguntou em voz baixa, a expressão sombria.

E então eu me joguei em seus braços, sabendo que ali naquele momento, não era proibido. O dia ainda não havia acabado e não dissemos nossa decisão a Thalia, o que significava que o trato de Afrodite ainda estava valendo. Nico se assustou com minha iniciativa, mas logo me puxou pela cintura em um abraço forte. Encostei minha cabeça em seu ombro e respirei seu perfume delicioso. Dependendo de qual fosse minha decisão, eu podia nunca mais senti-lo novamente. Separei-me depois do que pareceu minutos.

– Me espere na entrada do Acampamento. - eu disse a ele. - Se eu não voltar amanhã, posso não voltar nunca mais.

E eu o surpreendi mais uma vez com um beijo em sua bochecha. A última coisa que vi antes de sair com Lua do Chalé foi o olhar espantado dele enquanto tocava a bochecha.

– Vai se despedir de Leo? - perguntei, enquanto subíamos a Colina Meio-Sangue sem olhar para trás.

– Não preciso me despedir quando estarei de volta amanhã. - Luali disse e eu sorri, feliz por ela ter tomado sua decisão.

Agora só faltava a minha.

~*~

Hoje

– Estão certas de que é isso mesmo que vocês querem? - Thalia perguntou quando chegamos ao fim da história.

Eu olhei rapidamente para Luali e vi o quão decidida ela estava.

– Estamos. - respondemos em uníssono.

Thalia suspirou. - Repitam comigo. Servimos com nossa devoção à Lady Ártemis e sua nobre Caçada de garotas, mas agora chegou a hora de ir atrás do que preza o trato da Lady com a deusa do amor e da beleza. Deixo meu arco prateado, para voltar à vida mortal.

Repetimos o que foi preciso e, de repente, me senti mais fraca que antes. Olhei para Luali e percebi que ela parecia mais pálida que antes. Nossa Imortalidade foi-se embora e isso só significava uma coisa: estávamos livres.

– Desejo sorte a vocês. Nos encontraremos em breve. - Thalia disse enquanto saíamos pelo vão da barraca.

Não fomos as primeiras a desistir da Imortalidade que a Caçada nos proporcionava, e nem as últimas. Mas enquanto pegávamos os arcos, agora da madeira comum, e saíamos do acampamento das Caçadoras sem olhar para trás, de uma coisa eu sabia. Podíamos desistir da Caçada, mas não desistiríamos do motivo pelo qual a largamos e isso se fazia presente a cada passo andado em direção à Long Island.

Com certeza, não desistiríamos do amor.


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