Rose acordara bruscamente ao ouvir a palavra que tanto lhe afligia. Ao retomar sua visão, percebeu que Scorpius parara perto da porta, provavelmente, recém entrara no salão. Não conteve-se e olhou para o relógio, marcando dez e meia. Levantou-se sem jeito e caminhou até o rapaz, ficando a alguns passos de distancia.

—Eu queria conversar com você. —Falou segurando um dos braços.

—Eu também queria esclarecer algumas coisas. —A voz do garoto se tornara seca, fazendo com que um frio subisse pela espinha da garota.

Scorpius caminhou até a lareira, e de costas para Rose, começou o discurso que praticara durante dias.

—Por que entrou na floresta? —Perguntou sério, sua voz um tanto sombria. —O que estava pensando?

—Em me vingar de tudo o que aquele homem já fez para nós! —Respondeu firme, não ficaria como culpada, não importava a amizade, se defenderia.

—Quebrou uma promessa! —Virou-se para ela.

—Também teria quebrado. —Quase gritou. Voltou a compostura. —Teria quebrado se fosse ao contrário.

—A diferença Rose, é que você prometeu com o intuito de quebrar essa maldita promessa.

Rose abaixou o rosto. Não tinha um sequer argumento plausível, apenas ouviu.

—Sabe o quanto me doeu saber que a minha namorada havia entrada na Floresta proibida para tentar, porque você nem se quer conseguiu, acabar com o comensal. —Bagunçou os cabelos. —Por Mérlin Rose, você podia ter morrido!

—Mas não morri, estou aqui, inteira. —Vociferou.

—Mas foi por pouco. —A cada palavra se aproximavam ferozmente. Seus olhos soltavam faíscas. —Eu vi os seus cortes, vi as duas cicatrizes.

Rose colocou a mão sobre o local onde as cicatrizes estavam.

—Não acho que possa continuar com isso, sabendo que não posso confiar na minha própria namorada. —Falou já abaixando os ombros tensionados para frente. —Durma bem Weasley.

Rose olhou para o rapaz subindo as escadas e respirou fundo, reprimindo quaisquer sentimentos de tristeza ou arrependimento.

—Se serve de consolo, —Deixou seu rosto em uma expressão dura, sem emoção alguma. — sinto muito, mas não me arrependo.

Scorpius que parara no meio da escada se virou para encara-la.

—Sentir muito não muda nada entre nós. —Falou baixo.

—Tenho certeza que não. —Rose sentou-se na poltrona do salão e afundou-se no tecido. Processando as palavras do garoto. E sentiu-se mal, pois no fundo, Scorpius tinha razão, ela o magoara ao descumprir a promessa. Por um momento pensou em como se redimir, mas esqueceu-se. Não o faria.

Na manhã seguinte, Rose continuava na poltrona, agora vestia o uniforme. Não dormira nada naquela noite, mas não aparentava cansaço. Ao contrário, parecia que dormira a noite inteira. Os fios ruivos brilhavam contra a luz do sol que entrava pela janela. Levantou-se com o livro em baixo do braço.

—Bom dia Malfoy! —Sorriu como se nada houvesse acontecido e saiu pelo quadro antes que o garoto pudesse pensar em responder. Sentou-se na mesa da Grifinória, comeu rapidamente, e se dirigiu para sua sala de aula.

No final do dia, encontrou-se com Tiago no campo de quadribol. Treinariam antes do final de semana, dia qual, ocorreria o ultimo jogo. Após o treino jogaram-se na arquibancada, dividindo uma garrafa de cerveja amanteigada.

—Conversou com seu namorado? —Tiago perguntou, bebendo um gole da bebida.

—Ex. — Falou tomando a garrafa das mãos do garoto.

Tiago a encarou em dúvida.

—Ele terminou comigo, disse que não podia confiar em alguém que não cumpria uma promessa! —Falou sem humor ou emoção.

—E você está bem com isso tudo? —Perguntou. —Só pode ter batido a cabeça.

—O que vai me adiantar ficar triste pelos cantos? —Bebericou a cerveja novamente. —Óbvio que eu fiquei e ainda estou chateada, mas ele disse com todas as letras, que não poderia ficar com alguém, cuja não pudesse confiar.

Tiago percebeu que Rose mantinha-se firme.

—E além do mais, eu não vou ficar chorando pelos cantos, por algo que ele não s-suporta. —No momento em que Rose gaguejou Tiago fitou-a, percebendo as lágrimas nos olhos da prima. Abraçou-a, colocando a garota contra o seu peito.

—E-eu sou uma idiota. —Falava contra o peito do primo.

—Shii, você não é idiota. Eu teria feito o mesmo. —Disse apertando-a ainda mais. Ao longe Luke subia, mas travou ao ver a situação, e com um sinal desesperado, Tiago o mandou embora.

Rose acalmou-se e Tiago a afastou segurando seu rosto entre as mãos.

—Escute, sei que não é fácil, mas você vai sobreviver. Pode falar comigo quando precisar, Luke também sempre está com você.

Rose assentiu.

—Obrigada. —Limpou as lágrimas com a manga da camisa. —Me sinto uma tola por estar aqui te enchendo com meu choro.

Tiago riu.

—Precisava desabafar! —Ambos riram. —Vamos?

—Claro! —Rose levantou-se com ajuda do primo, e ambos caminharam com suas respectivas vassouras até o castelo.

Tiago parou em frente ao quadro de Dragão, ao lado de Rose.

—Quer que eu vá com você? —Perguntou solidário.

—Não precisa, eu tenho que me acostumar a ser só eu agora! —Tiago assentiu e seguiu seu caminho, enquanto Rose entrava pelo quadro.

Rose entrou, cumprimentou Scorpius com indiferença e se dirigiu para seu quarto. Sentou-se na cama, espalhando os pergaminhos e penas sobre o cobertor. Fez todos os últimos deveres e trabalhos. Ouviu uma voz diferente, não era de Scorpius, colocou apenas a cabeça para fora da porta e conseguiu escutar o fim da conversa.

—Você não entenderia. —Scorpius falava.

—Você que não está entendo, olha a burrada que fez! —Rose conseguiu perceber que Luke andava de um lado para o outro, inquieto.

—Faria o mesmo! —Scorpius continuava tentando persuadir o amigo.

—Não faria. —Fechou a cara. —Agora se me der licença, quero falar com Rose.

A ruiva correu de volta para seu quarto, fechando a porta silenciosamente, jogou-se na cama e fingiu ler um livro qualquer, até que a porta foi aberta, revelando o moreno com um sorriso simples no rosto.

—Olá. —Murmurou.

—Como vai? —Perguntou para a ruiva sentada, aproximando-se e se sentado ao seu lado.

—Bem, pelo menos eu acho. —Sorriu fraco.

Luke a abraçou com carinho, era um abraço amigo que naquele momento, era tudo o que Rose mais precisava.