Por mais que eu estivesse sem minhas amigas, eu ainda continuava com o meu espírito de patricinha, é verdade que depois que brigamos eu tinha andado meio desleixada para a escola, mas você queria o quê? Que eu ficasse linda e maravilhosa para que o povo visse que aquela briga não tinha me atingido nem um pouco? É claro que tinha afinal eu não sou feita de ferro, e elas eram as minhas melhores amigas, não tinha como NÃO ficar chateada.

Mas nesse dia eu estava de bom humor, como se nada daquilo tivesse acontecido realmente, mas no fundo eu sabia que sim.

Pelo menos eu tive um namorado por alguns dias, e isso foi uma das melhores coisas que tinha acontecido em minha vida.

A minha perna estava começando a melhorar, eu realmente me sinto grata por ter sido apenas atropelada por uma bicicleta, porque depois que eu vi quando Anderson Silva quebrou a perna na luta, aquele meu acidente era como se tivesse sido cócegas.

Sério, aquilo doeu até em mim.

O meu celular insistia em despertar a cada cinco minutos dizendo que era hora para ir à escola.

_ Ok, ok, já entendi celular, hora de enfrentar a vida, por mais que eu queira ficar aconchegada no meu cobertor quentinho e confortável. – Resmungo para o celular, como se ele pudesse me ouvir, ou será que sim?

Faço a minha higiene lentamente, aproveitando cada minuto em paz. Minha mãe entra no quarto e fica parada na porta do banheiro.

_ O que foi mãe? – Pergunta ainda com a boca cheia de pasta de dente.

_ Nada, só a minha filhinha que está enorme. – Fala ela com uma voz chorosa.

_ Ah nem mãe, pode parar. – Falo guspindo na pia e lavando o rosto. – Isso não.

_ O que tem falar assim com o meu bebê?

_ É só que, sei lá, é estranho.

_ O café da manhã já está servido, e você tem exatamente 20 minutos para se arrumar, comer alguma coisa e chegar à escola.

_ Tá, tá, você está parecendo o meu despertador. – Falo rindo, empurrando ela para me trocar. – Desço em cinco minutos. – Digo fechando a porta.

Pego o uniforme, uma saia jeans com pregas e o meu all star vermelho, arrumo o meu cabelo colocando um laço da mesma cor que o sapato, faço uma maquiagem marcando mais os olhos com um delineador preto, passo um batom vermelho veludo, que eu simplesmente achava perfeito, e borrifo um pouco de perfume.

Bem melhor, assim eu conseguiria apagar as olheiras.

A única coisa que como é uma pêra, que realmente estava uma delícia.

Dou um beijo em meu pai, e então a minha mãe deixa a minha irmã na escola, e por último eu.

A minha mãe estaciona o carro em frente e então fala me pegando de surpresa:

_ Fico feliz que voltou a ser o que era antes, sei que deve estar triste pelo fato de ter brigado com os seus amigos, mas pense pelo lado, a Sofia deve ser uma ótima amiga.

_ Tenho certeza que sim. – Respondo lhe dando um beijo no rosto que acaba ficando marcado com o meu batom, dou um sorriso. – Tenho que ir agora.

Saio do carro e entro na escola, o chão estava cheio de papéis, abaixo para pegar um e me deparo com eu e Daniel nos beijando, e é claro que reconheço o lugar, era a sorveteria de ontem, eu sabia que tinha alguém nos espionando, mas o pior de tudo era que aquela imagem era realmente precisa, eu tinha beijado ele, mas foi sem querer, no momento em que ele tinha virado o rosto.

Agora era que ninguém iria realmente acreditar em mim.

O mundo conspira contra Melissa.

“Estou sozinha na noite

Tenho tentado com empenho não me meter em confusão, mas

Tenho uma guerra na minha cabeça”

Ride – Lana Del Rey